Sangue Puro escrita por Shanda Cavich


Capítulo 21
Capítulo 20 - Na escuridão com os Longbottom


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, amores *-*



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Estava prestes a amanhecer. O céu ainda estava escuro, embora o sol já se fizesse presente. Bellatrix estava em frente ao lago atrás das vastas montanhas que cercavam o povoado de Amon Septimus, como tão simplesmente havia combinado várias horas atrás. Sentia uma dor aguda no peito, como se a morte a tivesse convidado para um passeio. A partir de agora teria uma semivida. Pois a vida não parecia mais a mesma desde a última vez que o viu.

A notícia surpreendeu a todos, especialmente a aqueles que serviram a ele. Os Comensais sempre acreditaram que o tão poderoso lorde poderia vencer a morte, custe o que custasse. Confiaram a ele suas vidas e também seus sonhos, nos quais eram livres de um mundo sujo. E agora ele fora destruído. Destruído por uma criança de apenas um ano, cujos pais foram assassinados poucos minutos antes de sua queda.

Passou-se um dia. Frank Longbottom estava em casa olhando janela afora, preocupado com o que estava por vir. Lord Voldemort morrera. Já era possível se prever uma louca e frenética anarquia entre seus seguidores, que de uma forma desesperada, poderiam causar grandes catástrofes para punir comunidade mágica.

Neville, o único filho de Longbottom, agora estava sob os cuidados de Augusta, a avó. Frank estava disposto a educar seu filho para ser um guerreiro. Ensinar a ele que a vida não é e nunca foi um mar de rosas, assim podendo torná-lo um grande auror.

Um barulho de vidro se quebrando foi ouvido da cozinha. Como sua mulher, Alice, estava dormindo, rapidamente sacou a varinha do bolso, temendo a possibilidade de ser um invasor.

– Me ajude! – dizia a voz chorosa de um jovem rapaz.

Frank correu até lá e visualizou um garoto com não mais do que dezessete anos caído no chão.

– Você está bem, filho? – disse o auror, se abaixando ao lado do garoto de vestes elegantes. – Qual é o seu nome?

Frank Longbottom sentiu o vento entrar pela porta dos fundos, que estava escancarada. Não se lembrava de tê-la esquecido aberta.

– Qual o seu nome, filho? – repetiu. – Como entrou aqui? Você está ferido?

No instante seguinte o garoto empurrou o homem de trinta e poucos anos com força, fazendo com que a varinha dele fosse arremessada para o outro lado. Bateu a cabeça contra o piso, de modo que sua visão se distorcesse um pouco. Assim que olhou nos olhos do rapaz, verdes e frios, o reconheceu imediatamente.

– Bartô? Bartô Júnior? – disse Frank, surpreso. Olhou para os lados, tentando encontrar sua varinha.

– Sim, sou eu. Imagino que já saiba o que viemos fazer aqui.

– Vieram? – Frank ainda estava um pouco tonto por ter batido a cabeça contra o chão. – Tem mais alguém com você?

Um barulho de sapato de salto andando sobre a madeira foi ouvido, vindo de trás. Frank se virou e notou uma mulher jovem, morena, com longos cabelos escorregando os ombros. Como ainda estava no chão, o rosto dela vindo de baixo não lhe pareceu familiar, mas à medida que foi se levantando pôde ter certeza de quem se tratava. Um tremendo calafrio passou por sua espinha.

– Sabe, Longbottom, o senhor não foi nada gentil com meu pai há alguns anos. – disse Bellatrix Lestrange, e o salto de suas botas fazendo estalos a cada passo que dava. – Fiquei sabendo que o senhor disse coisas terríveis a meu respeito, e quase estragou o casamento de Ciça!

– Você será presa, garota. – Frank chegou a sorrir, embora estivesse um tanto assustado. – Seu lorde está morto, e vocês não são nada sem ele!

Crucio! – Bellatrix berrou, com uma voz aguda.

Frank foi atingido no pescoço pela maldição, e novamente caiu. Contorceu-se durante alguns instantes, então rastejou até onde sua varinha estava. No momento em que foi pegá-la, uma bota preta e pesada pisou em seus dedos, fazendo-o gritar. Olhou para cima e notou um homem magro e pálido, com um cavanhaque preto.

– Sou Rabastan Lestrange, senhor. – o jovem homem fez uma zombada reverência. Então esfregou a bota com ainda mais força sobre a mão do auror.

Bellatrix se abaixou e encostou sua varinha na bochecha de Longbottom, e jogou a varinha dele para Bartô.

– Me diga tudo o que sabe sobre Milorde ou eu juro que se arrependerá de ter nascido! – a voz grave e ao mesmo tempo aguda da bruxa transbordava malícia. Longbottom sentia que independente do que ele respondesse, ela o torturaria, apenas pelo prazer em causar dor. – Onde ele está? Onde!

– Não sei de nada! E mesmo que soubesse não seria a você que eu contaria! – disse Frank, com uma pitada de alívio ao ver sua esposa adentrando a cozinha com a varinha empunhada para os dois Comensais.

Pela distração, Bellatrix tirou a varinha da direção do auror, sendo descuido suficiente para Frank lhe dar um soco na boca. Ela caiu para o lado, e então começou a rir. Gotas de sangue passaram entre seus dentes. Um terceiro homem chegara, com a ponta da varinha encostada na nuca de Alice Longbottom. Era muito parecido com o segundo, pela diferença de que este era mais robusto.

