O Preço de Amar Um Malfoy escrita por BlissG


Capítulo 35
Together


Notas iniciais do capítulo

Eu tive um dos maiores momentos da minha vida lutando contra dragões com vocês. (Long Live Taylor Swift)



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Comer areia nunca é uma coisa boa.


Aquele foi o primeiro pensamento de Draco quando chegaram á ilha. Lucas tinha o desafiado a comer areia quando eles eram crianças. Péssima idéia.


A chave do portal os tinha feito cair com tudo na areia da praia da suposta ilha do quadro. Teria sido mais agradável se eles tivessem caído no mar, mas pensando nas condições que foram submetidos em todas as vezes que saíram atrás das horcruxes, era óbvio que ser agradável não era uma das prioridades de Voldemort pra qualquer um, além dele mesmo, que quisesse pegar suas horcruxes.


Hermione, Pansy, Lucas, Gina, Rony, Luna e Harry, assim como ele, se levantaram da queda sacudindo a areia das suas roupas e tossindo muito. A areia estava quente e solta e levantava poeira no menor dos movimentos que você fizesse sobre ela.


O sol torrava a cabeça deles como tivessem ido parar em algum país tropical, no alto do verão.


- Sabia que eu deveria ter trazido meu protetor solar! – exclamou Pansy, prendendo o cabelo num coque no alto da cabeça. – É óbvio que o Lord tem algum desejo reprimido de férias no Caribe ou algum lugar paraíso...


- O quadro continua aqui. – Hermione falou quando viu a moldura á alguns metros de distância deles.


- Que bom. – Rony disse – Pelo menos sabemos como vamos voltar.


Hermione se aproximou e se abaixou ao ver que a pintura havia mudado.


- Pessoal. – ela os chamou em um tom preocupado – Vocês precisam ver isso daqui.


Ela se levantou e pegou o objeto enquanto os outros se aproximavam.


Harry olhou para o quadro nas mãos da amiga.


- É um relógio? – ele perguntou.


- Mais para um cronômetro. – ela respondeu.


- 167 horas, 58 minutos e 37 segundos... – disse Luna, interpretando os números no quadro.


- Se contarmos que chegamos aqui há dois minutos, - Draco disse – o cronômetro começou a rodar com 168 horas... Isso quer dizer...


- Sete dias. – Hermione completou.


- Então, - Pansy falou – aparentemente temos sete dias para encontrar essa horcrux? Parece bom pra mim...


- Bom? – Harry exclamou – Nós não temos nem idéia de por onde começar a procurar. – ele olhou em volta – Esse lugar é enorme!


- Pra que serve aquela bússola que o centauro deu pra Hermione?


Gina tirou a bússola do bolso e a olhou.


A bússola apontava para o mar. Ela deu a volta e a bússola, ao invés de virar também e continuar apontando para o mar, ficou imóvel.


- Não funciona. – ela disse.


- Ah, não! – Lucas exclamou – Isso de novo?


Harry revirou os olhos.


- Isso pode significar que a horcrux está muito longe para ela localizar, Mason!


Lucas fez uma careta para Harry, como uma criança.


Rony se virou para Luna:


- Tem alguma idéia de aonde a horcrux está, Luna?


Luna balançou a cabeça.


- Tenho. – respondeu – Mas não é uma idéia boa...


- Nunca é. – Pansy murmurou.


- Vamos para a floresta... – disse a loira.


E foi para lá que eles rumaram.


***


Eles andaram por um tempo pela floresta. O lugar não era completamente assustador em comparação com os outros lugares em que todos eles já estiveram. Na verdade, a ilha era bem bonita. Algumas árvores eram tão altas que era impossível ver seu topo, o céu era azul e o sol brilhava irradiando luz para todos os lugares. Pássaros passavam voando e fazendo barulho e uma brisa leve batia, trazendo o cheiro de maresia e terra molhada da praia. Ao longe, podiam ver algumas quedas d’água, e até havia flores e borboletas por ali.


- Esse lugar é tão estranho... – disse Lucas olhando para tudo com uma cara desconfiada.


- É lindo! – Luna não conseguia parar de sorrir – Me lembra o Leeds Castle! Só que muuito mais bonito!


- Claro, porque nós temos ótimas lembranças daquele lugar! – replicou Draco.


- Não sejam tão negativos! – a loira respondeu.


- Eles tem razão, Luna. – disse Gina – Eu esperava um lugar assustador, não um paraíso.


- Será que nós estamos no lugar certo? – Rony perguntou.


Draco revirou os olhos.


- Não, Weasley, o quadro se enganou e nos mandou pra Bora-Bora.


O ruivo ia responder mas Hermione o cortou:


- Vamos continuar andando, ok? – ela disse – E não vamos começar a reclamar da falta de desafios também. Vamos só... seguir em frente e ficar atentos.


Todos concordaram.


Depois de uns cinco minutos andando na mesma direção que estavam andando desde que chegaram, Luna parou e puxou Hermione pelo braço – que era quem estava mais próximo dela.


- O que foi, Luna?


- Não, não, não. – ela sacudia a cabeça nervosa e todos pararam para observá-la. – Temos que ir pro outro lado.


- Por quê?


- Tem um monstro aqui. – ela disse.


Num reflexo, todos olharam em volta.


- Um monstro? – Gina se aproximou da amiga – Que tipo de monstro?


- Eu não sei. – ela franzia o cenho com os olhos desfocados – Não consigo reconhecer.


- Você está vendo o tal monstro? – perguntou Lucas, apavorado.


- Vamos. – Harry falou – Vamos encontrar algum lugar seguro.


Eles mudaram de direção, andando o mais rápido possível dessa vez e com a atenção quadriplicada.


Luna e Hermione eram as últimas do grupo e andavam cada vez mais devagar na medida em que a loira descrevia para a amiga o “monstro” que tinha visto em sua visão. Hermione já tinha uma idéia do que poderia ser, mas esperava do fundo do seu coração que a sua idéia estivesse errada.


Os meninos tomaram a frente com suas varinhas empunhadas  e Gina e Pansy acabaram ficando no meio. Pansy não parava de reclamar.


- Aposto que esse lugar vai estar cheio de mosquitos á noite.


Gina revirou os olhos, sem conseguir acreditar que Pansy estava pensando em mosquitos quando supostamente eles estavam próximos o suficiente de algum tipo de monstro que Luna nem tinha conseguido reconhecer.


- Temos que agradecer a Merlin se os mosquitos forem toda a nossa preocupação durante á noite aqui, Pansy.


