O Filho do Alquimista de Aço escrita por animesfanfic


Capítulo 5
As omissões de Edward e o sentimento de Winry.


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo Winry se estressa com as esperadas mentiras de Edward. O garoto cansado de mentir para protegê-la, revela um pouco dos reais acontecimentos.Um novo sentimento começa a surgir na protética.



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Winry - Você não acha que está exagerando um pouco? - Já dentro do trem, olhando a noite passar pela janela.

Ed - Não estou. - Permanecia em uma carranca.

Winry - Não podíamos ter esperado amanhecer pelo menos? Pegamos o último horário.

Ed - Não vou mais discutir isso com você. Eu sei o que é melhor agora, não era seguro ficar em Resembool. - Cruzou os braços, com cara de poucos amigos.

Winry - Eu não sei qual o melhor plano porque você e Alphonse não me explicam as coisas. Preferem esconder a me dizer a verdade. - O loiro a olhou, surpreso com a explosão de palavras. 

Winry - Se corremos algum perigo, não é só você que deve ficar a par das informações, não acha?

Ed - Eu sei que têm seus motivos para estar incomodada, mas nós estamos tentando proteger todos do pior. - Fitou as árvores que, com a velocidade do trem, pareciam pequenos vultos pretos.

Winry - Estou cansada de ser poupada das coisas. Quero a verdade. Se na pior das hipóteses acontecer alguma coisa, como imagina que vou me sentir? Uma inútil que não conseguiu sequer ajudar seus amigos? Já pensou nisso? – Amaldiçoou-se por estar mentindo para ele sobre a visita do homunculus.

O alquimista ficou a olhá-la por alguns segundos, pensando perplexo pelo argumento da garota.

Ed - Você tem seu argumento. - Descruzou os braços, respirando fundo. - Se não quiser continuar a viagem depois de lhe contar, eu não vou impedi-la - Winry se arrumou no assento, involuntariamente se virando para ouvi-lo.

Ed - Quando Al estava para embarcar com Pinako, um militar veio da Central nos avisar que o Coronel queria conversar. Eu disse ao subordinado que viria à Resembool consertar meu automail e depois iria até Mustang. Resolvi ligar para a Tenente com o intuito de certificar se estava tudo bem e o que exatamente Breda queria ao me avisar do pedido do Coronel.

Winry ouvia, compenetrada.

Ed - Breda não havia saído do quartel o dia todo e o Coronel não aparecia há dois dias no trabalho.

Winry - Então não era Breda no terminal de trem?

Ed - Era Envy, ele tem o poder de se transformar fisicamente em outra pessoa e se passou por Breda. Isso significa que dei a informação que precisavam.

Winry engoliu em seco, sentindo sua gargante fechar.

Ed - Se fosse pra me matar, já teriam o feito, porque eu estava com a guarda baixa. - Batia os dedos indicadores na poltrona, pensativo. - Fiquei preocupado se podia ter acontecido alguma coisa a você também - Fitou-lhe brevemente. Winry pigarreou, tentando disfarçar o incômodo que sentia com o rumo da conversa.

Ed - Foi quando Mustang apareceu. Eles já estavam a caminho de Resembool logo depois que desembarquei, pois chegaram logo em seguida a mim. Compreende?

A loira assentiu, percebendo que a situação podia realmente ser mais complexa que sua pouca imaginação acreditava ser possível.

Ed - Hawkeye me disse que o Coronel não aparecia no trabalho há dias, como em menos de seis horas ele estaria em Resembool? Ela mentiu.

Winry - Mas por que a Tenente faria isso? 

Ed - Precaução. Ela sabia que eu tinha sido enganado, deduziu rápido que Envy tinha tramado das suas. Ela e o Coronel sabem de alguma informação que ainda não estou ciente. 

Winry - Algo sobre os homunculus?

Ed - Talvez mais um membro da Central seja um deles.  

Winry - Agora entendo o seu motivo de querer sair em um rompante. Queria me proteger? 

Ed - Queria menos dor de cabeça, só isso. - Deu de ombros, embora a garota soubesse que não era verdade. 

O silêncio pairou por alguns minutos. 

