O Preço de Amar Um Malfoy escrita por BlissG


Capítulo 33
We'll be Safe and Sound


Notas iniciais do capítulo

N/A: Antes de tudo, eu não sei se vocês prestaram atenção nisso, mas a cena da Hermione enterrada dentro do caixão aconteceu mais ou menos vinte e quatro horas antes do povo sair da mansão Malfoy... Eu só voltei no tempo pra mostrar o que aconteceu com ela, antes do Rony voltar, do Draco e do pessoal sair e etc... É isso, fique com o capítulo! :)



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Nós ficaremos sã e salvos


“Eu olhei pra ele e ele olhou para mim e por aquele milésimo de segundo, foi como se nós tivéssemos nos perdoado por tudo.” (Dawson’s Creek)


Hermione estava sentada numa mesa longa, em uma sala fria. Tinha acabado de chegar no castelo, acabado de ser acordada depois de achar que iria morrer sufocada, enterrada viva.


A porta do lugar se abriu e ela observou enquanto Voldemort entrava. Seu coração nunca tinha batido tão forte e ela podia jurar que ele podia ouvir. Suas mãos tremiam sobre a mesa então ela segurou uma á outra para disfarçar.


- Bom dia, Hermione Granger. – ele se aproximou – Fez boa viagem?


De todas as coisas que ela achou que ele fosse falar, aquela com certeza não estava na lista. O absurdo da pergunta dele a revoltou um pouco:


- Eu acordei e ainda estava no caixão. Fiquei lá durante horas tentando respirar e acabei desmaiando. E está perguntando se eu fiz boa viagem?


- Sim. – foi tudo que ele disse, como se a desafiasse a desafiá-lo.


Ela respirou fundo. Estava morrendo de frio e medo e provavelmente tinha ficado louca se achava que Voldemort iria se importar ou sequer ouvir suas reclamações.


- Fiz uma ótima viagem. – murmurou sarcasticamente. – A melhor.


- Ótimo. – ele a observou – Me perdoe pelo nosso atraso. Acho que cometemos um erro...


Mas ele não parecia que tinha cometido um erro. Ele parecia que tinha dado um aviso.


- Acho que você gostaria de se banhar, não é? – ele observou as vestes dela sujas de terra – Cand vai te levar á seus aposentos.


Um elfo doméstico parecendo muito abatido aparatou ao seu lado e Hermione sentiu uma pena tão grande dele, lembrando da época em que era obcecada pelo F.A.L.E. Apesar de ter deixado a ideia de lado por um tempo, já que ninguém realmente a levava a sério, ela ainda achava que era uma grande causa. Olhando para a pobre criatura mal tratada á sua frente, ela se perguntou se Voldemort sabia disso e tinha feito de propósito. Não era impossível.


Ela seguiu Cand, subindo escadas e andando por corredores, e Hermione não pôde deixar de notar a semelhança do lugar com Hogwarts, exatamente como Draco havia lhe dito um dia. Era quase doentio. Sem falar na presença dos dementadores do lado de fora do castelo. Tinha se sentido mais infeliz do que já estava ao passar por eles quando chegou. Mesmo agora, ali dentro, ainda podia sentir a presença deles... Apesar de mais fraco, o sentimento de desesperança ainda estava lá. Era de enlouquecer.


Cand parou e Hermione a observou.


- Chegamos, senhorita. – disse o elfo, como se aquilo fosse óbvio e Hermione quem não estivesse prestando atenção.


Hermione olhou em volta e quis não o ter feito. Ela nunca, em um milhão de anos, conseguiria dormir ali. Não que ela pretendesse dormir no castelo de Voldemort, mas mesmo assim... As paredes eram vermelhas, mas não vermelho-grifinória... Era um tom profundo, muito parecido com sangue. Hermione não pôde evitar se lembrar da carta que recebeu a ameaçando e percebeu que essa era a intenção deles. Outro aviso. A coisa toda era um aviso. Tudo ali era estrategicamente montado para ela não esquecer do que estava em jogo e que um passo errado teria sérias consequências.


***


Hermione se encarava no espelho do quarto que lhe tinham dado.


Tinha acabado de sair do banho e tinha sido surpreendida com um vestido em cima da cama. A última coisa que ela queria era usar alguma coisa que tivesse vindo de Voldemort ou dos comensais, mas não havia mais o que usar.


O vestido também era vermelho e seu pano era extremamente pesado, principalmente no busto aonde era apertado e duro como uma armadura. Da cintura até os joelhos, ele descia numa saia um pouco rodada. Tinham lhe dado um par de sapatilhas igualmente vermelhas mas ela as ignorou, decidindo ficar descalça, apesar do contato dos seus pés com o chão lhe dar a impressão de que estava pisando em gelo.


Alguém abriu a porta e ela viu um homem novo, provavelmente nos seus vinte anos, entrar.


- O lord deseja te ver.


Hermione suspirou. Esperava evitá-lo o máximo possível mas obviamente aquilo não ia ser possível. Ela se perguntava o que ele faria com ela agora que a tinha ali.


Saiu do quarto e seguiu o comensal, descendo escadas e andando por um labirinto de corredores e mais corredores escuros.


Voldemort a esperava em um deles.


- Vejo que se trocou, Granger. – ele disse em um tom falsamente cordial. Hermione se perguntou o que ele pretendia com aquilo. Os dois sabiam que ela estava ali a força, afinal de contas. – Por que não me segue?


Como se ela tivesse escolha.


O próximo corredor em que ela entrou, porém, não era um corredor comum.


Para todo o lado em que olhava, haviam selas e mais selas lotadas de pessoas. E eles pareciam a conhecer. Apontavam para ela com o que Hermione reconheceu ser desapontamento... Como se parte da última esperança que tivessem desaparecesse. A melhor amiga de Harry Potter tinha sido capturada... Eles deviam estar pensando que Voldemort estava finalmente conseguindo abrir seu caminho em direção a vitória penetrando na fortaleza do Escolhido por meio dos seus melhores amigos. Não era como se eles estivessem completamente errados em pensar dessa maneira.


Hermione ainda estava confusa sobre o que Voldemort queria, lhe trazendo ali até que o viu. Correu a pequena distância que a separava de Rony e se ajoelhou ao seu lado, no chão sujo de uma das selas.


- Rony! – ela colocou as duas mãos no rosto dele e as tirou rápido, quando viu que aquilo pareceu machucá-lo. Ele estava muito ferido. Provavelmente o quão ferido é possível um ser humano estar sem estar morto.


- Hermione... – ela o ouviu murmurar, e ficou feliz em saber que estava consciente.


- Isso é apenas uma prova, Granger... – Voldemort disse com uma voz branda – Que eu vou continuar com a minha parte do trato... enquanto você continuar com a sua...


- Assistir meu amigo morrer com certeza não foi uma parte do trato... – ela falou agoniada -  Ignorando o fato de que não houve um trato e sim uma ameaça.


- Detalhes. – Voldemort respondeu.


- Você têm que soltá-lo. – ela não gritou mas seu tom foi completamente imperativo e isso não passou despercebido.


- Perdão? – ele fingiu escutar errado mas ela não se intimidou.


- Você tem que soltá-lo. – repetiu em alto e bom tom – Ou eu não vou continuar com isso.


Voldemort a olhou com superioridade.


- E desde quando você tem uma escolha?


- Eu tenho. – ela respondeu – E você também. Ou você liberta Rony ou eu não vou mais cooperar com isso. Seja o que quer que isso seja.


- Se você não cooperar, eu te mato. – ele falou ameaçadoramente.


Ela não hesitou.


- Então que assim seja.


- Não blefe comigo, garotinha... – ele disse.


- Eu não estou blefando. – ela respondeu – Me mate e então eu vou morrer com ele. Você acha que eu me importo em morrer? Não acho que pense isso, afinal você não ameaçou a minha vida pra me trazer até aqui, não foi? Ameaçou aos meus amigos. E eles já estão sofrendo, achando que eu já estou morta... E desde que você me colocou esse feitiço, e acabou com a minha vida, eu perdi as contas de quantas vezes eu desejei estar. Então me desculpe, mas eu não vejo a morte como um destino tão ruim no momento...


- É muito insolente, Granger.


Ele deu ás costas para Hermione e Rony e ao passar pelas grades da sela, disse para um comensal que estava parado ali:


- Cuide para o Weasley estar intacto quando o libertarmos nessa madrugada.