 – Entregue sua varinha, mulher, ou farei seu marido sangrar de um jeito muito pior do que ele me fez! – disse Bellatrix, tirando um punhal prateado debaixo das vestes, e logo o posicionou em frente ao pescoço de Frank, quase perfurando a pele.

Alice, desesperada, soltou a varinha no chão e manteve as mãos para frente, como forma de rendição.

– Você bate como uma garotinha trouxa, Longbottom. – Bellatrix disse em tom debochado, então olhou para seu marido. – Rodolfo! Mostre a ele como se faz. 

Pouco depois de dar uma risada, Rodolfo Lestrange deu um soco no rosto de Alice, fazendo-a rodopiar e cair no chão ao lado de Frank. Os outros Comensais riam igualmente, como se acabassem de ouvir uma piada.

– Meu amor... Me desculpe.. – sussurrou Alice, chorando. Tiras de sangue escorreriam por seu nariz. – Me desculpe...

– Não há do que se desculpar, querida. – os olhos de Longbottom se encheram de lágrimas ao ver o sofrimento que sua mulher acabara de passar.

Bellatrix pegou a varinha de Alice e a jogou pela janela, então apontou a sua para Frank:

– Agora que já esclarecemos quem manda aqui, o senhor deve responder tudo o que eu perguntar. E para cada resposta errada ou duvidosa, haverá severas punições. Estamos combinados? – disse Bella, sua ultima frase saiu aguda como uma tentativa de imitar uma criança.

– Volte pro inferno, desgraçada! – disse o auror, soluçando.

Crucio! – disse Bellatrix, com a raiva lhe saltando os olhos. – Diga onde está o Lord das Trevas, traidor imundo!

Frank se contorceu. Alice o abraçou imediatamente.

– Vamos tentar outra coisa. – disse Bartô, e então apontou a varinha para Alice. – Diga agora, Sr. Longbottom. Ou sua mulher é quem vai sofrer.

Frank, ainda sentado no chão ao lado da esposa, levantou o rosto com dificuldade.

– Por favor... Eu juro que não sei de nada. Eu juro!

Crucio! – disse Bartô, então Alice gritou.

– Por favor, pare! – berrou Frank. – Deixem ela em paz! Ela não sabe de nada! Desde que meu filho nasceu ela não trabalha mais do departamento de aurores! Por favor, não a machuquem ainda mais!

Crucio! – continuou Bartô, com um sorriso insano no rosto, condizente com o de Bellatrix.

Rodolfo Lestrange foi até sua esposa, quase lhe dando um abraço.

– Bella, eles não vão dizer nada. Acho melhor irmos embora, ou podem nos pegar.

– Pode ir se quiser, Rodolfo. Ainda acho que posso fazê-lo falar alguma coisa. – disse Bella, ainda com a varinha apontada ao peito de Frank. – Crucio! Vamos, auror estúpido, conte-me!

– Bella... – Rodolfo a segurou o braço dela, fazendo a maldição cessar. – Me de um beijo!

– Não é hora pra isso, Rod...

Os dois se beijaram. Um beijo forte, virtuoso, que chegava a doer. Ela nunca o tinha beijado por vontade própria, jamais amara o marido como deveria. Sequer gostava dele o suficiente para um casamento. Mas naquele momento, enquanto Bartô e Rabastan amaldiçoavam o casal Longbottom com a maldição Cruciatus e riam como dois adolescentes, sentiu vontade de ter alguém para dividir a sua loucura. Uma loucura que misturava o amor por seu mestre e o ódio por seu marido. Uma loucura em forma de beijo.

Bella, assim que acordou de seu delírio, se soltou dos braços de Lestrange com certa repulsa. Não ouviu mais nenhum dos dois Comensais mais jovens pronunciarem as maldições. Não ouviu ruídos de dor, ou gritos de fúria. Frank e Alice Longbottom estavam deitados de mãos dadas, aparentemente mortos.

– Eles não disseram nada. E nunca mais vão dizer. – disse Rabastan, convicto.

– Acho que não morreram. – concluiu Bartô. – Só estão desmaiados.

Crucio! – disse Bellatrix, apontando para Alice.

A mulher tremeu e seu olhos se abriram lentamente, inchados de tanto chorar.

– É. Estão vivos sim. – Bella continuou falando. – Mas só por enquanto.

No momento em que Rodolfo ia apontar sua varinha a Frank, uma voz grave e alta soou do lado de fora da casa. Inúmeras pessoas começaram a se reunir em volta dela, todas de varinhas empunhadas na direção dos Comensais.

– Aurores! Vamos embora!

Os quatro Comensais da Morte saíram voando pela porta e janelas. O mais jovem deles, Bartô, conseguiu fugir. Os outros três foram capturados, visto que estavam impedidos de aparatar, em função de um feitiço feito pelos dez aurores. Rabastan foi capturado por uma espécie de rede que bloqueava qualquer feitiço. Rodolfo foi encurralado por quatro aurores, que depois de alguns minutos de luta, conseguiram desarmá-lo. Bellatrix Lestrange foi a última a ser pega. Quando foi atingida pelo feitiço Incarcerous, antes que sua voz sufocasse pelas cordas saindo da varinha de Alastor Moody, conseguiu pronunciar "Milorde".

Então os três Comensais foram condenados a prisão perpétua.


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