Pouco depois de ele entrar, tinha sido a vez de Deidara e, pouco tempo depois, o grupo chamado Akatsuki estava constituído. Tinham-lhe dado um companheiro chamado Kisame depois de terem expulsado o Orochimaru.

Itachi não se importava com nada disso. Aliás, quantas menos memórias, tivesse de Konoha, melhor. Já tinha trabalho demais com a aldeia de onde tinha sido banido.

Entrou no esconderijo e ignorou todos os membros que conversavam e planeavam novas maneiras de capturar os bijus.

A Akatsuki tinha vários esconderijos espalhados pelo país do fogo. Mas ali era o lugar que os renegados aprenderam a chamar de casa. Para Itachi, a sua casa continuava a ser Konoha por isso, sempre que podia, voltava para o esconderijo que tinha criado quando era ANBU.

Na aldeia onde a chuva nunca parava de cair, numa casa velha e abandonada, cada membro do grupo tinha um pequeno quarto e uma sala onde as gotas da chuva pingavam do teto esburacado para o chão apodrecido.

Depois de entrar no quarto, tirou a bandana riscada e a capa preta para cima da cama estreita que tinha comprado.

Ninguém tinha autorização de entrar nos quartos a não ser quem lá habitava por isso, cada Akatsuki tinha a liberdade de criar algum jutsu para se certificar que ninguém entrava. Isso era uma das únicas coisas que Itachi apreciava naquele lugar.

Vestiu o seu antigo fato de ANBU, amarrou a bandana brilhante com o símbolo de Konoha intacto à testa e pegou na máscara.

Como fazia quase todas as semanas, abriu a janela, colocou a máscara e saiu em direção a Konoha. Não era muito perto mas ninguém se ia importar, mesmo que ele desaparecesse durante semanas.

Francamente, se o acordo que tinha feito com Konoha não dissesse o contrário, ele já teria voltado para a aldeia há muito tempo mas agora não havia como voltar atrás.

Sem parar, chegou a Konoha algumas horas depois. Parou no portão e olhou para os guardas idiotas que deixavam passar que quer que tivesse uma daquelas fardas de ANBU sem sequer pedir para especificar a missão de onde ele estava a voltar.

Agora mais devagar e, porque há noite, ninguém ia desconfiar de um ANBU a caminhar lentamente pela aldeia, tomou o seu tempo já que não o fazia quase nunca.

Olhou para o céu onde a lua brilhava na sua totalidade, lembrando-o da noite em que tinha matado o clã inteiro. O seu próprio clã…a sua própria família.

Parou ao passar pela casa do irmão e encostou-se ao lado da janela do quarto dele, com cuidado porque já tinha sido quase apanhado uma vez. Espreitou e tirou a mascara quando o viu a dormir descansadamente.

Tinha sido um alivio para Itachi ver, um dia, uma foto do irmão com o Kakashi-sempai e mais dois elementos do grupo. Se ele ficasse ali e se esquecesse de tudo o que acontecera, seria melhor.

Suspirou e continuou pensando que já não havia necessidade de pôr a máscara já que estava quase a chegar ao seu destino. Alguns passos depois parou e pensou que tinha sido um mau dia para “tomar o seu tempo.”

Fechou os olhos e preparou o sharingan. – Kakashi.

- Itachi.

…

- O que é que estás aqui a fazer, Itachi? – perguntou Kakashi, cara-a-cara com ele – Onde está o resto do teu grupo?

- Hoje não tenho tempo para perguntas, Kakashi. – num piscar de olhos, Itachi já estava atrás de Kakashi e, apenas com um movimento, pô-lo inconsciente  - Cuida bem do meu irmão.

Depois de saltar para cima de uma casa, começou a correr até chegar às instalações do Hokage. Agora tinha que ser rápido. Mal Kakashi acordasse iria dar o alarme e todos os ninjas de Konoha iriam estar à procura dele.

Tirou um papel da bolsa presa à cintura, colocou-o há beira da janela, dentro de uma caixa e desapareceu na noite como se fosse uma sombra. Olhou uma última vez para a casa do irmão, pôs a máscara e voltou para o país da chuva.

Tal como Itachi tinha previsto, Kakashi não demorou muito mais tempo a acordar mas não deu o alarme. Dirigiu-se ao Hokage e pediu para falar com ele.

- O que é que foi, Kakashi? – perguntou Sarutobi endireitando a roupa – O que é que pode ser assim tão importante para me acordares a esta hora.

