Itachi entrou em Konoha com passos apressados e a cara escondida pelo capucho da capa preta que trazia.

Os ninjas que guardavam o portão nem notaram a sua presença. Pareciam estar preocupados com alguma coisa e, infelizmente, Itachi temia saber o que se passava. As suas suspeitas confirmaram-se quando foi falar com Ichirako e lhe disse que uma ninja de Suna tinha invadido Konoha.

Não era uma ninja de Suna, pensou Itachi enquanto se despedia rapidamente do homem, era Maiko. Segundo Ichirako, ela tinha andado a fazer perguntas sobre o Sasuke e sobre o Orochimaru.

Com as mãos a tremer, Itachi percorreu as ruas de Konoha até encontrar quem procurava: Naruto. Aquele pirralho parecia ter mais conhecimentos do Sasuke do que a própria Hokage, de alguma maneira.

- Hei! – gritou Naruto, quando Itachi começou a puxá-lo para um canto sem ninguém por perto – Quem é você!?

Itachi manteve-se em silêncio até entrar num beco, entre duas casas. Atirou Naruto contra a parede e, antes de ele ter tempo de mexer um dedo, Itachi prendeu-o num genjutsu. Em segundos, Naruto viu-se preso com correntes ao chão, dentro da sua própria mente.

- O que é que sabes sobre a rapariga de Suna? – perguntou Itachi, parando em frente dele. Como ele se recusava a falar, Itachi acocorou-se e puxou-lhe o cabelo até Naruto olhar para ele – Eu não quero fazer-te mal, já que és o único amigo do meu irmão. Mas, se não me disseres o que sabes, eu posso deixar-te aqui durante anos.

- Não me devia surpreender que a conhecesses. – começou Naruto – Afinal, ela estava a investigar o Clã Uchiha.

- Ela vai atrás do Orochimaru! – exclamou Itachi, vendo o choque nos olhos de Naruto – Ela quer trazer o Sasuke de volta! E ambos sabemos que isso pode não acabar bem!

- Porque é que ela quer trazer o Sasuke de volta? – perguntou Naruto, sem perceber a conexão que Itachi tinha com a rapariga – Espera! Ela trabalha para a Akatsuki!?

- Ela não tem nada a ver com a Akatsuki! – mentiu Itachi, começando a ficar impaciente – Diz-me o que sabes! Já!

- Eu só sei que ela estava a investigar o Clã Uchiha e disseram que ela descobriu algumas coisas que são confidencias. – revelou Naruto – E-ela…tu estavas com ela no outro dia! Não me digas que tu e ela…

Sem o deixar acabar a frase que o tinha perturbado durante as últimas noites, Itachi fez o mesmo genjutsu que usou no pai de Maiko há dois anos atrás e fez Naruto esquecer-se daquele encontro tal como da visita de Maiko.

Tinha quase a certeza que Maiko tinha descoberto a verdade sobre o Clã Uchiha e, se assim fosse, não havia dúvidas de ela contaria ao irmão.

Também não havia dúvidas de que o irmão a tomaria como mentirosa e a mataria em dois segundos.

Ele não deixaria que isso acontecesse.

…

Entretanto, Maiko encontrava-se parada, em frente ao esconderijo onde Orochimaru e Sasuke se encontravam. Ela cruzou os braços e suspirou. Perguntava-se porque é que os ninjas de Konoha achavam que aquele lugar era tão difícil de encontrar.

Já que nem os ninjas mais talentosos conseguiam sentir o seu chacra, Maiko entrou sem problemas e, com a perícia de um ANBU, desviou-se dos ninjas que guardavam os corredores, sem ter que lutar uma única vez.

Quando parou para descansar, Maiko sentiu-se orgulhosa de si mesma. As pessoas davam-lhe pouco crédito.

Com um sorriso no rosto, preparou-se para continuar mas foi parada por um braço que lhe envolveu o estômago e uma mão que lhe tapou a boca.

- Não vou deixar que arruínes os meus planos.

Foi a última coisa que ouviu antes de a pessoa que a tinha agarrado a deixar inconsciente e acordar pouco tempo depois com os pulsos e os tornozelos presos a uma cama.

