Vitória acordou com uma coruja batendo insistentemente contra o vidro de sua janela. Ela se levantou lentamente e abriu o vidro. Uma coruja marrom trazia uma carta em um envelope pardo.

Ela pegou o envelope e olhou o remetente da carta. S. Black. Vitória sorriu, e sentou-se em sua cama. Abriu a carta.

Nela, Sirius dizia que estava com muitas saudades e não via a hora de seu aniversário começar. Ela sorriu. Logo veria Sirius, Tiago... Lupin. Vitória sabia que Lupin gostava dela, e era uma pena que esse sentimento não fosse recíproco.

Ela também gostava de Lupin, mas não do mesmo jeito que ele gostava dela. Ela gostava dele como amigo. Talvez até como um irmão. Mas não diria nada a ele, isso o magoaria muito. Seria pior do que se ela dissesse que não gostava dele.

Ela suspirou.

- Mas o que posso fazer se eu amo o Sirius? Lupin é como um irmão para mim. – Ela abraçou seus joelhos. – Não posso fazer nada em relação a ele. Ele é apenas meu amigo. Aliás, meu melhor amigo.

Ela respirou fundo e se levantou. Hoje era seu grande dia, e estava na hora de ir se arrumar.

***

- Nervosa? – Lílian perguntou, fitando a amiga. E breve os convidados chegariam e a festa começaria.

- Muito. – Vitória gemeu. – Muito nervosa, Lils.

- E isso se deve exatamente a que? – A ruiva perguntou curiosa.

- Bem ao fato de que meus amigos bruxos virão ao uma festa num bairro trouxa, e também ao fato que meu namorado vai estar aqui. Exatamente no mesmo lugar em que meu pai. – Ela gemeu novamente.

- Calma. – Lílian disse. – Olhe, seu pai não reclamou, ele não falou nada sobre o Sirius até agora, então porque implicaria justamente na hora da festa? Quanto aos bruxos, ora, Lupin e Tiago sabem se comportar.

- Eu sei. – Vitória murmurou.

- Há mais alguma coisa que está te perturbando, é o Severo, não é? – Lílian perguntou.

Vitória suspirou pesadamente.

- Eu sinceramente, não acho que ele vá cumprir o que nós falamos... Aaah, Lils, ele vai aprontar alguma coisa. – Ela disse.

- Você acha que...?

- Tenho certeza. Ele não perde uma chance de me jogar contra o Sirius. Ele vai aprontar, tenho plena certeza.

- Ah, não sei não. – Lílian disse. – Sabe, ele pode mesmo ter se arrependido.

- É, e eu fui para a lua ontem, sabia? – Vitória retrucou sarcástica. – Snape só vai me deixar em paz quando os Sonserinos defenderem os trouxas e os Grifinórios os desprezarem.

Lílian suspirou.

- De qualquer jeito, em quem você acha que os garotos vão acreditar? Nele ou em nós?! – Ela bufou.

- Você não está entendendo, Lils. Snape não espera que os meninos acreditem nele, pelo contrário, ele só quer plantar a sementinha de dúvida ali, para que depois ela possa florescer sozinha. – Vitória murmurou.

- Então é bom o mantermos bem longe daqui, não é mesmo?

Vitória deu de ombros, e parou em frente ao espelho. Ela estava com um vestido tomara-que-caia dourado, seus cabelos estavam soltos e cheios de cachos perfeitos. Sua maquiagem estava leve.

- Você está linda, Vickie. – Lílian comentou.

A garota corou.

- Obrigada, Lils. Você também está. – Ela acrescentou.

Lílian estava com um vestido azul marinho, e seus cabelos ruivos estavam presos em um coque bem feito. Ela também estava bonita.

 - Se ele aprontar algo...

- Lils... – Vitória disse, um tanto nervosa. – Vamos esquecer isso, okay? Antes que eu fique ainda mais nervosa.

- Desculpe. – Lílian murmurou.

- Lils... – Vitória murmurou. – Há algo que eu tenho que lhe contar.

Lílian olhou-a, curiosa.

- Sabe aquele amigo do Pontas? O Pettigrew?

