Sangue Puro escrita por Shanda Cavich


Capítulo 22
Capítulo 21 - Prisioneiros e Aurores


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora. Como estou com duas fic, é mais difícil. =(



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Os Lestrange simplesmente assumiram. Os dois irmãos permaneceram sérios durante o julgamento, apenas confirmando a enorme lista de crimes pelos quais foram sendo acusados. Bellatrix foi a última a ser interrogada, e assim como o marido e o cunhado, confirmou tudo o que fez, deixando clara a sua posição.

– Aqui diz que a senhora foi a responsável pela morte de Benjamin Fenwick. – o ministro prosseguiu, olhando para um enorme pedaço de pergaminho.

Morte e tortura, excelentíssimo. – concluiu a jovem, de maneira debochada. – Por favor, vá até a parte em que eu fui até os Longbottom e fui pega pelo auror. Quero acabar logo com isso.

No dia seguinte, acordou em uma área suja e pequena. Havia uma cama, um banheiro e uma cadeira. Uma pequena janela envolta por uma grade permitia que a luz entrasse. Estava caída no chão, próxima a cama. Seu vestido fino e elegante agora não passava de um trapo negro. Não se lembrava de muita coisa desde que saiu do tribunal. Sentia muita dor na cabeça, como se a tivesse batido com muita força. Em alguns instantes que deixou de pensar em seu mestre, ouviu sua própria voz no inconsciente lhe questionando. "Onde está Rodolfo?".

O barulho das chaves abrindo a porta à fez levar um susto. Levantou do chão rapidamente, tentando se recompor. O homem por detrás dela era robusto, de feições grosseiras. A jovem o teria lhe reconhecido mais facilmente, se não fosse o tapa-olho e o ferimento em sua face, semelhante a um corte.

– Olá, Bellatrix. Como passou a noite? – disse o auror, cinicamente.

– Não te interessa. – a bruxa então o reconheceu pela voz. Era ninguém menos que Alastor Moody, o responsável por sua captura.

– Seu primo me fez isso há poucas horas. – Moody apontou para o olho coberto, que fora amputado. – Evan Rosier realmente era bom de mira, devo admitir.

– Ele é. – Bella comprimiu o queixo, irritada.

Era. – o auror deu uma risada. – Está morto agora.

Bellatrix ficou quieta, tentando esconder o fato de ter ficado triste. Só recebia notícias ruins desde que Tom Riddle se fora. Alastor Moody retirou do bolso uma algema.

É hoje. Você irá para Azkaban, e ficará lá para sempre. Sempre é muito tempo, não é? – provocou.

– Nem tanto. Se for para nunca mais ver a sua cara feia, eu ficaria lá durante minhas próximas cem vidas.

Alastor segurou os pulsos da bruxa com força suficiente para que ela sentisse dor. Colocou as algemas rapidamente, e então as apertou utilizando um feitiço que Bella desconhecia.

– Venha. – disse ele, direcionando-a a um corredor escuro. – Quando chegar no final, alguém lhe encaminhará até a carruagem, junto dos demais prisioneiros.

A garota continuou quieta. A dor do ferro prendendo o sangue em seus pulsos lhe fazia sentir anestesiada. Começou a andar vagarosamente, pois suas pernas estavam bambas. Olhou para trás uma última vez. Alastor a encarava de um modo estranho, talvez imaginasse que ela tentaria fugir, mesmo sabendo que sem a varinha ela era apenas uma mulher com as mãos presas. Só não podia ser chamada de indefesa, pois agredira a ele próprio com as unhas, lhe causando uma cicatriz horrível no rosto durante a noite anterior. Como um corte de navalha.

– Adeus, Bellatrix. Espero que o seu sono na prisão seja mais pesado. Pois aqui foi necessário lhe dar uma paulada na cabeça para que calasse a boca. – então ele riu, saindo por uma das portas.

Antes que a bruxa pudesse dizer qualquer coisa, uma mão segurou seu ombro. Não se importou em saber quem era, queria apenas um lugar para sentar. Andou até o ponto em que foi para o lado de fora da construção. Uma enorme carruagem cercada por dementadores estava a sua espera. Havia cerca de vinte prisioneiros em uma fila, adentrando-a.

– Espere aqui. – disse o auror. Era um homem jovem, não passava dos vinte e cinco anos.

– Senhor? – disse Bella, colocando os pulsos à frente, visivelmente machucados. – Pode afrouxar as algemas? Estou ficando tonta.

– Não tenho permissão para isso, senhorita. Perdão, eu não posso ajudá-la. – finalmente o auror olhou para a mulher. Seus olhos azuis tornaram-se leves.

– Pedindo perdão a uma condenada, senhor? – Bellatrix se surpreendeu.

– Sou novo neste departamento. Não conheço a senhorita, e não sei o que fez para estar aqui. – o homem falava serenamente, como se a situação fosse contrária. – Peço perdão por não poder ajudá-la, vejo que está sofrendo. Condenada ou não, ainda assim é humana. Uma humana muito bonita.