Ed - Está tudo bem? - A loira assentiu, embora estivesse destruída por dentro. - Certo. Vou tomar banho porque estou exausto. 

Assim que viu o alquimista fechar a porta atrás de si, deixou as lágrimas caírem sem dó. Era cruel cobrá-lo a verdade, enquanto ela mentia descaradamente.

Sentia o cerco se fechar contra si até sufocá-la. Aqueles homunculus estavam se esgueirando em busca de informações. Estavam controlando seus passos para saber se iria cumprir sua parte no acordo.

O medo que se acalmara em seu peito parecia dar novos sinais. Não tinha a menor possibilidade de conseguir ir adiante com aquilo, embora a realidade estivesse lhe forçando a ultrapassar barreiras antes intransponíveis.

"Até ontem eu era apenas uma garota protética. Hoje estou tendo que lutar para aceitar ser mãe de um filho do meu melhor amigo", pensou a loira, fechando os olhos, desolada.

Só de imaginar tocar os lábios do alquimista, a fez sentir um frio lhe percorrer a espinha. Era errado de muitas maneiras. Ela não tinha a menor condição de ser mãe e ele de ser pai. Além disso, havia beijado poucos rapazes em sua vida e não pretendia pular etapas. Por que deveria ser ela a escolhida? Não havia outra alternativa? 

Sua respiração começou a ficar acelerada e sua visão turva, escorou as mãos nas têmporas, tentando buscar um apoio. Precisava encontrar uma saída, antes que tudo ficasse ainda mais caótico.

Ed - Você está bem? - A loira saiu de seus devaneios ao sentir Edward tocar em seu braço, preocupado. - Eu sabia que era demais pra você toda essa história, por isso não queria contar. 

Winry - Eu estou bem, fique tranquilo. - Segurou o nó na garganta, tentando ser convincente. 

Observou o loiro se sentar a sua frente, com roupas folgadas de dormir e o cheiro de banho tomado invadindo o ambiente.

"E se não houvesse outra opção a não ser dormir com ele?", pensou novamente, permitindo seus olhos descerem a visão pelo dorso do homem até chegar ao meio de suas pernas, abertas de forma displicente. 

Com as roupas soltas no corpo do homem, pouco podia reparar, mas a espiadela discreta fez seu coração disparar. 

"E se ele me recusar? Sentir nojo porque sou sua amiga?", respirou fundo, tentando conter os pensamentos que divagavam no mar das inseguranças.

 Winry olhou a noite pelo lado de fora, amedrontada. Embora o ambiente estivesse aconchegante pela lua cheia iluminando o vagão, nada tirava as palavras de Lust de sua cabeça.

"Preciso de mais tempo, há de ter uma solução menos drástica", tentava se consolar. 

Olhou a comida a sua frente com desdém. Nada passava em sua garganta. Pensava na possibilidade de entregar seu corpo para o amigo, mas sentia nojo por ao menos cogitar aquela situação vir a acontecer. Estava literalmente em pânico e sem saída. Não tinha ideia de como Edward não havia escutado seu coração saltando do peito.

O alquimista já dormia no banco em frente ao dela de forma totalmente desarmada. Após a janta, o homem havia trocada a camiseta larga por uma regata branca, que mostrava seus braços musculosos e um samba canção azul claro. Edward a tratava como irmã, não vendo perigo algum em dormir de roupas íntimas perto dela. Não havia a menor possibilidade de cumprir o que desejavam os homunculus.

Arfou, exausta de tanto confabular sozinha soluções para a situação em que se encontrava. Colocou a bandeja com a comida intacta de lado e levou até a cozinha do trem, recebendo elogios pelo bom gesto. 

Assim que adentrou o vagão novamente, a loira viu Edward dormindo relaxado, sua blusa havia subido e mostrava um pedaço de sua barriga cheia de músculos saltados.

"Certo, Winry, você está exagerando porque está nervosa. Quantas vezes já o viu sem camisa? Está sempre ajustando seu automail, isso não é novidade para você", falou mentalmente para si mesma, como se fosse um mantra de salvação.

Mesmo com as súplicas internas, a protética não conseguiu deixar de notá-lo de forma sexual. Edward já tinha 20 anos, não era mais aquele amigo de infância que ela sempre via.

