Someone To Call Mine II escrita por Gabi G


Capítulo 2
Capítulo II




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No dia seguinte, Tess acordou e com uma meia-risada constatou que seu corpo estava bastante dolorido. Fazia cinco anos desde que passara um Natal com a família, mas os efeitos pós-noite ainda eram os mesmos. Eles bebiam juntos, cantavam juntos, comemoravam juntos e enfrentavam a ressaca, também juntos, Tess pensou.

Haveria um almoço, naquele dia na casa de Edward e Bella, o qual Tess estava intimada a comparecer. Enquanto ela se levantava da cama, fazendo o possível para driblar a dor no corpo e a de cabeça, sabia que se quisesse dar uma passada no trabalho naquele dia teria que se apressar. Os feriados de finais de ano eram praticamente passados com a família toda reunida vinte e quatro horas por dia.

Tess tomou um rápido banho por que cada milímetro de seu organismo gritava por café. Ela estava apenas na segunda xícara quando uma sonolenta Millie apareceu na cozinha, ainda em seu pijama e com suas pantufas de joaninha, com uma mão sobre os olhos.

Com um grunhido, ela se sentou à bancada da cozinha. - Quando foi que a luz da cozinha triplicou de intensidade?

Porque ela sabia exatamente como era a sensação, Tess colocou uma xícara de café preto em frente à irmã.

— Tess, por que você demorou cinco anos para voltar? Eu juro, você faz o melhor café.

Como se o café fosse curar todos os problemas do mundo, Millie o tomou todo de uma vez.

Tess deu uma risada, e balançou a cabeça. Quando Millie voltou a sentir o corpo, após preencher a xícara novamente, percebeu pela primeira vez que Tess estava vestida.

— Você vai sair?

— Eu preciso ver se os meus filhotes chegaram bem. - Ela respondeu simplesmente. - Já vou voltar.

— Eu sabia que você tinha virado uma viciada em trabalho.

— Não exagere. - Tess checou o relógio e se levantou depressa. Porque Millie parecia precisar, ela lhe deu um rápido beijo na bochecha. - Eu vou ver se a vovó está bem antes de ir, ok? Você parece que poderia usar mais uns minutos de sono.

Em resposta, a morena apenas recebeu outro grunhido e quando saiu pela porta, ainda estava rindo. Ela tinha aproveitado bastante o seu tempo na Austrália, mas sentira muita saudade da família.

Ela desceu os dois andares até o apartamento de sua avó para poupar tempo, e quando abriu a porta com a chave, sentiu novamente a leve irritação pela teimosia de Violet. Embora as irmãs já estivessem morando juntas no apartamento antes de Tess ir para Austrália, Violet havia insistido em dar privacidade às netas e morar sozinha.

As duas conseguiram um apartamento para a avó no mesmo prédio, mas não era nem de perto apropriado para uma senhora de quase oitenta anos morar sozinha. Tess já tinha entrado em uma discussão com a mulher por várias vezes, mas sempre fora uma batalha perdida. Com um suspiro, ela foi rapidamente até o quarto da avó e com alívio viu que ainda estava adormecida.

Tentando facilitar as coisas, Tess fez café para a senhora também percebendo que já estava quase na hora de ela se levantar. Mais uma vez, a mulher não pôde deixar de pensar que pouparia preocupação e trabalho se a avó simplesmente cedesse, mas o fato era que Violet sabia muito bem como se cuidar sozinha.

Do lado de fora do prédio, Tess tomou um táxi e devido ao horário, não encontrou dificuldades para chegar ao Bronx Zoo, o famoso zoológico/aquário localizado no Bronx Park, no Condado de Bronx. Ele ficava ao sul do Jardim Botânico de NY, e Tess se viu maravilhada quando conseguiu o emprego ainda quando estava Austrália.

O laboratório em que ela trabalhava na Austrália era muito conceituado, e além de ter conseguido ser transferida para uma de suas unidades em NY, as ótimas recomendações que tivera ainda a permitiram garantir um emprego enquanto estava em outro continente.

Tess estava no verdadeiro céu, ela pensou quando desceu do táxi e respirou o ar puro tão difícil de sentir no centro da cidade. A reserva natural mantida pelo zoológico faria muito bem à sua saúde. Ansiosa, ela caminhou até a entrada do zoológico e cumprimentou um segurança, dizendo-lhe quem era.

Ele a observou por dois segundos mais longos do que deveria, e parecendo um tanto constrangido por isso, assentiu para ela. Logo outro homem apareceu e se apresentou com um sorriso. Ela apenas se desculpou quando ele disse que ela tinha vindo cedo demais, afinal era meio de feriado, mas ela apenas afirmou que queria ver se os animais tinham chegado bem.

— Ah, então você foi a responsável. - O homem, que se apresentara como Michael e sócio do Sr. Stevens, sorriu casualmente enquanto a encaminhava para dentro. - Eu admito que fiquei um tanto assustado quando os animais chegaram aqui, o Sr. Stevens deve ter esquecido de comentar que estávamos recebendo novos hóspedes.