- E eu estou com tanta fome! – a sonserina exclamou. Tirou suas bolsas das costas e pegou um pacote de biscoitos que tinha pego na dispensa da mansão – Não sinto tanta fome assim desde que eu... Aaaaah!


- Pansy!


Os meninos olharam para trás assustados e voltaram correndo quando viram que Pansy não estava á vista.


Luna e Hermione se adiantaram e se aproximaram de Gina, que estava ajoelhada no chão.


- O que aconteceu?


- Ela caiu! – a ruiva respondeu. – Parkinson???


- Estou aqui! – eles ouviram a voz da garota vindo do chão.


Gina afastou a camada grossa de folhas e galhos que estavam no chão e então eles entenderam o que aconteceu. Pansy tinha caído em um fosso.  


O buraco não era enorme mas grande o suficiente para um ser humano passar. E tinha uns 10 metros de profundidade.


- Você tá bem? – Lucas perguntou.


- Estou! – a voz dela saiu num eco – Só um pouco arranhada! Lumus!


Tudo se iluminou e eles puderam ver Pansy lá embaixo, numa espécie de caverna subterrânea.


- Nós vamos te tirar daí, Pansy. – Draco falou – Hermione vai tentar levitar você!


Foi nesse instante que eles ouviram um rugido ensurdecedor e um segundo depois, todos eles foram atirados para longe de onde estavam.


Draco bateu forte com a cabeça no chão e olhou em volta tentando entender o que aconteceu.


A criatura que tinha os atirado cada um para o lado estava de costas mas ele já sabia o que era. De onde estava só podia ver o rabo mas já era suficiente. O único bicho que tinha rabo de dragão e que não era um dragão – porque aquilo definitivamente não era um dragão - era uma quimera. Draco desejou que ela não se virasse e que ele não pudesse ver o corpo de bode e sua enorme cabeça de leão mas foi em vão.


Procurou o resto do pessoal com o olhar e viu que todos pareciam estar bem, só meio zonzos pela queda repentina. Além disso, todos tinham a mesma expressão de quase-pânico. Aquela fera sanguinária olhava para eles como se estivesse prestes a atacar. Era tão feia que Draco achou qualquer descrição no livro da escola a mais pura minimização. Ela parecia que estava sedenta por carne e sangue e com muita, muita raiva.


- Pessoal! – eles ouviram a voz de Pansy ao longe – O que aconteceu?


O bicho, seguindo a voz dela, colocou o focinho dentro do buraco e eles ouviram o grito apavorado da sonserina. Por sorte, o animal era tão grande que não tinha jeito de ele passar no buraco e alcançá-la. Pansy era quem mais estava segura no momento.


- Gente! – Pansy gritou ainda mais alto, e eles podiam ouvir o choro engasgado na sua garganta – Vocês estão bem???


O animal tinha começado a cavar agora, tentando abrir o buraco no chão.


- Pansy, cala a boca! – Lucas gritou e nisso, a quimera olhou na direção dele e de Harry, que estava ao seu lado.


- Droga...


A quimera avançou na direção deles e os dois saíram correndo um segundo antes de ela alcançá-los.


- Vamos! – Rony pegou Luna e Gina pelo braço, e as empurrou para dentro do foço, junto com Pansy. – Entrem logo! Malfoy e eu vamos ajudar Harry e Lucas! Você também, Hermione!


- Não, eu posso ajudar! – ela disse como se aquilo fosse loucura. Olhou para Draco procurando apoio mas ele a puxou pela mão, a guiando em direção ao fosso também.


- Weasley tem razão, Hermione.


Ela se desvencilhou dele.


- Não, me larga! – ela se afastou e olhou para ele – Se você se esqueceu, eu sou mais poderosa que qualquer um nessa ilha, ok?! Não vem dar uma de macho-alfa pra cima de mim!


E com isso, ela saiu correndo tão rápido na direção de onde Harry e Lucas tinham saído que Draco só pôde ver um vulto se desmanchando no ar.


- Como ela fez isso? – Rony perguntou.


- Saída dramática. – ele respondeu parecendo extremamente irritado – Vamos, Weasley.


E saiu atrás dela.


- Tome cuidado, Ron! – Luna gritou de dentro do fosso e o ruivo só acenou com a cabeça e seguiu na direção que o resto do pessoal tinha ido.


*****


Draco só conseguiu alcançar Hermione quando a garota finalmente percebeu que não tinha nenhuma noção da onde Harry e Lucas tinham ido parar. Ele poderia ter voado e com certeza a ultrapassaria mais rápido, mas ele não queria deixar Weasley muito pra trás; e se recusava a carregar o grifinório consigo.


Ela estava parada na beira de um abismo, vendo que não tinha mais para onde eles terem ido a não ser que pulassem no rio que passava ali embaixo quando Draco parou ao seu lado.


- Pra onde eles foram? – ela perguntou.


- Você acha que já...? – Rony perguntou, ao se aproximar também completamente sem fôlego.


Draco olhou para Hermione e viu que ela estava com as mesmas dúvidas de Weasley. Então ele revirou os olhos e se fez de despreocupado.


- Por favor, esqueceram de quem estão falando? É Harry Imortal Potter! E Lucas sabe se cuidar.


Alguns instantes depois de dizer isso, ouviram um rugido e quando olharam na direção do barulho, viram Harry sendo jogado contra uma árvore ao mesmo tempo em que sua varinha voava para o outro lado.


Rony convocou a varinha do amigo e ela veio na sua direção.


Hermione prendeu a respiração ao ver a quimera encurralar Harry contra a árvore. O rabo de dragão se aproximou dele e quando estava prestes a soltar uma chama no rosto do garoto, ela conjurou um escudo de proteção entre o amigo e a quimera, fazendo com que o fogo lançado não o atingisse mas ricocheteasse como se batesse num vidro impenetrável.


A grifinória viu Harry franzir o cenho e se aproximar da cabeça de leão da quimera.


Draco lançou um feitiço no animal e quando uma luz branca bateu no seu corpo de bode, ele caiu abismo abaixo.


Eles se aproximaram correndo de Harry.


Hermione perguntou se ele estava bem no mesmo instante em que Draco perguntava de Lucas.


- Eu estou bem... – ele falou, distraído.


Andou com uma certa dificuldade até a beira do abismo e observou enquanto a criatura, parecendo mais raivosa do que nunca, emergia da água e voltava para a floresta.


- Lucas ficou lá atrás... – ele saiu andando e os outros o seguiram – Ele se machucou...


