O Filho do Alquimista de Aço escrita por animesfanfic


Capítulo 26
A reencarnação do marido de Lust


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo Lust revela o próximo passo de Dante e a verdade sobre o seu passado como humana e como isso envolve Coronel Roy Mustang.

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/157159/chapter/26

Quando o fim do expediente chegara na sexta-feira, metade do Quartel pedira licença do trabalho. No dia seguinte seria feriado na cidade em comemoração aos 240 anos do local e haveria festivais para comemorar na própria Central, em Leaven e Rush Valley.
O moreno permanecia sozinho em seu escritório, dando as últimas incríveis adiantadas em seu serviço. Já confabulava em sua mente o feriado: iria até a casa de seus avós, na serra. Aproveitaria para prolongar sua ida e descansar.
Não vira Riza desde que descobrira toda a verdade, mas permaneceria quieto. Deixaria as coisas fluírem naturalmente. Mexer-se era desgastante depois de tudo. Havia muitas coisas para pensar.
Tons alaranjados invadiam sua sala. Tudo parecia tranquilo até as janelas serem abertas por uma rajada de vento extremamente repentina e forte. Roy se levantara em um rompante.

“Mas o que foi isto?”

O silêncio permaneceu por alguns segundos. Só ouvia a própria respiração. Aproximou-se devagar do parapeito da janela para verificar. Respirou novamente. Não havia absolutamente nada. Virou-se aliviado. Quando abriu os olhos avistou a suntuosa mulher sentada em seu sofá, elegantemente. Roy a olhara sem expressão.

Roy – Que forma elegante de aparecer. – Não sentia ameaça em Lust.

Lust- Obrigada. – Cruzando a perna para o outro lado. O homem sentara em sua mesa, dando um longo suspiro cansado. – Recebeu meus bilhetes?

Roy- Eram seus, afinal? – Fazendo-se de desentendido. Lust arfara, dando um sorriso.

Lust- Vim conversar.

Roy – Achei que tivesse vindo para matar. – Colocando o dedo indicador como alicerce para seu rosto.

Lust- É um aviso. Não haverá outra chance. – Arqueando as duas sobrancelhas.

Roy – Você vem até aqui para me fazer avisos. Por favor. – Já começava a perder a paciência. Aquela mulher o irritava. Muito soberba para seu bom gosto.

Lust- Não vai durar muito agindo assim. – O moreno revirara os olhos.

“Egocêntrica essa mulher.”

Não gostava dela, já havia pensado nisso. Pensava mais uma vez.

Roy- Realmente não sei do que está falando. – Franzindo o cenho. Não tinha mais paciência.

Lust – Logicamente. – Descruzando os braços. Se pôs a caminhar de forma gradativa.

Roy- Não tenho paciência para seus joguinhos. O que quer?

“Muita insolência dessa mulher.”

Pensava mais uma vez como ela o incomodava.

Lust- Ora ora, quanta aspereza. Nenhuma dama espera ser tratada assim.

Roy- Não estou vendo nenhuma.

A sedutora mulher modificara milímetros sua expressão, Coronel Roy Mustang reparara, por mais leve que havia sido. A mesma fingira não ter sido afetada pelo ‘’insulto’’ e o homem fingiu não ter percebido seu pequeno gesto.

Lust- Vejo que está com presa.

Roy- Toda.

A morena dos longos cachos vagarosamente se deslocara, como pluma, até sentar-se ao lado do, já impaciente, Roy. Puxara uma cadeira sem fazer qualquer barulho.
“Ela é silenciosa. Até demais.”

De perto a morena era ainda mais bonita. O alquimista não podia negar: era deslumbrante. Uma perfeita afrodíte com seus cachos negros e o sinuoso corpo. Curvas e mais curvas. Pelo homem, antigo, que ainda habitava em seu espírito, não podia negar o magnetismo da mulher. Sentiam-se atraídos um pelo outro.

Lust- Vou ser direta, como gosta. - Roy apenas a olhara.

Lust- Dante planeja abrir o portal outra vez.

Todos os pensamentos desmoronaram como barro seco. Aparentava que possuía um encanto ao andar. Roy parecia ter sido enredado em uma aura de ideias a respeito da mulher. Nunca pensara assim dela. Talvez o tivesse manipulando. Seria possível? Chocou-se quando saiu de seus devaneios e processara o que ela havia acabado de lhe contar. Ficara furioso.

Roy- Do que é que você está falando? – Sem paciência para ouvir a mesma história de sempre.

Lust- Isto que ouviu. Dante pretende abrir o portal de novo. Não irá poupar esforços. -Levantando uma sobrancelha.

Roy- Por que devo acreditar em suas palavras? Você está mentindo.

Lust- Não acredite se quiser. – Levantara rapidamente.

Roy- E se for mesmo verdade o que diz. Para quê ela quer isso?

Lust- Para um homem tão bonito, tem pouca imaginação. - Repousando de leve seu cabelo atrás da orelha.

“Isso não poderia ser possível. A mulher está blefando!” Pensava, nervoso.

Roy- Não gosto de deduções. Seja específica.

Lust- Não sou específica. Sou um homunculus. Minha espécie não tem espécie. Sou algo complexo de tão simples. Não queira isso de mim.

Roy ficara sentido pelo que dissera. De uma maneira ou de outra, sempre acabava tratando mal a moça. A única mulher em que ele não conseguia ser um cavalheiro. Talvez seria porque era um inimigo em potencial, já tentara matar ele algumas centenas de vezes. Fora as inúmeras oportunidades que atacara seus amigos próximos. Não havia com que se preocupar: tinha motivos.

Roy- Suponho não esperar mais nada a seu respeito.

Lust- Não vim até aqui para mentir. Você já foi mais esperto, Roy Mustang.

Ele sentia em seu diálogo um ar de leve intimidade. É como se já houvesse vivido aquilo. Estava com uma sensação estranha. Será que ela realmente podia manipular sentimentos?

Roy- Apenas quero lhe fazer uma pergunta. - A mulher, que já se posicionava perto das janelas para sua partida discreta, surpreendeu-se com a indagação.

Lust- Ora, ora. E o Coronel teria alguma curiosidade sobre mim?

Roy aproximou-se em um andar calmo, despercebido. Buscava respostas.

Roy – Você por acaso manipula os sentimentos alheios? Possui esse poder? – A mulher dera um leve sorriso. Roy achara um insulto.

Lust – Está se referindo a nosso magnetismo?

Roy – Como? – Dera um passo para frente, tamanha a surpresa da resposta.

Lust- Então você pode sentir. Interessante. – Voltando a se aproximar do moreno.

Roy- Por que motivo me persegue? Somos inimigos, de qualquer maneira. No entanto, por que sempre está procurando me enfrentar?

Lust- Sua imaginação talvez não seja tão ruim. - Dando um sorriso cansado.

Roy- Responda! Existe ou não esse poder?

Lust- Existe sim. Mas não sou a responsável. – Roy a olhara duvidoso. – E aí você se pergunta: Então de onde está surgindo esse sentimento?

O homem aproximou-se devagar.

Roy- Eu não gosto de você. – Falou pausadamente, com desdém em seus lábios. – Você me incomoda, me irrita!

Lust- Errado. Eu instigo você. – Roy soltara um arfar de deboche junto a um sorriso. Voltara a andar para longe dela. Passara uma das mãos sobre os cabelos. Fios ficaram fora do lugar, como sempre. Iria cortar aquele cabelo, o incomodava.

Roy- Você é muito presunçosa mesmo. – Andava de um lado para o outro.

Lust – Não, este não é o meu defeito. Todas essas características que insiste em me dar, na verdade, são suas. – O homem cada vez ficava mais irritado.

Roy- Muita petulância sua vir até aqui para... – Fora interrompido.

Lust- Você não se lembra de nada então. Só sente.

Roy- Lembrar de que?! – Franzindo o cenho.

Lust- Sou um homunculus, Coronel Mustang, mas já fui humana. Já vivi livre e mortalmente como vocês. Na época em que era viva, eu possuía um amado. Era meu marido, sendo mais específica, como queira. Minha existência podia ser entendida, meu ser era completo. Possuía o mais maravilhoso dos amantes, o mais magnífico dos homens.