Bellatrix até conseguiu sorrir. Embora estivesse acostumada com elogios, também estava acostumada com grosserias. E ultimamente as grosserias tinham sido tão frequentes que um elogio simples como aquele foi capaz de fazê-la sorrir naquele estado. O céu começara a escurecer. Os prisioneiros estavam há uns trinta metros de distância, entravam na carruagem aos poucos. Todos com algemas, escoltados por aurores.

– Qual é o seu nome? – disse o auror, de certa forma amigável. Percebendo a demora da resposta, prosseguiu. – Pode ser que eu já tenha ouvido falar da senhorita.

– E-eu... Me chamo Druella. – mentiu Bellatrix, mudando até mesmo o tom de voz. Sabia que se revelasse a sua verdadeira identidade o auror seria menos gentil, e até mesmo capaz de chamar reforços, levando em conta a fama de "extremamente perigosa" que os cartazes revelavam a seu respeito.

– Matou alguém, Druella?

– Foi legítima defesa. Claro, ninguém acreditou em mim. – a bruxa contorceu os pulsos, devido à imensa dor que sentia. Seus olhos se direcionaram aos do homem, suplicantes, até mesmo atrativos. – Sou inocente, senhor...

– William McGonagall. É o meu nome. – completou. – Não sou ninguém para julgá-la. Apenas tento cumprir meu papel.

Bellatrix soluçou. William notou uma lágrima escorregar pelo seu rosto pálido. Como um gesto instintivo, levantou a varinha em direção a garota, a fim de lhe poupar o sofrimento em relação às algemas. Pensou durante alguns segundos, como se estivesse se auto repreendendo, então sussurrou:

Finite.

Bella sentiu os pulsos aliviarem da pressão imediatamente.

– Obr...

– Não agradeça. – William sussurrou, interrompendo-a. – Alguém pode ouvir.

A bruxa calou-se. O auror olhou para os lados, desconfiado.

– Vou levá-la até a fila. – disse ele, reparando uma luz vermelha se ascender na carruagem.

Quando começaram a caminhar, Bella sentiu as algemas deslizarem. Seus pulsos eram finos, por isso a necessidade de usar magia para prendê-los de maneira segura. Seu coração acelerou. Pela primeira vez na vida, não sabia que atitude tomar. A cada segundo se aproximavam mais da carruagem e, consequentemente, dos dementadores.

Percebendo que não havia muito tempo para pensar, começou a forçar as algemas conforme podia. William a guiava, apreensivo. Parecia triste, algo em seus olhos estavam confusos. Quando finalmente uma das mãos se soltou, Bellatrix arrancou a varinha das mãos do auror.

– O que...como?! – exclamou o auror McGonagall, surpreendido pela rapidez da jovem.

– Me leve até a saída! – Bella apontou a varinha para ele. Seus olhos se ascenderam furiosamente.

– Senão irá me matar? – desafiou. – Nada acontecerá se me matar, senhorita. Outros aurores vão pegá-la e sua pena em Azkaban continuará sendo a mesma.

– Então não tenho nada a perder!

No momento em que Bella ia pronunciar a Maldição Imperius, foi esbarrada por uma dupla de aurores, que seguravam um dos prisioneiros com brutalidade. Este estava com os cabelos compridos sobre a face ensanguentada. Era alto, pálido, e a marca negra em seu braço era visível.

– Rodolfo! – ela gritou, reconhecendo a tatuagem de escaravelho que o marido tinha no peito.

– Bella! – o prisioneiro ergueu o olhar para a moça. Seus olhos estavam inchados, e vestia apenas uma calça preta.

A distração foi o suficiente para chamar a atenção das demais autoridades presentes. William pegou sua varinha de volta, e com um feitiço, fez uma corda prender os braços da mulher.

– Bella... Bella... – o auror sussurrou, então levantou o tom de voz. – Bellatrix Black Lestrange, claro!

– Sim, sou eu. – a bruxa teve seu braço segurado por outro auror, que começou a levá-la em direção à carruagem. – Que tolice a minha, não é mesmo?

– Bom, a senhorita... digo, senhora, conseguiu me enganar. Serei duramente repreendido por isto. – William andava ao seu lado, com a varinha empunhada.

Rodolfo Lestrange estava sendo segurado ao lado da esposa, algumas vezes levava empurrões e pontapés. Bella era a única mulher em meio a tantos prisioneiros e aurores. O que não era incomum, pois fora da casa de seus pais, viveu entre homens a vida toda. Especialmente Comensais da Morte.

Um auror alto, de cabelos ruivos, fez com que Rodolfo adentrasse a carruagem. Bellatrix foi a próxima, sentando-se ao lado da grade.

– Eu não precisava tentar fugir. – Bellatrix sorriu de um modo demente, olhando para William. – Ele vai voltar e me buscar. Reunirá os fiéis a ele e se vingará dos que o fizeram partir.

– Bem que dizem que os Black são loucos. – William deu uma risada incrédula, terminando de trancar a porta da carruagem.

– Pode demorar meses, anos... – Bella permitiu que o marido deitasse a cabeça sobre seu colo, então colocou os dedos entre os buracos na grade. – Mas ele vai voltar. Isso é uma certeza.


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Notas finais do capítulo

Nesse capítulo eu quis mostrar que aurores também podem ser cruéis, outros nem tanto. Espero comments *-* Já estou criando o próximo cap!



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