Sangue Puro escrita por Shanda Cavich


Capítulo 2
Capítulo 1 - Mui Nobre e Antiga Família dos Black




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O salão de jantar estava enfeitado com as cores verde e prata, em homenagem a casa de Sonserina. Todos os bruxos presentes tinham a mesma expressão no rosto. Sorriam por se tratar de uma festa familiar, apenas por isso. Entretanto, havia um garoto que não sorria como os demais. Este tinha cabelos escuros escorridos sobre a face, que quase cobriam seus olhos carregados de indignação. Uma mulher elegante e magricela, chamada Walburga, apontou sua varinha às velas postas sobre a mesa, fazendo com que as chamas se ascendessem rapidamente. Logo que se virou para trás, olhou para o mesmo garoto, seu filho, sentado em frente à janela.

– Sirius, tenha modos! Arrume esse cabelo agora mesmo!

Arrume esse cabelo, arrume esse cabelo! – disse Sirius, de maneira infantil, fazendo uma terrível imitação da voz de sua mãe, rouca e aguda. – Tenho doze anos, não preciso que diga como eu devo me arrumar! Eu já disse que quero deixar o meu cabelo igual o do Osbourne! E de natal vou querer uma guita...

– Faça o que eu mandei, moleque atrevido! Nem mais uma palavra ou mandarei que fique no porão, como da última vez! – Walburga apontou sua varinha ao menino, fazendo com que ele se encolhesse e cobrisse a cabeça com as mãos.

No sofá da esquerda, próximo a escadaria, estavam as três filhas de Cygnos Black. Bellatrix enchia-se de vinho, enquanto que Narcisa tomava apenas água, em goles tão pequenos que era possível concluir que nada passava por sua garganta. Andrômeda comia os bolinhos que estavam sobre a bandeja carregada por Monstro, e de vez em quando discutia alguma coisa com a irmã mais velha.

A mãe das três jovens, Druella, conversava com Walburga ao mesmo tempo em que fumavam uma espécie de cigarro, dotado de uma fumaça violeta que se expandia por todo o salão. Druella era um tanto parecida com sua filha mais nova, exceto pelos olhos verdes e cabelos ondulados. Andrômeda ficou durante alguns minutos a encarar a noite através da janela, criando um motivo mínimo para que sua tia Walburga a perturbasse com perguntas inconvenientes.

– Andrômeda, querida! Por que está tão silenciosa? O que pode ser tão especial lá fora, quando se tem mulheres tão agradáveis para conversar aqui dentro?

Bellatrix levantou do sofá e deu uma risada impertinente. Usava um vestido vermelho sangue, contrastando seus cabelos negros e escorridos. Jogou a taça de vinho em cima do elfo doméstico, que parecia cada vez mais encantado pela bruxa.

– Andie só está com essa cara de paisagem porque ainda sonha em conhecer um príncipe encantado!

O rosto de Andrômeda começou a corar. Druella riu discretamente.

– Ora, mas que bobagem a sua, Andie! Se é de um príncipe que estamos falando... – disse Walburga, revelando um grande sorriso no rosto. – Ele certamente será de Narcisa.

Sirius, que até agora estava em silêncio, soltou uma exclamação exagerada de nojo.

– Malfoy é um príncipe? Só se for príncipe dos paspalhos!

– Calado, Sirius! Lúcio é um anjo! – Walburga transmitiu um olhar mortífero ao filho. – Druella faz muito bem em permitir que Ciça namore o rapaz!

– Você só diz isso porque ele é podre de rico!

– Já disse pra ficar calado, moleque! – Walburga novamente ameaçou o filho com a varinha, em seguida olhou para Narcisa, que já estava ficando constrangida pela conversa. – Não se incomode, menina... Você não poderia ter escolhido um partido melhor! Se Sirius fosse uma garota, com certeza eu adoraria ter-lhe arranjado um casamento com Lúcio Malfoy.

– Você poderia ter me poupado desse comentário, mãe! Imaginei coisas que eu não merecia imaginar! – disse Sirius, visivelmente irritado.  Levou um puxão de orelha, então se calou.

Enquanto Orion e Cygnus Black proferiam absurdos em prol da completa eliminação de mestiços e sangues ruins, Régulo fazia um desenho sobre um pedaço de pergaminho, no qual homenageava ninguém menos do que Lord Voldemort. Era o terceiro Dia das Bruxas comemorado no Largo Grimmauld. Era importante que os Black estivessem reunidos.

Exatamente às 20h a campainha tocou. Dois jovens adentram a porta, eufóricos. Um deles era Rodolfo Lestrange, que andou em linha reta até o encontro de sua esposa. O outro era Lúcio Malfoy, e trazia consigo uma pequena caixa de veludo. Narcisa, com os quatorze anos que tinha, o abraçou com demasiada graciosidade, como se acarinhasse seu bicho de pelúcia favorito. Assim que olhou para o colar de ametistas nas mãos do namorado, deu um leve sorriso, quase falso. No fundo, ela desejava de ter ganhado a tiara de ouro que Lúcio havia prometido lhe dar poucas semanas antes.

– Eu já comprei a tiara que você queria, Ciça. Mas só lhe entregarei no seu aniversário. Não fique triste, por favor. – disse Malfoy, colocando uma mecha do cabelo de Narcisa para trás. Ele odiava vê-la descontente.