Tess sorriu, culpada. - É, fui eu. Eu acho que fui bastante insistente com isso, por assim dizer.

Ela tinha sido mais do que aquilo, e sabia. Ela tinha se ateado aos animais enquanto estava na Austrália, e sim, ela só voltaria se eles viessem com ela. Talvez tivesse sido muito arriscado o que ela fez, se tratando de que estava começando no emprego e já queria fazer exigências, mas por sorte o seu futuro chefe fora muito maleável e gentil. Tess não tinha conhecimento, mas o Sr. Stevens sabia o que era se apaixonar por animais.

— Bom, em vista que você apareceu aqui tão cedo... - Por que a expressão de menininha culpada da mulher o agradava, ele sorriu novamente. - Não vou mais deixá-la esperando.

Antes mesmo de vê-la, Tess pôde ouvir Lucy. O som de eco localização, que era como um sonar biológico, era característico das baleias. A grande piscina que a colocaram junto com mais outras duas baleias era grande o bastante para agradar Tess, que sorriu imensamente quando a viu.

Ela foi até a borda da piscina, e ajoelhando, assoviou. Quase que instantaneamente, ela respondeu. Tess observou a calda preta e branca da baleia emergindo e submergindo, enquanto ela nadava até a borda da piscina. Tess acariciou a cabeça do mamífero com as duas mãos e sorriu quando ela começou a emitir sons. Diferente dessa vez, era um som utilizado por elas para comunicação.

— Eu senti sua falta, Lucy.

O animal fez outro som e bateu as barbatanas, molhando Tess da cabeça aos pés pela quantidade de água que jogou para fora da piscina. Michael pensou em intervir, não tão seguro quanto ela em relação à grandalhona, mas se refreou quando ouviu a risada da mulher. Era um belo som, ele pensou.

Tess foi ver como Fred estava logo depois. O golfinho a empapou mais ainda do que a baleia, e parecia determinado em ter Tess mais só para ele. Como se ele fosse a entender, Tess prometeu que logo, logo eles nadariam juntos outra vez. Ela estava relutante em ir quando saiu do zoológico, mas sabia que tinha prometido não demorar. Ela agradeceu Michael pela gentileza e voltou para casa.

Millie estava quase de saída quando a morena chegou, e apressou a irmã para que se aprontasse logo. Tess apenas trocou de bolsa e enquanto aplicava uma leve maquiagem, lembrou-se de Adam quando passava gloss nos lábios. Sem se preocupar em saber por que, sorriu.

 

### - X— ###

 

Com os olhos meticulosos, Melanie observou se seu bolo havia ficado como queria. Decidindo que ele poderia usar mais uma camada de brigadeiro, mergulhou a espátula no doce e a passou mais uma vez. Estava concentrada, mas estapeou uma mão boba antes que ela também mergulhasse na panela de brigadeiro.

— Caramba, Mel, como você viu? Eu não fiz nenhum barulho.

Sorrindo marotamente, ela encarou o irmão. - Eu não sou cega. E além do mais, você faz barulho quando está salivando.

Fazendo uma careta, Adam olhou para o outro lado e tentou novamente mergulhar um dedo no brigadeiro. Mais uma vez, Mel estapeou sua mão e com um grunhido, ele se afastou. Bella riu vendo a cena, do outro lado da cozinha e parou de mexer o suflê de queijo e presunto que estava fazendo, desligando o fogo.

— Melanie, não seja tão implicante... Ele só quer um pouco de brigadeiro. - Bella, como sempre, entrou em defesa do filho enquanto acendia agora o forno.

Adam sorriu inocentemente para a mãe, e Mel revirou os olhos.

— Desde sempre você o defende, Dona Isabella, é por isso que ele sempre consegue o que quer.

— É só brigadeiro. - Ela retrucou e sorriu quando o filho atravessou a cozinha e lhe beijou no rosto.

Enquanto Melanie revirava os olhos mais uma vez, Adam continuava sorrindo indefesamente para a mãe. - É, Mel. É só brigadeiro.

— É o meu brigadeiro. - Ela apontou a espátula ameaçadoramente para ele e cerrou os olhos. - E nele você não mexe.

— E eu posso?

Ouvindo a voz do pai, Melanie se virou e o viu entrando na cozinha. Como fazia desde criança, ela sorriu o sorriso ‘sou a garotinha do papai’.

— Sim, você pode.

Aproveitando-se da brecha, Edward logo catou uma colher e se serviu do brigadeiro. Com evidente choque, Adam observou.

— Isso é um absurdo. Por que ele pode e eu não?

— Por que você é o irmão chato que sempre quer comer quando eu estou preparando algo. - Ela respondeu, balançando os ombros e perguntando ao pai se o brigadeiro estava bom.