Eles encontraram Lucas sentado atrás de uma pedra, parecendo estar fazendo muito esforço para não urrar de dor. Ao se aproximar mais dele, eles viram o porquê. A perna esquerda do sonserino estava completamente ensanguentada.


- Merlin, Lucas... – Hermione se abaixou ao lado dele – Você está jorrando sangue.


- Jura, Granger? – ele ironizou, parecendo com muita raiva – Aquele monstro estúpido me mordeu!


Hermione rasgou um pedaço da sua blusa e amarrou apertado na perna dele, tentando estancar o sangue.


- Nós precisamos te levar para o fosso para tentar fazer algum feitiço e cuidar melhor do ferimento. – ela falou.


- Você pode andar? – Rony perguntou.


- Lógico, Weasley. Eu só estou sentado aqui porque estou amando a paisagem!


Draco revirou os olhos.


- Você não deve estar tão mal se está conseguindo dar respostas inteligentes para as idiotices do Weasley! – o loiro disse, ajudando o amigo a se levantar.


- Rony, ajuda ele também! – Hermione exclamou.


- Pra quê? O Malfoy mesmo disse, ele não está tão mal.


- Eu não preciso me esforçar para te encher o saco, Weasley. Vem naturalmente... – ele falou, se esforçando para ficar de pé.


Mesmo contra a vontade, Rony o ajudou, e logo estavam todos dentro do fosso.


Hermione nunca achara que iria se sentir tão bem em se sentar no chão de uma caverna escura, iluminada apenas pelas luzes de uma ou duas varinhas.


Pansy tinha feito um escândalo quando viu a perna de Lucas, não contribuindo para o humor negro dele, mas depois de uma pequena discussão sobre qual feitiço usar, eles conseguiram estancar o sangue e cicatrizar a ferida. Harry e Lucas tinham tido sorte por não terem sido queimados pelo rabo-do-mal da criatura. Queimaduras eram o pior tipo de ferimento. Hermione tinha aprendido isso da pior maneira.


Depois disso, eles arrumaram seus sacos de dormir e se deitaram. Todos pegaram no sono quase instantaneamente. Hermione teria sido uma delas se não estivesse tão consciente da presença de Draco ao seu lado. Podia sentir pela respiração dele na sua nuca que estava acordado, então ela se virou para ele.


- Sem sono?


- Estou agitado demais para dormir. – ele disse – Uma quimera é muito pior do que tudo que eu imaginei...


- É aterrorizante. – ela concordou. – Mas nós vamos ficar bem.


Ele arqueou uma sobrancelha.


- Vejo que sua positividade está de volta...


Ela sorriu.


- Eu estou com as pessoas que me fazem sentir mais segura no mundo. – ela falou – Não quero parecer pretensiosa mas todos nós já passamos por tanta coisa, se tem alguém que pode sair dessa, é a gente...


- Muito obrigada pela confiança, Hermione. – ela o olhou confusa e ele completou: - Quer dizer que você só se sente segura com os seus amiguinhos grifinórios, não é?


- Não é isso... – ela desviou o olhar.


- Então o que é? – ele perguntou quando ela não continuou.


- É só que... – deu de ombros – é difícil se sentir segura com uma pessoa que você nem sabe como se sente sobre você...


Ele a olhou como se ela fosse louca.


- Eu me enfiei no castelo de Voldemort por você, Hermione... Ainda tinha alguma dúvida?


 - Na minha cabeça não... – ela explicou –Eu sei que nós decidimos tentar de novo mas não posso evitar me sentir como se o que nós temos agora fosse delicado demais pra tudo que estamos passando... E eu não posso evitar me sentir triste porque costumava ser tão mais forte... Não o que eu sentia por você, isso está mais forte do que nunca... Mas a gente costumava ser mais forte. O que a gente tinha.


Draco assentiu. Ele entendia perfeitamente o que ela estava dizendo.


- Acho que tudo que a gente precisa é dar tempo ao tempo... – ele falou – Acredite em mim, eu odeio parecer tão clichê mas acho que não tem nada melhor que isso.


Ela suspirou. Sabia que ele estava certo mas não conseguia simplesmente esquecer aquela sensação.


Ele sorriu.


- E antes do que a gente espera, nós vamos entrar naquele barco e passar o resto da nossa vida conhecendo o mundo. Bruxo e Trouxa.


- Pensei que nós fossemos viver num barco na Holanda só até os Malfoy ninja chegar. – ela falou, se lembrando do que ele havia dito a o que parecia milênios atrás – Ou era depois que ficarmos velhos e nossos filhos tiverem ido viver a vida deles? Não me lembro.


- Eu não sei... – ele respondeu – Mas vamos ter muito tempo pra decidir. Eu prometo.


Hermione sorriu. Quase tinha esquecido como Draco podia ser fofo quando queria.


- Nós vamos ficar bem, Hermione. – ele repetiu as palavras dela e Hermione sabia que dessa vez ele estava falando deles dois – Pode se sentir segura sobre isso também.


E então ele lhe deu um beijo tão sofrido que mesmo sem querer, contradisse tudo que ele tinha acabado de dizer.


******


Na manhã seguinte, Draco e Harry foram os primeiros a acordar então eles decidiram – surpreendentemente por livre e espontânea vontade - sair da caverna para procurar alguma coisa para comerem.


- Tenho que dizer que dizer que você me surpreendeu, Malfoy...


Draco suspirou. Devia ter imaginado que Potter não conseguiria ficar calado durante uma caminhada de cinco minutos. Grifinórios estavam sempre procurando por conversas emocionais.


- E como eu fiz isso, Potter? – perguntou, fingindo paciência.


Harry ignorou o sarcasmo dele e respondeu:


- Arriscando sua vida e indo buscar Hermione daquele jeito. Você deve gostar mesmo dela.


Draco revirou os olhos.


- Só agora que você aceitou a possibilidade que eu devo “gostar” dela?


- Não. Eu já sabia disso. Mas arriscar sua vida pra salvar a dela depois de tudo que...


- Não quero falar sobre isso. – Draco o cortou.


Harry assentiu.


- O que eu quero dizer é que eu espero que você e Hermione possam deixar tudo isso pra trás e ficarem juntos de uma vez por todas. – ele falou – Pode parecer uma surpresa pra você, mas eu não consigo me lembrar de quando ela estava mais feliz do que quando estava com você.


- E como você poderia saber disso, Potter? – Draco perguntou – Você mal falava com ela quando nós estávamos juntos...


- Mais uma prova do que eu estou dizendo. – Harry falou – Só precisava olhar pra ela pra ver.


Draco fez uma careta de descrença.


- Não acredito, Potter. Você está nos dando sua benção?


Harry bufou.


- Diga o que quiser, Malfoy. Só achei que precisava ser dito. Eu não tenho mais nada contra você.


Draco apenas balançou a cabeça, em uma forma destorcida de agradecimento.


Quando eles voltaram, estavam todos de pé. Eles logo avançaram famintos nas frutas que os dois tinham trazido.


- Que linda manhã! – Luna exclamou.


- Como você sabe que é linda, Lovegood? – Pansy replicou, rabugenta – Nós estamos dentro de um buraco!


Luna a olhou sorridente e Pansy revirou os olhos.


- Ok, esqueci do negócio de vidente...


- Tem razão, - Lucas exclamou se sentando do lado da namorada – está um dia lindo pra se caçar uma quimera! – disse, irônico.


- Você está ficando muito boa nisso, não é? – Gina disse pra Luna, ignorando o comentário de Lucas – Acho que era só uma questão de tempo até você se acostumar com as visões...


Luna desviou o olhar, sorrindo sem graça e se lembrando de todos as coisas que tinha feito para desenvolver as visões. Não sabia exatamente o que tinha dado certo mas em uma coisa Gina estava certa, ela estava mesma cada vez melhor nisso.


- Claro... Tempo... – resolveu mudar de assunto – O que importa é que o dia está mesmo lindo, Lucas. E eu achei essa ilha linda também... Não seria legal se pudéssemos passar umas férias aqui?


- Sem ofensas, Lovegood. – disse Draco, que estava só ouvindo a conversa há uns instantes atrás – Mas se nós dermos um jeito de sair daqui, eu não voltaria nem se me pagassem...


- Vou dizer uma coisa: - começou Pansy - se nós conseguirmos sair daqui e é claro, sobrevivermos a guerra, nós vamos fazer uma viagem pra uma dessas ilhas do Caribe durante o verão. Quer dizer, se o nosso casal aqui já não tiver planos românticos para o tão amado verão, não é? – a sonserina olhou significativamente para Draco e Hermione. - Nós todos sabemos que é uma época de muito amor. E montes e montes de S-E-X-O.


Harry e Ron soltaram exclamações de protesto e fizeram cara de nojo enquanto Hermione ficou da cor dos cabelos dos Weasley’s e Draco fingiu não ouvir, se concentrando em morder um pedaço da sua maçã.


- E o que faz você pensar que nós gostaríamos de passar parte do verão com vocês? – Rony perguntou, de boca cheia.


- Por favor... – Lucas revirou os olhos – Como se vocês pudessem resistir ficar um tempo longe de nós agora que passaram um tempinho na nossa ilustre presença... Deveriam se sentir honrados por dividirmos nossa inteligência, talento, perspicácia E beleza, grifinórios... – Luna levantou uma sobrancelha pra ele e o sonserino completou: - e corvinal.


Harry revirou os olhos.


- Eu estou me esforçando pra suportar vocês nesse exato momento. Se nós sairmos vivos daqui, vou ter que passar um longo tempo sem olhar pra vocês pra me recuperar de todo esse tempo que estamos sendo obrigados a passar grudados...


- E se nós não sairmos vivos daqui? – Gina perguntou.


Em questão de um segundo, o clima leve e de brincadeiras se desfez no ar e todos encararam a ruiva.


- Bom, - Draco começou, lentamente - aí vai ser uma pena porque você nunca vai poder terminar seu livro “Como trazer a tona um assunto desconfortável em menos de 30 segundos”.


Eles riram e Hermione completou:


- A delicadeza Weasley sempre me emocionou.


Gina revirou os olhos e disse:


- Sério, gente... Nós estamos brincando mas tem um monstro grego na sala, não é?


Eles comeram em silêncio por um tempo, até Harry o quebrar:


- Eu acho que eu vi a horcrux.


Todos eles lhe lançaram olhares questionadores.


- Foi um segundo antes de Malfoy mandar a quimera abismo abaixo. – ele explicou – Eu vi alguma coisa brilhar na juba dela. Como se estivesse presa ou alguma coisa do tipo. Era uma espécie de pedra verde.


- Tem certeza que você só não estava vendo coisas por causa daquele fogo, Potter? – Draco perguntou desconfiado.


Harry revirou os olhos.


- Não... Eu acho que era a horcrux. – ele falou – Faz sentido, não é? Qual o lugar mais difícil de encontrar uma horcrux, e pior: de pegá-la, nessa ilha?


Ninguém respondeu. Infelizmente, fazia todo sentido do mundo.


- Então não temos escolha, não é? – Rony perguntou num sussurro – Nós temos mesmo sete dias para matar a quimera e ir embora... Ou então...


- Não sabemos o que pode acontecer. – Gina falou – E não são mais sete dias, são seis agora.


- Me pergunto como Voldemort conseguiu um desses... – Hermione comentou, pensativa – Quer dizer, esses bichos são muito antigos... E muito mais raros...


- Por que uma quimera, de qualquer forma? – Rony perguntou – Porque não um dragão? Harry já matou um dragão! Ele podia fazer de novo!


Harry franziu o cenho.


- Você fala como se estivesse se referindo a um mosquito!


- Alguém alguma vez já conseguiu matar uma quimera? – Luna perguntou, e todos olharam para Hermione esperando uma resposta.


Ela não decepcionou, é claro.


- A estória conta que a quimera estava causando muitos estragos em um reino da Grécia antiga, então o rei começou a procurar um herói que pudesse matá-la. Um herói chamado Belorofonte se apresentou ao rei e supostamente com a ajuda dos deuses, conseguiu derrotar a quimera com um golpe só. Mas essa história pode ser somente um mito... De qualquer forma, algum tempo depois esse herói caiu do seu cavalo alado e morreu sem forças.


- Bom, - Lucas riu de lado – agora nós pelo menos sabemos que não precisa ser esperto pra matar a quimera. – ele olhou para Rony – Isso deve ser um consolo tão grande pra você, Weasley!


- Hahaha. Muito engraçado, Mason.


Draco estava sério.


- Se a estória não for um mito, - ele começou – talvez esse único golpe que o cara deu na quimera tenha sido dado no lugar certo...


- Você quer dizer que a quimera tem um ponto fraco? – Pansy perguntou.


- É a única resposta lógica. – ele respondeu – O difícil é saber aonde...


- O coração? – Lucas perguntou.