Os ruídos de agitação do casal Lestrange chamaram a atenção de todos. Bellatrix deu um beijo estridente em seu marido, agradecendo pelo presente que ganhara: um punhal de prata, afiado como navalha. Não era um punhal qualquer, pois este se tratava de um objeto mágico. Magia Negra, tal como ela adorava. Rodolfo parecia tranqüilo, embora já imaginasse que Bella mataria muitos através do precioso presente.

– Eu te amo. – Rodolfo tentou dar outro beijo em sua esposa, mas ela se inclinou para trás, expressando asco. – Te amo, te amo, te amo, te amo... Vou ficar falando isso até você me beijar! Te amo, te amo...

– Oras, pare com isso! – Bellatrix esquivou-se novamente, em seguida olhou para a Marca Negra gravada em seu braço. – Há crianças aqui, seja descente Rodolfo!

Sirius mostrou a língua ao casal, percebendo que falavam dele, já que Régulo estava na cozinha. Em seguida teve os cabelos remexidos violentamente pelas mãos de Rodolfo.

– Não ouviu, criança? Vá pro seu quarto, ninguém faz questão da sua presença, grifinho de bosta. – disse Lestrange, provocando risos da parte de Lúcio. Em seguida, os dois bateram os punhos como forma de concordância, e continuaram a gargalhar de um modo tão maçante que mais pareciam hienas.

– Mesmo que eu suma daqui, minha prima ainda não vai querer te beijar. – disse Sirius, dando uma risada marota, como era a sua especialidade. – Não sei se você é capaz de perceber, mas ela não gosta de você. Ela prefere alguém mais "cobrástico", se é que me entende...

Bellatrix puxou Sirius para perto de si, interrompendo-o. Ele subitamente ficou quieto, estático. Por um momento, chegou a pensar que Bella o abraçaria. Lúcio riu ainda mais depois do comentário do garoto, e Rodolfo corou de tanta raiva. Druella surgiu em meio à conversa, segurando um copo com absinto, e logo mandou que Sirius saísse de perto.

– Senhor Lestrange, meu genro querido, perdoe-me se eu estiver sendo indelicada ao pedir este tipo de coisa, mas como já somos parentes, constrangimentos são dispensáveis... Indo direto ao ponto, acho que seria interessante se o senhor incentivasse seu adorável irmão a cortejar minha filha do meio. – disse Druella quase em sussurros. Olhou para trás, visualizando a jovem Andrômeda sentada na poltrona do canto, solitária. – Ela não é como minha Narcisa, entende? Precisa de uma certa ajuda.

– Irei ajudá-la, senhora. – concluiu Rodolfo, sorrindo como um político, esquecendo-se da raiva que sentira minutos atrás por culpa de Sirius. Druella assentiu com a cabeça, então foi até Cygnus, pegar mais um cigarro.

Andrômeda levantou-se da poltrona onde estava e foi ao encontro de Lúcio e Narcisa. Monstro servia os convidados e sempre que podia fazia reverências aos donos, com atenção especial a Walburga, que acabara de se aproximar dos três.

– Quando irão se casar? – perguntou a dona da casa, curta e diretamente.

– Tia, tenho só quatorze anos! – Narcisa riu, embora soubesse que Walburga falava sério.

– Não vejo porque demorar, se eu mesma casei quando tinha quinze. – Walburga sorriu de modo estranho, como se acabasse de ter uma lembrança. – Sabe, não é todo o dia que temos a honra de receber um rapaz como Lúcio para trazer alegria...

– E fundos! – interrompeu Sirius.

– ...para nossa família. – Walburga segurou o braço do filho e empurrou-o para o outro lado. O pacote de bolachas que ele segurava caiu sobre o chão, esfarelando-se.

– Desculpem meu fi... ou melhor, esse menino estúpido. Não sei como ele pode ser tão grosseiro. Onde foi que eu errei?

– A culpa não é da senhora, tia. – Narcisa olhou para o primo Sirius com cara de nojo, arrebitando ainda mais o nariz. – Sirius deve estar se tornando mau porque está na Grifinória.

– Vamos parar de falar desse desastre! – Walburga fez sinal para que Monstro encaminhasse Sirius até o porão. Subitamente, ela direcionou seu olhar a Andrômeda, que até agora estava quieta. – Que fez com seu cabelo hoje, Andie? Está tão bonito! Você devia deixá-lo solto.

Os olhos de Andrômeda brilharam ao receber tal elogio. Ainda mais vindo de quem veio. Walburga Black, que parecia perceber apenas a existência de Narcisa, já que a adorava mais do que o próprio filho, e sempre desejou ter uma menina. Rapidamente, Andie soltou os cabelos castanho-avermelhados, que caíram sobre os ombros em cachos grossos e brilhosos. Até mesmo seu sorriso pareceu mais vivo e mais verdadeiro naquele momento.

– Obr-obrigada, tia Wal. – respondeu Andie, com bochechas coradas. Narcisa esquivou-se dos braços de Lúcio, e andou firmemente até o grande espelho da sala de jantar, onde começou a acariciar seus cabelos loiríssimos.

– O que deu nela? – perguntou Malfoy, por mais que já soubesse a resposta.

– Pela primeira vez o elogio não foi pra ela. – respondeu Andrômeda, com uma pitada de medo. – Narcisa faz jus ao nome que tem. Está furiosa.


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Notas finais do capítulo

Se gostarem, me avisem! (: