Shattered

Capítulo 8

- Malfoy! – chamava ela, repetidamente, batendo na porta várias vezes. – Malfoy, abra a porta! Malfoy!

Do lado de dentro do quarto, Hermione escutou os passos arrastados virem até a porta.

- Que é, Granger? – ele disse, após abrir a porta.

Ela esqueceu momentaneamente o que ia dizer ao se deparar com Draco, apenas com uma calça de pijama, os cabelos bagunçados, parado no vão da porta. Suas bochechas coraram ao se lembrar do doce sabor de seus lábios grudados nos seus, suas mãos firmes em sua cintura...

- Que é, Granger? – repetiu, estalando os dedos na frente dos seus olhos. Hermione piscou, sentindo-se idiota por ter ficado encarando-o bobamente. – Sei que estou irresistível...

Ela bateu em seu braço e revirou os olhos.

- Estou aqui porque me lembrei de tudo – falou, colocando uma mecha atrás da orelha, com o cenho franzido. – E foi você que me induziu a beber.

- Nah – discordou, balançando a cabeça – Você que decidiu, Granger. Não se lembra? "É só isso que tem a oferecer? Uma cerveja amanteigada?".

- Primeiro: é Hermione! Segundo, foi você que aceitou ao pedido ridículo. Eu estava fora de mim, Malfoy – choramingou ela. – Você deveria ter impedido.

- Eu teria levado um soco – disse, virando-se de costas e indo até seu armário e pegando uma camisa. – Afinal, notei que uma das minhas camisas preferidas sumiu esses dias... Tem algo para me dizer, Granger?

Ela corou até a raiz dos cabelos. Ficara irritada pela agilidade do garoto em mudar de assunto rapidamente, mas, mesmo assim, Hermione tinha pegado uma camisa no dia seguinte à Hogsmeade e ainda não tinha devolvido.

- Eu... É...

- Fique com ela – falou, com um sorriso estúpido por vê-la gaguejar. – Fica sexy em você.

Hermione bateu o pé e virou-se, descendo as escadas, mas não antes de dizer por cima do ombro:

- Você consegue ser bem idiota, ás vezes, sabia?

Ela sabia que ele estava sorrindo, mas continuou seu caminho até a sala dos monitores.

- E você consegue ser bem irritante, ás vezes, sabia? – Draco a havia acompanhado, enquanto vestia a camisa.

Hermione virou-se para ele, com o cenho franzido. Não conseguia pensar em nada para dizer e se sentia idiota por ficar admirando-o enquanto abotoava a camisa.

- Dá uma mãozinha aqui? – perguntou, indicando a gravata verde e prata em sua mão.

Ela revirou os olhos e puxou-a, passando em volta de seu pescoço. Hermione deu o nó com praticidade, já que estava acostumada com a própria gravata. Puxou o nó até o pescoço do garoto, mas não tirou as mãos da gravata.

- Nós estamos atrasados – ela disse, com o tom de ressentimento se extinguindo conforme o encarava.

Ambos perceberam a proximidade repentina, mas não estavam dispostos a fazer nada a respeito. Draco desceu o olhar para seus lábios vermelhos.

- Ninguém vai notar – respondeu, num sussurro que ela achou incrivelmente atraente.

- Somos monitores-chefes – contradisse, sentindo-se quase tonta com seu perfume estonteante.

- Quem liga?

Hermione sentiu-se ansiosa quando ele aproximou-se mais. Suas testas estavam praticamente juntas, seu hálito de menta invadia suas narinas num cheiro completamente agradável e sedutor, mas ela virou o rosto. Draco fechou os olhos e inspirou o aroma agradável de seus cabelos cacheados, sentindo-se mal pela rejeição que ela lhe dera.

Hermione se afastou e não o encarou. Tateando às cegas atrás de si, ela procurou pela maçaneta da porta e, quando finalmente a encontrou, mordeu o lábio, sentindo os olhos ficarem turvos.

- Não podemos, é errado. – ela disse, simplesmente e saiu porta afora, rapidamente.