- Muito óbvio. – Harry respondeu, tentando seguir a linha de raciocínio de Malfoy.


- Harry tem razão. -  concordou Hermione – Além disso, não precisa ser um órgão vital... Pelo menos não quando se trata da mitologia grega. Não conhecem da história do calcanhar de Aquiles? Ele se tornou invulnerável quando foi banhado pela mãe no Rio Estinge. Só o calcanhar, que foi por onde ela o segurou, não foi molhado e continuou vulnerável. Não estou dizendo que a quimera tenha a mesma história, mas talvez seja algo parecido.


- Me parece uma teoria muito boa. – Gina disse.


- Também acho. – falou Harry.


- Então, como vamos descobrir aonde é esse ponto fraco, se é que ele existe? – Pansy perguntou.


- Não sei. – Draco deu de ombros – Acho que vamos ter que ficar de olho da próxima vez que a quimera aparecer.


- Nós temos que matá-la da próxima vez que ela aparecer. – disse Rony – Nós temos um prazo, esqueceram?


Harry respirou fundo.


- Exatamente. Melhor irmos andando...


Todos se levantaram desanimados.


- Vamos caçar uma quimera! – Lucas falou, fingindo animação – Yaaaay!


*******


Eles andaram pela ilha por horas e nada da quimera aparecer. A parte boa foi que, ao encontrar pedaços de madeira, eles tinham começado a fazer lanças e outros tipos de armas afiadas já que nenhum deles achava que qualquer feitiço fosse derrubar a quimera e Rony era muito bom nisso. Aparentemente tinha aprendido com Fred e Jorge quando eram crianças... Pra que os gêmeos iam querer arma afiadas pra brincar n’A Toca foi a pergunta que todos pensaram mas ninguém fez. De qualquer forma, agora eles tinham armas além de suas varinhas e aquilo nunca era demais, então todos estavam gratos... É claro que o fato de Rony fazendo armas resultou em diversas piadas sem fim vindas de Lucas em referência aos Weasley’s e os homens das cavernas mas Lucas sendo um pé no saco já tinha se tornado um hábito.


Eles andaram pelo sol quente quase o dia inteiro e nada.


- É o que dizem sobre monstros gregos... – comentou Lucas - Quando nós queremos, eles não aparecem...


Todos olharam pra ele de cenho franzido e Draco perguntou:


- Quem diz isso?


Lucas deu de ombros e ia responder, mas Hermione o cortou:


- Aonde estamos?


Todos olharam em volta e perceberam que eles tinham ido parar no começo de uma ponte velha de madeira com um rio calmo passando por baixo dela. No topo da ponte havia uma placa: Ponte Troll.


Luna deu alguns passos a frente.


- Humm... Isso não é nada bom...


- Acho melhor nós voltarmos...


Pansy se virou, pronta pra fazer o caminho de volta mas a criatura na sua frente a fez gritar e se encolher. Todos olharam e viram um trasgo de mais de três metros de altura que aparentemente tinha se materializado na frente deles e como se tivessem ensaiado, fizeram menção de correr para o lado contrário só para pararem de chofre ao verem mais trasgos se aproximando do outro lado também.


Estavam cercados. Haviam uns cinco trasgos ali.


O primeiro avançou na direção de Luna, mas antecipando seu movimento, a loira se abaixou e passou por baixo das pernas do trasgo, o deixando extremamente confuso.


- Isso foi tão desnecessário! – Luna exclamou, olhando para o trasgo que tinha tentado atacá-la – Nós não estamos aqui pra machucar vocês!


- O que você tá fazendo? – Pansy perguntou, exasperada.


- Tentando explicar que não tem razão pra eles se sentirem ameaçados!


- Jura?? – ela sentiu vontade de gritar com o absurdo da situação – Eles não vão entender você, Lovegood!


- Pessoal! Ajuda aqui! – Gina chamou a atenção para ela e eles viram que a ruiva tinha sido cercada por um trasgo contra a beira da ponte.


O trasgo, que segurava uma marreta assustadoramente grande, tentou bater em Gina de todos os jeitos mas os reflexos da menina eram impressionantes – muito obrigada, quadribol! -  e o trasgo não era a pessoa mais rápida do mundo.


Os outros tentaram se aproximar para ajudá-la mas todos os trasgos tinham resolvido atacar, deixando todo mundo meio ocupado.


Depois de algum tempo sem sucesso em acertar Gina, a criatura pareceu soltar um som exasperado e sem hesitar, empurrou a ruiva ponte abaixo. Gina gritou apavorada enquanto caía e Rony, ao ver a irmã cair, foi para a beirada da ponte se esquecendo completamente do trasgo que o estava atacando e acabou recebendo um golpe na barriga.


Luna, Harry e Draco conseguiram escapar e saíram correndo, descendo a ponte para chegar até o rio aonde Gina tinha caído. Dois trasgos tentaram correr atrás deles mas eles eram realmente muito lentos.


Qual não foi a surpresa deles, ao alcançar a beira do rio, verem mais trasgos se aproximando. As criaturas pareciam estar dando em árvores!


Gina tinha conseguido emergir na superfície do lago mas um dos trasgos logo se aproximou dela e a puxando pelos cabelos, segurou sua cabeça embaixo d’água, tentando afogá-la.


Enquanto Harry e Draco tentavam se aproximar e afastar o trasgo de Gina, três deles alcançaram Luna antes mesmo de ela conseguir entrar no lago.


- Oi! – ela disse sorrindo, o que surpreendentemente fez os trasgos pararem para olhá-la – Então, tem algum jeito de vocês falarem pra seu amigo ali tentar parar de matar minha amiga? – eles a olharam parecendo extremamente surpresos por ela não estar gritando nem tentando lutar contra eles – Não? – Luna mexeu na sua bolsa, tirando algumas frutas de lá de dentro – Nós somos pessoas realmente boas, vocês querem uma manga?


Um dos trasgos atacou Harry antes de ele alcançar Gina, então só sobrou Draco.


- Hey! – ele pegou uma das lanças que Rony havia feito e lhe dado e a segurou firmemente. Um segundo depois, ele viu uma pequena faísca crescer e se espalhar pela madeira, a deixando completamente em chamas. O fogo não o estava incomodando mas sabia que seria fatal pra qualquer outra pessoa que o tocasse. Ele começou a se aproximar do trasgo, rodando a lança na sua mão e fazendo um círculo de fogo que logo chamou a atenção da criatura, a fazendo largar Gina no mesmo instante.


