Shattered

Capítulo 20

A estação estava lotada, naquele dia. Parecia que todos os alunos estavam voltando de férias. Rony a ajudou a embarcar suas coisas no trem e os dois desceram novamente.

- Bem, então acho que isso é um adeus temporário – ele falou.

Hermione assentiu e o abraçou.

- Te mando uma carta com a data do próximo passeio – prometeu, mordendo o lábio.

- Certo. Boa viagem.

Eles se separaram e Rony lhe deu um beijo na bochecha. Hermione embarcou e, com um último aceno, entrou.

Draco, ao longe, suspirou enquanto os observava. Ele embarcou e rumou para sua cabine. Nunca teria Hermione, e tinha que aceitar o fato.

Ela entrou na cabine e colocou-se na janela, acenando uma última vez para Rony e Harry. Quando o trem começou a se mover, Hermione mordeu o lábio e observou seu noivo ficar cada vez menor, até sumir completamente.

Com um suspiro, ela se recompôs e saiu para ir até a cabine marcada para se encontrar com a diretora. No caminho, Hermione ajudou um primeiranista a encontrar uma cabine vazia, mas não havia nenhum desentendimento visível pelos corredores.

Quando estava quase chegando, viu um compartimento com a cortina da janela quase aberta e deu uma olhada de relance. Espere um minutinho, pensou, voltando alguns passos e olhando novamente.

Sim, era ele. Não havia alunos com cabelos platinados mais louros quase-brancos como aquele. Era Draco.

Mas... ele não estava sozinho.

Era uma cena um tanto quanto estranha. Draco estava sentado no banco e havia uma garota a sua frente, que ele a envolvia pela cintura, com os braços.

Hermione não sabia quem era a garota, mas decidiu que não queria saber. Ela tocou sua estrela no pescoço, tristonha e a arrancou, soltando-a no chão, em frente à cabine.

Cega de raiva, ela continuou seu caminho até a cabine de Minerva.

- Bom dia, diretora – disse, abrindo a porta do compartimento e se sentando de frente para ela.

- Bom dia, Srta. Granger – cumprimentou. – Quero que você e o senhor Malfoy patrulhem os corredores de uma em uma hora, podem revezar entre si. Façam o relatório dos alunos e, se precisar, dê detenção naqueles que precisam.

Hermione assentiu, anotando tudo no seu caderno de bolso que sempre carregava consigo. Ela se levantou, mas, antes de sair, a diretora a chamou novamente.

- Sim?

- Inspecione a cabine dos sonserinos do quarto ano, ouvi explosões enquanto vinha para cá.

Ela assentiu uma última vez e fechou a porta. Não iria avisar Draco Malfoy, nem pedir para que revezassem, ele deveria estar ocupado demais com aquela garota...

Haviam se passado apenas alguns minutos desde que ela começara a monitorar, quando alguém a puxou para dentro de uma cabine e tapou sua boca com a mão.

Hermione, sem saber o que fazer, com o coração batendo a mil, deu um chute para trás, esperando acertar. O "sequestrador" gemeu de dor, mas não a soltou. Ela mordeu sua mão.

- Caramba, Hermione!

Ele a soltou e fechou a porta e a cortina da cabine. Era Draco.

- O que quer de mim? – perguntou, rispidamente, ficando o mais longe que era lhe permitido.

Draco ergueu uma corrente com pingente de estrela.

- Posso saber por que isso estava no chão e não no seu pescoço, como deveria ser?

Ela cravou os olhos nele, irritada.

- Por que eu o usaria?

- Porque foi um presente. Não precisava jogá-lo no chão!

- Ora, então fique para você e dê para sua querida namorada! – exclamou e tentou passar por ele, mas Draco a segurou.

Seus olhos estavam confusos.

- Que namorada? Não tenho namorada. Só uma amante que, pelo visto, tem boa pontaria e caninos afiados – disse, erguendo uma sobrancelha para ela.

Hermione relaxou um pouquinho, mas os olhos ainda estavam furiosos.

- Não? Então, quem era aquela garota que eu vi você agarrado há menos de uma hora atrás, me diz? – ela estava sendo ríspida e ciumenta, mas não ligava.

- Ah, Pansy – falou, com um suspiro cansado. – Ela invocou comigo, Hermione. Pansy sabe que tem algo entre nós, e não vai deixar barato.

- Isso não explica o que eu vi – murmurou, dando um passo para trás.

- Não sei o que você viu, mas não deve ter sido muita coisa – ele deu um passo para frente, com um típico ar de debochado.

- Vi você atracado com uma garota – respondeu, mudando o humor de raiva para mágoa.

- Não estava atracado com ninguém, só tentando me livrar dela.

Ela o encarou por um momento, sem saber se acreditava. Draco deu mais um passo para frente e Hermione um para trás, chocando-se contra a parede.

- Nunca me disse que era ciumenta – falou, prendendo-a na parede.

- Porque eu não sou – disse, afastando sua mão que tentava tocar em seu rosto.

Draco riu, sem interromper o contato visual.

- Sabe que seu humor não é bom para o bebê – sussurrou.

Hermione desviou os olhos para sua barriga. É claro, ainda não havia nada de diferente, mas não sabia por quanto tempo continuaria assim. O que diria para as pessoas quando sua barriga crescesse?

- É por causa do bebê que meu humor está assim – ela resmungou.

Draco beijou sua testa e segurou sua mão.

- Logo passa – prometeu. Hermione sorriu e entrelaçou seus dedos nos dele.

- Ah – fez, deixando de sorrir. – Temos que monitorar os corredores.

- Vamos, então – disse, puxando-a para fora do compartimento.

Hermione soltou sua mão rapidamente, antes que alguém notasse. Draco suspirou.

- Desculpe, esqueci – falou e ela fez sinal para que ele deixasse para lá.

Na verdade, até que monitorar pode não ser tão chato, pensou, com um sorriso maroto.