O Filho do Alquimista de Aço escrita por animesfanfic


Capítulo 29
O retorno de Greed e a decisão de Havoc


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo pequenos resquícios do dia prometido começam a surgir e a hora de Havoc tomar uma decisão também.



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 Alphonse levou Edward para casa, apesar de no caminho o alquimista ter destruído um pedaço de sua armadura e depois consertado.

Ed- Não acredito que você me impediu. - Entrando como um furacão no apartamento que alugaram.

Al - Ni-san, tente entender.

Ed - Entender o que, Alphonse? O que é que vocês estão escondendo?

Al - Não é nada. Só quero que você tenha bom senso.

Ed - Está mentindo. Não acredito no que você diz. - Andando de um lado a outro.

Al - Não posso fazer nada se essa é a sua decisão. - Afastou-se e se recostou no chão. Edward se sentou na cama e deu um suspiro firme.

Ed - Alphonse, o que você está me escondendo? - Com um dos braços escorado na perna. O irmão nem se moveu.

Al - Nada. - Fechou os olhos, lentamente. 

Ed - Você insiste em mentir. Tudo bem, não tocarei mais no assunto. Se ela pensa que vou ficar indo atrás, está enganada. Você está vendo que tentei consertar as coisas, ela que não quer nem mesmo conversar. - Saíra em direção ao banheiro, o irmão lhe acompanhou.

Al - E você, não tem nada para me contar sobre tudo isso? - Edward lhe olhou de soslaio. 

Ed - É complicado. - Tirou a camisa. 

Al - Está envolvido com a Winry?

Ed - O que quer dizer? - Estacou no meio do banheiro. 

Al - Você está agindo como se tivesse transado com ela e não está sabendo lidar com as expectativas que criou. - Sentou-se no chão do banheiro. Estava dando a chance do irmão lhe confessar o que fez, mas o segredo parecia bem guardado. 

O alquimista de aço lhe lançou uma feição assustada, mas mentiu. 

Ed - Por que está dizendo essas coisas sem sentido, Alphonse? Ela é nossa amiga de infância. - Al cerrou os olhos para o irmão, que parecia dizer as palavras para si mesmo.

“Talvez se eu provocar um pouco mais, ele conte a verdade”, pensou a armadura.

Al - Ela é nossa amiga de infância, mas também uma mulher muito bonita. 

Ed - Eu sei.

Al - Então, você não tem interesse nela? - Era sua última cartada. 

“Vamos, irmão, me conte a verdade”

Ed - Não. - Falou, seco. - Não devo ter. 

Al - Por quê?

Ed - É errado. - Fechou os olhos, martirizado.

Al - Só se você a magoar. 

Ed - Por que está falando essas coisas sem sentido? - Fitou-o, desconfiado.

Al - Estou lhe sondando para saber se posso me aproximar dela, sabe, como homem? - Inventou a desculpa com o propósito de evitar que o irmão raciocinasse demais sobre tudo e concluísse sozinho que tinha gerado um filho com a amiga.

Ed - O quê? - Falou com alguns tons acima do normal. - Está louco?

Al - Já que acha errado se envolver com ela, estou com o caminho livre. Eu não acho e vou investir.

Ed - Alphonse, não faça isso. - Sofria ao pensar na possibilidade de se envolverem com a mesma garota. - Não se deixe levar por uma maldita atração. - Parecia dizer as palavras para si mesmo. - Não estrague a relação de vocês por isso. 

De um jeito ou de outro, Alphonse conseguiu arrancar do irmão alguma fagulha da verdade. O alquimista estava se torturando por se envolver com a amiga de infância, acreditando ter estragado uma relação de amizade. Até que ponto Edward estava certo, o irmão não sabia. Afinal, pensar em Winry como uma mulher era assustador e errado para Alphonse. Eles cresceram juntos, eram como irmãos. Conseguia entender a culpa que o irmão sentia.

Al - As coisas certas podem vir por caminhos tortos, às vezes só precisamos aceitar.

Ed - O que começa errado, só pode acabar errado. - Viu Edward tirar o restante da roupa com pressa e rispidez.

Al- Você acabou de tomar banho na casa da Pinako.

Ed- Estou estressado. - Ligou o chuveiro e entrou no banho novamente. 

Alphonse observou o corpo do irmão. Ele já era um homem feito agora, estava alto, com músculos fortes e com as partes baixas tão satisfatórias como ele gostaria de ter assim que recuperasse o seu corpo. 

Al - Como será que vai ser meu corpo como homem? 

Edward o observou por alguns segundos. 

Ed - Será maior que eu, tenha paciência. - Falou-lhe ternamente, deixando a água cair em seu rosto.