Hermione soltou o ar dos pulmões, aliviada. Se entregar não deveria ter sido uma coisa tão estúpida a se fazer, se ela tinha conseguido poupar a vida de Rony, não é?


- Aguenta firme, Rony. – ela sussurrou pra ele – Você já vai pra casa.


***


Hermione passou a noite em claro, se sentindo perdida. Dali há algumas horas, quando o sol nascesse, ela teria que ir ao encontro de Voldemort para que ele pudesse “lhe passar algumas lições”, como ele mesmo havia dito.


Ela só podia imaginar o que aquilo significava.


Se sentia de mãos atadas. Agora que Rony tinha sido mandado de volta para a Ordem da Fênix em segurança, ela não sabia mais o que fazer. Tinha se sentido realmente agradecida por estar ali e ser capaz de evitar a morte dele, mas agora estava novamente se sentindo exatamente da mesma forma de quando chegou ali. Completamente presa. Como iria fazer pra fugir? O lugar era completamente lotado de comensais por toda a parte. Voldemort só podia ter uma plantação deles em algum lugar no castelo porque quando se pensava que conhecia todos, havia mais uma dezena que aparecia do nada.


Mais cedo tinha ido até a biblioteca. Sim, para sua surpresa, o castelo guardava uma biblioteca. Mas pensando bem, por que não? Hogwarts tinha uma biblioteca.


O comensal que guardava o cômodo, ironicamente, não era um dos mais inteligentes, então não viu problema nenhum em deixá-la entrar num cômodo cheio de possíveis feitiços e encantamentos que poderiam ajudá-la a sair de lá. Infelizmente, ela não encontrou nada que já não tivesse pensado. Seus poderes a permitiam fazer muita coisa, mas ela percebera que pouca coisa funcionava ali. Era como se ela fosse uma bruxa normal de novo e precisasse da sua varinha para tudo como sempre. E, é claro, sua varinha tinha ficado na mansão Malfoy, o que não era uma coisa exatamente ruim porque senão ela teria que pensar num jeito de fugir dali e ainda recuperar sua varinha já que eles dificilmente a deixariam ficar com ela ali. Então era bom que ela estivesse em segurança. Assim que estivesse fora do castelo, poderia usar seus poderes novamente. Só precisava arrumar um jeito de sair. De uma forma geral, sua ida a biblioteca não foi muito produtiva exceto por um feitiço que achou em que supostamente poderia a ajuda a se comunicar com quem quisesse através de sonhos. Aquilo a chamou a atenção e ela rasgou a página do livro, a colocando no decote do vestido poucos minutos antes de Bellatriz aparecer, chamar o comensal que cuidava da biblioteca de estúpido, e a levar de volta para o seu quarto.


Bellatriz, Hermione percebeu, não havia estado no castelo o tempo todo. Na verdade, ela parecia estar chegando de viagem naquele momento e a garota ficou muito curiosa para saber aonde ela estava. Então depois que ela lhe colocou no seu quarto, Hermione esperou alguns minutos até ir procurá-la para ver se conseguia descobrir alguma coisa e a ouviu conversando com Voldemort.


Ela estava muito longe, por isso não ouviu a conversa inteira. Daria tudo para um par de orelhas extensíveis no momento. Mas ela conseguiu entender algumas coisas. Horcruxes. Redobrar segurança dos castelos. Leeds Castle. Bodiam Castle. Carlisle Castle. Naworth Castle. Não precisava ser um gênio para saber do que eles estavam falando.


Ela voltou para o seu quarto rápido, antes que eles a percebessem. Então era isso. As duas horcruxes restantes estavam no Bodiam Castle e no Carlisle Castle. Era uma informação preciosíssima, exceto que ela não podia contar á ninguém nem fazer nada a respeito. Pela milésima vez em apenas um dia, se sentiu de mãos atadas.


A manhã chegou mais rápido do que Hermione queria e ela teve que se levantar para ir até Voldemort. Se preparou o mais devagar que pôde e quando abriu a porta do seu quarto, um comensal a esperava do lado de fora, para levá-la até ele.


Quando abriu a porta do cômodo em que deveria entrar, ela achou que começaria a chorar ali, naquele instante. Mas engoliu as lágrimas e tentou parecer o mais apática possível.


Voldemort estava sentado em uma pequena mesa, tomando chá e conversando com um trouxa que tinha os olhos desfocados. Estava, sem dúvida nenhuma, sob a maldição Império.


- Oh, - Voldemort a viu parada na porta e fez sinal para que ela entrasse – estava me perguntando quando se juntaria a nós, Granger.


Ela andou hesitante até eles e parou perto da mesa, sem conseguir olhar para o trouxa inocente que estava na sua frente.


- Trouxe um convidado para você. – Voldemort disse para Hermione – Você precisa praticar, não é? – ele pegou sua varinha e a apontou para o homem – Fique de pé, Scott.


O homem ficou de pé a um metro de distância de Hermione e ela olhou para Voldemort.


- Por que não começa treinando o crucio? – ele falou como se lhe desse um conselho - Não vamos matá-lo imediatamente.


Hermione engoliu em seco.


- Não tenho minha varinha. – ela sussurrou, quase sem voz.


- Ah, nós dois sabemos que você não precisa da sua varinha...


E então Hermione sentiu todo o seu poder voltar. Como um botão que Voldemort tivesse apertado e então, eles estavam lá.


Ela não se mexeu e ele se levantou, parando ao seu lado.


- Vamos lá, Granger... Como quer me convencer que você poderia lutar pra mim nessa guerra se não consegue nem levantar um dedo contra um trouxa desconhecido?


Hermione gostaria de dizer que depois daquela atrocidade, ela voltou para o seu quarto e chorou até dormir mas ela não dormia há dias então ela apenas chorou... A única coisa que a manteve sã durante tudo aquilo foi que, de cinco em cinco minutos, ela sussurrava para si mesma o feitiço que tinha encontrado na biblioteca e durante um segundo, se concentrava no sonho que queria que ele tivesse.


Naquela noite, quando voltou para o seu quarto, Hermione ficou com medo de ter cometido um erro em ter chamado Draco para o castelo. Talvez aquilo significasse a morte dele. Ou talvez não. De qualquer forma, talvez ele nem aparecesse, achasse que fora somente um sonho... E apesar de ser um pensamento egoísta, a ideia de tê-lo naquele castelo horrível com ela não era assim tão ruim.


***


Eles tiveram que pegar um ônibus para chegar até o castelo.


Nenhum deles gostou nem um pouco da ideia, até porque depender de um transporte público trouxa não era a forma mais segura de viajar. Mas não havia muita alternativa. Eles tinham ido de vassoura até Londres, mas ao chegarem lá, perceberam que agora que eles já tinham destruído mais da metade das horcruxes, Voldemort poderia já estar ciente do que estavam fazendo e começar a dobrar a segurança nos castelos. Então talvez eles tivessem mais chance se se passassem por trouxas. Afinal, nada chamava mais atenção do que seis pessoas se aproximando de um lugar montados em vassouras. Se misturar com os trouxas talvez lhes dessem alguma vantagem.


Luna moveu sua mochila com dificuldade para abrir lugar para Gina sentar-se do seu lado e quando o fez, a ruiva lhe lançou um olhar questionador.


- Tem pedras aí dentro? – perguntou.


Luna deu de ombros.


- Nós não podíamos vir destruir horcrux sem nada para destruir horcruxes, não é? – ela sussurrou.


- Como assim?


Ela abriu um pouco sua mochila e Gina pôde ver ali dentro uma dúzia de dentes de basilisco...


- Luna... Aonde você conseguiu isso?


- Sabe como é, meu pai conhece pessoas...


Gina franziu o cenho e então teve uma ideia. Pegou sua bolsa e a abriu um pouco também.


- Divide o peso comigo. Assim nós também não vamos deixar nosso estoque em um lugar só, não é?


Luna assentiu.


- Boa ideia...


Enquanto as duas faziam de tudo para dividir os dentes de basilisco discretamente, Pansy estava distraída, com a cara enfiada em um livro – uma parte do seu disfarce – a algumas cadeiras de distância. Na verdade, ela não estava lendo mas sim espiando a paisagem passando rápido pela janela quando Lucas se sentou ao seu lado.


- Aonde você estava? – ela sussurrou pra ele.


- Fui no banheiro. – ele respondeu – Toma. – e estendeu uma garrafa de água para ela.


Ela olhou para ele com uma expressão de nojo.