Roy- E o que isso tem haver com sua perseguição contra mim? Sim, porque isso é uma perseguição já! – Parara por um instante de andar.

Lust- O marido que eu tinha era você. – Levantara o rosto.

Roy- Que? – Andava sem parar de um lado a outro. – Mas não mesmo! Está louca!

Lust- Segui meu amor em todas as reencarnações. Sua aparência não muda, sempre continua com seu rosto escultural. Meu carma de vida é seguir você, Mustang. Sou sua mulher de encarnação. Meu espírito já era completo quando vivia de forma mortal. Por isso me transformaram em homunculus. O princípio deles rege o complemento espiritual. Almas perturbadas não têm boas passagens, não se tornando bons servos. O Wrath é um exemplo disto.

Roy – Você está blefando! Pare de me confundir, isso não é real. – Andava sem parar, com uma das mãos na cabeça.

Lust – Lamento por você, mas é a verdade.

Roy- Ah, é mesmo? – Irônico. Parara de andar. - Isso significa que quando eu morrer, você vai retornar a seguir minha reencarnação? – Sugestivamente maldoso.

Lust- Sim, seguiria se fosse preciso, mas já não posso continuar. Não tenho mais forças. Meu coração, mesmo de pedra, corrói vendo sua pessoa nascer, crescer, desenvolver-se e principalmente casar com outras mulheres. A morte sempre é o pior dos pesadelos, pois não tenho paz enquanto não retornas ao mundo dos vivos.

Roy- O que está dizendo? Então, agora eu sou a causa da sua vida de sofrimento? – Abrindo os dois braços.

Lust- Não, estou dizendo que você é o motivo de minha existência. – Mesmo dizendo palavras declaratórias ao homem, não se via muita expressão. Estava fria como pedra. Contava a história como outra qualquer.

Roy- Então, se eu morrer, você também morre? – Falou com o dedo indicador horizontalmente sobre os lábios. - Isso não parece um pouco fora da realidade, já que vocês são imortais? – Falou, sarcástico.

O moreno estava começando a acreditar na mulher. Aquilo o deixava em nervos. Não queria acreditar, era tudo mentira. Estava manipulando seus sentimentos. Sua cabeça raciocinava certo, mas no fundo não conseguia acreditar no que dizia.

Lust- Não, eu não morrerei nunca. Sou imortal, como você mesmo sabe. – Parecia, em seu semblante, existir uma amargura por estar viva.

“Por que esse sentimento de proteção? Por que sinto vontade de afagá-la? O que é isto?”

Roy- Isto está começando a fazer algum sentido. – Deu de ombros, rindo debochado. - O que posso dizer? Esse é o seu motivo de vir aqui, trair sua criadora?

Lust- Quero paz. Quero morrer. – O homem a olhara sem qualquer reação, nada lhe vinha à mente. Não fazia ideia de como tratar daquele ‘’assunto’’. Reencarnação? E ele acreditava nisso? Estava confuso.

Lust- Sei que não é fiel a esta crença na vida em que reside agora. Mas saiba que em outras, você era. Escute, a razão pela qual lhe dou essas explicações é bem simples: o fim está chegando. A história inacabada vai se findar, Roy. Meu carma e meu destino serão selados. Queria avisar do que Dante planeja para que vocês se preparem. Ninguém escapará. Tudo será sugado e minha vida vai finalmente ir embora por completo.

Roy- Belo show. – Dando três aplaudidas. O som ecoou no silêncio da sala. - Mas você acabou de dizer que é imortal. Percebe a incoerência? – A mulher se levantara irritada.

Lust – Bom, realmente não esperava que recebesse fácil, mas preferia não acreditar que seu senso estaria tão afetado pelas circunstâncias. - Os dois se olharam.

O homem levantara-se intrigado. Andou até aproximar-se dela. O silêncio permanecia.

Roy – A troco de quê está fazendo isso? Veio dizer todas essas coisas fantasiosas com que propósito? Acha mesmo que acredito na sua traição a Dante? Você me julga muito pouco esperto.

Lust- Interessante saber que considera meu caráter íntegro a ponto de não trair minha chefe. – O homem mudara a expressão.

Roy- Eu não disse isso.