Al- Essa é uma das sensações que mais sonho em ter. - Edward o fitou de canto de olho.

Ed- Eu sei. - Ficaram pouco mais de um minuto em silêncio.

Al- Como é a sensação de fazer sexo com uma mulher? - Edward sabia que esses questionamentos mais cedo ou mais tarde acometeriam o irmão. 

Saiu do banho e enrolou a toalha na cintura.

Ed - Muito prazeroso e instintivo.

Al - Como vou saber se sou bom nisso?

Ed - O corpo da mulher vai te dizer, seja atento e apenas não tenha medo. - Olhou para o teto, distraído. Secava com outra toalha os cabelos molhados. - E seja gentil para não machucar.

Al - E o prazer que se sente é tudo o que sempre nos disseram?

Edward deu um longo arfar, parecia relembrar algo.

Ed - Maior do que falam e muito difícil de controlar.

Um misto de curiosidade e vergonha se instalou em Alphonse. Sabia que o irmão relembrou algo com Winry, o que lhe fez ficar sem graça, mas ao mesmo tempo, nunca teve uma conversa como aquela sobre sexo com o irmão. Edward já havia tocado no assunto, mas ele se esquivava sempre.

Ed- Está interessado em alguma garota? - Falou, malicioso, enquanto terminava de fechar a calça e o cinto.

Al- Não! - Ficou sem graça. 

Ed - Você não está totalmente impossibilitado de sentir as coisas, sabe disso. - Colocou a camisa.

Al - Não vamos começar com isso de novo. - Levantou-se do chão. 

Ed - Al, se está curioso em sentir, permita-se viver essa experiência no campo mental. - Abaixou-se para colocar os coturnos.

Al - Não quero que seja dessa forma. Já lhe falei isso. 

Ed - Eu vou te respeitar, mas quando não aguentar mais, avise-me que eu entro em contato com aquela mulher… 

Al - Não! - Falou, exasperado. - Não quero que ela entre na minha mente para me fazer ter um orgasmo. Vou esperar a pessoa certa quando eu tiver meu corpo de carne e osso.

Ed - Tudo bem, não vou mais insistir. - Levantou-se ao terminar de calçar os sapatos. Caminhou até o quarto, onde viu seu irmão voltar a se sentar no chão, sabia que estava chateado. - Alphonse, me desculpe. - Indo na direção do irmão. - Só queria que a armadura não fosse um impeditivo para você ter as sensações que deseja.

Al- Eu estou nessa armadura, não posso fazer nada além de imaginar o que vou comer, a água tocar minha pele, beijar e fazer sexo com alguém. Fingir no campo mental que posso fazer tudo é apenas me enganar sobre a realidade.

Ed- A gente vai recuperar seu corpo, é só questão de tempo. Logo poderá realizar todas essas experiências.

Al- Até quando? A vida está passando, as pessoas vão criando vínculos. Até mesmo você!

Ed- Eu? - Franziu o cenho. - Não criei vínculo com ninguém além de você, Alphonse.

Al- Cedo ou tarde você vai se apaixonar e constituir uma família. E como eu ficarei? Sabe, isso tudo é uma aventura porque estamos juntos, mas isso uma hora vai acabar. Uma hora o nosso tempo irá acabar, Ni-san. E se não conseguirmos até lá...

Ed- Cala a boca! - Levantou-se e andou de um lado a outro do quarto. - Isso não vai acontecer, você ouviu? - Apontando o dedo para o irmão, aproximou-se. - Nós juramos, esqueceu? Juramos! - Fincando os olhos na armadura.

Al- Eu sei que juramos. Tudo vai acabar bem, eu sei. - Abaixou os olhos, duvidando pela primeira vez que tudo aquilo fosse dar certo.

Ed- Agora vamos focar no motivo que nos trouxe até aqui. - Levantou novamente e começou a tirar as coisas da mala. - Preciso achar alguém que arrume meu automail.

A notícia da gravidez de Winry havia sido dolorosa para Alphonse. Via o irmão em sua plena capacidade para construir e seguir em frente com sua vida, enquanto ele estava entrevado entre o céu e o inferno.

"Às vezes, pergunto-me se talvez não tivesse sido melhor eu nunca ter voltado", pensou Alphonse, enquanto olhava o irmão arrumando as coisas.

Bateram na porta e Alphonse fez inclinação para se levantar, mas Edward lhe deu um sinal com a mão.

Ed- Deixa que eu atendo. - Abriu a porta e avistou Marco-san. - Doutor? Como descobriu que estávamos aqui? - Al levantou o cenho.

Marcoh - Posso entrar?

Ed- Claro. - Olhando para o corredor do prédio, enquanto dava passagem ao homem.

Marcoh- A coisa está ficando perigosa. - Olhou o canto do local, onde estava a armadura. - Olá, Alphonse.

Al- Marcoh-san. - Dando uma reverência breve.

Ed- Como assim? - Olhando-o atento. Fechou a porta.

Marcoh- Eu estava com Scar. - Olhando a janela do quarto.

Ed- Scar? Mas ele não estava em Briggs, no norte do país?

Marcoh- Voltamos de lá, mas no caminho fomos surpreendidos por uma emboscada. Não tenho dúvidas que foi coisa do exército de Bradley.

Al- Tinham quantos de vocês?

Marcoh- Eu, Scar, Ling junto com sua discípula Lan fan e as quimeras Heinkel e Darius.

Al- E a menina estrangeira, a May?

Marcoh- Ela se perdeu junto com Greed faz meses. - Olhou-o confuso.

Al- Ela se perdeu? - Inclinou a cabeça, falando com um tom de voz exaltado. Edward o olhou de relance, imaginando ser May a garota que ele queria esperar para ter sua primeira vez.

Ed- Mas o Greed não está mais com vocês? - Perder a aliança de Greed naquela altura do campeonato parecia problemático.

Marcoh- Não, achei que já sabiam disso. Ele não é mais nosso parceiro. Resolveu se rebelar. Lan fan perdeu um braço na luta para impedi-lo.

Al- Meu deus. - Abaixou a cabeça, perplexo.

Marcoh- Está tudo bem com a garota. Nós viemos consertar seu automail com Paninya, mas ela não está aqui.

Ed- Como assim ela já está consertando o automail? - Chocado com a revelação.

Marcoh- A menina não quis se afastar de Ling e decidiu ligar os equipamentos antes de um ano.

Ed- Mas isso é impossível! - Totalmente chocado.

Marcoh- Todos achavam, mas ela realmente tinha uma elasticidade grande e seu corpo se adaptou rapidamente aos equipamentos. E agora já está vindo consertá-lo.

Al- Ela já o usa em guerras?

Marcoh- Ainda está em etapa de readaptação. Se puxar mais de 90 kg no braço não aguenta o impacto.

Ed- Essa garota é completamente louca.

Al- Marcoh, e May? Ela está viva, o senhor sabe?

Marcoh - Não sei lhe dizer. A última vez que a vimos estava com Greed, em Briggs, mas duvido que tenha saído viva daquilo. Foi na época em que ele nos abandonou e o exército nos colocou em uma emboscada. Duvido que no frio excessivo tenha sobrevivido. Lamento.

Alphonse levantara e saíra em silêncio.

Ed- Alphonse! 

Marcoh - Deixe, meu filho. Ele está chateado.

Ed- É, está acontecendo muita coisa ao mesmo tempo. - Pensou na guerra do oeste, em Winry e tudo que sucedeu. - Mas o que o senhor veio fazer aqui, afinal?

Marcoh - Viemos consertar o automail de Lan fan, mas a menina que arruma não está. Passamos no Pinako’s Automails, mas está fechado. - Ed cerrou rapidamente os olhos.

Marcoh - Você sabe onde está a protética que cuida do seu automail? Lá ela não está.

Ed- Não sei dela. - Desviou os olhos. - Por que vocês foram justo atrás da Winry? 

Marcoh - Porque foi ela quem nos orientou por carta como cuidaríamos de La Fan naquele frio de Briggs. Se não fosse Winry, eu nem sei o que seria.

O silêncio pairou por alguns segundos.

Marcoh - O seu automail também está ruim. - Olhou rapidamente o braço do rapaz sobre a camisa branca.

Ed- Estamos em Rush Valley, aqui tem os melhores protéticos do país. Vou procurar um daqui a pouco, chame La Fan e Scar.

Marcoh - Pegaram Scar nesta emboscada. - Edward estacou no chão na mesma hora.

Ed- O quê? 

Marcoh - Foi tão rápido que não consigo lhe precisar como tudo ocorreu, mas foram os homunculus. 

Ed - Bradley e seu maldito exército de homunculus. - Fechou o cenho, sentindo um calafrio lhe percorrer a espinha. Já haviam perdido dois aliados poderosos sem nem mesmo iniciar o confronto.

Marcoh - Não tenho dúvidas que a cúpula do exército está junto com os homunculus. 

Ed - Eu sei. 

Marcoh - Está chegando a hora. - Edward voltou a andar, nervoso.

Ed- As coisas estão piorando muito rapidamente.

Marcoh - Foi aquela mulher de cabelos longos, Lust.

Ed- Ela disse alguma coisa?

Marcoh - Falou que o dia prometido estava chegando.