Edward sorriu e fazendo ‘huuum’, disse que era o melhor que já tinha provado. A frase levou à Bella arquear as sobrancelhas, e ele fingir não ver para não se encrencar.

Quando Adam continuou a encarando com uma expressão de injustiçado, ela completou. - E ele é o papai.

— Isso. Eu sou o papai. - E ele deu seu sorriso torto.

— E o papai deve ir saindo da cozinha por que estamos ocupadas. - E por que Isabella não havia esquecido seu comentário, encarou-o não amigavelmente. - E Adam também, xô. Eu preciso terminar de fazer isso aqui antes que as pessoas cheguem.

Sem querer contrariar as ordens da patroa, ambos foram saindo, mas Isabella fez um último comentário. - E a louça depois é de vocês.

Melanie riu quando percebeu o pai e o irmão cochichando enquanto saíam, claramente buscando uma forma de escapar da louça. Isabella despejou o suflê em um pirex e o levou ao forno para ficar cremoso.

Mel colocou uma tampa de vidro sobre o bolo que já estava em uma bonita bandeja, e sorriu por que gostava do resultado. Ela gostava de fazer tudo bem feito, assim como adorava cozinhar. Marta havia começado a ensinar quando tinha apenas doze anos, por que a menina ficava encantada com os cheiros deliciosos provenientes dos quitutes feitos pela antiga empregada.

Todas as vezes que havia almoço em casa para a família, Mel ajudava a mãe e sempre que conseguia, em ocasiões não especiais também. Tendo terminado o bolo, ela abriu novamente o caderno com as receitas secretas de Marta para doces. Aquele livro era mais secreto do que assuntos da CIA e só Mel tinha conseguido a proeza de ter acesso a ele.

— Então, mamãe, o que está faltando agora? - Melanie questionando, encarando Bella.

A mulher sorriu, e após acariciar a bochecha da filha gentilmente, virou-se para retirar algo da geladeira. - E agora você pode ir se arrumar. Já acabamos. E avisa o seu irmão que é para ele colocar a mesa.

— Eu posso...

— Você pode - Isabella interrompeu. - fazer como estou dizendo e ir se arrumar. Eu sei que você quer ajudar, Mel, mas se ninguém mais fizer nada por aqui, vão começar a achar que isso virou um hotel. E nós não estamos recebendo nenhum salário, ou estamos?

Mel sorriu e assentiu. - Tudo bem, mas se precisar de alguma coisa...

— Eu chamo você.

Sorrindo novamente, Mel estalou a bochecha da mãe com um beijo e seguiu para o seu quarto, berrando pro Adam no caminho que ele deveria pôr a mesa. Naquele instante. E que ela iria inspecionar depois para ver se ele tinha feito direito. Ganhando uma frase atrevida em resposta, Melanie gargalhou.

***

— Onde está a minha pequena? Onde está? - Ao ouvir a voz de Emmet, Mel correu da cozinha até o hall de entrada antes que o grandão começasse a gritar seu nome.

Sorrindo grandiosamente ao vê-la, ele envolveu os braços ao redor da menina com uma força impressionante, levantando-a uns bons cinquenta centímetros do chão como de costume. Gargalhando como se tivesse sete anos, Mel retribuiu o abraço, mas logo pediu para ele descê-la, pois ela ainda precisava de oxigênio.

Balançando a cabeça, Rose deu um tabefe no ombro do marido como fazia desde sempre quando reprovava seu comportamento. - Um dia você ainda deixa essa menina sem ar.

— Eu tenho esse efeito nas mulheres. - Ele deu uma piscadela para a esposa, e outra para a afilhada.

Mel revirou os olhos e sorriu. - Ah, o velho ego masculino. Eu juro, Padrinho, que metade do seu peso é só para ele.

E falando em ego, Mel pensou enquanto olhava para Tom que vinha logo atrás dizendo algo para Summer que a deixava vermelha. Summer trabalhava na casa dos avós Esme e Carlisle e ainda enfartaria com o sorriso do conquistador. Buscando como sempre salvar o dia, ela foi até lá.

— Thomas, dê uma trégua para pobre Summer, por favor. Ela mal consegue andar com você aos pés dela todo o tempo.

Sorrindo para Melanie, Tom esqueceu-se do resto. - Eu fico espantado como você mal consegue controlar o seu ciúme, meu amor.

Enquanto Melanie ria, Summer se aproveitou para escapar dos galanteios divertidos do rapaz e sorriu ao observar os dois por cima do ombro.

— Você consegue me ler tão bem. Que defesas eu tenho contra isso? - Melanie sorriu e não se surpreendeu quando em um piscar de olhos, Tom estava mais próximo dela do que no segundo anterior.

E por que ele sempre encontrava um meio de tocá-la, mesmo que sem motivo, ele rodeou sua cintura com um braço e só não a beijou nos lábios por que rindo, a menina virou o rosto na última hora. Balançando a cabeça para o comportamento corriqueiro, ela acariciou a bochecha de Tom e deu um singelo beijo na outra.