- Você pegou água do banheiro pra mim? – fingiu um sorriso – Que gentil!


- Não. – ele revirou os olhos – Tem um trouxa vendendo água lá atrás.


- Hum. – ela pegou a garrafa ainda a olhando desconfiada e colocou na bolsa.


Ele a observou.


- Está com medo?


- De quê?


- Ah, não sei... Talvez porque vamos destruir uma horcrux e da última vez, o Weasley não voltou e um cara teve que morrer?


Ela deu de ombros e não replicou.


- Pansy... – ele a olhou preocupada – Você está quieta. Está tudo bem?


- Só pensando... – ela respondeu – E morrendo de preocupação, claro.


Ele assentiu.


- Aonde o Draco poderia ter ido, Lucas? – ela perguntou – Ele não tinha pra onde ir! O que pode ter feito ele deixar a mansão? – ele não respondeu e aquilo a irritou – Você sabe, não é?


- Eu não sei de nada. – ele respondeu.


- Mas ele é seu melhor amigo. Não está nem um pouco preocupado?


- Eu estou, ok? – ele se irritou também – Mas eu acho que Draco está bem.


- Como pode ter certeza?


Ele suspirou.


- Eu não tenho, Pansy. Mas eu gosto de acreditar que ele não vai fazer nenhuma besteira... E que ele sabe se cuidar sozinho. E que, acima de tudo, ele teve um bom motivo para deixar a mansão e ir pro único lugar que ele poderia ter ido.


- Pro castelo de Você-Sabe-Quem? – ela falou num tom quase inaudível.


- Acho que sim. – ele respondeu hesitante.


- Mas... – ela parecia estar pensando em milhões de coisas ao mesmo tempo – o que isso significa? Você acha que ela está viva?


- Eu pensei nisso... – ele falou – E acho que todos estão pensando também... Não ia ser a primeira vez que alguém finge uma morte no meio de uma guerra, não é? Mas...


- Mas o quê?


- Mas pode ser também que a gente esteja vendo o que quer ver. – ele respondeu – E óbvio que estamos desesperados para que isso seja verdade e não estejamos conseguindo ver as coisas direito.


- Quero muito que ela esteja aqui. – Pansy sussurrou e corou um pouco – Sabe, pro casamento... – ela viu Lucas sorrir e continuou, envergonhada – É só que... isso é uma coisa que você vai correndo contar pra sua melhor amiga. E começa a fazer planos e... – ela revirou os olhos – Eu sei que isso parece coisa de menininha mas... em vez disso, eu tive que esconder o anel e ficar quieta. – ela fez uma pausa - Pensar nisso nesse momento é egoísta, não é?


- Não importa. – ele a abraçou – Eu entendo.


Alguns minutos depois, Luna se aproximou deles:


- Chegamos.


Todos eles desceram do ônibus e andaram pela curta estrada de terra que levava ao castelo, fazendo questão de se misturarem com o bando de turistas que rumava para a entrada do lugar.


Diferente do Leeds Castle que era, como Luna gostara de salientar diversas vezes, muito lindo, o Bodiam Castle passava longe disso. O lugar era rústico e tinha até um ar meio assustador. O lago que ficava em volta do castelo era tão grande que parecia que ia engoli-los.


Harry achou ter visto dois caras mal encarados olharem para eles e cochicharem entre si, mas como eles não fizeram nenhum movimento os impedindo de entrar, achou que fosse coisa da sua cabeça.


Assim que se viram dentro do castelo, Luna tirou a bússola da bolsa e fez um sinal discreto com a cabeça para onde ela apontava. Eles foram na direção em que ela indicou.


Eles andaram por corredores e mais corredores e na medida em que andavam, iam passando por lugares cada vez mais desertos, até se verem completamente sozinhos.


Luna, que ia na frente porque estava com a bússola, parou de repente e todos a olharam assustados. Estavam de frente para uma armadura de quase dois metros de altura.


- Tá de brincadeira! – Rony exclamou – A armadura é uma horcrux?


Lucas o olhou impaciente.


- Por favor, Weasley...


- O que? – ele olhou para todos – Esqueceram que uma delas supostamente vai impedir que nós a destruamos? Pra mim, uma armadura poderia fazer isso de bom grado...


- Não... – Harry murmurou – Não soa como algo que Voldemort faria...


- Pode, por favor, não dizer o nome dele aqui? – Lucas pediu impaciente.


Harry o ignorou e tocou a armadura.


- Talvez tenha alguma coisa atrás dela. – ele falou – Vamos, me ajudem a movê-la.


Lucas e Rony se aproximaram também, e enquanto as meninas vigiavam o caminho caso algum guarda trouxa aparecesse, eles moveram a pesada armadura de lata do lugar onde estava.


Agora eles encaravam a parede de pedra e a bússola continuava apontando pra lá.


- Peraí. – Pansy sorriu ao perceber algo – É óbvio. Muito sonserino.


Ela começou a apalpar a parede e quando Lucas – que também parecia entender o que Pansy estava fazendo – viu que os grifinórios e Luna estavam boiando, ele revirou os olhos e explicou:


- A sonserina tem vários esconderijos desse tipo... Todo mundo costuma usá-los pra dar uns amassos de vez enquando...


Gina revirou os olhos.


- Claro que sim...


Nesse momento, Pansy pareceu encontrá-la e dando um empurrão na parede, abriu a porta.


- Por favor, - Lucas sorriu – podem começar a agradecer por termos vindo com vocês agora.


Harry bufou e passou pela porta recém-descoberta, sendo seguido pelos outros. Havia uma escada enorme e estreita, feita de madeira, em que eles supostamente deveriam descer.


Lá dentro era muito escuro e aparentemente, o feitiço Lumos não funcionada então tiveram que descer em pleno breu.


- Isso é apavorante... – Gina sussurrou.


- Apavorante, Weasley? – Pansy falou – Está sendo gentil...


- Odeio escuro. – Luna resmungou. Ninguém falou nada por um minuto e ela completou – Dá pra continuar conversando? Parece que estou sozinha aqui.


- Falar sobre o quê? – Rony perguntou, não odiando a ideia.


- Que tal falarmos sobre o elefante branco na sala? – Gina perguntou – Quem, além de mim, acha que Hermione está viva?


Ninguém respondeu, o que não contribuiu com a ideia de Luna.


- Ei, a ideia era todo mundo falar! – Gina disse.


- Não podemos nos iludir, Gina. Talvez Voldemort só esteja fazendo isso para mexer com a nossa mente. Talvez ele queira que a gente pense que ela está viva para se aproveitar da situação quando descobrirmos que ela não está. Talvez seja esse o objetivo dele quando colocou Rony na nossa porta. – Harry disse.


- “Colocou Rony na nossa porta”? – Rony perguntou, meio ofendido – O que eu sou? Um bebê órfão ou um filhote de cachorro?


- Quer mesmo que a gente responda, Weasley? – foi Lucas quem falou.


- Ou talvez, Harry, ela esteja mesmo viva. – Luna disse.


- Por quê? – Pansy perguntou de repente – Você viu alguma coisa?


- Não, não vi... – Luna respondeu.


- Não temos como saber se Hermione está viva. Pelo menos não agora. – Harry falou – De qualquer forma, não acho que especular vai nos levar a algum lugar. Nós queremos respostas sim, mas no momento não há nada que a gente possa fazer para recebê-las, além de esperar.


Diante disso, todos ficaram em silêncio, até algo começar a brilhar um pouco abaixo deles.


- O que é aquilo? – Rony foi o primeiro a perceber.


Era como ver uma luz no fim do túnel. Literalmente.


A escada finalmente acabara e agora eles estavam no mesmo nível da luz. Ela estava no meio do lugar, em cima de uma pedra de formato quadrado. Era um pomo-de-ouro, que brilhava de forma resplandecedora.


- É isso? – Lucas perguntou com desdém – Uma porta sonserina e uma escada interminável no puro breu? Pelo que vocês falaram, achei que iríamos ter um pouco mais de emoção por aqui...


Harry estava hesitante demais então Gina se aproximou e tirou o pomo do lugar. Eles esperaram cinco, dez segundos. Nada aconteceu. Nenhuma parede explodiu, ninguém enlouqueceu, o pomo não tentou atacá-los e nenhuma sirene tocou. Na verdade, o pomo nem sequer abriu suas asas... Era como se estivesse adormecido. Gina deu de ombros e colocou o pomo no bolso.