Ed- O dia prometido... - Colocara a dedo indicador horizontalmente sobre os lábios e andou de um lado a outro da quarto. Algo lhe dizia que seria um dia que jamais esqueceria. - Você sabe algo sobre?

Marcoh - Minhas pesquisas para a Central só foram até a página dois, garoto. Eu apenas consigo dizer que eles queriam criar quimeras humanas e corpos vazios de alma.

Ed- É melhor nos reunirmos com Roy Mustang na Central para nos organizarmos.

Marcoh - Não posso perder tempo.

Ed- É feriado na Central, aqui também está tendo um festival, há várias ruas interditadas… - Confabulou consigo mesmo, tentando juntar as informações.

Marcoh- Temo que eles resolvam agir por esses dias.

Ed- O feriado não dura mais que quatro dias.

Marcoh- Escolheram justamente esse momento para causar mais estragos.

Ed- Sim. - Andava mais rápido que antes.

De repente ouviram um estrondo e um tremor atacar o prédio.

Marcoh - São eles! - Abaixou-se.

Edward correu até a janela e viu um trecho da cidade pegando fogo.

Ed- Droga, eles estão bombardeando justamente o festival. Querem matar pessoas! - Subiu a visão para o alto de um prédio e viu Greed rindo de cima do local.

Ed- Greed. - Cerrou os olhos.

Marcoh- Ele está junto?

Ed- Sim. Vamos sair daqui! - Saiu rapidamente, deixando sua mala e roupas perdidas no quarto. - Preciso encontrar o Al.

Marcoh- Vamos para a recepção!

Chegaram ao local e avistaram Alphonse coberto de escombros.

Ed- Alphonse! Você está bem? - Os dois tiraram os escombros de cima da armadura.

Al- Estou bem. - Dando uma mexida para tirar a sujeira.

Ed- Greed está aqui, precisamos sair rápido!

Al- Conheço uma saída ao norte.

Todos correram.

Ed- Marcoh, onde vocês estão alojados?

Marcoh - Em um esconderijo perto do festival, não sei se eles estão mais aqui.

Ed- Vamos tentar chegar até lá.

Al- Será que Winry está bem, Ni-san?

Ed- Espero que esteja, Alphonse. - Falavam, enquanto corriam.

Al- Vamos passar no hospital. Acho que ela está lá.

Ed- Winry está doente? É isso que vocês me escondem?

Al- É melhor você ver com os próprios olhos. - Ed o olhou com desconfiança.

Ed- Eu sabia que tinha algo acontecendo.

Eles chegaram na divisão entre o hospital e o festival.

Marcoh - Eu vou atrás dos outros, encontro vocês em dez minutos na frente do hospital. Ambos assentiram.

Ed- Quero saber o que está acontecendo, Alphonse. - Enquanto corriam ao hospital.

Al- Não é hora para falarmos disso.

Quando quase chegavam, deram de cara com Roy Mustang, Havoc, Riza e as quimeras.

Ed- Riza?! - Falou, estarrecido, parando de correr. - O que diabos está acontecendo aqui? - Colocou as mãos no joelho, recuperando o fôlego.

Riza - Edward, confie em mim. Sou eu, a Primeira Tenente. Não é hora para explicar nada. 

Edward olhou chocado para Mustang. 

Ed - Coronel? - Ele assentiu. 

Roy - Não é hora para explicações. Confie em nós. 

Ed - Como isso está acontecendo? - Esfregou os olhos. 

Al - Tenente, achei que a senhorita tinha… - Não terminou de concluir a fala. 

Riza - Precisei fazer isso para me proteger, entendam. 

Ed - Mas como? - Ainda estava chocado. 

Havoc - Deixem as fofocas para depois! 

Uma bomba caiu perto deles, fazendo-os se abaixarem em um reflexo. 

Riza - Por aqui, por favor! - Gritou para todos lhe seguirem. Adentraram um beco escuro até Edward conseguir visualizar uma porta de ferro, tão pesada que Havoc e as quimeras ajudaram a abrí-la. - Entrem, rápido!

Edward ainda estava incrédulo de ver e ouvir Riza Hawkeye na sua frente. Há muitos meses acreditava estar morta.

Ed - Preciso de explicações, Coronel. - Falou, assim que lacraram a porta atrás de si. 

Roy arfou, escorando o corpo cansado na parede. Viu todos andarem para longe deles.

Roy- Eu sei do dia prometido.

Ed - Como? 

Roy - Tenho meus informantes. - Deu de ombros.  - Apenas dei um jeito de repassar o recado a Riza e Havoc.

Ed - E Riza? - Olhou-a de longe, afagando Havoc e as quimeras.

Roy - É uma história muito complicada. - Olhou-a de soslaio.