Lust- Não precisou. – O homem arfara. Baixara a cabeça, irritado.

Lust- Você foi o homem de minha eternidade, Roy Mustang. Porém tudo tem um fim, e este está por chegar. Aproveite o tempo que lhe resta. - O vento soprara arrastando os cachos negros a baterem no rosto do homem.

O alquimista ao sentir o cheiro dos espirais cachos sobre sua face, relembrara, como flashes, os mesmos cabelos esvoaçantes em um campo, cheio de flores. Ela estava de vestido branco, o vento o balançava. Em sua mão havia uma aliança. Dançava com uma cesta de flores nas mãos. Seus olhos castanhos brilhavam vigorosos. Havia uma paz, uma completude jamais imaginada. Sua alma de repente parecia ter encontrado o branco, a paz, o que faltava para seu complemento. Um respirar forte e seus devaneios se foram.

“Um flash da vida passada? Meu deus, será toda a história contada por Lust mesmo verídica? Ela era minha mulher de verdade, então? Que diabos de memórias são essas?”

Roy- Meus deus! O que isso? – Enquanto balançava a cabeça, confuso. Seus olhos arregalavam, enquanto cabelos caíam pelo rosto.

Lust- Você viu? Era nossa vida. Você pertenceu a mim e eu a você. Não adianta querer negar.

Roy- Estou perplexo. Não posso acreditar. Não sou seu coisa alguma!

Lust- Meu corpo, minha mente, meu cheiro. Tudo permanece para você. Poderia tê-lo para mim se quisesse. Não negue seu magnetismo para comigo.

O moreno sabia que isso encaixava. Sentia um magnetismo fora do comum com a mulher. Achava ser qualquer atração maluca, mas definitivamente não o era.

Roy- Eu não nego. - Num tom esclarecedor, parecia estar enxergando as coisas com menos nebulosidade.

Lust- Se lhe fornecesse uma noite de amor, seria o homem com o espírito mais completo. - Olhando-o triste.

Roy esfregara o rosto tentando entender algo, mas não pareceu funcionar.

Lust- Já disse tudo que deveria. Posso morrer em paz, sem sombras de dúvidas. – Levantou sua mão de maneira delicada e precisa, pousando suas mãos sobre o rosto do amado. Uma paz colossal pairou sobre o corpo do homem. Aquele toque era realmente um complemento, um ponto de encontro, seu findar da procura. Não queria que tirasse a mão de sua face. Mas ela ainda o irritava. Saiu de perto do toque.

Roy- Diga-me. – Danda três passas para trás. Abrira os olhos e focara bem diante da sinuosa mulher. Era de maneira definida: arrasadora. – Então, se isso que vi foi mesmo verdade, como era a nossa vida? Digo, o que fizemos juntos?

Lust- Casamos no outono de 1602. Éramos o casal mais feliz da vizinhança. Todos torciam por nós. No casamento, a cidade inteira estava presente, dando-nos muitas parabenizações. Construímos duas casas juntos e vivemos oito anos casados.

Roy – E... Tivemos algum filho? – Achava surreal o que dizia. Não parecia estar ao alcance de suas crenças.

A expressão de Lust virou o mais terna possível. Seu espírito parecia em paz, de alguma maneira.

Lust- Eu estava grávida quando virei um Homunculus. – Roy franzira o cenho, chocado.

Vagarosamente, abaixara os olhos arregalados para o ventre da mulher.

Lust- Carrego o fruto de nosso amor comigo. Estarei eternamente grávida de você.

Roy – Inacreditável. – Total em frenesi. Voltou a andar de um lado para o outro.

Lust- Tudo em mim é algo não acreditável. – Esperara uma resposta, mas o silêncio permanecia aflito. - Hora de ir, até mais, Roy Mustang. - O vestido enegrecido sumira de suas vistas em um segundo.

O homem perplexo parara de andar. Ficara incrédulo pelo sentimento de perda. Sentia-se satisfeito, parecia ter limpado um pedaço de sua alma, mas ao mesmo tempo, sentia uma perda absurda. Um abismo em sua mente. Precisava ir até a casa dos avós. O quanto antes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Seguimos firmes! Continuarei postando, não desanimem!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Filho do Alquimista de Aço" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.