Por que era o mais perto que ele conseguia chegar, os lábios dele distribuíram beijos pela bochecha e pelo maxilar da menina enquanto ela ria; como sempre, achando graça de suas investidas.

— Para o tipo de ataque que tenho em mente, você não precisa de defesa.

— Você devia escrever um livro com esses seus versinhos bem treinados.

— Eu não estou brincando com você, Melanie. - E ela notou, sutilmente, que a voz dele tinha mudado. - Eu me pergunto quando você vai perceber isso. Ou melhor, o quão mais convincente eu tenho que ser para te fazer ver...

Ela entendia muito mais do que ele pensava, e era exatamente por entender demais que ela tratava tudo como uma brincadeira. O inferno que aqueles olhos não faziam suas pernas amolecerem.

— Tom, você realmente está começando a soar muito convincente. Imagina só o que a família diria se começasse a acreditar em você, huum? - Mel sorriu divertidamente como sempre, embora sabendo que aquilo sim o faria se afastar. 

Ele se afastou, mas por outro motivo. Ele nem ao menos tinha ouvido a resposta de Mel, mais preocupado com a pessoa que estava atrás dela. Sabendo melhor do que para pensar em retrucar, ele retirou o braço de volta da menina suavemente enquanto Edward observava cada movimento dele, como se medindo para atacar.

— Emmett. - Foi a única coisa que Edward disse por um momento, antes de varrer o cômodo com os olhos a procura do amigo.

O grandalhão estava fazendo Bella segurar na bancada de tanto gargalhar de suas histórias loucas, mas fitou o médico ao ouvir seu nome. E imediatamente já sabia o que estava havendo.

— Será que dá pra você manter as mãos do seu filho longe da minha filha, por favor?

— Ele só está brincando. - Mas por que Emmett estava percebendo que as brincadeiras do seu filho estavam se tornando muito frequentes, ele lhe lançou um olhar.

— Claro. - Edward deu uma risadinha desprovida de humor algum. - Assim como vai ser muito divertido ver como ele consegue continuar com a brincadeira sem as duas mãos. Quem quer apostar?

Por que Isabella sabia melhor do que duvidar do marido em relação aos filhos, ela resolveu intervir. - Edward, menos, pelo amor de Deus. Você não vai fazer com que eu me estresse logo cedo, não é?

Ele demorou um segundo a mais do que devia para olhar para a esposa. - Não.

— Vocês todos fazem um drama tão grande por algo tão pequeno. - Melanie sorriu como se não percebesse que seu pai não estava agindo simplesmente por ciúme daquela vez, e agradecendo aos Céus, cumprimentou a falante Alice que tinha acabado de chegar com o marido, e os filhos. - Graças a Deus, tia. Agora há uma mente sã nesta jaula de loucos.

Ela foi correndo abraçar a pequena, e sussurrou em seu ouvido. - Ótimo que você está aqui. Ajude-me, por favor, papai está quase estrangulando Tom. De verdade.

Não precisando ouvir mais nada, Alice sorriu quando se separou da sobrinha. - Tudo bem, desfaçam estas caras tristes. Eu estou aqui. Agora sim a festa já pode começar!

 

### - X— ###

 

Era injusto, Millie sabia, mas quando chegou à casa de Edward e Bella com Tess e com Violet, e logo foi bombardeada de reclamações pelo atraso, jogou logo a culpa toda para cima da irmã. Claro que ela teve dificuldades para lidar com sua ressaca e que aquilo demorou bastante tempo, mas já que Tess era famosa por nunca estar na hora, achou que não faria mal uma mentirinha inocente.

Ela distribuiu sorrisos e beijos, e como de costume, teve a singela sensação de que cada vez que se reunia com a família, tinha mais um integrante. Ela procurou, discretamente, por Ethan em meio à multidão de rostos e não o enxergou. Ela imaginou que ele já devia ter encontrado um canto quieto para estudar como sempre fazia, mas ele surgiu vindo do corredor naquele instante.

Ele estava com Warm no colo, já que embora o cachorrinho morasse com Esme, ele sempre fazia parte das reuniões da família onde quer que fosse. Ele estava acariciando gentilmente as orelhas do animal e com um sorriso simples no rosto. Millie sentiu seu coração se aquecer e seus próprios lábios se curvarem com a cena. Todos julgavam Ethan como antissocial, mas ela o achava tão doce.

Ele ergueu os olhos, encontrou os dela e seu sorriso lentamente se desfez. Tão natural como respirar, seu corpo se enrijeceu imediatamente com a visão da mulher. Ele subitamente se esqueceu que tinha um cachorrinho no colo e das outras pessoas na sala.

Embora a reação dele a ela nunca fosse encorajadora, Millie foi até ele. Ela admitia que se sentia um pouco incomodada com a forma como ele olhava para ela, como se estivesse com medo ou simplesmente não quisesse contato. Dizendo a si mesma que ele era simplesmente tímido, ela sempre era gentil e paciente com ele.