Eles deram de ombros e se viraram para voltar a escada mas ela não estava lá. Então era isso. Ela tinha simplesmente desaparecido. Eles até olharam em volta, como se esperassem que aquela fosse uma das de Hogwarts, que mudavam de lugar. Mas era como se nunca tivesse havido uma escada ali.


- Então é isso? – Gina perguntou, apavorada – Vamos ficar presos aqui pra sempre?


- Pra sempre não. – Rony respondeu – Acho que podemos morrer afogados antes.


Eles olharam para o chão e soltaram diversas exclamações ao mesmo tempo quando viram o que acontecia com uma rapidez alarmadora. O chão do lugar começava a encher de água. Era como se ela brotasse do chão.


- O rio. – Luna falou – Nós descemos tanto que estamos praticamente em baixo do nível da água.


Harry se virou para Lucas. A água já estava na canela deles.


- Isso é emoção o suficiente pra você?


***


Naquela noite, para o desespero de Hermione, Voldemort tinha feito questão que ela jantasse com ele e mais alguns comensais que eram considerados bons o bastante para dividir uma refeição com o Lord das Trevas. Entre eles, Rabicho, Greyback, e outros. E Bellatriz e Lúcio, claro.


Todos já estavam terminando de comer e tudo que Hermione tinha feito era revirar sua comida para dar a impressão de que tinha comido.


- Granger, - Voldemort falou em um tom meio raivoso, o que fez todos na mesa darem um pequeno pulo – você precisa comer. Eu odiaria saber que você está planejando morrer de fome antes de poder fazer qualquer coisa útil pra mim.


Desde que Hermione tinha lhe dito que morrer não era uma preocupação pra ela, ele vivia fazendo piadas e jogando indiretas sobre isso. Mas Hermione sabia haver uma preocupação genuína por trás disso. Iria estragar tudo pra ele se Hermione decidisse se matar. E ela não podia negar que a ideia era tentadora... Mas ela não podia fazer isso. Não quando havia a menor das possibilidades de ela conseguir sair dali. Ela já sabia aonde as outras horcruxes estavam... Ela só precisava passar aquela informação pra alguém que faria alguma coisa a respeito. Ela se recusava terminantemente a fazer qualquer coisa estúpida no momento... Já tinha feito coisas estúpidas demais para uma vida inteira. Se houvesse a menor das possibilidades de ela ajudar a acabar com Voldemort e ajudar a salvar seus amigos e todas as pessoas inocentes envolvidas na guerra, ela agarraria a oportunidade com todas as suas forças.


Um dos comensais que Hermione sabia ficar a maior parte do tempo de guarda do lado de fora, entrou a sala de estar correndo.


- Lord, - ele disse chamando a atenção para si – nós temos um pequeno problema.


Voldemort o encarou impaciente.


- Que tipo de problema?


- DÁ PRA ME SOLTAR, SEU IDIOTA??


Hermione sentiu seu coração doer ao ouvir aquela voz. Ela viu Voldemort olhar para o lugar de onde a voz vinha com interesse ao mesmo tempo que Hermione fazia menção de se levantar.


- Draco...


Voldemort sacudiu a mão na direção dela e foi como se cordas invisíveis prendessem Hermione na cadeira, a impedindo de levantar. Mais precisamente, a impedindo de se mexer.


- Por que não fica sentada, Granger? – ele disse com uma satisfação imensa ao mesmo tempo em que Draco entrava na sala de estar, carregado por dois comensais.


- Hermione... – ele murmurou quando seus olhos caíram nela. Ele parecia aliviado. – Você está aqui.


Lúcio Malfoy bufou e Bellatriz revirou os olhos.


- Seu filho é patético! – ela disse para ele.


- Draco, o que você está fazendo aqui? – Lúcio parecia furioso.


- Nós o vimos se aproximando de vassoura e não soubemos o que fazer, milorde. – um dos comensais que segurava Draco disse – Impedimos os dementadores de fazer qualquer coisa e o deixamos chegar até aqui porque não sabíamos as intenções dele...


Voldemort estava exultante.


- Fizeram bem.


Ele se levantou e parou na frente de Draco.


- Que virada interessante nos eventos dessa noite! – ele exclamou e Draco o olhou com estranheza. – O que te traz aqui, jovem Malfoy?


- Isso é o que você sempre quis, não é? Eu estou aqui.


- Hum. – Voldemort balançou a cabeça, como se estivesse pensando – Veja bem, Draco... O problema é: eu não tenho mais tanta certeza se eu ainda preciso de você... Claro, seus poderes são admiráveis, mas já que Granger decidiu se juntar a nós, não acho que eles sejam mais necessários. Acho que eu preciso de um tempo para pensar...


Hermione queria gritar de frustração e implorar para que Voldemort não fizesse nada contra ele mas do pouco tempo que estava ali, ela já podia imaginar que aquilo de alguma forma só ia tornar as coisas piores.


- Rabicho, pode acompanhar Draco até o antigo aposento do Weasley?


Rabicho se levantou e fez o que lhe foi mandado enquanto Hermione assistia os dois se afastarem, pensando em milhões de coisas ao mesmo tempo.


- Granger? – Voldemort chamou quase delicadamente e ela o olhou receosa – Tem alguma coisa a dizer?


Ela olhou de onde Draco estava para ele, para Bellatriz que parecia estar se divertindo como nunca, para Lúcio Malfoy que parecia querer enterrar a cabeça no chão de vergonha, para Voldemort novamente e balançou a cabeça.


- Não.


- Ótimo. Então Willians vai te acompanhar até seu quarto.


Hermione se levantou e tomou o rumo sozinha, mas tendo perfeita noção de que estava sendo seguida. Ela não queria nem imaginar o que eles fariam com Draco. E era culpa dela. Ela tinha lhe chamado ali.


Mordeu os lábios, dando seu máximo para não chorar. Aonde o discurso que tinha dado para si mesma sobre não fazer coisas estúpidas tinha ido parar agora?


*****


Draco odiava Rabicho do fundo do seu coração desde que podia se lembrar.


Não havia um motivo específico. Talvez fosse pelo fato de que ele era um grifinório – um que tinha traído seus melhores amigos, mas ainda um grifinório... -, que ele vivera com os Weasley’s por anos, ou que ele vivera com os Weasley’s por anos como um rato... Ou pelo simples fato de que o cara era um pau mandado desprezível... mas Draco nunca gostara dele. Como consequência disso, ele nunca tinha realmente dado muita atenção pra ele ou – menos ainda – o tratado como os outros comensais da morte... Ele nunca lhe parecera um, pra falar a verdade...


Mas agora Rabicho estava tendo seu momento, e estava lhe provando que Draco estava errado.


Aquela não era a primeira vez que Draco era torturado e ele ainda tinha a triste impressão de que aquela não seria a última... Mas aquela era com certeza a pior... Seu pai o tinha torturado algumas vezes como castigo, e era bastante ruim quando ele fazia isso, mas daquela vez era bem pior... Talvez seu pai não estava querendo lhe machucar de verdade, afinal de contas... Pelo menos não naquela época... Quem diria.


Além disso, agora ele entendia como Potter e seus amigos podiam simplesmente ficar parados, aguentando em silêncio durante uma tortura. Porque através de toda aquela dor, havia a consciência de que o que daria mais prazer ainda para a pessoa que estava te torturando, seria te ver urrando de dor. E não tinha chance de você querer dar aquele gostinho pra ele... Principalmente quando você estava sendo torturado por Rabicho.


- Não toque em mim! – ele ouviu ao longe a voz de Hermione gritar. Logo em seguida ouviu-se o barulho da porta de ferro da sua cela abrindo e Hermione olhou para a cena a sua frente com tanto pavor que Draco podia sentir o nervosismo dela irradiando pela sala.


*****


Quando Hermione entrou na sela e viu Draco sentado no chão, com o corpo tenso de dor enquanto Rabicho o torturava, ela achou de verdade que ia ter um colapso nervoso.


- Rabicho, - ela tentou ao máximo manter sua voz firme – deixe ele em paz.


O comensal a olhou rindo.


- Mesmo, Granger? E quem você pensa que é pra achar que eu vou seguir suas ordens? Crucio!


Ela prendeu a respiração e tentou desviar o olhar quando viu os olhos de Draco se arregalarem com a dor. Ela colocou a mão no rosto e não pôde evitar que as lágrimas rolassem pelo seu rosto. Como ela pôde ser tão estúpida a ponto de chamá-lo ali? Só tinha piorado as coisas!


- Você vai acabar matando ele! – ela falou entre as lágrimas.


- Não, Granger... Pra matá-lo, é preciso mais que isso. Você quer ver?


Ela balançou a cabeça que não mas Rabicho apenas sorriu e se aproximou ainda mais de Draco. Em seguida, ele mandou tantos crucios seguidos na direção do garoto que Hermione entrou em pânico e perdeu totalmente a pose firme e segura de si que ela estava tentando passar desde que chegou. Ela simplesmente chorava e gritava pra ele parar. Ao longe, podia ouvir os outros comensais assistindo enquanto riam.


Ela estava tão fora de si que só foi perceber aquela sensação minutos depois. A sensação que a fazia querer se isolar quando sentia... Seus poderes surgindo.


Um segundo se passou em que Hermione ficou em silêncio e esperou aumentar. Pela primeira vez ela ficou feliz com aquilo e até tentou atiçar a sensação, estava com medo que fosse só uma impressão, já que ela supostamente não tinha poderes no castelo... Mas talvez Rabicho tivesse se aproveitado demais daquele fato... Se concentrou na raiva que sentia dos outros comensais rindo do seu sofrimento e do de Draco, se concentrou na expressão psicótica de Rabicho ao tentar tirar a vida dele aos poucos.


Em seguida, ela acenou com a mão e de repente ele estava sendo jogado contra a parede, caindo com um estrondo do outro lado da sela.


- Granger, não se atreva!


Ela se aproximou lentamente e o desarmou, fazendo a varinha dele voar para as suas mãos. Ouviu o barulho das portas de sela se abrindo mas com um aceno de varinha ela as congelou, impedindo qualquer um de entrar.


Ela ainda chorava muito, mas aquilo não a impediu de se aproximar mais.


- Você tem alguma idéia do quanto eu te odeio? – ela sussurrou. A varinha tremia na sua mão. Seu corpo todo tremia. De raiva, de medo, de nervosismo. Fazia tempo que Hermione não se sentia assim... – Por sua causa, os pais do meu melhor amigo estão mortos. Por sua causa, Harry teve que passar por todo esse sofrimento enquanto crescia... A morte de Cedrico? Culpa sua. A volta de Voldemort? Culpa sua. Se não fosse por sua causa, nem meus amigos, nem eu teríamos que passar por isso tudo. Nós seríamos adolescentes normais! Você sabe o que é isso? Nós não!


Rabicho estava encolhido no canto do lugar com a cara idêntica a quando Sirius o encurralou na Casa dos Gritos, quatro anos atrás... Aquilo só tornou as coisas piores.


- Hermione... – ela tinha alguma noção de que Draco estava tentando se aproximar dela com uma certa dificuldade, mas ela não conseguia tirar seus olhos de Rabicho. Sentia seu sangue ferver.


- Tudo isso é culpa sua, Rabicho. Você foi o responsável por desencadear todos os acontecimentos dos últimos dezessete anos. Tudo começou com você. Você condenou centenas de bruxos no momento em que decidiu trair seus melhores amigos! Avada kedrava!


O raio verde da maldição da morte saiu da varinha e matou seu próprio dono. Hermione não sabia se aquilo era possível para um bruxo normal, mas ela quis tanto aquilo naquele momento... Ela duvidava que algo fosse impedi-la.


No silêncio que se propagou na sela, ela ouviu o barulho seco de palmas batendo. Hermione se virou e viu Voldemort parecendo que nunca esteve tão feliz.


- Ora ora, o que temos aqui... Eu suponho que estava errado, então...


Hermione o olhou ainda paralisada. Voldemort estava extremamente satisfeito.


- Parece que a chegada de Draco pode ser o empurrãozinho que faltava pra você, Granger. Confesso que se eu soubesse disso, teria trazido os dois juntos de uma vez mas enfim... Antes tarde do que nunca, não é? É uma pena que Rabicho tivesse que morrer para vermos isso mas o que podemos fazer?


Hermione continuava sem se mexer. Na verdade, parecia que a cada palavra que saía da boca de Voldemort, o horror dela com a situação e consigo mesma só aumentava. Ela se virou para Draco e viu que ele estava bem. Parecia um pouco fraco, mas bem. Ele lhe olhava parecendo muito preocupado.


- O que estão fazendo parados aí? – ele disse depois de alguns segundos em silêncio – Sumam daqui. Vou mandar alguém limpar essa bagunça.


Como Hermione parecia que não ia se mexer, Draco se levantou com dificuldade, segurou a mão dela e a puxou para longe dali. Eles andaram em silêncio e muito devagar já que Draco quase não conseguia se mexer e a cabeça de Hermione estava longe até que chegaram ao pé da escadaria do hall. Draco colocou Hermione sentada em um degrau e se sentou ao lado dela.


- Hermione? – ela se abraçou e manteve os olhos no chão, como se ele não estivesse ali – Hermione, fala alguma coisa.


Ela continuou calada por alguns instantes. Então, ela levantou os olhos lentamente.


- Eu matei outra pessoa... – ela sussurrou.


- Hermione...


- E foi porque eu quis. – ela completou. – John estava certo.


- O quê? – ele perguntou num tom completamente diferente de antes.


- Um dia, John virou pra mim e disse que antes do final da guerra eu mataria outra pessoa. Que Neville não seria o único... E ele estava certo. Eu me transformei num...


- Não se transformou não. Você ainda é você. Só as circunstâncias é que são diferentes... Se alguém além de Rabicho ou Voldemort tem culpa nisso, esse alguém sou eu.


Ela o olhou surpresa.


- Como, em um milhão de anos, isso é sua culpa? Você ia morrer lá. Porque eu te chamei aqui.


- Que bom que você chamou...


Ela pareceu não entender e ele não respondeu imediatamente, apenas passou o braço em volta dela, a puxando para um abraço.


- Você tem noção do que você fez, Hermione? Eu quase fiquei louco achando que nunca mais te veria de novo.


***


- Que maneira estúpida de se morrer! – Pansy exclamou pela milésima vez.


Eles estavam presos ali há pouco menos de dez minutos e a água já estava quase no teto. A única razão pelo que eles ainda estavam vivos era que eles estavam praticamente fingindo que estavam numa piscina nadando, mantendo a cabeça fora da água. O problema era que assim que a água tocasse o teto, não haveria mais o que fazer. A verdade era que eles estavam apenas adiando o inevitável.


- Ok. Pessoal, vamos todos ficar calmos, tá? – Gina disse.


Pansy revirou os olhos.


- Nós estamos tão calmos quanto é possível estar, Gina. O que quer mais que a gente faça? Yoga?


- Olha, tudo que a gente precisa fazer é contar um pouquinho com a sorte, ok? – ela falou.


- Claro, porque ela sempre esteve do nosso lado. – Harry respondeu.


Gina o ignorou.


- Vocês podem por favor me deixar falar? O que eu quero dizer é que tem um furo nessa armadilha, ok? Do jeito que a água está subindo rápido, eu duvido que ela vá parar assim que o lugar estiver cheio. Ela vai continuar chegando, mas não vai ter mais espaço pra ela.


- Claro. – Luna pareceu entender – A força da água vai explodir as paredes.


- Exatamente. – a ruiva lançou um sorriso esperançoso aos amigos – Nós podemos sair dessa. Tudo que temos que fazer é aguentar um pouco debaixo d’água.


- Mas e se você estiver errada, Weasley? – Lucas perguntou – E se a água parar de subir?


- Foi o que eu disse. Vamos ter que contar com a sorte.


Eles não falaram mais nada, mas agora ansiavam pelo oposto de antes. Tudo que queriam agora era acabar logo com aquilo, ver o que iria acontecer.


Então, como se tivessem combinado, os seis prenderam a respiração ao mesmo tempo e mergulharam.


Pareceu se passar uma eternidade. Pareceu se passar tanto tempo que Gina realmente achou que estivesse errada. Voldemort não cometeria aquele erro. A intenção dele era matar qualquer pessoa que chegasse perto das suas horcruxes, não cometeria um erro tão óbvio. Mas é que... não era aquilo que Fred e Jorge costumavam dizer? Que as ideias mais geniais são as que vêm das coisas mais óbvias?


Ela já tinha perdido as esperanças, assim como sabia que seus amigos também tinham, quando eles ouviram um estrondo. E foram levados por uma enxurrada violenta.