Tentou lembrar-se de o que é que tinha acontecido. Tinha quase a certeza de que o seu agressor estava a usar uma capa da Akatsuki, mas não conseguia dizer nada concretamente.

Depois de analisar o quarto em que estava, chegou à conclusão que ainda devia estar dentro do esconderijo, o que provavelmente queria dizer que ela tinha sido capturada por um dos ninjas. Teve que perscrutar a divisão duas vezes para reparar no homem que estava de costas, a organizar os instrumentos médicos que a assustavam.

- Quem é você? – perguntou Maiko, vendo o homem virar-se.

- Estou a ver que já acordaste. – disse Kabuto, aproximando-se de Maiko com um bisturi na mão – O Orochimaru-sama deve estar quase a chegar. Sê um pouco paciente.

- Onde é que está o Sasuke!? – continuou Maiko, sem demonstrar qualquer medo – Eu quero falar com ele!

- Temo que isso não seja possível. – Kabuto desamarrou o braço esquerdo de Maiko e puxou a manga para cima. Com um sorriso, posicionou o bisturi e fez um corte profundo na pele dela. Com os olhos a brilhar, viu o poder de regeneração. Em segundos, o corte tinha desaparecido, sem deixar sequer cicatriz – Espero que o Orochimaru-sama me deia autorização para continuar com as experiências.

- Infelizmente, não podes, Kabuto. – Orochimaru entrou na divisão – Alguns dos meus espiões informaram-me que eles andam à procura dela em Konoha, e também viram o Itachi a entrar e a sair da Aldeia.

- O que é que isso quer dizer, Orochimaru-sama? – perguntou Kabuto, um pouco chateado por não receber permissão para continuar a estudá-la.

- Pensa Kabuto. – Orochimaru avançou e tirou o bisturi da mão de Kabuto – Se o Itachi correu o risco de ir a Konoha pela rapariga, ela deve ser importante para ele.

- Tenciona chantageá-lo? – perguntou Kabuto.

- Negociar. – com um sorriso maléfico na cara, Orochimaru empunhou o bisturi e espetou-o no peito de Maiko, vendo as lágrimas começarem a escorrerem-lhe pela cara abaixo e o sangue a manchar a roupa dela. Apesar disso, ela nem sequer gemeu – Se ele quer a rapariga de volta, vai ter que conceder o meu desejo.

Fascinado, Kabuto viu o bisturi a partir-se sozinho e a lâmina a ser expelida pelo corpo de Maiko. – Que pena.

…

Itachi podia procurar durante o resto da sua vida – que já não era muita – e nunca encontraria o esconderijo. Como é que Maiko o tinha descoberto tão facilmente?

No entanto, mesmo que estivesse cansado, não podia parar.

Quando Kabuto apareceu à sua frente, quase se sentiu aliviado, até ver Maiko ajoelhada ao lado dele, completamente amarrada.

- Kabuto.

- Itachi. – Kabuto sorriu ao ver a expressão de Itachi. Orochimaru estava certo. Aquela rapariga era importante para Itachi – Estava à tua procura.

- O que é que vocês estão a planear? – perguntou Itachi, desviando constantemente os olhos para Maiko – O que é que vocês lhe fizeram?

- O Orochimaru-sama não tenciona fazer mal à rapariga. – garantiu Kabuto – Mas, em troca da sua liberdade, ele quer algo de ti.

- O que é que ele quer? – perguntou Itachi.

Kabuto pegou em Maiko e encostou-lhe uma lâmina ao pescoço. – Em troca, ele quer que deixes o Sasuke com ele.

Itachi abriu a boca, sem saber o que dizer. Como é que ele podia-lhe pedir que escolhesse entre Maiko e Sasuke.

- Não aceites! – gritou Maiko, surpreendendo os dois homens – Não podes deixar o Sasuke com o Orochimaru! Ele tem que saber a verdade!

- Cala-te! – ordenou Kabuto, fazendo pressão no pescoço dela com a lâmina – Queres morrer!?

