Harry abriu a porta, revelando o grande escritório circular e todas as pessoas que nele estavam.

 - Harry! – ele ouviu uma voz familiar chamar, e viu Neville andando em sua direção. – Da para acreditar que ele conseguiu? Ele é igual a você! – ele sorriu, entusiasmado. – Você deve estar muito orgulhoso.

          - Todos nós estamos – disse Gina docemente, surgindo atrás de Harry com Albus e Lílian ao seu lado. Ela entrelaçou seus dedos com os de Harry e apoiou sua cabeça no ombro dele.

          - Professor Longbottom – Albus e Lílian cumprimentaram ao mesmo tempo.

          - Esqueçam isso, por favor. Só sou o Professor Longbottom na sala de aula.

          Nesse momento, Gina cutucou o braço de Harry e indicou com a cabeça a parede atrás da mesa do diretor, onde dois homens em retratos diferentes discutiam.

          Harry se afastou de sua esposa, seus filhos e Neville para se ouvir a conversa.

          - Arrogante como o pai e o avô! – reclamou o homem que habitava o último quadro da fileira, cujo cabelo preto ainda era extremamente oleoso. – Como se não bastasse ter aguentado duas gerações deles, agora tenho que aturar três Potters de uma única vez!

          - Severus – disse Dumbledore calmamente do retrato ao lado. – James não é tão ruim assim.

          - James Sirius Potter! A única coisa pior que sua arrogância, é seu nome! – e dizendo isso, cruzou os braços empinando o nariz de gancho.

          Harry riu, e se aproximou ainda mais, permitindo que ambos o vissem.

          - Professor Dumbledore, Snape – cumprimentou.

          - Professor Snape, Harry – Dumbledore o corrigiu suavemente e Harry sorriu ao se lembrar de todas as vezes que ele fizera isso quando era vivo.

          - Não gaste saliva, Dumbledore – disse Snape friamente – Potter nunca me respeitou quando eu era vivo, duvido que vá fazê-lo agora que estou morto.

          Harry lembrou-se do quanto esse tom arrogante o irritava quando tinha dezesseis anos e riu novamente, com saudades.

          - Você vê?! – ele reclamou, referindo-se a risada de Harry.

          Mas antes Dumbledore ou Hary tivessem tempo de fazer algo além de revirar os olhos, James, que há pouco tinha entrado no escritório, se desvencilhava dos braços da mãe, chamando pelo pai.

          - Pai! – ele gritou com o rosto cheio de euforia e felicidade, aproximando-se. – Eu consegui! Campeão do Torneio Tribruxo, como o senhor!

          Harry abraçou seu filho, que ainda estava soado pelos esforços da última prova, e sentiu uma sensação deliciosa e facilmente reconhecível tomar seu corpo.

          - Estou muito orgulhoso de você, meu filho.

          James sorriu, e Harry soube que era exatamente isso que ele queria ouvir.

          - Vocês já… – Harry perguntou, virando-se para Dumbledore e Snape.

          - Já tivemos o prazer de conhecer o mais velho dos irmãos Potter – disse Dumbledore, sorrindo calmamente.

          - Ótimo – o sorriso de Harry cresceu. – E os outros dois?

          - Não – respondeu Snape, apressadamente. – E nem queremos…

          - Ficaríamos honrados em conhecer o resto do clã dos Potter – Dumbledore o interrompeu, fazendo Snape fechar a cara ainda mais e virar-se para a janela.

          - James, pode chamar seus irmãos para mim, por favor?

          - Claro – disse, e então se afastou em direção a mãe e os dois irmãos, que ainda conversavam com Neville.

          - Por algum motivo, Harry – Dumbledore começou, com os olhos se estreitando – as pessoas têm o cuidado de só se referirem à eles como “as crianças Potter” quando estão nessa sala. Você tem alguma coisa a ver com isso?

          James voltou trazendo os dois irmãos mais novos e parou ao lado do pai. Lílian parou em frente a ele, e Albus ao seu lado.

          - Essa - disse Harry, colocando a mão no ombro da filha - é Lílian Luna Potter.

          Ao som do nome Lílian, Snape girou em sua moldura, desviando os olhos da janela e olhou para a menina.

          - Não é possível - sussurrou inclinando-se para frente, a fim de ver melhor. - É como…

          - É como voltar no tempo - Dumbledore completou, sorrindo para a menina. - Você se parece muito com a sua avó.

          Lílian sorriu, obviamente levando isso como um elogio.

          - E esse - Harry continuou, colocando a mão no ombro de Albus e observando com cuidado a reação deles: Dumbledore olhava com um interesse educado para o garoto, e Snape tentava, com alguma dificuldade, desviar os olhos de Lílian - Esse é Albus Severus Potter.

       Dembledore hesitou. Após alguns degundos em silêncio, ele disse com a voz emocionadamente feliz:

          - Você nunca para de me surpreender, Harry. Estou profundamente emocionado.

       Harry sorriu e virou-se para olhar Snape, cuja cabeça havia se virado bruscamente ao ouvir seu nome sendo usado para se referir ao garoto.

          Ele o examinava com uma expressão surpresa e então, lentamente, seus olhos subiram do rosto do menino para o pai. Harry não sabia se era possível agora que ele não passava de um quadro, mas quando os olhos negros de Severus Snape encontraram os dele, estavam cheios de lágrimas.

          Snape voltou a olhar para o jovem Albus e abriu a boca. Quando falou, Harry notou que pela primeira vez desde que o conhecera, sua voz não estava carregada de sarcasmo, desprezo ou dor, mas uma emoção que ele tentava desesperadamente mascarar:

         - Você tem os olhos do seu pai.