Gina teve um momento de felicidade, antes de perceber que o pomo que estava no seu bolso, tinha sido levado para longe também. A enxurrada os fez bater no fundo do lago e tudo que ela pôde ver foi uma luz dourada subindo em direção á superfície. Pansy seguiu seu olhar, e vendo o que tinha acontecido, tentou nadar rapidamente em direção ao pomo. Gina fez o mesmo, tentando ajudar.


Quando estava quase chegando a superfície, Pansy esticou os braços e conseguiu alcançá-lo. Mas algo a fez soltá-lo por um reflexo e quando ela olhou para sua mão, viu um enorme corte rasgando sua palma. Gina franziu o cenho ao ver a mancha vermelha de sangue na água. Quando conseguiu colocar a cabeça pra fora da água, procurou o pomo freneticamente com o olhar e só pôde observar ao vê-lo voando novamente em direção ao castelo.


***


Draco foi colocado no mesmo quarto de Hermione, o que foi uma surpresa. Mas também não havia muito o que eles podiam fazer. Mantê-los separados para quê? Para eles não conversarem? Que diferença faria? Não era como se eles pudessem combinar um ataque a Voldemort ou alguma coisa do tipo, eles provavelmente estavam sendo vigiados de perto. Para eles não se beijarem ou não fazerem sexo e acabarem concebendo o primeiro mestiço da história da família Malfoy? Se Voldemort estava acompanhando a vida dos dois de perto desde o começo do ano, - e, Merlin os ajude, ele estava – eles sabiam muito bem que não seria a primeira vez, não é? Além disso, não era como se o castelo de Voldemort fosse o lugar mais apropriado para isso, mesmo que os dois ainda estivessem juntos e tivessem clima para isso.


Então eles simplesmente se sentaram na cama lado a lado em silêncio por um longo tempo, até Hermione o quebrar.


- Draco?


- Hum?


- Obrigada por ter vindo aqui por mim.


Ele não respondeu, ela escutou apenas o silêncio e era provavelmente o som mais alto que já ouvira.


- Está com raiva de mim? – ela perguntou num sussurro, percebendo que estava com medo da resposta. Não era pra fazer diferença, ele vinha estado com raiva dela por um bom tempo agora... Mas de algum modo, fazia.


- Eu... não, acho que não. – ele a olhou – Por que está perguntando isso?


- Você está quieto... Mais que o normal...


Ele fez uma pausa.


- Só estou pensando...


“... em um jeito de sairmos daqui...” Hermione completou a frase dele mentalmente, sabendo que era isso que ele queria dizer. Ela também queria achar um jeito de fugir dali o mais rápido possível, mas estava com medo. Muito medo. Ver Voldemort cara a cara e pior, conviver com ele nos últimos dias, parecia que tinha mudado sua perspectiva das coisas. Por mais que antes soubesse do risco que todos da Ordem da Fênix estavam correndo, ficar ali e encarar Voldemort cara a cara todo dia tinha tornado tudo muito mais real. Ela tinha visto o estado que Rony tinha ficado e o que eles estavam fazendo com Draco... Por pouco, ela não perdeu os dois... Estava com medo do que ele poderia fazer aos seus amigos quando ela fosse embora e quebrasse o suposto acordo que os dois tinham feito. Então ela queria ir embora... Mas se ficar ali de alguma forma mantesse os outros seguros... era um preço que ela estava cada vez mais disposta a pagar.


- Me desculpe por eu ter te atraído pra cá, Draco... – ela disse – Foi uma coisa completamente imprudente de se fazer... Eu não sabia o que faria quando você chegasse aqui, ou o que faríamos depois disso... Eu simplesmente não estava pensando direito... Deixei o medo me dominar e não queria mais ficar sozinha.


- Você não me obrigou a vir até aqui, Hermione... – ele respondeu - Você meio que mandou um recado... um pedido... Mas eu vim porque quis.


- Eu tenho a sensação que obriguei... – ela suspirou – Eu não sei, eu só... achei que eu tivesse um plano. Me entregar, salvar Rony, poupar a vida de pessoas inocentes... E eu achei que quando eu chegasse aqui, eu saberia dar o próximo passo... Mas eu não sei... E eu não consigo nem pensar direito, eu estou com tanto... – ela hesitou – Eu só...


- Está com medo? – ele perguntou suavemente.


- É. – ela balançou a cabeça – Muito... Eu não queria estar, mas esse lugar... – ela olhou em volta – É tão frio e... eu não sei, assustador... Eu sei que isso soa infantil e eu achei que depois de tudo, eu estaria muito mais, sabe... corajosa mas...


- Você está. – ele disse, a interrompendo – O que você fez foi muito corajoso, Hermione...


- Corajoso? – ela perguntou quase indignada. Corajoso seria a última palavra que usaria para definir o que tinha feito. - Eu machuquei as pessoas que eu amo... Eles acham que eu estou morta... – ela também queria expressar o medo de que fosse obrigada, em um certo ponto, a machucá-los fisicamente, além de toda a dor psicológica que tinha causado, mas sabia que as paredes tinham ouvido então se calou.


- Você fez o que precisava fazer pra protegê-los. Isso é muito corajoso.


- Te chamar aqui não foi. – ela falou encarando a colcha escura da cama – Foi a coisa mais egoísta que eu poderia fazer... porque eu sabia que se estivesse com você, estaria mais forte e poderia finalmente pensar com mais clareza... com menos medo... Eu sabia que você iria me fazer sentir segura, mesmo aqui. Me desculpe.


- Granger, acredite em mim... – ele disse, quase impaciente - Você não estaria se desculpando se soubesse o quão aliviado eu estou por saber que você está viva.


Ela deixou as lágrimas de medo escorrerem pelo seu rosto e Draco, vendo o estado dela, colocou o braço em volta do seu ombro, fazendo-a encostar a cabeça no seu peito. Fazia tempo que os dois não ficavam assim, tão perto a ponto de sentir as batidas do coração um do outro. Era uma pena que eles precisassem estar numa situação daquelas para deixarem o orgulho um pouco de lado e perceber que havia coisas mais importantes.


- O que eles fizeram pra te trazer pra cá, Hermione? – Draco perguntou num sussurro.


- As pessoas iam se machucar por minha causa... Rony... – ela levantou os olhos para ele – Rony está bem?


- Sim, ele chegou na mansão na noite em que eu saí... Mas todos estão desconfiados...


- Eu imaginei que eles ficariam.


- Como eles forjaram sua morte?


- Eu tomei uma poção que iria fazer meu coração parar por algumas horas... E derrubei a poção que controla meus poderes, assim todos iam pensar que eu tomei a quantidade errada...


- Nós estávamos achando que você tinha se matado... – ele hesitou – Por causa do Steve...


- Eu pensei que vocês poderiam chegar a essa conclusão também... Apesar de estar na esperança de que a primeira teoria iria pegar... – ela o olhou muito séria – Eu não tenho nenhum remorso com relação a John... Ele tomou a decisão dele e, - ela deu de ombros – eu não sei, isso pode soar meio estranho, mas foi melhor assim. Pra ele, principalmente. Ele era uma pessoa muito infeliz...


Draco não respondeu e Hermione continuou.


- Então, depois que me enterraram, os comensais deveriam ir lá e me tirar do caixão. Me trazer pra cá. – ela respirou fundo – Mas eles demoraram muito. Eu acordei e ainda estava embaixo da terra. Foi horrível... achei que eu tinha caído numa emboscada... Achei que eu ia morrer lá. Enterrada viva.


Draco olhou para ela pesaroso.


- Eles fizeram isso de propósito. – ele disse – Pra mostrar que podiam te matar.


Ela assentiu.


- Eu pensei nisso. – ela desviou o olhar – Eles ainda podem. A nós dois, se não cooperarmos.


- Eu sei... – ele colocou a mão no rosto dela – Mas o que importa é que ainda estamos aqui, ok? E estamos juntos.


Ela balançou a cabeça, entendendo a mensagem silenciosa dele. Eles iam dar um jeito de fugir dali.


O problema era que mesmo que um dos dois pensassem em algum plano, eles não podiam simplesmente contar um ao outro nem conversar sobre isso abertamente. Hermione tentou evitar não pensar nisso, mas no momento, tudo estava contra eles. E se não acontecesse uma mudança drástica, não parecia que as coisas iam melhorar logo.


