Sangue Puro escrita por Shanda Cavich


Capítulo 13
Capítulo 12 - Durmstrang




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/158862/chapter/13

O frio não é algo tão ruim num país onde até mesmo no verão algumas temperaturas atingem graus abaixo de zero. O Instituto Durmstrang localiza-se no extremo norte da Rússia, conhecido mundialmente pelo ensino de Artes Negras como matéria base. Apesar de não manter relações com o famoso "Você-Sabe-Quem", a tradição do antigo instituto de Magia e Bruxaria é formada por igual ideologia, porém, não homicida.

Cercado por sete enormes montanhas de gelo, encontrava-se o grande edifício de quatro andares, semelhante a um forte bárbaro. A escola mantinha rígidas paredes de pedras, tornando cada ambiente ainda mais sombrio. Havia pouca iluminação, e as lareiras só eram ascendidas para fins mágicos. O diretor, Vladmir Korpachov, era russo. Entretanto, alunos do mundo todo podiam estudar na famosa Durmstrang. Mas para isso, além de condizerem com a pureza do sangue, era preciso ter no mínimo nível intermediário da mais comum língua eslava, motivo pelo qual as matrículas eram freqüentes entre romenos, poloneses, búlgaros e sérvios.

Um garoto de dezoito anos, alto e magro, rosto longo e desfigurado por uma cicatriz na sobrancelha, estava parado no corredor próximo ao saguão. Assim que notou o homem de cabelos longos saindo de uma das salas, ajeitou o emblema do uniforme vermelho e foi para junto dele.

– Professor Karkaroff!

– Sim? – respondeu Igor Karkaroff, com um sorriso mortiço. Este usava uma roupa negra, coberta por uma espessa capa feita de pele de urso.

– Preciso falar com o senhor. – Antonio Dolohov tornou-se sério a tal ponto que Igor chegou a estranhar.

O professor de Feitiços fez sinal para que o aluno entrasse em seu gabinete. Dolohov, depois de seis meses fazendo um curso na Inglaterra, obviamente teria muita coisa para contar.

– Antonio, que expressão é essa? – Igor pegou uma garrafa de vodka e serviu em dois cálices. – O que quer falar?

– Professor... – Antonio bebeu um gole, apertando as pálpebras em função do ardor que a bebida causava. – O senhor certamente já ouviu falar de Lord Voldemort...

Karkaroff arregalou os olhos, visivelmente surpreso. Colocou o cálice novamente sobre a mesa e esparramou-se na poltrona.

– Sim, ouvi dizer que é mago dos bons.

– Não só isso. – Dolohov sorriu. – Pelo que se sabe, já eliminou boa parte da escória sangue ruim. O senhor consegue... O senhor consegue entender onde quero chegar?

– Li no jornal esses dias... – Igor torceu a barba preta com os dedos. – Parece que está formando um exército em seu nome. Devoradores de Morte...

Comensais da Morte! – disse Dolohov, em sua voz mais exultante. – Bruxos puros-sangues dispostos a seguirem com ele a fim de proporcionar um mundo mais... Justo.

Karkaroff soltou uma risada sincera, como se a notícia que acabara de ouvir fosse boa música aos seus ouvidos. Rapidamente, bebeu o que faltava da vodka em um gole só, e logo reencheu o cálice.

– Acha que desta vez vai acontecer? Acha que desta vez será possível?

– Professor, eu vim lhe contar pessoalmente, não vim? Pensa que eu seria capaz de fazê-lo perder tempo?

O bruxo mais jovem ainda sorria, enquanto o mais velho encarava o infinito, pensativo.

– É impressão minha, Antonio... – Igor ascendeu um charuto, deixando o cálice de lado. – Ou o senhor conheceu o tal Lord enquanto esteve na Grã-Bretanha?

Antonio olhou para os lados, certificando-se de que ninguém além de Igor poderia ouvi-lo.

– Eu o conheço, professor. E creio que agora, mais do que nunca, o senhor há de me perdoar se eu disser que já matei alguém por causa dele.

– Fale mais baixo, garoto! – Karkaroff levantou-se quase num pulo, e correu para fechar a janela. – Como ousa fazer uma coisa dessas sem antes me consultar? Sabe como Azkaban recebe os criminosos?

– Professor, deixe de moralismos... – o sorriso de Dolohov se desfez. – Até alguns meses atrás, o senhor bem que dava risada quando um sangue ruim morria.

Fez silêncio durante alguns segundos. Os olhos verdes de Antonio expressavam confusão e uma pitada de confiança. Subitamente, Karkaroff começou a rir, fazendo com que seu aluno risse também. O quadro da sala de Feitiços tinha o retrato de uma grande águia de duas cabeças, sendo ela o mais importante símbolo da escola.

– Sabe, Antonio... – Igor ainda ria. – As idéias desse Lord me fazem lembrar de um velho aluno aqui da escola...

– Aluno? – o jovem cessou o riso. – Eu o conheço?

– Não, não conhece. Nem eu cheguei a conhecê-lo de verdade, só conheço sua história. – Igor apagou o charuto. – Estudou aqui entre 1920 e 1930. Seu nome era Gellert... Grindewald.