Ele encostou um pedaço de lança na pele do animal e os trapos que ele usava logo começaram a queimar. Apavorado, o trasgo se jogou na água para apagar as suas roupas.


Draco usou o fogo da lança para criar uma barreira que separou ele, Gina e Harry do resto dos trasgos que estavam naquela parte rasa do lago.


Gina correu, completamente encharcada e ainda ofegante, para perto de Harry.


Draco olhou para cima e viu que o pessoal também estava dando conta dos trasgos sobre a ponte.


Assustados com todo aquele fogo, os trasgos do lago começaram a fazer sinal e sons para os outros irem embora. Todos eles saíram correndo – o mais rápido que puderam – e Rony, Hermione, Lucas e Pansy se juntaram a eles na margem do lago.


- Vocês estão bem? – eles perguntaram.


- Cadê a Luna? – Rony olhou para todos os lados freneticamente e os outros a imitaram.


- Ela estava aqui nesse instante. – Harry disse, ainda a procurando – Os trasgos não a atacaram.


Gina olhou para trás – para onde os trasgos haviam corrido – e a viu. Sua amiga estava no ombro de um dos trasgos com quem estava “conversando”.


- Oh, meu Merlin... – todos olharam na mesma direção que ela – Eles a sequestraram?!?!


*******


Eles seguiram os trasgos de perto – o mais perto que puderam sem serem notados.


Quando eles finalmente pararam, foi na beira de um outro lago na Ilha.


- Eles são trasgos fluviais. – Hermione sussurrou de onde estavam – Não são muito ameaçadores.


- Diz isso pra aquele grandalhão que tentou me afogar. – Gina replicou.


Estavam escondidos atrás de alguns troncos de árvores e podiam observar Luna. Eles a tinham colocado no chão e ela estava falando com eles. Ela tinha falado O TEMPO TODO também enquanto estava sendo carregada. E eles pareciam que estava começando a entendê-la. A garota fazia muitos gestos e parecia falar devagar e o mais claramente possível.


- Esqueça todas as vezes que eu zoei você, Hermione. – Rony disse – Não tem nada que se compare á esse nível de loucura.


- Eu não acho que eles vão machucá-la. – Harry falou, franzindo o cenho – Eles parecem... Não acredito que eu vou dizer isso, mas eles parecem gostar dela.


- Cuidado, Weasley. – Lucas riu – Lovegood pode achar um dos trasgos mais atraente que você.


- Cala a boca, Mason. – Rony replicou.


- Acho que Harry tem razão. – disse Hermione – Talvez devêssemos ir. Não todos, pra não assustá-los.


Eles olharam de novo e agora Luna parecia estar cortando pedaços de frutas e distribuindo para eles. Ela também tinha arrumado algumas cascas de coco e colocando algum líquido neles.


Depois de uma pequena discussão, eles decidiram que Hermione e Rony deveriam ir.


Os dois saíram do seu esconderijo lentamente e Luna foi o primeiro a vê-los.


- Hermione, Rony... – ela sorriu – Chegaram bem na hora do chá!


Os trasgos na mesma hora fizeram menção de ir na direção deles mas Luna, sem nem ao menos piscar, disse com o tom mais tranquilizador que pôde.


- Tudo bem, meninos... Eles estão comigo. Vamos pessoal, sentem-se com a gente. Cadê os outros?


Rony e Hermione passaram lentamente por entre os trasgos, que tinham se sentado no chão, ainda recebendo o chá e as frutas de Luna, e se abaixaram perto da garota.


- Luna, tente não ser uma pessoa tão louca! – Rony sussurrou.


Luna o ignorou e olhou na direção de onde os dois amigos tinham vindo.


- Pessoal, venham! Está tudo bem!


Lentamente, os outros foram aparecendo e se aproximando também.


- Luna, nós precisamos sair daqui! – Hermione disse, quando Luna lhe passou uma “casca de chá”.


- Eu estava só dizendo aos meninos – Luna disse – como seria bom se eles comessem mais coisas saudáveis pra variar!


- Mato ruim! – eles ouviram um dos trasgos murmurar.


- Isso é ótimo, Lovegood... – Draco falou – Mas se você se esqueceu, nós temos um prazo aqui...


- Eu sei... E eu estava conversando com Lou aqui... – Luna apontou para um trasgo atrás de Gina, que bufou e fez a garota pular e se encolher – e ele disse que pode nos mostrar o caminho até a toca da quimera.


Pansy fez uma careta para o trasgo.


- Você pode falar?


- Não claramente. – foi Luna quem respondeu – Mas eu sou uma vidente, posso entender o que ele quer dizer...


- O nome dele é Lou? – Draco perguntou.


- De novo, eu sou uma vidente.


- Resumindo, - Lucas arqueou uma sobrancelha – você é mais pirada do que a gente imaginava...


Gina olhava para “Lou” estranhamente.


- Não foi você que tentou me matar?


Luna deu de ombros.


- Ele sente muito.


- Luna, isso é loucura... – Harry disse – Por quê não se despede dos seus... hum, amigos... e vamos achar um lugar para descansar, ok?


- Tudo bem. – ela se levantou – Mas vamos voltar aqui pela manhã e Lou vai nos levar até a quimera. E então, nós vamos poder voltar pra casa...


Ninguém quis discutir com ela naquele momento. A garota se virou para os trasgos e calmamente e cheia de gestos, disse:


- Nós vamos voltar quando o sol nascer, tudo bem?


Os trasgos balançaram a cabeça e começaram a grunhir todos ao mesmo tempo e aquela foi a deixa deles.


******


- Pena que eles são tão hesitantes em aderir a dieta vegetariana... – Luna dizia a eles sobre os tragos – Mas são muito gente boa.


Eles tinham conseguido achar outro buraco no qual passar a noite. Lucas reclamou dizendo que estavam parecendo topeiras, passando a noite em buracos, mas era tudo que tinham.


No momento, estava assando uns peixes – que eles tinham conseguido pescar com uma dificuldade cômica - numa fogueira improvisada e estavam sentados em volta esperando ansiosamente eles ficarem prontos, com exceção de Gina, que tinha ido ali perto procurar água doce para beber.


Pansy revirou os olhos para Luna.


- Eles não são gente, Lovegood. São trasgos.


- Eles tem sentimentos... – ela replicou. – Hermione me entende!


A morena apontou para si mesma.


- Eu entendo?


- Claro! É como a sua história com o fale!


- F.A.L.E.! – ela corrigiu num tom de repreensão fazendo Harry e Rony trocarem olhares divertidos – E os elfos domésticos são uma grande causa, ok?