***


Algumas horas depois, Draco estava de pé em frente á uma imensa janela no quinto andar do castelo, observando com amargura a densa floresta á sua frente, ainda remoendo um jeito de saírem de lá, quando sentiu alguém se aproximando. Não precisava nem olhar para saber quem era, já estava se perguntando quando ele iria vir expressar seu imenso desgosto.


- Olá, pai...


- Draco. – Lúcio olhou para o filho – O que está fazendo aqui?


Draco sorriu debochado.


- É bom te ver também...


O homem revirou os olhos.


- Eu diria, com muito prazer, que seria ótimo te ver se eu não soubesse o verdadeiro motivo pelo qual você está aqui.


Draco olhou divertido para o pai.


- E que motivo é esse?


- Você veio atrás da Granger. – ele respondeu – Isso é patético. Um sangue-puro atrás de uma sangue-ruim. Será que você não aprendeu nada do que eu te ensinei?


- Claro. – respondeu – Você foi um ótimo exemplo, pai. Agora eu sei exatamente que caminho não tomar...


- Draco, você poderia ter tido o mundo... Mas você fez todas as escolhas erradas... Eu tenho vergonha de você. Merlin sabe quantas vezes eu já me perguntei se é mesmo um Malfoy...


- Se você tem vergonha de mim, eu diria que minha missão está cumprida. Já que eu nunca fui capaz de te deixar orgulhoso, é bem mais fácil, sem falar divertido, te deixar envergonhado...


- Então é isso que essa história toda se trata? Fez isso tudo pra me desafiar?


Draco balançou a cabeça.


- Isso vai muito além de você.


- Você vai morrer, Draco...


Ele fingiu estar ofendido.


- Obrigado. Seu apoio me emociona.


- Isso não é uma piada, Draco. Todos sabem exatamente o que veio fazer aqui. Não seja ingênuo o suficiente a ponto de achar que está enganando alguém. Você e a Granger querem fugir. Mas não importa quantos poderes tenham, não vão conseguir.


- Pai, vou te contar um segredo. – ele se aproximou e sussurrou – Eu não poderia me importar menos com o que vai acontecer comigo.


- Não se importa? Você realmente prefere morrer a se juntar ao Lord? A fazer tudo o que você estava destinado a fazer desde antes de nascer?


- Sim. E eu ainda não estou morto, pai. O jogo ainda está rolando...


- Mesmo se você sobreviver a essa guerra, o que é pouco provável, você sabe que nunca vai poder ser feliz com a sangue-ruim, não é? Eu mesmo vou me certificar disso. Você não vai sujar o nome da família tendo filhos mestiços com a Granger, uma garota que nem sequer te ama.


Draco hesitou e Lúcio riu.


- Assunto sensível? Merlin, como eu pude ter um filho tão patético? Colocar aquele feitiço em você foi uma das coisas mais inteligentes que eu pude fazer... Só de pensar como as coisas seriam diferentes se você não tivesse a Granger...


- Eu decidi deixar o Lord antes de sequer ter uma conversa civilizada com Hermione...


- Draco... – ele falou como se o garoto fosse um tolo – Você e eu sabemos muito bem que se não fosse por ela, você teria deixado a Ordem da Fênix e voltado para o nosso lado em questão de dias... horas talvez... Voltado para onde você nunca deveria ter saído...


Quem era Draco para contestar aquilo? Tinha perdido as contas de quantas vezes ele mesmo tinha dito aquilo para Hermione. Ele só tinha ficado porque ele tinha alguém por quem ficar. No começo, ele tinha Hermione, e depois quando Hermione e ele se separaram e ele tinha supostamente deixado de se importar com ela, ainda havia sua mãe e o fato de que agora a mansão Malfoy era, por mais absurdo que aquilo fosse, a nova sede da Ordem da Fênix. E ainda havia Lucas e Pansy, ele conhecia os dois desde sempre, e eles juraram que ficariam nisso com ele até o final, ele não poderia simplesmente deixá-los. E por mais que ele não admitisse, mesmo agora, ainda havia Hermione. Sempre iria haver Hermione. A verdade era que, apesar de tudo, ela ainda estava acima de qualquer garota que ele tivesse conhecido.


- Você tem a fraqueza, Draco. Eu sei que esses últimos meses não tem sido fáceis para você... Independente do que aconteça, você é um sonserino. Acima de tudo, você é um Malfoy. Bondade não vem fácil para pessoas como nós.


- Eu não sou como você.


- Então você acha que eu estou errado? Você tem certeza que se não fosse pela sangue-ruim, e depois pela sua mãe... Você realmente acha que ainda estaria com eles? O que você tem em comum com aquelas pessoas? Não é como eles...


- Também não sou como você... E eu não sou fraco...


- Então teremos que esperar pra ver...


Draco franziu o cenho.


- O que isso quer dizer?


- Quer dizer que se você acha que eu estou errado, eu vou ter que te provar o contrário... Que você não é nenhum pouco forte se não tiver algo, alguém, que te faça forte. Você disse que não se importa com o que acontecer com você... Mas se importa com ela, não é? E se eu te conheço bem, não só com ela... Então guarde minhas palavras, meu filho. Eu vou fazer tudo que eu puder, mas você não será um traidor de sangue. Você não sujará o nome da nossa família. Mesmo que pra isso eu precise matar, um a um, todas as pessoas que você já conheceu, que significam algo pra você. Todas as pessoas que, como eu presumo, te ‘fazem forte”. Começando pela sangue-ruim que é a culpada disso tudo. Assim que ela for dispensável para o lord... eu não vou hesitar... eu prometo.


Ele saiu, não permitindo que Draco lhe desse uma resposta. O que foi bom, porque Draco estava tão assustado que não conseguiria dizer uma palavra de qualquer maneira.


***


Hermione tinha acabado de sair do banho. Tinha se vestido e agora penteava os cabelos molhados sentada em frente ao espelho do quarto, encarando-o mas sem realmente vê-lo. Já tinha passado a escova pelos fios centenas de vezes, de modo que seu cabelo jamais esteve tão desembaraçado.


Draco se sentou na ponta da cama atrás dela e encarou a garota através do espelho.


- Essa é uma das ordens dele? – ele perguntou a tirando do transe.


- O quê? – perguntou franzindo o cenho.


- Você acordou hoje com uma necessidade súbita de estar com o cabelo impecável pro Lord ou isso é uma das ordens dele? – ele perguntou, sarcástico.


Hermione o encarou em silêncio por alguns segundos e então pestanejou.


- Não brinque com isso.


Ele bufou.


- O que você está fazendo aí há horas?


Ela deu de ombros.


- Eu tenho que ir pra mais uma das minhas “aulas” assim que estiver pronta... Só estou adiando o momento em que ficarei pronta...


Ele se aproximou dela, se sentando ao seu lado e ela se virou pra ele, de costas pro espelho.


- Sinto muito que ele esteja te obrigando a fazer isso... Eu sei o quanto é difícil. Ainda mais pra você... Eles foram criados pensando que os trouxas não eram nem dignos de respirar o mesmo ar que os bruxos... Pra eles, os trouxas merecem muito menos que a morte...


- Você também foi criado assim... – ela falou – O que mudou?


Ele deu de ombros.


- Eu conheci você.


- Você me conheceu quando tínhamos onze anos... E era péssimo comigo...


- Porque você ia contra tudo que eu acreditava. Eu odiava o Potter porque ele era o Potter e porque ele recusou minha amizade assim que me conheceu. E odiava Weasley por ser um Weasley e por Potter ter preferido ser amigo dele... Mas você... Eu odiava você por ser quem você era. É impossível te conhecer e achar que você não é digna da magia, Hermione... Você é uma bruxa melhor do que qualquer sangue-puro que eu já conheci. Eu odiava você por ser a prova viva de que toda a merda que meu pai tinha colocado na minha cabeça não passava de uma mentira. Mesmo que nós não tivéssemos nos aproximado depois... Você plantou a dúvida na minha cabeça. Me fez questionar tudo.


Ela sorriu e o abraçou.


- Você é uma boa pessoa, Draco.


Ouvir isso dela fez Draco se lembrar da conversa com seu pai. Ele se afastou e a observou.


- Você acredita mesmo nisso?


- Eu não tenho dúvida disso.


Alguém bateu na porta.


- Granger??? O Lord está ficando impaciente. Você não vai querer fazê-lo esperar mais.


Ela suspirou.


- Tenho que ir. – disse se levantando.


- Eu vou com você.


Os dois saíram do quarto e seguiram o comensal pelos corredores da mansão. Quando eles estavam começando a descer as escadas do lugar, o homem parou, fazendo-os parar também.