Ed - Sabia desde o início e enganou a todos? 

Roy - Eu não sabia, descobri há pouco tempo. 

Ed - E a Central? 

Roy - Ninguém sabe sobre ela, estava se disfarçando como Elisa, secretária do Kill. 

Ed - Elisa? - Fitou novamente Riza, ambas não eram semelhantes. - Como isso é possível? São pessoas diferentes. 

Roy - Alquimia das boas, Do Aço. 

Ed - Esse tipo de trabalho na alquimia é proibido, Coronel. Como ela conseguiu? 

Roy respirou fundo, parecia impaciente, temeroso e com pouca propensão a contar a história. 

Roy - Vou lhe falar somente uma vez, escute com atenção. - Puxou-o para mais perto da porta, em um vão tão escuro que mal podia distinguir o rosto do homem. - Riza viu o portal, viu a verdade. 

Edward estancou a respiração, nervoso. 

“Puta que pariu!”, pensou ele, virando seu olhar para a loira. 

Roy - Ela sofreu muito, mas ao mesmo tempo, descobriu mistérios sobre a guerra, sobre a alquimia e o proibido, Edward. 

Ed - Como ela está aqui de novo, Roy Mustang? - Temia ouvir que ela havia sacrificado algo para estar viva. 

Roy - Pride a pegou, o primeiro homunculus. 

Ed - Pride?

Roy - O primeiro homunculus gerado. Ele é uma espécie de sombra que se esgueira pela penumbra. Onde há luz, ele pode aparecer. Estamos bem aqui no escuro, posso lhe contar isso em segurança.

Ed - Por que ela viu tudo isso? Por que Riza? 

Roy - Porque ela descobriu o principal segredo de Bradley. - Ouviu Roy respirar fundo. - Selim é um homunculus, Edward. Selim é Pride. 

Ed - Porra! - Colocou as mãos na cabeça, chocado. - Meu deus, uma criança. 

Roy - Riza foi poupada até não conseguir mais me enganar. Quando isso aconteceu, foi sugada para dentro do mundo de Pride e lá viu muita coisa. Ela soube do dia prometido, do que farão e quem usarão para isso. Como ela também seria necessária, não podia morrer até hoje, por isso fez um acordo com Pride para conseguir manter todos próximos e sem causar confusões até serem usados como cobaias. Em troca, ela pediu para viver esse pequeno período como humana. 

Edward colocou as mãos nos lábios, tentando segurar a ânsia de vômito que se lançava sobre ele. Sua cabeça girava, parecia que ia desmaiar com todas aquelas informações. 

Roy - E tem mais uma coisa. - Saiu da escuridão, revelando seu olhar tomado de ódio.  Deu alguns passos a frente, deixando Edward sem entender porque ele ficou próximo a luz novamente. - Lee Clarsters, a bibliotecária da Central, foi quem revelou para a cúpula do exército sobre a pesquisa de Maes Hughes. Ela também era um homunculus. Ela o matou. 

Edward escorou-se na parede atrás de si, eram muitas revelações seguidas. 

Roy - E eu a matei. 

Ed - Puta merda, Mustang. - Passou as mãos no cabelo, exasperado. 

Roy - São essas as notícias da Central, Fullmetal. - Suavizou a expressão, dando-lhe um sorriso. 

Edward estava incrédulo, enojado, chocado. Hughes havia entendido a situação antes de todos e eliminado para evitar que os planos fossem atrapalhados. 

Ed - Quem mais sabe sobre isso? - Olhou todos a frente, sentados sobre madeiras, iluminados por pequenas lamparinas. 

Roy - Eu, você e Havoc. 

Ed - Porra. - Escorou a cabeça na parede. Que bomba havia sido aquela notícia.

Roy o olhou novamente, adentrando a penumbra. 

Roy - Você… - Parou de falar, parecia titubear no que queria dizer. - Você está namorando alguém? 

Ed - O quê? - Questionou, não entendendo aquela abordagem íntima de repente. - Por que de repente você quer saber da minha vida pessoal?

Roy - Está transando com alguém, ao menos? 

Ed - Não lhe devo satisfações. 

Roy - É importante, Fullmetal. Me responda! 

Ed - Tem alguma coisa a mais que não me contou? 

Roy - É importante. Eu vou te falar assim que me responder essa pergunta. Está transando com alguém neste último ano?

Ed - Não estou. - Estranhando o rumo daquela conversa absurda. 

Roy - Ninguém mesmo? Nem uma única noite com uma mulher? Nada? 

Ed - Ninguém! Eu estava na guerra, esqueceu? - Respondeu, irritado, mas mentiu. Havia estado com Winry ao menos duas vezes naquele ano. Isso lhe fez pensar há quanto tempo não fazia sexo com ninguém.

