Sangue Puro escrita por Shanda Cavich


Capítulo 12
Capítulo 11 - Traidores




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Na casa de número 12, Largo Grimmauld, estavam duas das bruxas mais polêmicas do século XX. Walburga Black, até então conhecida por sua extravagância e demência. E Araminta Melíflua, por seu influente cargo no Ministério da Magia, no setor legislativo. A bruxa mais jovem que acompanhava as duas se chamava Molly Prewett, e não estava nem um pouco contente por estar fazendo uma visita aos parentes distantes, os quais ela tanto odiava.

A bruxa extremamente ruiva, cujas roupas pretas de luto se faziam presentes desde o assassinato de seus irmãos no ano passado, estava de cabeça baixa, fazendo todo o possível para não ter que olhar para os olhos cruelmente cinzentos de sua prima. Araminta lia os atestados de óbito de dois membros da família Prewett, sorrindo levemente, como se o assunto em questão a agradasse.

Monstro apareceu na sala de estar, carreando uma bandeja com doces. Assim que reparou na jovem gordinha de 23 anos, soltou um grunhido.

Traidora do sangue na casa da senhora de Monstro? – o elfo fez uma careta. – Não pode ser, não pode ser!

– Quieto, escravo. – Walburga gesticulou com o dedo indicador. – A Srta. Prewett está aqui para uma breve conversa. E espero que essa conversa seja útil, pois já estou quase perdendo a esperança.

Araminta tomou mais um gole de chá, e fez sinal para que o elfo saísse.

– Fabian e Gideon morreram em Novembro, não? Segundo a papelada, foram mortos por Comensais da Morte.

– Covardemente. Pois eles eram cinco! – Molly segurou um soluço. – E sinto muito, Sra. Melíflua, mas o Ministério, incompetente como é, não foi capaz de prender nenhum dos assassinos!

Araminta colocou a xícara de chá no criado mudo ao lado do sofá, revelando unhas negras e afiadas.

– Seus irmãos eram da Ordem da Fênix. – continuou a elegante e sombria senhora de cabelos louros. – Morreram por defenderem o que acreditavam. Há uma guerra, Srta. Prewett. Assassinatos ocorrem com freqüência. E covardia é uma palavra absurda e até mesmo incoerente para a situação, visto que somos todos bruxos de sangue puro.

– Pro inferno com sangue puro! – Molly Prewett levantou-se, rispidamente. Em seguida olhou para Walburga. – Eu quero justiça! Vim aqui para saber dos meus irmãos, pois pensei que a senhora ainda tinha um pingo de lucidez para revelar algum nome, alguma pista dos criminosos! Pois, eu sei, senhora... Eu sei que conhecem no mínimo três dos Comensais da Morte presentes naquela noite. E um deles carrega o sobrenome Black nas costas!

Araminta e Walburga riram. A risada de Araminta Melíflua era rouca, quase gutural. Walburga ria de forma aguda e escandalosa, como todos de sua família. Molly deu alguns passos pra trás, com a mão no bolso onde se encontrava sua varinha.

– Loucas... Muito loucas. Principalmente a senhora. – Molly apontou para Walburga. – Foi uma completa perda de tempo eu ter vindo aqui.

– Que quer dizer, Prewett? Não quer mais a nossa ajuda? – Walburga parara de rir, mas ainda sorria. – Não quer mais unir-se a nós? Sendo uma sangue-puro, você poderia...

– Eu temo a acreditar que a senhora fale sério! – interrompeu Molly, irritadiça. – Vocês duas são tão assassinas quanto Comensais da Morte!

No mesmo instante, alguém bateu na porta. As três bruxas presentes direcionaram seus olhares para fora da janela. Walburga então revirou os olhos, frustrada, já sabendo de quem se tratava.

O elfo doméstico reapareceu na sala, correndo para abrir a porta. O homem por detrás dela entrou, despreocupadamente, com um sorriso estampado no rosto. Tinha cabelos ruivos e acesos, olhos azuis. Ao perceber a feição furiosa da dona da casa, olhou novamente na prancheta que segurava.

– Sra. Black, como está?

– Posso saber o motivo de sua indesejável visita? – respondeu a bruxa, ironicamente gentil.

– Não se esqueça que sou um funcionário do Ministério, senhora. – Arthur Weasley ainda sorria. – E a senhora não deveria tratar um parente desta maneira!

Walburga crispou os dentes.

– Cedrella não é mais minha prima!  E não é mais uma Black desde que se casou com seu maldito pai amante de trouxas!

Um silêncio formou-se. E assim permaneceu durante alguns segundos, até que Arthur fingisse uma tosse, e retomasse o que iria dizer há pouco.

– Vim até aqui para fins estatísticos. A senhora, sendo a responsável pela casa, deverá responder algumas perguntas em relação à nova lei sobre Mau Uso dos Artefatos dos Trouxas.

Araminta se engasgou com o chá que engolia.

– Eu havia dito pra aqueles miseráveis do Conselho não levarem esta idéia ridícula à realidade! Eles não têm mais o que inventar! Só faltava essa! Uma lei mágica a favor dos trouxas!

– Madame Melíflua, excelentíssima. – Arthur acenou brevemente. – Que prazer encontrá-la aqui. A senhora, com toda a sua influência e sabedoria, poderia me conceder a honra de também responder aos questionamentos da pesquisa?

– Só pode estar de gozação! – Araminta colocou firmemente o chá sobre o balcão, e levantou-se. – A única lei que deveria ser criada em relação aos trouxas seria a completa eliminação de nascidos-sujos em nosso mundo!

Molly, que até então estava quieta, ainda indignada com a falta de respeito e de noção das "nobres" mulheres Black e Melíflua, soltou um grunhido de raiva. Então Arthur finalmente reparou a jovem no canto da sala, que vestia um casaco azul marinho contrastando seus cabelos cor de ferrugem.

– E a senhorita, quem é?

– Molly Prewett. – respondeu a garota, suavemente. – Irmã dos falecidos Fabian e Gideon Prewett.

Por alguns instantes Arthur ficou admirado pelo olhar entristecido e ao mesmo tempo impactante da garota a sua frente.

– Eu os conheci. – Arthur aproximou-se de Molly e segurou em sua mão. – Eles eram meus amigos. Estavam na Ordem. Dumbledore me disse o quanto eram bons.

– Eu já vi o senhor em minha casa, certa vez. – o rosto de Molly ficou quase tão rubro quanto seus cabelos. – Mas como fiquei no quarto o tempo todo, o senhor não me viu.

– Se eu tivesse visto a senhorita, garanto que jamais teria me esquecido de tamanha beleza.

Walburga Black sentou-se novamente no sofá no mesmo instante que Araminta Melíflua fez o mesmo. Monstro estendeu a bandeja com doces apenas para as duas, fazendo uma reverência.

– E a pesquisa? – Melíflua apontou para a prancheta de Arthur. – Ainda vai nos fazer perguntas ou vai ficar enrolando a Srta. Prewett com cantadas baratas?

Arthur Weasley tossiu brevemente, fazendo com que Molly desse uma risada.

– Si-sim, vamos às p-perguntas.

Molly se dirigiu até a porta.

– Nesse caso, acho melhor eu ir embora. Tenho mesmo que passar no Beco Diagonal e...

– Não, espere! – Arthur esticou os braços em direção a garota. – Digo, por que não me deixa te acompanhar até lá? Se não for incomodar, é claro. Só farei a pesquisa antes, demorará apenas alguns minutos, prometo.

Molly fez que sim com a cabeça, e um grande sorriso formou-se em seu rosto. Um sorriso que há muito não demonstrava. Arthur iniciou as perguntas, de modo que Monstro soltasse exclamações de irritação. Araminta e Walburga respondiam a elas de mau gosto, com respostas ousadas. Tão ousadas que chegavam a causar espanto, e até mesmo medo pelo tom de suas vozes. A última pergunta a ser feita não fazia parte da pesquisa. Apesar de Arthur já ter certeza sobre a posição das duas bruxas, resolveu perguntar algo inusitado:

– E quanto a Você-Sabe-Quem? Acham que ele acabará pagando pelos crimes, juntamente com seus seguidores?

Lord das Trevas em Azkaban? – Walburga Black gargalhou. – Jamais. Antes seria necessário que estivesse morto.


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Notas finais do capítulo

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