– Já ouvi histórias...

– Histórias todos ouvem, meu caro! Mas poucos sabem selecionar as que contam verdades!

Igor ajeitou sua capa de pele, fazendo com que seus longos cabelos negros escorregassem sobre as costas. Antonio sentou-se em cima da arca ao lado da mesa.

– Sem mais delongas, professor... Eu gostaria de lhe fazer um convite. – a voz de Dolohov saiu fraca. – Como o senhor sabe, terminarei meus estudos dentro de alguns meses. Acho que não preciso explicar o que farei depois que me mudar definitivamente para a Grã-Bretanha, não é?

– É... O senhor já deixou claro. – Igor mordiscava o anel de esmeralda em seu dedo, sendo possível enxergar um dente de ouro no fundo de sua boca.

– Então... – Dolohov engoliu em seco, tentando disfarçar o início de seu nervosismo. – Confio muito no senhor. Milorde ficou sabendo que o senhor está prestes a se tornar diretor de Durmstrang.

– Obviamente ele só ficou sabendo disso depois que o senhor contou a ele. – Igor sorriu sarcasticamente. – Prossiga.

Antonio Dolohov colocou uma mecha de seu cabelo para trás e respirou fundo.

– Milorde gostaria de convocá-lo ao nosso exército, que ainda é pequeno, mas tende a se tornar cada vez maior e mais forte. Ainda mais poderoso e influente, se contar com a presença do senhor, professor Karkaroff.

Igor ficou durante alguns momentos pensando. Encarava o quadro a sua frente com olhos vivos e acesos, como se imaginasse algo em seu futuro. Antonio arrumava constantemente a gola de sua camisa, tentando de todas as formas despistar o medo de que seu professor favorito o entregasse às autoridades, em função da ousada proposta que acabara de fazer.

– Garoto... – Karkaroff finalmente abriu a boca. – Sabe que concordo com Lord Voldemort. E também sabe que apoio totalmente o que ele tenta fazer...

– Então quer dizer que aceita?

– Aceitar? Pois aceito. Mas antes preciso saber o que eu ganho com isso.

– Milorde não tem ouro, senhor, mas...

– Ouro?! Por que raios eu pediria ouro? – interrompeu Igor, falando mais alto. – Já possuo riquezas, Sr. Dolohov. O que eu quero é poder. Quanto mais agora, já que em breve me tornarei diretor desta instituição.

– Nesse caso, Milorde ficará contente em auxiliá-lo. – Antonio sorriu. – O senhor precisa conhecê-lo o quanto antes, professor. Não só ele, como os outros.

– Há quantos de vocês?

– Cerca de cem. – Dolohov demonstrou desânimo, mas logo voltou ao entusiasmo. – O senhor sabe como é, alguns mais importantes, outros menos... Mas todos buscam proximidade e confiança do Lord.

– Alguns de vocês aparecem nos jornais todos os dias. – Igor olhou para os papais embaixo de sua mesa. – Os jornais da Grã-Bretanha parecem ter um receio peculiar pela família Lestrange. Sempre vejo o nome Lestrange estampado nos cartazes.

Dolohov deu uma risada, visivelmente aliviado pela boa aceitação de Karkaroff. Antonio, sendo um dos mais novos participantes da "seita", não poderia falhar com o primeiro pedido importante que seu Lord lhe fez.

– Não é a família Lestrange que eles temem, professor, e sim a esposa de um dos rapazes, Bellatrix Black Lestrange. Tão jovem e já matou mais de trinta, incluindo aurores. Jamais foi pega.

– Esta moça merece minhas congratulações. – Igor demonstrou surpresa. Ele mesmo só havia matado quatro pessoas em toda a sua vida.

– Sem falar que ela é o braço direito de Milorde... – por cerca de alguns segundos houve silêncio, até Antonio decidir continuar. – Não estou aqui para fazer fofocas, mas... O marido dela, Rodolfo, sempre é mandado para missões no exterior. Quer dizer, a gente acha que Bellatrix e Milorde podem ter algum... caso.

Igor começou a rir. Sua risada era rouca e falha.

– Já entendi tudo. Pobre Rodolfo!

– Eu que sei. O coitado é tão tapado que nem percebe. – Antonio deu sua última risada, então suspirou, enxugando a lágrima que escorregara sobre seu rosto em função dos risos. – Mas voltando ao assunto principal, professor... Milorde fará uma reunião em Little Hangleton no mês que vem. O senhor poderia comparecer, de modo a formalizar sua integração aos Comensais da Morte?

– Irei até lá. – Igor estendeu a mão. – O acordo será feito.

Antonio apertou a mão do professor.

– Não é acordo, professor Karkaroff, é pacto. Pacto de sangue. Bem simples, por sinal. Se fizer tudo dentro das normas, será recompensado. Se trair... morre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Leitores, onde vcs estão? =(
No meu último capítulo só recebi um review, o que me desanimou a postar antes, pois eu já tinha o cap 12 pronto. Mas como vcs devem ter estado de viagem, resolvi postar!! Espero que tenham gostado! Logo postarei o cap 13!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sangue Puro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.