- Hokage-sama. – Kakashi estava ajoelhado em frente à secretária onde o Hokage tentava conter um bocejo – Eu encontrei o Itachi, enquanto patrulhava.

- O quê?! – Sarutobi levantou-se imediatamente – Há vestígios de outros Akatsukis?

- Não, senhor. – reportou Kakashi – Só o Itachi. E ele parecia estar vestido com a sua antiga farda de ANBU.

- Temos que organizar uma equipa e… - calou-se quando um mensageiro entrou com o papel que Itachi tinha deixado – O que é que se passa?

O mensageiro aproximou-se, entregou-lhe o papel e sussurrou-lhe algumas coisas ao ouvido. Depois, rapidamente, fez uma vénia e deixou a sala.

- Se me permite perguntar: o que é isso? – Kakashi observou o Hokage, enquanto ele lia com as sobrancelhas franzidas – Alguma mensagem de outro país?

- Kakashi, tenho a certeza que achas que viste o Itachi. – com uma cara séria, Sarutobi guardou o papel na gaveta e sentou-se – Mas pode ter sido apenas o cansaço das patrulhas.

- O quê? Não! Eu tenho a certeza que o vi! – garantiu Kakashi – Temos que juntar equipas e…

- Kakashi! – gritou Sarutobi – Quero que vás para casa, descanses e penses no que viste hoje. E isto é uma ordem! – concluiu ele. Esperou que ele saísse e pegou no papel, lendo-o outra vez.

“Hokage-sama,

A Akatsuki já possui Xbijus. Estão a planear capturar a Kyuubi antes que o jinchuuriki tenha tempo para aprender a controlar o seu poder. Por enquanto não tencionam atacar Konoha mas levar o jinchuuriki sem que ninguém note.

O informador que temos sobre o Orochimaru acha que ele está a planear qualquer coisa contra Konoha.

Itachi”

Depois de tanto tempo, Sarutobi não achava que Itachi cumprisse a promessa mas, ali estava ele. Sempre que havia algum movimento por parte da Akatsuki, recebia um relatório dele como se ele fosse um ANBU disfarçado da vila de Konoha em vez de um ninja renegado e detestado por todos os aldeões.

“Eu faço isso! Eu acabo com o meu clã e a conspiração! Saio da vila como um ninja criminoso e não conto a ninguém sobre o vosso plano mas, em troca, têm que proteger o meu irmão.”

Mas, pelos vistos, Itachi não confiava muito neles já que voltava constantemente à vila mas não sem dar algo em troca.

Tinham perdido um bom ninja.

…

Quando começou a sentir as gotas de chuva, tirou a máscara e olhou para o céu cinzento do país da chuva e a dor que sentiu no peito foi mais forte do que estava à espera. Decidiu ignorá-la e continuar porque os cidadãos não pareciam muito confiantes com um homem vestido de ANBU a caminhar pelas ruas.

Passou por alguns becos, escalou algumas paredes e chegou à janela aberta do seu quarto em apenas alguns segundos.

Entrou silenciosamente e começou a desapertar o fato de ANBU quando embateu contra qualquer coisa. Instintivamente, começou a usar o sharingan e estava pronto a combater quando viu uma rapariga assustada à sua frente.

Não havia nenhuma evidência nela que mostrasse que era um novo membro da Akatsuki. Teria entrado pela janela? Ele não tinha posto um jutsu na janela?

Agilmente, tirou uma shuriken da bolsa e apontou-a à garganta dela. – Quem és tu e o que é que estás aqui a fazer?

- E-eu… - ela gaguejou mas não conseguiu falar. Quando sentiu a lâmina encostada à pele fechou os olhos – Espere! Foi a Konan-san que me trouxe para aqui!

Itachi franziu as sobrancelhas, um pouco desconfiado mas diminuiu a força que estava a fazer no shuriken.

- Hei, Itachi! – gritou Deidara da sala – O que é que estás a fazer há tanto tempo com o novo membro no teu quarto?

- Tch! – Itachi afastou-se, virando costas à rapariga – Não sei como é que entraste aqui mas, se contas que me viste assim a alguém eu mato-te.

A rapariga, que tinha escorregado até ao chão anuiu avidamente com a cabeça, enquanto ele tirava a bandana brilhante da testa e punha a riscada.