- Sei sim. Que tem ele? – Lílian perguntou curiosa.

- Olha, não é por nada, mas... – Ela suspirou. – Tome cuidado com ele... Dumbledore pediu para que eu lhe alertasse que ele... Ele é... Ou melhor, ele não é confiável. Tomem muito cuidado com o que vocês confidenciam a ele. Aliás, se for para escolher alguém para ser o fiel de um segredo, caso um dia vocês precisem... – Ela continuou ainda mais nervosa. – Não o escolham. Sabe, palavras de Dumbledore.

Lílian olhou para a amiga, e então deu de ombros.

- Claro. Vou falar com Tiago. Eu nunca achei esse Pettigrew muito confiável mesmo.

Vitória sorriu, parecendo mais aliviada. E estava, havia tirado um grande peso de suas costas.

- Acho melhor já irmos lá fora. Para esperarmos os garotos. – Ela disse, dando um meio sorriso.

- Éé, vamos. – Lílian concordou, e ambas saíram do quarto.

Elas foram para frente da casa, estavam esperando os garotos e conversando. Snape as observava de longe.

- Se Black pensa que vai ficar com ela, ele está muito enganado. – Ele murmurou.

Ele as observou rir, e observou Vitória arrumar o vestido umas duas ou três vezes, nervosa. Ela estava linda, Lílian também estava bonita. Aqueles idiotas tinham a sorte grande e não percebiam, continuavam sendo galinhas.

Passado-se alguns minutos, ouviu-se um estalo característico de aparatação, e logo os garotos estavam ali. As meninas se viraram bruscamente na direção deles, estupefatas.

- Vocês são loucos? Não se pode aparatar sem ter prestado exames! – Lílian exclamou.

Tiago sorriu presunçoso.

- Sabe, meu amor, quando se é um animago ilegal, aparatar é como tirar doce de criança. – Ele deu de ombros.

Lílian olhou-o com reprovação, mas foi para perto dele e o abraçou. Vitória, pouco tempo depois, caminhou até os garotos também, com um sorriso na face.

- Olá, meninos. – Ela cumprimentou animada.

Os garotos estavam realmente muito bem arrumados. Quem os visse de longe, jamais desconfiaria que eram bruxos. Lupin e Sirius observavam Vitória, ambos com o queixo caído.

- Você está linda, meu amor. – Sirius disse, abraçando-a. – A propósito, feliz aniversário.

Ela sorriu e o abraçou de volta.

- Você também está lindo. – Ela disse. – Eu estava morrendo de saudades de você.

Ele a apertou mais contra seu corpo, e ambos se separaram. Lupin abraçou-a gentilmente.

- Feliz aniversário. – Ele disse. – Senti muito sua falta.

- Obrigada, Aluado. – E sorriu, mesmo sem ele ver. – Eu também senti sua falta.

Logo depois, ela abraçou Tiago. Na realidade, Tiago deu-lhe um abraço de urso.

- Ficando mais velha, hein, Senhorita Redbird? – Todos os presentes riram. – Feliz aniversário, sua nerd.

Ela riu.

- Obrigada, Pontas. Agora se não se importa, eu preciso respirar...

Ele a soltou e riu.

Vitória reparou de Lupin e Sirius trocavam olhares rabugentos um para o outro, no entanto, nenhum deles fez nenhum comentário.

- Então, vão ficar aí fora? – Ela perguntou, puxando Lílian e Tiago para dentro.

Sirius e Lupin sacudiram a cabeça, e entraram em seguida. Antes, porém, de alcançarem Vitória, Lupin segurou Sirius e murmurou:

- Não se esqueça Sirius. Eu odeio ter que fazer isso, mas se você a magoar, eu contarei a ela...

- Contará o quê, a quem, Aluado? – Vitória perguntou sorrindo.

Sirius prendeu a respiração. Se Lupin o delatasse, ele estaria perdido, sabia que ela não o perdoaria.

- Ahn, nada, Vickie... Sabe, eu ia... Éé, bobagem, eu ia contar a minha prima que foi Sirius quem lhe pregou um susto, anteontem... – E Lupin forçou uma risada.

