Sangue Puro escrita por Shanda Cavich


Capítulo 24
Capítulo 23 - A visita


Notas iniciais do capítulo

Gente, me desculpem a demora! Mas agora estou de férias, e voltarei a postar semanalmente!



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Havia se passado seis anos. Os seguidores do Lord das Trevas haviam sumido, outros estavam presos, e alguns viviam normalmente em meio a sociedade bruxa, disfarçados de boa gente. Os jornais falavam apenas da Copa Mundial de Quadribol, sediada na Dinamarca. Mas incrivelmente, o nome do maior bruxo das trevas continuava sendo motivo de temor, de modo que ninguém era capaz de pronunciá-lo sem deixar que a sensação ruim viesse a perturbar o presente.

A casa em Londres era rica e requintada. As cortinas cor-de-rosa chegavam a transmitir um aspecto infantil, e os babados e fru-frus em cima das cômodas e mesas davam a impressão de que a sala de estar era um enorme quarto de bebê. A senhora titulada Subsecretária Sênior, 46 anos, baixinha, com o cabelo preso num penteado floral, fez sinal para que seu elfo doméstico fosse abrir a porta. Um homem vestido com um paletó marrom sobe a pequena escada e se depara com as duas mulheres presentes naquela sala.

– Para que veio, Sr. Digory? Algum problema no ministério? – disse a fina voz de Dolores Umbridge, que segurava uma enfeitada xícara de chá.

– Fui até a Mansão em Wiltshire, mas o elfo Dobby disse que a Sra. Malfoy estava aqui. – Nicholas Digory disse um tanto sério. Olhou para a elegante bruxa loira sentada ao lado de Dolores. – Vim lhe informar de uma triste notícia.

Narcisa colocou a xícara lilás sobre o pires, em cima da mesinha central. Ergueu os olhos azuis, que como se já soubessem o que iriam ouvir, se encheram de aflição.

– Diga. – sua voz era fria como o gelo.

– O Sr. Cygnus Black, seu pai... – Nicholas suspirou. –...foi encontrado morto esta manhã.

Narcisa ficou muda, enquanto Umbridge tentava consolá-la com suspiros melosos e abraços. Nicholas, percebendo que o olhar de Narcisa exigia mais detalhes, continuou.

– Ao que se percebe, foi morto por trouxas. Um tiro de revólver no peito. Caso não saiba, o revólver é um utensílio trouxa que atira pequenos pedaços de...

– Eu sei o que é. – Narcisa interrompeu bruscamente. A fúria em sua voz aumentou, embora o tom permanecesse o mesmo. – O que levaram?

– Como assim?

– O que levaram do meu pai? Ouro? Joias?

– Não levaram nada, Sra. Malfoy. Os pertences valiosos como aliança, galeões, e medalhão da família estavam com ele quando foi encontrado.

Trouxas roubam ouro, Sr. Digory. Trouxas, quando matam, fazem isso para roubar. – Narcisa levantou da cadeira almofadada.

– Não desta vez, senhora.

– Meu pai sempre andava com muito ouro. Muito suspeito não terem pegado nada. – Narcisa respirou profundamente, como se refletisse sobre algo. – Meu pai não foi morto por trouxas, Sr. Digory!

– Nós ainda estamos investigando o caso. Mas as evidências apontam para um assassinato trouxa, levando em conta o revólver. Pelo que sei de sua família, vocês não mantém relações com trouxas, estou certo?

– Trouxas são inferiores. Não vejo por que meu pai seria morto por um deles, sendo que sequer chegava perto de um. – Narcisa passou os dedos por cima dos olhos, que apesar de não estarem chorando, pareciam úmidos e furiosos. – Tenho certeza de que foi morto por um bruxo. Um bruxo amante dos trouxas, é claro. Um bruxo que odiava a mim e toda minha família!

– Este assunto será tratado ao longo do processo, não se preocupe...

– Usou o revólver para não levantar suspeitas! É tão óbvio!

– Acalme-se, senhora.

– Exijo que o assassino seja pego e mandado a Azkaban! Se isso não ocorrer, eu juro que irá se arrepender, Sr. Digory.

Dolores Umbridge colocou sua mão no ombro da jovem mulher, tentando acalmá-la.

– Não preciso ser ameaçado para cumprir meu dever, senhora Malfoy. – Digory disse pela primeira vez com raiva.

– Ótimo. Contarei tudo a Lúcio quando eu chegar em casa. Espero que depois disso tudo, o bruxo da Ordem da Fênix que assassinou meu pai seja preso, assim talvez o senhor continue com o seu emprego. – Narcisa pegou sua bolsa de couro de dragão de cima do sofá. – Preciso ir.