— Olá. - Ela sorriu, e rapidamente lhe deu um beijo na bochecha.

Ethan deixou Warm cair no chão imediatamente. O cachorrinho, tendo rapidamente se ajustado e caído “de patas” deixou escapar um latido descontente. Os dois, Millie e Ethan, se abaixaram para atender ao pobre animal.

— Desculpa, amigão. - Ethan murmurou como se falasse com um ser humano e afagou a cabeça do cachorro, que bancando o difícil não lhe deu bola, e se embrenhou no colo da Millie para que ela o confortasse.

Ou talvez o cachorro simplesmente tivesse preferência por um colo feminino. A modelo sorriu para Ethan como se quisesse confortá-lo também pela “rejeição” e amparou Warm em seus braços. O rapaz não estava olhando para ela, no entanto, e sim ocupado demais travando uma briga interna com sua falta de tato.

Por que ele ainda parecia nervoso, Millie começou a dizer. - Eu acho que dessa vez você já está perdoado. Parece que ainda está tudo no lugar. Não é, Warm?

— Ok. - Ele respondeu, e por que era um gesto comum de quando estava nervoso, ele ajeitou os óculos no nariz com um dedo. - Eu vou... Ah.. Vou ali.

E como se assistisse novamente a um filme já muitas vezes repetido, ela o observou se afastar rapidamente. Millie suspirou e por um momento se perguntou se o problema não era mesmo com ela.

***

Na casa de Bella e Edward, não havia uma mesa tão longa como na casa de Esme e Carlisle ou dos Hale para abrigar todos os membros da família, logo, eles se reuniram na sala e sem se importar nem minimamente, almoçaram todos com os pratos nas mãos.

Eles brigavam mais do que confraternizavam, riam mais do que comiam, e gritavam mais do que conversavam. Millie não podia estar mais contente com a família que tinha. A vida não tinha sido justa com ela nem com a irmã, tirando-lhe seus pais enquanto eram ainda novas demais para entender que eles não iriam voltar, mas em geral a vida não era justa e apesar dos pesares, Millie se considerava privilegiada pelos seus familiares.

Eles sempre estavam lá quando ela precisava. Emmet, Jass e principalmente Edward tinham uma preocupação especial com Millie devido ao constante rótulo sofrido por modelos, e por que era uma profissão que abrigava muita pressão, sempre garantiam que ela estava se alimentando direito e que ela estava contente.

Millie apenas achava graça. Thomas gostava bastante de se comportar como um irmão mais velho e constantemente queria tirar suas medidas para garantir que ela não estava abaixo do peso. Carlisle tinha mania de bombardeá-la com perguntas estranhas algumas vezes tentando garantir que ela não estava sofrendo com anorexia ou bulimia; ele dizia que tinha de cuidar da saúde mental da sua neta. Ela tinha que agradecer por Yuri, que sempre tentava interceder a seu favor e evitar os hábitos super protetores dos homens.

Mas mesmo com alguns constantes exageros dos mesmos, ela não os mudaria nem se pudesse. Eles, assim como toda a família, eram especiais exatamente daquele jeito. Ela estava sentada no sofá, espremida entre Mel e Daniel. Os adultos tinham se disperso pela casa, embora as mulheres estivessem todas embrenhadas na cozinha enquanto Rose se aventurava a fazer um sorvete caseiro de pistache que ela jurava ser perfeito.

Por que eles viviam sempre juntos, os jovens permaneceram na sala e assistiam a um filme de suspense. Daniel estava com um braço ao redor dos ombros da Millie, e não perdia a chance de constantemente fazer algum comentário perto do ouvido da mulher. A modelo conhecia Dan bem demais para se importar com suas cantadas. A natureza dele e de Tom já não lhe surpreendia mais.  

Como se pensasse que ela não fosse perceber, Dan desceu um pouco mais a mão distraidamente e a modelo o interrompeu antes que ele tocasse onde não devia. Lançando-lhe um olhar, ela balançou a cabeça.

— Você tem que treinar a sua sutilidade.

Com um sorrisinho de lado, ele lhe beijou na bochecha. - Millie, a culpa não é minha, sério. Você que fica me tentando. Quem sabe se você desarrumasse um pouco o cabelo e colocasse uma verruga artificial na ponta do nariz?

Ela riu. - E assim, eu perco o emprego.

Com outro sorriso, ele a puxou para mais perto de si. - Eu empregaria você. Quer saber como?

— Não. - Isso foi dito com um sorriso da parte dela, enquanto se afastava.

Enquanto o embate acontecia, Ethan estava se perguntando como era possível que além de ser tão descarado, seu irmão ainda fosse tão desrespeitoso. Para Dan, mulheres nada mais eram do que pedaços de carne para serem devorados na primeira oportunidade. E Ethan experimentava um sentimento de raiva intenso e incomum por que ele estava tratando a Millie da mesma forma.

— Arh, chega. - Melanie comentou esbaforida. - Millie, troca de lugar comigo. Dan fica dando em cima de você e não me deixa ver o filme. - Ela se colocou no meio dos dois e encarou o olhar insatisfeito de Dan. - O que?

— Isso é muito injusto, Mel. - Mas por que ela também era mulher, Dan colocou um braço em volta dos seus ombros. E recebeu um olhar nada discreto de Thomas. - Eu não posso dar em cima de você.

Ela sorriu. - Esse é o objetivo, agora fique quieto.

Millie riu da cena e inconscientemente olhou na direção de Ethan, que imediatamente desviou os olhos. Foi como ela percebeu que ele estivera a observando. Por que ela queria ter certeza, ela continuou olhando na sua direção. Por uns três minutos ele permaneceu com os olhos na televisão, quando ciente de que era seguro, ele arriscou outra olhadela na direção dela.

Quando ele a percebeu ainda o observando, ele desviou os olhos depressa e corou nas orelhas e nas maçãs do rosto. Millie teve de segurar o sorriso pelo gesto. Ele é tão fofo, ela decidiu. Ela continuou o encarando, não para medir sua reação, mas simplesmente por que ela gostava de olhar para ele. Ethan não a encarou mais. Mas ela tinha certeza que ele sabia de seu olhar por que continuou vermelho.

Em algum momento, Tess percebeu o olhar intenso da irmã e o seguiu. A bióloga arqueou uma sobrancelha para a modelo, mas Millie não notou. Ora, ora, o que temos aqui, ela pensou com um sorriso.

Ethan estava fora da sala antes mesmo de aparecer o “The End” ao final do filme, e sem pensar muito, Millie foi atrás dele. Ele tinha ido até a cozinha, e se arrependeu imediatamente quando percebeu que todas as mulheres estavam lá. Ele corou, e recebeu um sorriso compreensivo de Isabella que entendia bastante de sua timidez.

— O que você quer, Ethan, querido? - Alice logo o saudou, dando um beijo na bochecha do filho.

Ainda mais desconcertado, ele nem ao menos respondeu, apenas balançou a cabeça e deu as costas para sair de lá. Deu de cara com Millie. Isso não tem como ficar pior, ele pensou. 

— Oh, ele não é uma gracinha? Olha como ele fica vermelho no meio de mulheres. - Rose murmurou, simpática.

Ethan praguejou em pensamento palavras que ele não ousava dizer em voz alta enquanto ficava mais vermelho. Um dia, ele prometia a si mesmo, ele deixaria de ser daquela forma e nunca mais seria chamado de “gracinha”, “fofinho” e nada do tipo. Um dia. Mas obviamente não seria naquele dia.

— Vocês sempre o deixam mais sem graça. - Isabella correu a mão pelos cabelos dele em apoio, e logo o afastou da entrada da cozinha – e para a felicidade dele, de Millie – e começou a murmurar o que ele iria querer comer para sobremesa.

— Millie, meu amor, e você o que quer? - Perguntou Esme.

Sem saber ao certo, ela deu de ombros. - Sobremesa, eu acho. Eu vou engordar tudo o que tiver que engordar com toda a comida maravilhosa que vocês fazem e depois ouvir as reclamações de Marc.

Marc era seu nutricionista informal, uma vez que trabalhava para ele na Agência, e totalmente obcecado com o corpo feminino. Ou seja, ele fazia da vida de Millie um inferno para que ela não o “alterasse” sob nenhum pretexto.

— Eu não sei como você o suporta. - Por que Rose conhecia a reputação do dito cujo e ao mesmo muito bem, ela soltou uma exclamação em desgosto. - Ele é pior do que o próprio Hitler.

— Ele não é tão mal.

Rose abriu a boca em espanto. - Como não? Ele obriga as modelos a comerem uma folha de alface diariamente por uma semana em cada mês. Uma folha de alface. E para garantir que elas o obedeciam, ele tirava suas medidas no final de cada dia.

— Verdade, mas... Conseguimos driblá-lo.

— Mas é uma folha de alface!

— Este assunto está me dando uma fome. - Fernanda murmurou. - E como eu não sou modelo, e muito menos conheço esse tal de Marc... - Ela tirou da geladeira uma tigela e colocou-a em cima da mesa da cozinha. - Quem quer torta de maçã?

As mulheres avançaram na torta, e rindo, Millie foi buscar uma colher para si. Por que ele estava na frente da gaveta dos talheres, Ethan saiu do caminho depressa. Não tinham mais colheres na gaveta, ou melhor, fora isso que Millie disse para Ethan enquanto pedia para usar a sua colher e comer do seu pedaço de torta.

Ele achou que ela estivesse brincando. Quando ela repetiu a pergunta por que ele não o respondeu, ele lhe entregou a taça que segurava e sem conseguir conter seu olhar observou enquanto ela colocava a colher na boca. Ela fechou os olhos em apreciação como se nunca tivesse experimentado nada melhor.