- Exceto pelo fato de que eles não entendem que são “uma grande causa”. – Draco falou.


- Pelo menos eles são racionais e completamente inofensivos! – ela falou – Ao contrário dos trasgos!


- Agora eu vejo como eles são incompreendidos! – Luna disse.


Rony fez uma careta.


- Ai Merlin! Me apaixonei pelo Hagrid!


Com isso, todos riram.


- Obrigada pela imagem, Ron!


- Pessoal! – eles ouviram a voz de Gina gritando e na mesma hora se levantaram preocupados e a assistiram vir correndo em sua direção com o maior sorriso – Pessoal! Vocês não sabem o que eu... – e então a ruiva deu de cara no tronco de uma árvore.


Todos continuaram parados a olhando incrédulos por alguns segundos.


- Quem dá de cara numa árvore??? – Draco perguntou com o cenho franzido.


- Ai meu Deus! – Hermione foi a primeira a se aproximar da amiga e ajudá-la a se levantar – Você tá bem?


- Ai... – ela massageou a cabeça e colocou os braços em volta do pescoço da Hermione – Quem colocou essa árvore aí? – e então começou a rir tanto que seus olhos lacrimejaram.


- Gina... – Hermione segurava a garota pela cintura porque ela parecia completamente sem equilíbrio. Olhou para os outros sem entender.


Lucas de repente arregalou os olhos e começou a rir em seguida.


- Do que você tá rindo? – pergunto Harry, com raiva.


- Ah, Merlin... Você tá chapada?


- Ficou maluco, Mason? – Rony brigou – Essa é minha irmã!


- Ela pode ser sua irmã, Weasley! Mas ela está muito chapada!


Pansy se aproximou da ruiva também, tentando conter a gargalhada.


- Gina, você comeu alguma coisa estranha? – perguntou.


- Shhh! – ela encostou o indicador na boca e se jogou para Pansy, como um bebê faz quando quer trocar de colo. Pansy tentou se esquivar mas Gina já estava com os braços em volta do seu pescoço agora – Não conta pra eles, Pan... – ela falava em tom de sussurro mas alto o suficiente para todos ouvirem – Mas eu achei os melhores biscoitos lá atrás!


- Você quer dizer cogumelos? – Lucas deduziu.


- Tanto faz... – Gina sorriu e olhou para Pansy.


- Você vai querer me beijar agora? – disse a sonserina. – Não é porque você tá chapada que vai esquecer que me odeia, né?


- Eu não te odeio, Pan! – ela exclamou – Eu te amo!


E então deu um beijo demorado na bochecha da sonserina, que não tinha como se esquivar porque Gina a segurava firme pelo pescoço.


- Gina, - Rony se aproximou – acho que você precisa se deitar...


- Eu não quero me deitar, Ron! – ela se aproximou do irmão aos cambaleios – Eu quero me divertir!


Ele franziu o cenho.


- Se divertir?


- É! Nós quase não nos divertimos mais! Nós éramos tão divertidos ultimamente!


- Eu duvido... – Malfoy comentou.


Gina então bateu palmas e deu um pulo.


- Vamos dançar!


- Gina, sério... – Hermione se aproximou – Você precisa deitar!


- Eu não quero me deitar! Eu quero dançar! – ela andou lentamente até Luna agora – Luna, dança comigo? Vem??


Então ela puxou Luna pela mão até o meio do círculo que eles tinham formado, bem ao lado da fogueira e parou do lado da amiga, que ria muito também.


- Hermioneeee??? Como é aquela música que aqueles caras estavam dançando naquele restaurante mexicano uma vez???


Hermione franziu o cenho.


- A macarena??


Todos olhavam de Hermione para Gina completamente confusos.


- Isso! – a ruiva riu muito – Foi tãoooo engraçado naquele dia! Vamos dançar! Vem Luna, eu te ensino! Era alguma coisa assim...


E então ela começou a dançar. E Luna a acompanhou da melhor forma que pôde.


- Pale a Parara Pararara Macarena! Male maranata marenita maremuena! Quale a qualanita Macarena! Heeeeeey, Macarena!


Hermione nunca tinha ouvido um insulto tão grande ao espanhol. Sem falar que Gina e Luna estavam fazendo a sua própria coreografia. Pansy, Lucas e Draco estavam se acabando de tanto rir. Até Harry tinha um sorriso. Rony ainda estava abismado demais que a sua irmãzinha estava drogada e que sua namorada tinha se juntado a ela no alto da loucura.


- Não é nem assim que se canta! – Hermione exclamou.


- Quem se importa?? – Pansy exclamou – Ela tá drogada, Hermione!


E dizendo isso, ela puxou Hermione para as duas se juntarem á dança louca de Gina e Luna.


Depois da macarena, as meninas ainda obrigaram Hermione a ensiná-las a coreografia das Spice Girls, Wannabe. Os garotos não quiseram se juntar a elas, apesar dos pedidos de Gina, que queria que todo mundo se acabasse de se divertir ou morresse tentando. Lucas tinha dito que já estava se divertindo o bastante só de presenciar aquela cena.


No fim das contas, a noite tinha acabado por ser a mais divertida que eles tiveram em meses. Apesar de que, com a vida que levavam, uma noite não precisava ser tão divertida para atingir aquele posto.


**********


Como prometido, o tal trasgo Lou os levou até a quimera. Quer dizer, mais ou menos.


Acontece que o suposto ninho do monstro era praticamente num topo de uma montanha, um lugar que eles nunca, nem em sonho, iriam tentar procurar – a não ser, talvez, que o sonho pertencesse a Luna Lovegood. Mas aparentemente, aquilo nem tinha passado pela cabeça da garota.


Um trasgo estabanado nunca iria conseguir chegar até lá então ele foi até onde conseguiu e depois apontou o caminho. Sinceramente, ninguém o culpava, eles tiveram dúvidas se eles mesmo conseguiriam chegar até lá.


Haviam incontáveis dificuldades na subida. Tiveram que atravessar um rio, passar por dentro de um casco de uma árvore, andar sob pedras escorregadias e praticamente escalar quando a subida ficou inclinada demais.


Sem falar nos diversos animais mágicos que apareciam no caminho. Harry e Draco tinham sido picados por gira-giras, o que os fez levitar por alguns minutos – o que não era nem uma coisa ruim se você parasse pra pensar: eles estavam caminhando por horas.