Ela se despediu da madrinha de seu marido com um beijo na bochecha, e saiu porta a fora, tão rapidamente como se tivesse aparatado. A notícia sobre a morte de seu pai a deixou mais furiosa do que triste. Cygnus Black era um bom pai. Pelo menos para ela e pra Bellatrix, visto que Andrômeda ele tentara assassinar com um chá venenoso.

O céu nevoento podia ser visto pelas janelas engradadas do alto da fortaleza sombria que era a prisão de Azkaban. No dia anterior, a mulher andando naqueles corredores havia estado no velório de seu próprio pai, realizado no jardim da Mansão Malfoy. Segurava firmemente a mão de um pequeno garoto, que parecia ligeiramente assustado ao reparar a construção na qual estava presente, os ruídos de dor e sofrimento ecoando através das pedras.

Chegando a terceira porta, um homem fez sinal para que ela parasse.

– A senhora não podia ter trazido a criança. – ele disse, com o braço esticado, impedindo a passagem.

– Sou Narcisa Black Malfoy. – a bruxa mostrou a aliança contendo o brasão dos Malfoy, em seguida tirou em meio ao discreto decote o medalhão dos Black. – Tenho a assinatura da Subsecretária Sênior confirmando o meu direito de vir até aqui. Vim ver minha irmã, Bellatrix. Quero que meu filho a conheça.

– Oh, nesse caso... – o auror pareceu constrangido, e até mesmo encantado pela beleza da mulher. – Por aqui, senhora.

Narcisa chegou até uma pequena sala, dividida em duas partes por uma grade. O auror fechou a porta logo em seguida. Mãe e filho sentaram-se em um sofá de madeira, então gritos agudos e exaltados puderam ser ouvidos.

"Me soltem, seus imundos! Para onde estão me levando desta vez!?" – a voz foi facilmente reconhecida.

Dentro de alguns instantes uma mulher vestindo roupas listradas e maltrapilhas foi literalmente jogada na mesma sala em que Narcisa estava, porém, do outro lado da grade. Bellatrix levantou o rosto, os cabelos negros estavam ainda maiores do que antes. Seu rosto estava magro e sua pele tão pálida que parecia estar morta. Assim que se deu conta de quem estava em sua frente, abriu um largo sorriso.

– Ciça! – a bruxa morena tentou passar a mão através da grade, mas um feitiço de barragem a impediu. Tentou mais três vezes, então desistiu. – Achei que havia se esquecido de mim. Desde a última vez que veio me visitar faz uns cinco dias, e Lúcio não estava com você.

– Faz cinco meses, Bella. E este garoto não é Lúcio. Ele é meu filho, Draco. – a voz de Narcisa saiu assombrada e desapontada, pois a loucura de sua irmã piorava a cada estação. – Diga olá a sua tia, filho.

– Olá. – Draco disse, um pouco assustado.

– Olá! – Bella se abaixou até atingir a altura do menino. – Você é idêntico ao seu pai, moleque. Não puxou nada da minha irmã, a não ser talvez esse narizinho empinado.

Narcisa olhou para o filho, que realmente estava de nariz torcido ao reparar a sujeira do lugar.

– Desculpe não poder visitá-la sempre, Bella. Mesmo com toda minha influência e dinheiro, é difícil convencer o ministério. Você deve saber que o normal seria uma visita a cada dois anos. Tento visitá-la o máximo que posso.

– Ora, não se preocupe comigo, Ciça. Eu estou pra sair daqui logo. – Bella levantou e girou na ponta dos pés, como um dançarina bêbada. – Milorde voltará e tudo voltará a ser como antes, vai ver.

– Deve ser difícil ficar tanto tempo neste lugar. Acho que a loucura é inevitável. – Narcisa disse mais para si mesma do que para qualquer outra pessoa.

– Oh, não, isso é bobagem. Estou aqui há apenas alguns dias.

Narcisa suspirou, e voltou a segurar na mão do filho. Fazia sete anos que Bellatrix estava presa. O tempo em Azkaban pode ser mais rápido ou mais demorado do que o normal. Às vezes parecia que era atemporal, e que a única coisa em que se podia pensar era as lembranças, por isso a necessidade dos Dementadores. Eles tentavam roubá-las, para que o detento sofresse ainda mais.

– Bella, nosso pai morreu. – Narcisa disse rapidamente, com a voz mais calma que conseguiu.

– Morreu? – Bellatrix arregalou os olhos e tentou encostar-se à grade outra vez. Rangeu os dentes, então começou a caminhar em círculos. – Mas ele me disse... tantas coisas! Tantas coisas antes de eu vir pra cá! Disse pra não chorar, disse pra não perder a esperança!

– Eu sinto muito, Bella. – Narcisa instintivamente tentou passar os braços pela mesma grade, mas foi impedida. – Não sabe como eu gostaria que você estivesse aqui do meu lado.

