Shattered

Epílogo

Naquela manhã, ela não precisou abrir os olhos para saber o que estava acontecendo. Mal acordara, e o sol mal tinha saído, quando sentiu a cama balançar várias e várias vezes, com alguém chamando seu nome. Ela teve vontade de rolar para o lado e afundar a cabeça no travesseiro, mas o bom senso falou mais alto.

Hermione abriu os olhos, se deparando um uma figura pequena pulando em sua cama, ansiosamente. O homem ao seu lado tentava dormir, mas desistiu dessa ideia quando a cama chacoalhou demais.

- Mãe! Mãe! Mãe! MÃNHÊ!

Draco sentou-se e puxou os tornozelos da menina, que caiu sentada na cama, rindo. Ela soprou uma mecha pra longe do rosto e se colocou de joelhos, sem conseguir se conter de tanta felicidade.

- Adivinhem o que acabou de chegar!

- O que acabou de chegar? – Hermione se deu por vencida, ajeitando-se nos travesseiros, tentando parecer menos mal-humorada como sempre se sentia de manhã.

- Não, mãe, você tinha que adivinhar! – a menina exclamou, fazendo bico.

- Certo – Draco se intrometeu. – Vamos pensar. Não são nem seis da manhã ainda, e chegou por correio, dois meses antes de Setembro, e você tem onze anos... Não, não conseguimos pensar em nada.

Rachel bufou, indignada e virou-se para sua Hermione.

- Mãe, você que é a inteligente, adivinhe...

- Ei! – Draco exclamou, com o cenho franzido.

Elas duas riram e outra pessoa apareceu na porta, vestido com pijamas de pezinho, coçando os olhos e arrastando seu xodó – um pequeno urso de pelúcia.

- Por que a Rachel está gritando, mamãe? – perguntou o garotinho de mais ou menos três anos.

- Ela acabou de receber a carta de Hogwarts, querido. – explicou a mãe, docemente.

No mesmo momento, Thomas largou seu ursinho e correu para a cama, pulando e gritando "Deixa eu ver, deixa eu ver!". Rachel mostrou sua carta para o irmão, pigarreando e lendo em voz alta:

- Prezada Srta. Malfoy, temos o prazer de informar que . tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. – Rachel tocou o peito, fingindo emoção teatral.

- Parabéns, querida – Draco e Hermione disseram, mas o que realmente queriam era poder voltar a dormir.

- Finalmente, Mérlin! – Rachel exclamou, jogando suas mãos para cima.

- Mamãe, quando eu vou receber a minha? Hein, mamãe? Quando? – Thomas perguntou, engatinhando até ficar ao lado dela.

- Assim que fizer onze anos, querido. – respondeu, beijando o topo de sua cabeça.

- É legal lá? – Rachel perguntou, olhando para os pais, os olhos brilhando.

- Mais do que legal – Draco disse, remexendo nas gavetas e retirando uma foto bruxa dele e de Hermione nos terrenos de Hogwarts e mostrando para seus filhos.

- Nossa – Rachel suspirou, admirada. – Mal posso esperar para ter meu próprio banheiro.

Ela lançou um olhar acusatório para Thomas, que não percebeu, pois estava olhando a foto.

- E como são os dormitórios? E as casas? E o Salão Principal? – a menina loira não parava de fazer perguntas.

Hermione e Draco se entreolharam, rindo.

- Tudo bem, crianças, é hora de vocês irem dormir. Depois conversamos – disse a mãe, e Thomas e Rachel soltaram um gemido abafado.

- Ah, mãe!

- Vocês ouviram sua mãe, hora de voltar para a cama – Draco falou, pegando um filho em cada braço, fazendo-os rir.

- Mas eu não estou com sono! – os protestos eram ouvidos dos corredores.

Hermione riu, deitando-se novamente e esperou que Draco voltasse. Ela escutou-o desejando boa noite e fechando a porta do quarto das crianças e voltou, deitando na cama.

- Temos que falar com McGonagall sobre esse horário de mandar cartas – ele sussurrou, puxando-a para perto.

- Temos que controlar os ataques de histeria da Rachel – Hermione disse, rindo.

- Sim, isso também.

Ela deitou em seu peito, sentindo os dedos dele acariciarem seus cabelos.

- Ela é tão parecida com você. – Hermione comentou, baixinho.

- Sim, ela é linda.

Mione revirou os olhos, bufando um "sempre convencido" que ele não ouviu.

- Eu estava me falando da personalidade, seu besta. É hiperativa, e doidinha. Tem um humor leve e é fácil de conviver.

Draco sorriu.

- Obrigado.

Ela riu, deitando-se de modo que conseguisse encará-lo. Ficaram em silêncio por um momento e, de repente, ele riu.

- O que é tão engraçado há essa hora da manhã? – Hermione perguntou, curiosa.

- Estranho como nossa história começou em uma cama e, olhe onde nós estamos agora.

Ela olhou-o, de um jeito quase repreendedor.

- O que você fez comigo, Malfoy?

Draco ergueu as mãos, sentindo um leve déjà vu.

- Eu não tenho culpa, Granger.

Eles se olharam e sorriram. Hermione se levantou e aproximou-se dele, beijando seus lábios.