Roy - Nem nos dias de descanso da guerra? Com aquelas prostitutas? Ou com as moças virgens que se oferecem como troca para não continuarmos atacando?

Ed - Está louco? Claro que não! 

Roy - Certo. - Respirou, aliviado. 

Ed - Por que está me perguntando isso? 

Roy - Apenas me certificando se meus soldados estão apaixonados ou têm família para cuidar, isso muda a desenvoltura na guerra. 

Ed- Só ouvi asneiras. - O moreno deu de ombro, voltando a andar  na direção de todos.

Al - Ni-san! - Edward saiu de seus pensamentos frenéticos quando o irmão o chamou. Olhou Riza e Roy sussurarem um para o outro algo impossível de ouvir àquela distância.

Aproximou-se de todos e se deu conta que havia esquecido de Marcoh. Combinaram há dez minutos na frente do hospital, mas não conseguiu verificar se Winry estava lá, nem ao menos encontrar Marcoh de novo.

Al- Por que vocês não estão com o Dr. Marcoh? - Dirigindo seu olhar para as duas quimeras, parecendo ler o pensamento do irmão.

Darius- Nos perdemos de Lan Fan e Ling, mas encontramos Roy, Riza e Havoc.

Ed- Como você sabia que os primeiros ataques seriam aqui em Rush Valley, Coronel? - Fitou-o, sem cerimônias. 

Roy - Alguém me informou. - Levantou a sobrancelhas, parecendo indicar algo óbvio. 

Havoc- Ele me avisou e eu saí da Central e vim para cá.

Ed - Então a viagem de todos era mentira? - Por um momento ficou irritado. Se Roy sabia, podia tê-lo avisado para evitar que pessoas conhecidas sofressem com os ataques.

Roy - Parcialmente.

Ed- Poderia ter me dito, Coronel. Têm pessoas importantes para mim aqui. 

Roy - Não se preocupe, eu avisaria se fosse um risco. 

Edward o olhou sem entender, Mustang era cuidadoso e prestativo, mas às vezes parecia frio e ganancioso. Era difícil entendê-lo.

Ed - Não importa. - Arfou, cansado. - Eu vi o Greed. Ele está coordenando os ataques, ao menos aqui em Rush Valley.

Roy- As quimeras me contaram que ele está como inimigo novamente.

Heinkel- A coisa foi complexa em Briggs. Ele está irredutível!

Roy- Achamos que só existe uma pessoa que pode fazê-lo mudar de ideia.

Ed- Quem? 

Riza- Ellen. - Havoc dera um arfar, desgostoso.

Ed- A secretária do Kill Liberton? Por que ela?

Roy- Ele gosta bastante de Ellen.

Ed- Por qual razão?

Darius- Ellen é a reencarnação de sua mulher, segundo o próprio Greed.

Ed- Reencarnação? - Virou para Darius, chocado. - Agora estamos falando sobre religião? - Não estava acreditando que a situação havia chegado naquele ponto.

Riza- Não, Edward. - Reprimiu-o. - Existe uma reencarnação homunculus que está relacionada a cada um de nós.

Ed- Eu achei que fossem poucos da espécie deles, Tenente.

Riza- Também achávamos isso, mas não existem apenas esses que conhecemos. Há muito mais deles espalhados por aí, e na guerra, podem aparecer. - Recarregou a arma, enquanto explicava.

Ed- Então o inimigo é uma raça de homunculus?

Havoc- Não, nós podemos convertê-los para o nosso lado e daí teremos uma raça inteira a nosso favor.

Heinkel- Mas para isso precisamos chegar à pedra filosofal de cada um.

Al- E como vamos fazer isso?

Heinkel- Teremos que persuadir um deles a ficar a nosso favor. No caso, o Greed. O mais propenso a nos ajudar. Depois o próprio terá que pedir a ajuda dos outros.

Ed- Isso vai demorar tempo demais. - O irmão virou para Alphonse. - Pegue Winry e Pinako, leve para algum lugar mais seguro.

Percebeu Roy estreitar os olhos para ele quando tocou o nome de Winry. Talvez percebeu que havia mentido sobre envolvimentos amorosos.

Al- Aonde nos encontramos?

Darius - Scar tem um esconderijo aqui em Rush Valley, será um bom lugar. Vou te explicar onde fica. - Aproximou-se do irmão Elric e lhe passou as coordenadas no mapa, que estava dobrado em uma pequena folha de papel em seu bolso.

Al- E se estiver bombardeado o local? - Olhou para todos.

Roy - Nos procure perto do hospital, caso o esconderijo esteja destruído.