Ele esqueceu que tinha mais gente na cozinha. Ele só tinha consciência de que a colher que estivera na boca dele, agora estava na boca dela.

Ele ainda estava a encarando quando ela abriu os olhos. O mel dos olhos dela com o verde dos dele se encontrando. Ela passou a língua pelos lábios, e atraiu o olhar de Ethan. Ele demorou um pouco mais do que o aceitável para desviar o olhar, e com muita rapidez ele comeu mais um pedaço da torta quando ela lhe passou de volta.

Ele podia estar enganado, mas o doce parecia mais saboroso depois de ter passado pelos lábios dela.

 

### - X— ###

 

Enquanto uma parte da família atacava a torta de maçã na cozinha, Tom assumia o lugar de Millie no sofá para poder cortejar Melanie. Adam tinha acabado de convidar Tess para o jardim. Dan, nenhum pouco a fim de testemunhar as cantadas de Tom também, esticou a mão para pegar o controle na mesa de centro e mudar de canal. Angelinne tinha esticado a mão na mesma hora.

Eles se encararam nada amigavelmente, e com o cavalheirismo que tanto lhe sobrava, Dan recolheu o controle antes que ela o fizesse. Ele lhe deu um sorrisinho presunçoso, recebendo outro olhar seco de Angel, e mudou para o canal de baseball.

— Você não tem o direito de monopolizar a televisão. Há outras pessoas aqui, caso você não tenha percebido. - Angel apontou, cruzando os braços.

Sem tirar os olhos da TV, ele lhe abanou a mão em um gesto que era para ela se calar. Angel insistiu, e Dan estranhou o que ouvia sair dos lábios dela: #hgahshg#hgasha#. Provavelmente isso se devia ao fato de ele não estar prestando a atenção. Ciente de que estava sendo ignorada, Angel levantou e se postou bem em frente à TV.

Dan soltou um tremendo palavrão e a encarou, comentando em tom de ameaça. - Foi um ótimo lance que você me fez perder..

— Você não tem o direito de monopolizar a televisão.

— Isso você já disse. - Ele comunicou, ácido. - E você quem vai fiscalizar isso, não é, policial? Porque é claro que só você está se importando.

Daniel fez um leve menção com a cabeça à Tom e Mel, que estavam absortos a todo drama acontecendo por ali. Angel comprimiu os lábios do jeito que fazia para impedir a resposta atrevida que lhe sairia pelos lábios.

— Primeiro, eu não sou policial. Eu quero ser advogada...

— Estou ciente disso. - Impaciente, Dan lhe deu um empurrão para o lado com um braço sem muito esforço. - Agora sai da frente.

— Seu grosso, estúpido, arrogante, filho da...

— Ei, ei, ei. - Melanie ainda estava antenada o bastante para reconhecer certos palavreados. Encarando os dois, questionou. - O que aconteceu?

Os dois começaram a falar ao mesmo tempo algo sobre televisão, monopólio, falta de respeito e consideração, estupidez, presunção, e outros. Melanie percebeu que não adiantaria nada eles continuarem gritando e discutindo como duas crianças. Tom, percebendo o mesmo, começou a arrastar Mel para fora da sala, também como um pretexto para poder ficar sozinho com ela.

— Mas espera, eu posso ajudar...

— Sim, eu preciso da sua ajuda. - Tom respondeu com um sorrisinho, e logo os dois sumiram de vista.

— Você é um idiota. - Angelinne murmurou, irritadíssima. - E ainda me faz parecer idiota na frente dos outros.

— Não, amor, não me elogie assim. O crédito de ser idiota é todo seu.

Ela levantou uma mão para lhe bater, e ele a segurou pouco antes de bater no seu rosto. Os olhos dele cruzaram e se fixaram nos dela; instantaneamente ela engoliu em seco. Angel tentou soltar seu braço, mas Dan continuou com ele firme em sua mão.

— Solta o meu braço, agora. Solta.

— Não. - Dan passou o outro braço pela cintura dela, e a puxou contra si. - Que maduro da sua parte querer resolver as coisas com violência. Você merece uma lição.

Ela começou a ficar com medo ao perceber sua expressão ainda séria. - Se você... Se você fizer alguma coisa comigo...

Agora, ele sorriu. - Eu não vou fazer nada que você não goste, amor.

— Não me chame assim!

Ele correu os lábios pelo pescoço de Angel, e quase com uma gargalhada, notou a pele se arrepiar. Percebendo o que ele ia fazer, Angelinne começou a empurrá-lo com o outro braço e não conseguiu se afastar um milímetro sequer.

— Daniel... Não... Você não ouse...

Os lábios dele engoliram as últimas palavras de Angel. Em choque com a sensação, ela ficou estática por um momento, o que levou Dan a rodeá-la com os dois braços, mantendo-a presa. Ela não correspondeu, no entanto.