- O que é aquilo? – ele murmurou para si mesmo.


Draco e Hermione seguiram seu olhar. Ele olhava para fora da janela do castelo. Um homem se aproximava correndo. Era um dos comensais que Hermione quase não via, que devia ter outros assuntos para tratar fora do castelo.


- MILORDE? – ele entrou gritando pelo hall, o que era o completo oposto de um comportamento comensal – MILORDEEEE!


Os outros comensais, ouvindo os gritos, começaram a aparecer de diferentes lugares e portas. A expressão deles era mais assustadora que o normal e Hermione se aproximou mais de Draco, segurando sua mão.


- O que está acontecendo, Haywood???


- Potter, Weasley e seus amigos. – ele respondeu – Eles estão no Bodiam Castle nesse momento. Estavam presos no calabouço mas conseguiram escapar.


Hermione arregalou os olhos e olhou para Draco apavorada. Ele segurou sua mão mais firme.


Ela viu com pavor enquanto as expressões dos comensais no lugar mudavam de curiosidade para contentamento.


Voldemort apareceu naquele momento e estava quase sorrindo quando disse:


- Vamos para o Bodiam Castle nesse instante.


Não foi preciso dizer mais nada. Uma comoção começou na sala e antes que Hermione e Draco pudessem entender o que estava acontecendo, comensais começaram a aparatar e os dois tinham sido levados de volta para o quarto, trancados lá.


- Não acredito! – Hermione gritou tentando abrir a porta – Nós estamos presos? Sério? Justo agora?


Ela se afastou e tentou usar seus poderes para arrombar a porta, mas é claro que eles não funcionaram.


Enquanto isso, Draco parecia que analisava a janela.


- O que você tá fazendo? – ela perguntou – Como pode estar tão calmo??


- Hermione, - ele lhe lançou um olhar impaciente – tenta não surtar.


- Tentar não surtar?? – ela gritou - Eles estão indo atrás dos nossos amigos, como eu posso não surtar?? A principal razão para eu ter vindo pra cá foi pra protegê-los e agora eles vão receber um ataque surpresa enquanto estão presos num calabouço e eu não posso fazer simplesmente nada pra ajudar!


- Fica calma! – ele gritou de volta – Não vê que essa é a oportunidade perfeita??


- Perfeita? – ela o olhou como se ele tivesse ficado louco – Perfeita pra quê?


- Pra fugir, Hermione. Pra gente fugir. Não tem nenhum comensal no castelo, é a nossa chance.


- Você acha mesmo que Voldemort não deixou ninguém aqui? E mesmo assim, tem milhares de feitiços nesse lugar! Sem falar que nós estamos presos aqui!


- Sabe uma coisa que eu aprendi com você? – ele falou sorrindo – Que a maioria dos bruxos não pensa em fazer as coisas sem magia!


Dizendo isso ele pegou uma cadeira e a jogou contra o vidro da janela. Hermione se encolheu ao ver os pedaços de vidro quebrado pelos ares e encarou Draco agora como se ele realmente tivesse um problema.


- Você ficou louco? – ela perguntou.


- Nós vamos pular essa janela! – ele falou andando de um lado pro outro.


- Draco, nada disso faz sentido nenhum! – ela tentou se acalmar para colocar um pouco de sanidade na cabeça dele – Você não pode voar, nós não temos poderes aqui! Não podemos pular a janela, nós vamos morrer na queda!


- Vamos fazer uma corda, então! – respondeu sem parar.


- DRACO MALFOY, PÁRA! – ela ordenou – PÁRA NESSE INSTANTE!


- Hermione... – ele começou a falar mas ela o interrompeu.


- Não! Nós não podemos fugir agora!


- Por que não? – ele replicou – O que nós temos a perder?


- Draco, você não entende? Nós temos que esperar eles voltarem. Se eles capturarem algum deles, nós precisamos estar aqui pra...


- Pra quê? Pra ficarmos todos presos aqui, mas unidos? Por favor, Hermione... Nós precisamos fugir!


Ela ainda estava na dúvida.


- Eu não sei, Draco... Ele vai matar todos os nossos amigos...


- Hermione, você não está pensando direito. – ele disse - Se nós ficarmos aqui, ele vai nos fazer matar todos os nossos amigos.


- Eu sei, mas...


- Hermione, todos podem morrer, não vai conseguir proteger todo mundo. Eu estou preocupado com os outros também, mas no momento nós temos que acreditar que eles vão saber se cuidar. Nós precisamos agarrar essa oportunidade e sair daqui.


- Draco... Mas os ataques a trouxas...


- Isso é uma guerra. Pessoas vão morrer. Olha, você já salvou a vida do Weasley vindo até aqui, e salvou a minha também. Já fez demais, ok? Então, me deixa cuidar das coisas agora. Confie em mim, isso é a coisa certa a se fazer.


Ela suspirou e depois de mais alguns segundos de hesitação, assentiu.


***


Uma das piores coisas que podia acontecer na busca pelas horcruxes em castelos tinha acontecido com eles. A atenção de todos os trouxas do lugar estava nos seis adolescentes desconhecidos que tinham sido vítimas de um acidente na parte de baixo do Bodiam Castle e quase tinham se afogado no lago que cercava o castelo. Era o que acontecia quando se estava no local da cena em que uma das paredes do castelo tinha, misteriosamente, virado pó. É claro que a polícia e o corpo de bombeiros haviam sido chamados no local.


- Vocês estão bem? O que aconteceu? – perguntavam as pessoas enquanto lhes eram oferecidos toalhas.


- Nós estamos bem. – Harry respondeu depois de alguns segundos de silêncio – Nós só... nos perdemos...


- Vocês vão ter que dar depoimento sobre isso. – disse um policial – Acabaram de destruir um patrimônio histórico.


Harry tentou sorrir como se não fosse culpado.


- Sem problemas...


Quando eles se afastaram um pouco, Lucas – que estava, assim como os outros, sentado na grama - sussurrou:


- Sem problemas, Potter? Nós temos que dar o fora daqui o mais rápido possível!


- Nós não podemos!


- Ele tem razão, Harry. – Gina falou – Isso é exposição demais...


- Também acho. – Pansy opinou – Já estou achando muito estranho que nada aconteceu ainda. Eu estou esperando ouvir aquela voz horripilante da Bellatriz a qualquer minuto.


- Não podemos voltar agora, pessoal! Ou, sei lá, Voldemort pode mudar a horcrux de lugar ou alguma coisa do tipo... e aí nunca vamos saber onde elas estão!


- Então o que você sugere que a gente faça, Potter?


- Ok. – Harry tentou pensar, ignorando os olhares dos seus amigos – Alguém viu pra que lado o pomo foi?


- Voltou pra dentro do castelo. – Gina respondeu extremamente chateada.


- Então vamos voltar pra dentro do castelo também. – decidiu.


- Eles interditaram o castelo. – Luna disse.


- Melhor ainda. Vai ser só a gente lá.


- Mas como vamos entrar? – Lucas perguntou, ainda desconfiado.


- Vamos dar um jeito. Arrumar uma distração. E rápido.


E assim fizeram. Assim que os policiais dispersaram as pessoas ali e os mandaram esperar na patrulha que estava estacionada na rua, eles saíram escondido e pularam a janela do castelo com uma certa dificuldade. Logo estavam dentro do castelo novamente, só que dessa vez esse estava deserto e escuro. E eles logo teriam companhia...


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Notas finais do capítulo

N/A: Oiie, gente! Como andam? Então, espero que tenham gostado do capítulo... Obrigada por todos os comentários, eles dão um empurrão enoooorme na hora de escrever, então continuem dizendo o que estão achando porque eu preciso terminar essa fic! :) Pela milionésima vez, me desculpem pela demora. Eu estou de férias então o que me atrasou não foi nem a faculdade. Eu tenho me dedicado bastante á fic nas últimas semanas, escrito bastante e talz... Mas eu não podia postar porque eu não sabia se ia precisar voltar nesse capítulo e mudar alguma coisa porque eu ainda não tinha certeza das coisas que iam acontecer no final da guerra... mas agora, depois de muita reflexão ;-), eu me decidi então... Os próximos capítulos não vão demorar, promessa. Pretendo postar os próximos de quinze em quinze dias agora, e só faltam quatro, contando com o epílogo! °/
Então... Isso é tudo, pessoal! Volto aqui, espero, daqui a duas semanas!
XOXO



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