Al- Boa sorte, pessoal! -Todos agradeceram.

Heinkel- Edward, vamos fazer o seguinte: eu e você vamos atrás do Greed, enquanto Havoc, Roy e Riza vão atrás de Ellen. Edward assentiu.

Roy- Do Aço, nos vemos no esconderijo.

Ed- Certo. - Despediram-se e se separaram.

Roy- Tudo bem, vamos resolver isso logo de uma vez. - Falou, assim que os três estavam sobre o ar livre das ruas de Rush Valley.

Havoc- Se a Ellen não se safar dessa, mato você.

Roy- Eu sei, mas antes mate a Riza, a função dela é me proteger. - Havoc arfou com a tentativa de Roy de deixar o ambiente mais leve. 

Havoc- Ela está aqui, vou lá e a trago. - Os dois assentiram, adentrando a varanda do que antes deveria ser um bar. Havoc atravessou a rua e adentrou o prédio a frente.

Roy- Tenente?

Riza- Sim, Coronel.

Roy- Estamos começando mais uma série de mortes. Pronta? - A mulher cerrou os olhos.

Riza- Pronta. - Ele a olhou poucos segundos e se voltou vigiando os arredores.

Riza- Coronel?

Roy- Sim. - O homem virou para atender ao pedido.

Riza- Perguntou ao Fullmetal sobre uma possível criança?

Roy- Do meu jeito, sim. Ele negou que tenha se envolvido com alguém.

Riza- Mas e aquela garota que ele protege, Winry?

Roy- Eu sei, talvez ele tenha mentido. Afinal, por qual razão ele tem que explicar para o seu superior com quem ele transou no último ano? - Arfou, descontente com o rumo das coisas. - Tem certeza que Pride te mostrou a necessidade de uma criança Elric?

Riza - Tenho, Coronel. - Olhou para os lados, vigilante. Carregou a arma e trocando a posição com ele. O homem sentou-se.

Roy- Espero que consiga convencer ela. - Abaixou o cenho, referindo-se à Ellen e Havoc. - Forçá-la não será bonito de ver.

Riza- Ellen não é o tipo de mulher que recusa um desafio. - Ainda olhava os lados. - Tenho plena certeza que aceitará.

Roy - Eu sei disso. - Deu um meio sorriso amargo, lembrando que já havia deitado com aquela mulher e Riza não fazia ideia. Deveria contar um dia ou simplesmente não importava o passado?

Riza - Sei o que está pensando. - O homem levantou o olhar para ela. - Não se preocupe comigo, não temos nada um com o outro. Com quem você se deita não me diz respeito. 

Roy - Riza, me perdoe. - Passou a mão pelo cabelo. - Eu achei que estava morta, só me deixei levar por um momento. 

Riza - Você não me deve explicações. 

Roy - Mas nós nos beijamos antes de você ser levada por Pride, Riza. 

Riza - Apenas isso. Não firmamos nenhum contrato de casamento para você achar que me traiu. 

Roy arfou, cansado. Sabia que era chata a situação, principalmente porque Riza conhecia e era amiga de Ellen. A garota ainda não sabia sobre Riza estar viva também, provavelmente vai ser um choque para ambas quando se virem.

[Dentro da casa]

Havoc- Hey, garota. -Dera um oi, enquanto ela virou para abraçá-lo.

Ellen- Finalmente você voltou! Estava quase tendo um troço. Você ouviu o estrondo? Fiquei em choque! Está machucado? - Apertou o homem por todos os lados.

Havoc- Estou bem, estou bem. Escute, preciso conversar com você. Senta aqui. - Segurando as mãos dela. Isso era totalmente anormal, já que o homem nunca segurava-as porque acreditava ser algo clichê demais para se fazer.

Ellen - O que houve? Alguém morreu? Nossos pais estão bem?

Havoc- Sim, estão muito longe disso tudo. Ninguém morreu ainda.

Ellen- Credo, você fala de um jeito como se todos fossemos morrer.

Havoc- É mais ou menos por aí.

Ellen- O que você está falando? - Inclinando a cabeça para frente, nervosa. - Tudo bem que estamos em maus lençóis, mas não podemos ser tão pessimistas.

Havoc- Preciso que veja Greed pra mim. - Fechou os olhos ao dizer.

Ellen- Aquele psicopata?

Havoc - Ele mesmo. - Fechou o cenho e esfregou as mãos incomodado.

Ellen - Por quê? - Ainda confusa. - Por que  eu ficaria de cara com a morte certa? - Colocou as mãos na cabeça, bagunçando os cabelos, perdida nos próprios pensamentos. Levantou, tentando controlar seus poucos nervos.