"Quando foi que ele ficou tão homem?", pensou ao reparar nos ombros largos, os braços fortes, mãos grandes e os antebraços cobertos com veias saltadas.

Seu maxilar tinha traços fortes e suas pernas eram mais longas. Sua visão foi descendo pelo corpo escultural, até chegar um pouco abaixo da cintura. Era terrivelmente inoportuno aqueles pensamentos, mas por alguma razão parecia muito mais homem naquela região do que antes, apesar de conseguir ver pouco nas roupa largas.

Vasculhou em sua mente se já havia o visto nu. Quando eram crianças somente aconteceu poucas vezes, vê-lo sem roupa adulto seria algo novo. Uma onda de calor chegou aquecendo a nuca da protética, que depositou a mão ao redor, tentando contê-la.

"O que está acontecendo comigo?", olhou para o teto, incrédula. Devia ter pensado tanto no assunto que começava a criar coisas onde não existia nada.

Edward se virou para o lado contrário, deixando suas costas a mercê dos olhos atentos da protética. A loira deu graças a Deus, porque daquele ângulo só tinha visão dos largos ombros delineados.

Winry passou a metade da madrugada vagando pelos próprios pensamentos à procura de uma saída, sem conseguir fechar os olhos uma vez sequer. Mesmo ainda revoltada com a ideia, começou a imaginar um jeito de consumar o fato, caso fosse a última chance para sobreviver. Pensou por horas a fio, conjecturando todos os cenários possíveis. Foi obrigada a pensar na possibilidade de realmente fazer sexo com o homem a sua frente. Consumar o fato, realmente ficar grávida e depois fugir. Dar um jeito no feto. O jeito que estava pensando lhe dava arrepios. Talvez um aborto? Suas mãos suavam frio. Não conseguiria chegar tão longe, talvez se pagasse alguém para fazer em seu lugar.

O cansaço a venceu e ela adormeceu ao seu lado do vagão.

A noite já tinha passado da metade quando Edward acordou. Virou para o outro lado e viu a lua ainda pairar sobre eles. Quando abaixou a visão, passando por todo o cômodo, viu Winry dormindo incomodada no banco de frente a ele.

Ed - Winry? - Sussurrou ao seu ouvido. A proximidade fez o corpo da protética arrepiar.

Winry - O que foi? - Disse, entre dentes.

Ed - Não quer um casaco? Aqui está frio.

Winry - Quero, por favor. - Sentou-se, sonolenta.

O alquimista levantou, puxou a mala que estava guardada no compartimento acima deles. Abriu-a, pegando seu sobretudo vermelho. Ele mesmo estava com calor, mas sabia que a garota era mais sensível a temperatura. Sentou-se ao seu lado, cobrindo-a com o casaco e a deitando novamente. O vento levantou quando Edward esticou o pano vermelho, causando um calafrio na protética.

Ed - Ainda está com frio? - Winry de olhos fechados, sentiu a voz do alquimista ficar mais próxima ao seu corpo. Estremeceu outra vez.

Ed - Vou ver se pego mais algum casaco.

Antes de sair, colocou a mão em sua testa pra ver se estava quente, ou com febre. Não adiantaria muita coisa, pois ele estava bem quente, não serviria como termômetro.

Ed - Meu Deus, você está congelando! Vou procurar um cobertor.

Winry - Sua mão está quentinha. - Estremeceu com o toque do loiro em sua face de novo.

 A protética abriu os olhos devagar e viu o alquimista sem camisa, com seu peito forte e musculoso a mostra, iluminado pela Lua. Parecia a obra de um escultor aquele corpo tão bem trabalhado. O braço apoiado sobre o banco, pulsava com veias grossas e protuberantes.

"Caramba", pensou a garota. Aquele homem a sua frente era de perder o fôlego. Winry definitivamente nunca tinha visto Edward tão homem. Entretanto, não durou sua bela paisagem, pois no momento seguinte, apagou.


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Notas finais do capítulo

Bom, aí está mais um capítulo da história.
Quem quiser dar dicas e sugestões, ficarei agradecida.

Beijos, seus lindos!
E obrigada por estarem seguindo minha história! (: