Sangue Puro escrita por Shanda Cavich


Capítulo 10
Capítulo 9 - Segunda Perspectiva de um Casamento




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A sebe era alta e margeava toda a extensão do palacete em Wiltshire. Uma discreta fumaça pairava sobre o terreno, indicando a existência de um feitiço poderoso ao seu redor. Frank Longbottom e Thomas Potter andavam lado a lado em torno da grande Mansão Malfoy. Suas varinhas iluminavam parcialmente a estradinha de pedras, e o silêncio da paisagem era interrompido somente pela respiração dos dois bruxos.

Não estavam a serviço do ministério, embora fossem aurores. Mas crentes de que havia muito mais do que um casamento no local, foram verificar o nível do problema. Frank, com seus vinte e quatro anos, era um dos melhores funcionários de defesa contra a Arte das Trevas que o país já teve, e tinha como principal objetivo liquidar com a nova onda de seguidores do tão famoso Você-Sabe-Quem.

– Não conseguiremos entrar, Frank. – disse Potter, ajeitando seus óculos que cobriam parte da sobrancelha grisalha. – Não temos nem convite, nem ordem para investigação. Falta de educação desses ricaços, não é mesmo? Conhecem-me há anos, e nem me convidaram para a festa.

– Talvez o fato de você mandar para a prisão os familiares e amigos deles tenha a ver com essa falta de educação. Ou já se esqueceu que prendeu em flagrante o sócio de Abraxas no ano passado?

Os dois riram. O céu já estava escuro, e vez ou outra, convidados saíam pelo grande portão. Mas nenhum deles aparentava algo suspeito.

– Ouviu isso? – disse Frank, percebendo um ruído por detrás da sebe.

– Não, do que se trata?

– Algo como... uma pequena explosão.

– Deve ser o dragão. – disse Potter, indiferente. – Saiu até no Profeta Diário os detalhes dessa maldita festa. Walburga Black não é nada sutil! Meu filho a conhece, e disse que ela é louca. É mãe do amigo dele. Ainda me disse que o coitado do moleque sofre muito nas mãos dela.

– Está falando de Sirius Black?

– Este mesmo, estuda com Tiago em Hogwarts no quinto ano. Você o conhece?

– Só conversei uma vez. Dumbledore me falou sobre ele, e sobre seu filho Tiago, inclusive. Disse que os dois têm uma predisposição para defesa contra a Arte das Trevas.

– Verdade. Tiago sonha em ser auror, e entrar para a Ordem. – Thomas sorriu orgulhosamente. Adorava o fato de o filho querer seguir a mesma carreira que a sua.

Passados alguns instantes dois homens saem pelo grande portão, preocupados. Ambos muito parecidos, cabelos escuros amarrados para trás. Empunhavam suas varinhas para o alto, como se já soubessem da presença dos aurores. À medida que se aproximavam, seus rostos foram se tornando mais nítidos.

– Sres. Black! Quanto tempo! – disse Thomas Potter, sorridente, reconhecendo os dois. – Imagino que estejam se perguntando o que estamos fazendo do lado de fora da festa.

– É exatamente isso o que eu quero saber. – prosseguiu Cygnus, ainda apontando a varinha para Potter. Seu primo, Orion, apontava a sua para Longbottom.

– A resposta é óbvia, Blacks. – disse Frank, seriamente. – Sabemos que tipo de gente vocês estão escondendo aí.

– O tipo de gente que é certa, coerente. Vocês perderam viajem! Não podem invadir o terreno de Abraxas. – riu-se Orion, soluçando. – Ninguém invade a Mansão!

– Então confessa? Estão mesmo escondendo alguém? – continuou Frank, sarcasticamente.

Por alguns segundos Orion Black ficou mudo, pensando no descuido que acabara de dizer. Cygnus revirou os olhos, irritadiço.

– Não é da conta de vocês o que acontece na nossa vida. Minha filha está festejando seu casamento, e não deixarei que vocês estraguem tudo!

– Ah, eu não faria isso! Não há um bruxo que não tenha sido noticiado deste casamento tão nobre. Tão arranjado! – Frank chegou ainda mais perto do pai da noiva. – Imagino que sua filha mais velha tenha vindo para desejar os parabéns à querida caçula, não é mesmo?

– Como ousa! – Cygnus quase encostou a varinha no queixo de Frank, o qual deu um passo para trás.

– Em primeiro lugar, Sr. Black, abaixe essa varinha! Em segundo, se eu quisesse, poderia mandar prendê-lo por acobertamento de foragidos. Pois parece que o senhor tornou-se especialista nisso!

– O senhor não tem provas! – Cygnus não conseguiu deixar de sorrir.

– É por isso que eu disse que o senhor é um especialista.

Orion Black deu uma risada, visivelmente alcoolizado. Cygnus lhe deu uma cotovelada para que ficasse quieto, quase fazendo com que o primo tropeçasse.

– Sinceramente, não entendo o que querem com minha família agora. – Cygnos prosseguiu, na defensiva. – Não sei onde Bella está, já disse! A minha outra filha, Andrômeda, sumiu de novo, e dessa vez é pra sempre! Por que não deixam pelo menos a mais nova em paz enquanto se casa? Ela é tudo o que me resta!

Potter e Longbottom se entreolharam enquanto Orion fazia esforço para entender o silêncio que acabara de ocorrer.

– Cygnus, o senhor é um tanto quanto dramático! – Thomas riu, e colocou a varinha no bolso, não temendo mais a possibilidade de um duelo. – Até onde sabemos, Narcisa Black, digo, Narcisa Malfoy, não nos dá motivos para preocupação por enquanto. Já o seu genro Lúcio...

– É muito atrevimento! – Orion ergueu novamente sua varinha, deixando Cygnus para trás. – Se mencionarem mais algum nome, eu... Eu serei obrigado a...

– Chamar seu lorde? – interrompeu Frank Longbottom, sacando a varinha pela segunda vez. – Vocês dois não me enganam! Eu e muitos da Ordem temos certeza que os Black são uma das famílias que apóiam Você-Sabe-Quem!

No mesmo instante, os primos Cygnus e Orion ergueram as mangas esquerdas de seus smokings. Os braços estavam limpos, sem sinal da Marca Negra, tão famosa pelo Profeta Diário. Thomas Potter deu um sorriso irônico.

– O fato de vocês não terem a marca não quer dizer nada!

– Poupe comentários, Sr. Potter. – continuou Orion, em seguida deu um soluço. – Sem provas, sem acusações. Agora já podem ir, preciso de mais um pouco de vinho.

– Está enganado. Bellatrix Lestrange, – Frank olhou para Cygnus – sua filha, é uma seguidora convicta de Lord Voldemort. E temos provas contra ela! Bellatrix será condenada a prisão perpétua, e não há nada que o senhor possa fazer para me impedir de fazê-la pagar pelos crimes!

E o silêncio retornou, só que desta vez mais frio e mais perturbador. Os aurores perceberam o ódio nos olhos de Cygnus. Orion segurou o braço do primo, percebendo que a raiva bem poderia convencê-lo a fazer alguma bobagem.

– Minha filha... – os olhos de Cygnus lacrimejavam, mas não de tristeza. Então formou-se um sorriso enorme em sua boca. Um sorriso demente, tão comum na Mui Nobre e Antiga família. – Saiba que minha filha acabaria com a sua raça!

Cygnus Black foi para cima de Frank, mas foi impedido por Orion, que o segurou pelos ombros.

– Minha filha vale ouro! É uma bruxa que além de nome, tem poder! Muito poder! – continuou Cygnus, delirante. – Acabaria com os senhores facilmente! E não importa o que os senhores digam, eu tenho orgulho da minha filha!

– Não esteja tão certo disso, Sr. Black. – Frank soltou um riso desdenhoso. – Sua filha é apenas mais uma de tantos outros Comensais da Morte. E criminosa como é, deve ser presa!

– Guarde minhas palavras, Longbottom! – Cygnus suspirou, mais calmo. – Irá se arrepender por falar de Bellatrix dessa forma!

Frank transmitiu um olhar indiferente. Thomas Potter deu as costas e fez sinal para que Frank o seguisse. De nada adiantaria continuar com aquela conversa. Quando os dois aurores já estavam há quase cem metros de distância do palacete Malfoy, a voz de Cygnus ecoou farpada:

– Traidores!

Frank e Thomas se viraram até reparar os primos Black ainda parados em frente à sebe.

– Nós nunca fomos seus amigos, Blacks! Muito menos seus confidentes! – disse Potter, já farto de maluquices. – Seríamos traidores do que, afinal?

– Do sangue, é claro! – respondeu Orion Black, marido de Walburga, pai de Sirius, tio de Bellatrix Lestrange.


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Notas finais do capítulo

E aí, leitores? Gostando? ;*



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