- Não desistas do Sasuke! – continuou Maiko, sentindo um fio de sangue a escorrer-lhe pelo pescoço – O meu destino era morrer nas mãos de um ninja, desde o dia em que nasci. Não há esperança para mim.

- Está bem! – gritou Itachi, parando a lâmina de Kabuto – Eu faço o acordo!

- A sério? – Kabuto olhou para ele, como se não acreditasse nas palavras que tinha acabado de ouvir – Vais desistir da tua irmã por causa desta rapariga?

- O meu irmão pode fugir quando quiser se assim o quiser. – explicou Itachi – As decisões que ele toma não me dizem respeito. Só o resultado final.

Kabuto sorriu. – Talvez te venhas a arrepender da tua decisão um dia.

Depois de dizer isso, desapareceu, deixando Maiko para trás, que caiu de joelhos no chão. Itachi apressou-se a ir desamarrá-la mas, quando lhe dar a mão para ajudá-la a levantar-se, ela afastou a mão dele.

- Porque é que fizeste isso!? – exclamou ela, surpreendendo Itachi – Não podes desistir do teu irmão!

- Eu não estou a desistir dele! – garantiu Itachi.

Maiko levantou-se e abanou a cabeça. – Eu tenho que voltar e contar a verdade ao Sasuke.

- Não podes ir! – exclamou Itachi, agarrando-a pelo ombro.

- Porquê!? – gritou Maiko, libertando-se com um safanão – O teu irmão…

Itachi agarrou-a e abraçou-a com força, cortando a frase dela a meio. – O Sasuke consegue defender-se. – murmurou ele – A ti, não te posso perder de vista.

Maiko fechou os olhos.

Porque é que ele estava a agir daquela maneira? Ela não conhecia aquele Itachi que a estava a abraçar. Era como se ele fosse uma pessoa completamente diferente.

…

- Pessoas apaixonadas comportam-se de maneira diferente. – foi a respostas de Kisame quando Maiko lhe contou a história, depois de voltarem ao esconderijo. Itachi tinha ido comprar mantimentos, por isso ela decidira perguntar ao companheiro dele, já que parecia ser a pessoa que o conhecia melhor.

- O que é que pessoas apaixonadas têm a ver com isto? – perguntou Maiko, fazendo Kisame suspirar.

- Sabe, Maiko-san, se parar para pensar um bocado, tenho a certeza que vai perceber. – disse Kisame. Era refrescante ter algo tão natural como um romance no esconderijo mas, quando era entre duas pessoas que não percebiam nada do assunto, podia ser frustrante – Ele escolheu-a a si, em vez de escolher o irmão. E não é só porque é importante para a Akatsuki.

- Será porque ele precisa de mim para o curar? – perguntou Maiko, vendo Kisame suspirar outra vez.

- Porque é que não lhe pergunta diretamente? – sugeriu Kisame, curioso para ver qual seria o resultado – Se for a Maiko-san a perguntar-lhe, tenho a certeza que ele não vai mentir.

- Mas ele parece estar um bocado chateado comigo, por eu ter saído para investigar a família dele, sem consentimento. – disse Maiko.

- Ele está chateado por ter saído sem lhe dizer nada. – corrigiu Kisame, abanando a cabeça – Está chateado por a Maiko-san ter corrido perigo.

- Qual é a diferença? – perguntou Maiko.

- Se acha que ele está chateado, pergunte-lhe amanhã. – concluiu Kisame, levantando-se, para acabar com a conversa incomodativa – Até amanhã, Maiko-san.

- Não vai comer, Kisame-san? – perguntou Maiko, confusa.

- Não tenho fome. – ou melhor, estava farto de aturar aqueles dois, pensou Kisame.

…

Itachi, que tinha encontrado Tobi em frente ao esconderijo, arrastara-o até à cidade para falar com ele sem correr o perigo de Maiko ouvir.

- Eu sei que foste tu que entregaste a Maiko ao Kabuto. – começou Itachi, caminhando normalmente pela cidade, com Tobi ao seu lado – Eu avisei-te, certo?

- Não sei do que é que estás a falar. – mentiu Tobi.

- Tem cuidado, Tobi. – avisou Itachi – Vou estar de olho em ti.