- Ah. – Vitória disse, estreitando os olhos e arqueando uma sobrancelha, o que significava que ela não estava convencida. – Sei.

Ela se virou, e foi até Lílian que a estava chamando. Sirius virou-se para Lupin.

- Porque não aproveitou sua chance? – Ele perguntou bruscamente. – Porque não me delatou?

- Porque você é meu amigo, e eu detesto ter que fazer isso com você. – Lupin disse. – Sirius, Sirius, Sirius... Entenda-me, eu apenas estou lhe... Ameaçando, para garantir que você não a magoe.

- Aluado, eu jamais a magoaria. Eu a amo demais para isso... Aquilo, aquilo que você viu no corredor... – Sirius balançou a cabeça, como se tentasse banir a lembrança. – Você não ficou para ver o fim da cena, tirou conclusões precipitadas. Aliás, também não viu o começo da cena.

- E qual foi o começo da cena, Sirius? – Lupin perguntou, curioso, enquanto se aproximavam de Lílian, Tiago e Vitória.

- Você sabe que a McKinnon e o Diggory fizeram uma aposta, não? Pois bem, McKinnon estava disposta a ganhar, e por isso, ela me empurrou contra a parede, e me beijou. Quando você chegou, foi logo depois de ela ter feito isso, eu estava quase empurrando-a, mas aí você me viu e disse...

- ... Eu não acredito nisso, Sirius! – Lupin completou, assentindo.

- E aí, eu a empurrei e ela ficou lá, rindo. Logo depois ela foi procurar Diggory, e lhe disse que tinha ganhado a aposta. Ai, logo depois, a Vickie retornou. – Sirius explicou. – Aluado, você sabe que eu não estou mentindo. Eu juro, juro a você, eu não agarrei a McKinnon, mas ela fez isso. E tudo por uma droga de uma aposta.

- Você tem razão, Sirius. Eu sei quando você mente. – Lupin ponderou. – E se você quer saber, a McKinnon é uma tremenda...

A última palavra de Lupin foi abafada pelo som de gargalhadas. Lupin e Sirius olharam para as garotas, que riam de algo de Tiago havia feito. Sirius deu de ombros.

- Você tem razão, a McKinnon é mesmo uma... – Sirius respirou fundo. – Bem você sabe, e se até mesmo você está usando este termo, é porque ela é mesmo. Ainda não acredito, ela foi tão baixa. Mandou a Vickie para o futuro, só para ganhar a aposta.

- McKinnon leva suas apostas muito a sério. Acho que foi uma questão de honra, depois de todas as vezes que você a dispensou, ela apenas quis provar que pode ter todos os garotos de Hogwarts aos seus pés. – Lupin murmurou.

- É, e normalmente ela tem... Até a Vickie aparecer. – Sirius sorriu e olhou para a namorada. – Mas, Merlin! Ela está tão linda hoje!

Lupin apenas assentiu.

Tiago veio para perto dos dois, e murmurou:

- Porque não se juntam a nós? Vão ficar aí, fofocando feito duas garotas?

E riu.

Sirius fez cara feia.

- Vá irritar sua mãe, Pontas. – Ele grunhiu, mas foi para onde Tiago estivera minutos antes com as garotas.

Sirius colocou uma mão ao redor da cintura de Vitória, trazendo-a para mais perto dele. Lupin desviou os olhos, não queria brigar com Sirius. Não agora eu tudo havia se acertado.

Ninguém reparou em um par de olhos negros que observava a festa de longe.

- Ora, ora, ora. – Snape murmurou. – Então quer dizer que o Black já a traiu? Acho que acabei de achar um modo de trazê-la de volta para mim.

E então ele riu.

- Ela vai ter uma grande surpresa, nesse aniversário. Já posso até imaginar, bem na hora do parabéns, eu conto aos insuportáveis desses Grifinórios que Lílian e Vitória voltaram a falar comigo,e  então eu conto para Vitória o que eu ouvi Lupin falando. Que Black a traiu. Vou adorar ver a briga que se seguirá. – Sua boca contorceu-se em um sorriso malvado. – E então Vitória será minha namorada. Só minha e de mais ninguém. Não há como esse plano falhar.