Correndo a mão por toda a extensão de sua coluna, ele a depositou na nuca da menina e se separou apenas alguns milímetros. - Beije-me de volta, Angelinne.

— Não... Solta...

Ele aplicou um pouco de pressão com os dedos no pescoço dela, e irritada, ela sentiu outro arrepio em sua espinha. Com a outra mão, ele acariciou sua bochecha e o olhar que ele lançou à ela foi tão doce que ela se perguntou se ainda era mesmo Daniel ali.

— Abre a boca pra mim. - Ele pediu, mordiscando o lábio inferior de Angel.

O coração dela estava na garganta. Ela queria se xingar por ser fraca, por ser tão estúpida, mas ela não podia resistir à sensação de estar nos braços dele, a sensação do corpo dele contra o dela, ao fato de que os lábios dele eram quentes, macios e convidativos... Ela fechou os olhos e separou os lábios.

Enfiando a mão nos cabelos dela, Dan inclinou a cabeça da menina o bastante para que o beijo fosse mais profundo e voltou a unir seus lábios. No início, tudo bem, ele queria ensinar uma lição à ela e sabia que não haveria nada que a irritaria mais do que aquilo. Naquele momento, no entanto, ele nem ao menos se lembrava daquilo. Ele a queria, mais e mais, mais e mais. E não queria parar nunca.

Foi isso que ele fez. O beijo se tornou mais intenso e exigente. E de repente Angelinne pareceu perceber o que estava acontecendo, ela abriu os olhos e em pânico mordeu o seu lábio inferior com uma força que a fez sentir o gosto do sangue dele em seus lábios.

— Você ficou maluca? - Dan se afastou, tocou em seu lábio e viu que sangrava. - Você podia ter arrancado meu lábio fora...

Ignorando o exagero e lutando contra a sensação horrível, Angel passou os braços em volta do corpo. - Nunca mais encoste em mim.

— Ah, claro... Na hora você nem estava gostando... - Ele parou de falar quando percebeu que ela tinha lágrimas nos olhos. Estava aí algo com o que ele não sabia lidar: lágrimas. Tentando se acalmar, ele respirou fundo. - Não é para tanto também, vai. Foi só um beijo. Não é como se...

— Cala a boca. - Algo no tom dela o fez fazer exatamente aquilo. Quando ela ergueu os olhos, Dan pensou que tinha algo muito errado acontecendo ali e estavam o deixando de fora. - Não olhe mais para mim, não fale mais comigo.

— Angelinne... - Ele tentou tocar no braço dela, e levou um belo tapa.

— Não dirija mais a palavra a mim. - Por que ela estava voltando a falar formalmente, ele percebeu que ela estava voltando ao controle.

Ela saiu logo após, deixando Dan a observando com uma expressão confusa no rosto. O que diabos havia acontecido ali?

Ela seguiu direto para o banheiro, e lá se permitiu deixar cair algumas lágrimas. Ela só precisava se acalmar por um minuto. Só um minuto. Quando se sentindo melhor, ela se levantou do chão e lavou bem o rosto. Ela odiava chorar. Como ela odiava chorar! Era uma atitude inútil e humilhante, que não lhe serviria para nada. Nunca lhe serviu. E o inferno que ela o faria novamente na frente daquele filho da mãe.

Ela já tivera sua lição uma vez, e não passaria por aquilo novamente. E que se danasse se as pessoas acreditavam que ela era nova demais para ter aprendido tanto sobre a vida assim, mas ela sempre fora mais avançada. Com orgulho. Angelinne apenas queria uma coisa incansavelmente em sua vida: fazer advocacia. Primeiro advogada, talvez promotora pública, e finalmente juíza.

Ela sabia que conseguiria porque se recusava a acreditar no contrário. Ela estudaria e passaria por cada etapa pacientemente, aproveitaria as experiências e mais tarde, com orgulho e sim um tanto de arrogância, se parabenizaria por ter trilhado seu caminho até o topo por seus próprios méritos.

Bem mais calma, Angelinne ajeitou os cabelos e a roupa, como se nada houvesse acontecido. Fingiu que seus dedos não estavam mais trêmulos, suas pernas bambas e a sensação do beijo de Daniel ainda bem memorizada em seus lábios. Ela era uma mulher, ele era um moleque. E atração era algo que não tinha um porquê, e ela sabia controlar.

Era normal a atração, afinal ela não se baseava na beleza interior, não haveria atração alguma já que Daniel não devia nem ao menos ter um interior para ser julgado. Ele era oco. E ela nunca mais voltaria a se confiar em alguém como ele. Praguejou quando notou que suas mãos ainda tremiam, que as lágrimas ainda lutavam para retornar. Uma única ação e parecia que ela estava de volta àquela fatídica noite, mas não estava.

Não estava, ela se forçou a lembrar. E nunca mais estaria.


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