– Papai fazia parte das poucas coisas que eu amava nessa vida, Ciça! Como ele morreu? Como!?

– Foi morto por alguém. A-ainda não foi descoberto o a-assassino. – Narcisa, conhecendo a irmã que tinha, não mencionou o revólver por medo do que Bella poderia fazer.

Bellatrix caiu de joelhos no chão. Soltou algo parecido com um choro, gutural, desesperado, como se algo rasgasse sua garganta. Draco chegou a se assustar por alguns instantes, mas então se ajoelhou em frente a ela. Sem muito pensar, esticou a pequena mão branca, que atravessou o feitiço de barragem entre a grade, podendo encostá-la na cabeça da tia. Bella, a princípio, não percebeu, então Draco alisou o topo de sua cabeça, como forma de consolo. Narcisa olhou boquiaberta.

– Draco, como conseguiu fazer isso?

– Veja, mamãe, eu consigo passar. – o menino balançou o braço que estava atravessado no feitiço.

Narcisa puxou o filho para perto de si. Bellatrix ainda chorava.

– Bellatrix! – Narcisa gritou para a irmã, que finamente levantou o rosto. – Vou tirá-la daqui agora.

Bella deu um sorriso, que mais pareceu uma cara furiosa, com tantas sensações era difícil se expressar. Narcisa sempre foi uma mulher muito centrada, mas naquele momento só conseguia pensar em acabar com o sofrimento de sua irmã.

– Draco, pegue minha varinha. – a mãe estendeu sua varinha ao filho, que logo a apontou para a grade. – Repita alta e claramente. – Fi-ni-te In-can-ta-tem!

Finite Incantatem! – disse Draco, astuciosamente, e logo o feitiço opressor sumiu.

Narcisa pegou a varinha de volta, e com um feitiço redutor destruiu a grade facilmente, já que agora ela não passava de uma comum grade de ferro.

– Ciça, para onde vamos? Nunca fui para a ala leste! Lá não é lugar de prisioneiros!

– Vista isso! – Narcisa tirou seu sobretudo verde-escuro e entregou a irmã. Apontando a varinha para ela, pronunciou um feitiço que fez o cabelo de Bellatrix se prender a um penteado elegante. – Andaremos em direção à saída, desacordando todos que encontrarmos! Teremos que correr, então, Draco, não solte minha mão por nada nesse mundo, está me entendendo?

O menino acenou positivamente a cabeça extremamente loira, assustado como um pássaro em seu primeiro dia de voo. Narcisa bateu na porta maciça, e depois de um minuto, o mesmo guarda que a atendeu na vinda, a abriu.

Imperio! – disse ela rapidamente, apontando sua varinha ao homem. – A partir de agora você irá nos proteger, nem que para isso tenha que dar a sua vida! Ajude-nos a sair daqui.

O auror abriu os olhos de maneira estranha e, sob a maldição, concordou. Os quatro andaram mais alguns passos, e ao virarem o corredor, se deparam com mais dois aurores. A princípio não notaram a fugitiva, mas assim que ela começou a correr, eles perceberam que havia algo errado.

– Hei, vocês duas! Esperem aí! O que um garoto dessa idade faz aqui dentro? – um deles gritou.

O auror amaldiçoado, Draco e as irmãs Black correram até entrarem em um corredor aparentemente vazio.

"Elas foram por ali!" – ouviu-se uma voz grave.

Do lado esquerdo do corredor vinham quatro aurores, do outro lado, mais dois. O auror que as ajudava sob efeito de Imperius, lançou a maldição da morte contra um deles, na tentativa de protegê-las. Desviavam dos feitiços dos aurores com dificuldade. Rapidamente, Bellatrix arrancou a varinha de Olmo da mão de Narcisa. Draco apenas se encolheu nos braços da mãe.

Avada Kedravra! – Bella gritou, e outro auror morreu. Apontou a varinha para a irmã, e disse baixinho. – Me desculpe. Imperio.

Narcisa poderia ter se defendido da maldição, mas em vista da situação, preferiu ceder. Menos de um segundo depois daquilo, os aurores lhe lançaram um feitiço estuporante tão forte que ficou inconsciente durante várias horas. Bellatrix foi capturada novamente, e como castigo, ficou sem comer durante três dias. Quase morta, foi levada até sua cela antiga, com a notícia de que sua tentativa de fuga se espalhou pelos jornais de todo o continente.

"Bellatrix Lestrange utiliza a maldição Imperius contra a própria irmã para tentar fugir de Azkaban", dizia a manchete do Profeta Diário, o que gerou suspeita até demais para a esposa de um acusado Comensal da Morte.


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Notas finais do capítulo

Desculpem novamente a demora, mas esse foi um capítulo grande! Comentários? Recomendações? amo vcs ♥



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