E ainda haviam as fadas mordentes. Houve um ponto em que havia fadas mordentes em todos os lugares. Eles tiveram que se manter alerta com a varinha para mantê-las longe e evitarem serem mordidos. A última coisa que precisavam era que alguém fosse envenenado.


Quando finalmente chegaram ao topo, o sol já estava se pondo e eles estavam exaustos, nem um pouco preparados para nenhum tipo de confronto com um monstro grego antigo e sanguinário.


Eles olharam em volta, cansados e sem saber o que fazer a seguir. Não havia nenhum lugar aonde pudessem se esconder, não havia árvores ali e o chão era seco, nem havia grama. Era o lugar mais alto da ilha, o sol forte batia diretamente fazendo suas peles arderem.


- E agora? – Gina perguntou.


- Cuidado! – Draco viu quando Luna se jogou contra Pansy um instante antes da quimera passar exatamente aonde a sonserina estava.


As duas caíram no chão, Luna por cima de Pansy, e depois disso era difícil contar alguma coisa com precisão. Draco sabia que quando lembrasse dos minutos que se seguiram depois daquilo, ele só iria ver flashes do que tinha acontecido e a única palavra que viria a sua cabeça era o completo caos.


Dizer que a quimera era sanguinária era o maior eufemismo de todos. Ela era o terror em carne e osso. Ela parecia ter fome de destruição, terrivelmente furiosa. E não perdia tempo.


Eles eram oito e em questão de segundos, ela atacou um por um, sem dar tempo para descanso. Em um momento eles estavam lá e no outro, Rony tinha sido atirado tão longe que eles nem podiam ver, Gina tinha uma queimadura terrível no braço e a camisa de Harry estava encharcada de sangue.


Não adiantava o que eles fizessem, os feitiços que lançassem, ou se tentassem a atingir com as lanças de Rony... Tudo só parecia deixar a terrível criatura com ainda mais raiva.


Mas o ar ficou pesado mesmo quando eles a viram avançar em Lucas como se estivesse pronta pra matar. A quimera o atirou no chão com um rugido e cobriu o corpo do garoto com o seu, se mexendo violentamente por cima dele.


Apesar do sol quente acima deles, tudo pareceu congelar. Draco ouviu o grito desesperado de Pansy enquanto ia correndo na direção do namorado e tudo que ele pôde fazer foi segurá-la para que não fosse até lá e acabasse atingida em um dos feitiços que Hermione e Harry estavam lançando na quimera, tentando fazê-la se afastar de Lucas. Sua melhor amiga se debatia e chorava nos seus braços e ele mesmo sentia seus olhos arderem com as lágrimas.


E então houve um silêncio ensurdecedor. A quimera parou de se mover e todos fizeram o mesmo.


Pansy caiu ajoelhada no chão, soluçando e Hermione e Harry se aproximaram cautelosamente da quimera. Draco foi logo atrás deles.


Eles tocaram a criatura e ela continuou imóvel. Com cuidado, eles a tiraram de cima de Lucas e Draco ouviu Hermione prender a respiração. Nunca haviam visto tanto sangue.


Mas uma coisa os chamou a atenção. A lança que Lucas segurava estava presa no pescoço de Leão da quimera. Aparentemente, eles tinham achado o seu ponto fraco.


Pansy engatinhou sem forças até o namorado e Hermione se abaixou ao lado dela, olhando-o com cuidado. Draco não sabia como ela estava conseguindo, ele achava que ia passar mal.


Ela tocou o rosto do amigo e olhou para o sangue nas suas mãos. E então olhou para a quimera.


- Não é o sangue dele... – ela murmurou.


- O que? – Draco perguntou.


- Eu disse que não é o sangue dele!


Ela pegou o pulso dele e em seguida colocou a cabeça no seu peito.


- Ele não está morto! – ela falou para Draco.


O loiro se aproximou mais para ver com seus próprios olhos e Hermione olhou para Pansy, que estava chorando tanto que não via nem ouvia mais nada.


- Pansy... – ela sacudiu a amiga pelos ombros e segurou seu rosto – Me ouça. Lucas não está morto, ok? Não é o sangue dele. Ele vai ficar bem.


Harry se aproximou deles também e o moreno tinha uma esmeralda fechada na sua mão. No momento, só o inconsciente de Draco sabia que eles tinham conseguido. Tinham pegado a última horcrux.


- Nós precisamos ir embora daqui. – ele disse – O mais rápido possível. Voltar pra mansão e chamar uma médi-bruxa.


Era mais fácil falar do que fazer.


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Notas finais do capítulo

N/A: Então... Espero não ter viajado muito nessa história da quimera... O mito que Hermione contou sobre o herói que a matou com um golpe só é verdade e como vocês devem saber, a história do calcanhar de Aquiles também, mas essa mistura dos dois não. Essa linha de raciocínio que o pessoal seguiu é a minha linha de raciocínio na verdade... No livro Animais Fantásticos e Onde Habitam não vinha falando sobre como derrotar uma quimera, só que o único bruxo que tinha conseguido matar uma tinha caído do seu cavalo depois então eu pesquisei na internet pra saber qual a história da quimera na mitologia grega e era essa mesmo... Que o cara tinha matado o bicho com um golpe só. Sem mais detalhes... E que depois de matá-la, Zeus tinha mandado um monstro que tinha feito o tal herói cair do seu cavalo. Rsrsrs. Enfim, independente desse final infeliz, eu me deixei viajar e lembrei da história do calcanhar de Aquiles e uni as duas coisas e deu nisso... Me digam o que acharam! :) Eu me amarro em mitologia grega mas não conheço TODAS as histórias... só as mais famosas... eu meio que me deixei fazer essa misturinha básica... Mas vai ser só isso, podem deixar que eu não vou fazer nenhuma participação especial de Deuses nem nada disso... rsrsrs Ah, e a idéia da "Ponte Troll" foi tirada de Once Upon a Time. No reino que eles viviam lá tinha uma ponte chamada assim e eu decidi me inspirar nisso um pouquinho já que eu li em "Animais Fantásticos e Onde Habitam" que trasgos fluviais costumavam viver embaixo de pontes.
E agora faltam 3 capítulos para o fim! Dois, tecnicamente, porque o terceiro vai ser o epílogooooo! E eu espero fazer um epílogo beeeeem grande! Geralmente epílogos são somente pra mostrar como os personagens ficaram depois que tudo foi resolvido mas como vai ter uma continuação, o epílogo vai ser bastante importante pra próxima fic... Eu ainda não o escrevi, só algumas cenas, mas eu acho que vai ser muito divertido de se escrever e espero que seja de ler também!