Havoc- Estão todos lá fora esperando, precisamos ir.

Ellen- Todos quem? Isso é completamente incompreensível! O que você está tentando? O que aquele monstro tem a ver com isso? - Bateu o pé, nervosa.

Havoc- Você sabe que o Greed é um homunculus. Ele estava ao nosso lado por um tempo longo, sei que lembra disso. Mas faz oito meses que ele desfez a aliança e voltou a segui-los.

Ellen- Sempre o achei desequilibrado para manter uma posição, isso não é novidade. - Com as mãos na cintura, a moça esperava uma boa explicação.

Havoc- Só que dessa vez você vai fazer ele manter a posição.

Ellen - Eu? - Cruzou os braços, confusa.

Havoc- Existe uma coisa no mundo dos homunculus que se chama reencarnação. E digamos que você era a mulher dele na outra vida.

Ellen - Isso é loucura! - Falou, depois de uma longa risada.

Havoc- Eu sei, mas o nosso mundo não está nada normal. Isto não é brincadeira, Ellen! - Foi em direção a ela, aflito.

Ellen- Vocês querem que eu convença Greed a ficar ao lado de vocês porque eu sou a reencarnação da esposa dele? - Apontou para si como se aquilo fosse a maior loucura que já ouviu. Deu outra risada, não acreditando no que o irmão dizia.

Havoc- É isso. - Abaixou o cenho, triste com a constatação.

Ellen - Você está brincando, não é? - Olhou-o, desfazendo o sorriso. O homem negou com a cabeça, sua expressão estava caída.

Era mesmo verdade.

Ellen - Havoc! - Fitou-o, finalmente, com o apavoro que deveria estar desde o início.

Ele a encarou por alguns segundos, pesaroso. Pequenas lágrimas começavam a cair pela face da garota.

Ellen- Meu deus! - Buscou ar para os pulmões.

Havoc - Eu não tive alternativa, quando Roy me disse, eu quase avancei nele. Era a última das hipóteses, mas acreditamos que pode dar certo, Ellen!

Ellen - Você sabe! - Com os olhos arregalados. - Isso é praticamente uma sentença de morte!

Uma lágrima discreta caíra do olho do rapaz. Ellen impressionou-se, nunca o viu nem mesmo mostrar muita emoção.

Ellen- Você está chorando por mim? - Sentou-se de frente para ele  e após levantar o rosto do homem, deu-lhe um beijo singelo.

Havoc- Sinto muito, mas essa é a única forma de termos alguma chance. Eu realmente sinto muito, quero que saiba disso.

Ellen- Eu sei. Amo muito você. - Deu-lhe um beijo apaixonado, misturando seus lábios às lágrimas que surgiam de ambos. - Não estou com medo, tudo bem? Medo terei quando formarmos uma família. - Deu uma risada. - Nosso filho tem chances de sair defeituoso, sabe?

Havoc- Sua boba! - Envolveu-a em seus braços. - Amo você. 

Ellen- Eu sei. - Deu um sorriso e levantou, sacudindo-se. - Agora vamos. Tenho que seduzir um homem maluco. 

Riza e Roy avistaram que os dois vinham juntos, mas Ellen permanecia na frente.

Riza- Eu disse que Ellen é uma mulher de desafios. - Abaixou a arma.

Os dois chegaram ao lado dos militares segundos depois.

Ellen - Riza?! - Disse, chocada. - Você está viva? Como assim? - Colocou a mão na cabeça e lhe abraçou, estarrecida. - O que diabos está acontecendo no dia de hoje? 

Riza olhou com uma cara de poucos amigos para Havoc por não tê-la explicado a situação antes de vê-la pessoalmente. 

Havoc - Desculpe, eu esqueci de contar essa parte. 

Ellen se desvencilhou da loira e se deu conta que havia se envolvido com Roy. Olhou-lhe rapidamente, confusa. Sabia que Roy gostava de Riza, porque ele ficou destruído quando soube que Hawkeye havia morrido. Um sentimento que ia muito além de coleguismo.

Ellen - Certo, há muitas coisas para esclarecermos. - Olhou Havoc, que lhe deu um sorriso sem graça. 

“Ok, preciso sair dessa situação constrangedora”, pensou ela, lançando sua arma mais poderosa: o humor.

Ellen- Havoc me contou que vocês estão querendo me matar. - Roy sempre admirou o humor da garota.

Roy- Hora de visitar o senhor, Ellen. - Os dois deram uma leve risada.

Havoc- Vamos, o tempo está virando. Nada bom, Roy.

Todos saíram correndo para encontrar Edward no local combinado.


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Notas finais do capítulo

Está aí pessoal, estão gostando? O dia prometido está chegando!



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