- O m-meu nome é Maiko. – arriscou ela, enquanto ele tirava a cobertura de ANBU e vestia a capa preta e vermelha.

- Eu não quero saber. – disse Itachi simplesmente guardando tudo debaixo da cama. Olhou para ela, ainda com o sharingan – Provavelmente, daqui a três dias vais estar morta. Porque é que eu me daria ao trabalho de decorar o teu nome?

Mesmo com vontade de chorar, ela anuiu com a cabeça e levantou-se para que ele pudesse sair. Saiu atrás dele e parou em frente a toda a gente, enquanto Itachi se sentava ao lado do Kisame.

Konan aproximou-se de Maiko e pôs-lhe uma mão nas costas. Os olhos do grupo focaram-se na rapariga de cabelos pretos até à cintura, olhos da cor do mel e corpo esguio. Trazia um vestido branco de alças que sobressaia no mar escuro das capas da Akatsuki e estava descalça.

- Esta menina aqui chama-se Maiko e vem do País da Neve. Podia dizer que ela foi raptada mas ela não deu muita resistência, por isso… - Konan suspirou quando viu a rapariga a sorrir – Ela tem dezoito anos e não sabe usar qualquer tipo de técnicas ninjas. No entanto, nenhum jutso, genjutso, ninjutso…nenhuma técnica que possam imaginar a afeta a não ser ataques físicos.

- Sim, foi por isso que a queríamos testar. – explicou Deidara alegremente – E a mandamos para o quarto do Itachi.

Quando Deidara não obteve nenhuma reação dele, amuou.

- Ela também tem um grande poder de cura. Talvez o melhor que já tenham visto até agora. – explicou Konan – Hidan e Itachi. Estou a olhar para vocês os dois.

- Eu já tenho o Kisame. – disse Itachi – E ela é fraca contra ataques físicos. Não me tem utilidades nenhumas.

- A sério? – Konan cruzou os braços – Suponho que vai ser fácil lutar quando fores cego.

Cansada de aturar aquele grupo de idiotas, Konan despediu-se. – Divirtam-se com ela. Mas não exagerem.

Itachi ia voltar para o seu quarto mas parou quando Hidan se levantou. – Eu quero experimentá-la.

- Hidan…

- Cala-te Kakuzo. – ordenou Hidan com um gesto – Só vou ver se ela é mesmo imune ou não.

Desenhou o círculo vermelho no chão, cortou-a com o bastão e lambeu-o com um grande sorriso na cara, divertido pelo entretenimento que lhe tinham fornecido.

Espetou o bastão no peito quando a viu fechar os olhos mas não aconteceu nada. Depois de um momento de silêncio, Hidan começou a rir-se histericamente.

- Espantoso! Ela ainda está viva! – exclamou Hidan tirando o bastão do peito – Tenta tu agora, Itachi! Vê se ela sobrevive ao teu mangekyou sharingan!

Itachi levantou-se, fazendo Maiko suster a respiração mas ele limitou-se a continuar sem dizer nada.

- Tch! Ele pode ser um desmancha-prazeres, às vezes! – disse Deidara virando-se para Kisame – Ele é sempre assim?

- O Itachi-san tem razão. – disse Kisame levantando-se também – Temos que ir descansar para estarmos preparados para as missões de amanhã.

- Mas ele nem disse nada! – protestou Deidara – Eu ainda quero ver se ela aguenta com a minha arte!

Kisame parou ao lado dela, com a espada entre eles. – Maiko-san, também se devia ir deitar. Amanhã vai ser um dia difícil para si.

- Raios para ti, Kisame! – gritou Deidara olhando depois para Sasori – Não dizes nada?

- Estou aborrecido. – anunciou ele levantando-se também – Vou fazer mais algumas marionetas.

- Mas…

- Chega. – olharam todos para a porta e viram Paine – Amanhã vou-vos atribuir a todos novas missões. Entretanto, sigam o exemplo do Itachi e vão dormir. – olhou para Maiko – Tu vens comigo para a torre.

Depois de mais algumas queixas proferidas em sussurro por Hidan e Deidara, todos voltaram para os respetivos quartos e, antes de Maiko ir com Paine, olhou uma última vez para a porta fechada do quarto de Itachi.

Lá dentro, Itachi estava esticado na cama, a olhar para a única fotografia da família que tinha guardado.

Onde Sasuke sorria alegremente, abraçado ao seu oni-chan.

E ele sorriu também, antes de adormecer.