Pov Bella’s

Suspirei ao desligar o motor do carro no estacionamento da escola de Forks. Já podia ouvir os sussurros e cochichos sobre o novo carro na escola e quem poderia estar dentro dele. Bufei. Era sempre da mesma maneira, só mudava o endereço.

– Vamos? – perguntou Ness quase pulando no banco de animação – Ou vamos nos atrasar.

– Acredite, não vamos nos atrasar – disse estreitando os olhos.

Saímos do carro em direção a secretaria e o silencio se instalou no estacionamento de repente, com todos nos encarando. Reprimi uma careta, a mesma reação de sempre, até parece que somos algum tipo de ser inumano.

Com essa tive que rir.

Renesmee sorriu para mim e apontou para um Volvo prata que só poderia ser o carro dos Cullen, nenhuma família por aqui tem suporte suficiente para manter esse carro apenas para um filho.

– Parece que eles já foram para as salas.

Confirmei com a cabeça, concordando.

Quando a conversa e o barulho dos adolescentes voltaram ao normal, Ness e eu já estávamos na porta da secretaria.

– Bom dia, em que posso ajudar as senhoritas? – um rapaz nos cumprimentou sorrindo, típico estagiário em novo trabalho.

– Bom dia, nós somos Isabella e Renesmee Swan e viemos pegar nossos horários – a ideia do sobrenome Swan foi de Nessie há muito tempo atrás, não podíamos usar Heliex. Não tinha nada haver com vergonha ou medo de usá-lo, simplesmente não queríamos deixar pistas para visitas indesejadas.

– Aqui está, vocês tem a obrigação de voltar aqui depois da aula para entregar esses documentos assinados pelos professores. Mas e ai, o que estão achando da escola? – ele perguntou sorrindo, até demais, para mim.

Ergui as sobrancelhas.

– Bom... Eu acabei de chegar aqui, não faz nem 20 minutos e estou conversando com você enquanto deveria estar procurando minha sala.

Nessie deu uma risadinha nervosa enquanto o rapaz em questão me encarava com os olhos arregalados.

– Não liga pra ela não. Ela está estressada assim porque ontem pegou o namorado na cama com outra e como é recente, está a ponto de explodir.

Renesmee me empurrou em direção á porta enquanto o rapaz me lançava um sorriso contido e ao mesmo tempo encorajador. Eu me deixei ser arrastada, pois meu estado de choque era tão grande que não conseguia reagir.

Quando já estávamos nos corredores que eu consegui voltar a si.

– Por que você falou aquelas coisas?!

– Não foi tão ruim, Bell’s. Em primeiro lugar você não deveria ter sido tão grossa com ele. E em segundo, não sabia se você estava interessada nele, então resolvi ajudar.

Eu a olhei ainda sem acreditar no que estava ouvindo.

– Ajudar? O que espera que aconteça, Ness? Que eu marque um encontro ou algo assim com aquele cara?

– Como eu disse, não sabia o que se passava em sua cabeça, então você já tem motivo para dizer não.

Balancei a cabeça, quase rindo com a loucura dessa conversa.

– Não me culpe, nunca te vi saindo com ninguém, mesmo sendo humano – ela riu.

Mesmo sem perceber, ela tinha tocado na ferida.

Por que ela nunca me viu saindo com ninguém? Simplesmente porque eu nunca saio com ninguém. Nunca pensei em namorar quando fazia parte do clã de Claus e nem sequer lembrava-se disso quando ele acabou. Para falar a verdade, eu nunca sequer beijei alguém.

Podia ser imaturo de minha parte ficar envergonhada com minha realidade, mas era assim que eu via. Não que eu não achasse que o amor existia e essas coisas, só acho que para mim é completamente impossível achar um parceiro. Não sou boa com isso, simplesmente não dá!

– E então, qual é sua primeira aula?

Olhei nos meus papeis quase suspirando de alívio pela mudança de assunto.

– Biologia, e a sua?

– Calculo.

– Que ótimo!

Ela riu.

Me despedi de Nessie e fui em direção a sala de biologia, que já estava lotada obviamente. Entreguei os papeis ao professor que ficou surpreso a me ver. Ele me mandou sentar no único lugar vago. Não pude deixar de sorrir ao ver meu parceiro de biologia.

– Parece que arrumei uma parceira nessa aula – disse Edward dando um sorriso torto tão lindo que eu precisei de alguns segundos para responder.

– Está brincando comigo, senhor Cullen? Que progresso.

Ele rolou os olhos, mas sem perder o bom humor.

O professor começou a aula e cinco minutos depois eu já estava entediada, já tinha estudado tantas vezes esse assunto que provavelmente conheço mais detalhes que o próprio professor, fazer o penúltimo ano novamente é quase suicídio.

Olhei para Edward e ele parecia estar na mesma situação que eu. Bom, nada como uma ideia para matar o tédio e ao mesmo tempo conseguir informações.

Discretamente arranquei uma folha do meu caderno e comecei a escrever um recado. Edward percebeu meus movimentos, mas eu não me importei. Depois que escrevi, passei o papel para ele.

Como estão as coisas em sua casa?

Normais, no começo foi difícil porque Alice ficou chateada com Rosalie, mas depois ela acabou aceitando. E vocês, como estão?

Tudo normal também, a não ser pelo fato de eu estar mais uma vez estudando.

Não é tão ruim assim, se levar em conta que já sabe de tudo. Ou é só a típica preguiça vampiresca?

Definitivamente ele estava bem humorado.

Para sua informação, senhor Cullen, eu tenho mestrado em medicina nas três melhores faculdades do país.

Nossa, estou impressionado. Pretende almoçar conosco hoje?

Quase ri alto depois dessa.

Não, definitivamente não irei almoçar.

Você me entendeu.

Está me convidando para almoçar?

Não, só estou perguntando se você vai estar lá.

Então não faz diferença para você?

Você vai sentar conosco, Bella?

Acho que não, não fui convidada.

Depois de ler minha resposta, Edward bateu seu punho na mesa com força suficiente para os alunos próximos olhassem em nossa direção. Não pude deixar de rir.

Nessa hora a sirene anunciando o final da aula tocou e eu me levantei, assim como o resto dos alunos, para a minha próxima aula.

– Agente se vê no almoço, Edward.

Saí de lá sem ver sua reação e preocupada com o que aquela simples conversa tinha significado para mim e a sensação que sempre sentia quando estava perto dele.

Minhas outras tias passaram normalmente (= tédio) e assim como na aula de inglês, na de trigonometria também não havia ninguém que eu conhecesse.

Encontrei Nessie no corredor depois de se despedir de sua nova rodinha de amigos que me encaravam nervosamente. Quando estávamos próximo ao refeitório não me segurei.

– O que aconteceu com o plano de ficarmos invisíveis o máximo possível?

– Hmm, não me lembro de você ter comentado esse fato dessa vez.

– Não achei que fosse necessário lembrá-la.

– São só colegas, Bella.

– Ness...

– Não vai acontecer nada, tudo bem? – disse ela me encarando seriamente.

Eu sabia que estava pegando pesado com ela. Renesmee não era totalmente vampira, ela escondia o que era melhor do que qualquer um nessa escola. E sabia também que ela sentia falta disso, de companhias que não fossem sobrenaturais, afinal, ela ainda tinha seu lado humano herdado de Dereyda. Por isso eu apenas confirmei com a cabeça, confiando em suas palavras.

– Vamos nos sentar com os Cullen?

Confirmei com a cabeça, sorrindo.

– Sim, o Edward nos convidou.

– Sério?

– Aham.

Ajudei Nessie a pegar o seu lanche, que era muito mais do que o normal acredite, e nos dirigimos á mesa dos Cullen sobre o olhar de todos os estudantes. É, mais um motivo para comentários.

– Oi pessoal! – cumprimentou Ness animada.

– E ai, meninas – Emmett sorriu para nós.

Jasper, assim como Rosalie, apenas nos cumprimentaram com a cabeça. Alice sorriu, alegre e Edward ainda não estava na mesa.

– O que estão achando da escola? – perguntou Jasper.

– Legal – Nessie sorriu, Rosalie a olhou incrédula.

– Vocês já fizeram muitas vezes o colegial? – perguntou Emmett.

– Hum... Eu fiz umas quatro, a Bella fez uma vez e depois fez faculdade.

– Psicologia?

Me virei e Edward tinha se sentado ao meu lado, eu ri.

– Não, e você sabe.

– Por que medicina?

Dei de ombros.

– Sempre me interessou.

– Na próxima deveria tentar fazer um estágio no hospital junto a Carlisle, ia deixar de ser interessante para você na hora.

– Duvido, a pratica na realidade deve ser ainda melhor.

Edward sorriu para mim. Olhei para a mesa e o pessoal nos encarava, sem expressão.

–--*---

Depois de uma entediante aula de Ed. Física e outra de espanhol, finalmente aquele dia na escola tinha acabado. Não tinha visto Nessie então fui sozinha até a secretaria, onde me encontrei novamente com o estagiário.

– Como foram as aulas, Isabella?

– Bella – respondi automaticamente e isso pareceu encorajá-lo.

– Tudo bem, Bella.

– Hum... foram boas – lhe lancei um sorriso que logo sumiu.

– Bella, vou ser sincero com você. Aquele cara era um idiota para trair você com outra mulher. E ele sendo idiota não quer dizer que todos os homens do planeta sejam – ele sorriu para mim.

– Obrigada pelo apoio, acho – disse lentamente.

Saí de lá rapidamente criando planos em minha cabeça da melhor maneira que eu poderia matar Renesmee. Rápida e indolor ou lentamente para ela sentir cada minuto.

Quando cheguei ao estacionamento encontrei Edward sozinho encostado no tal Volvo prata, ele me olhava de maneira interrogativa.

– Tudo bem?

– Sim – respondi confusa.

– Por que o cara na secretaria acha que você foi traída?

Rolei os olhos de frustração.

– Renesmee inventou essa história sobre mim e contou a ele. Por quê?

Ele deu de ombros.

– Nada.

Fiquei ainda mais frustrada com sua resposta, nem ao menos sabia o porquê. Eu esperaria Ness no carro, era melhor. Quando tentei sair sem dizer nada Edward segurou meu braço, quase o puxei de volta com força por extinto.

– Bella, espere.

Ele me puxou de volta devagar, até ficar em sua frente e eu nunca me senti tão vulnerável na vida, totalmente domável, sem mostrar reação.

– O que foi, Edward?

– É que Alice e Renesmee pediram para eu avisar a você que elas foram para sua casa. Parece que Alice quer conversar com vocês e elas estão esperando você lá.

Aquilo me distraiu um pouco, provavelmente Alice estava curiosa ou interessada em nossa história. Não deixei de ficar mais aliviada, até feliz.

– Tudo bem, acho que vou pra lá agora.

Edward sorriu para mim e antes de soltar meu braço o acariciou. Mesmo sendo um leve toque com os dedos, eu tive uma sensação tão forte que afetou todo meu corpo, causando uma espécie de adrenalina por algo a mais, coisa que nunca senti antes...

Andei rapidamente até e meu carro sem encará-lo, quase se esquecendo do disfarce humano e entrei no carro já dando a partida para chegar rapidamente em casa. Tentei não pensar em tudo que tinha acontecido dentro de mim apenas com esse primeiro dia de aula, falhando miseravelmente.