O Preço de Amar Um Malfoy escrita por BlissG


Capítulo 30
Perdão é o caminho pra redenção


Notas iniciais do capítulo

Duas palavras gigantescas: Sinto Muito A Menina Que Roubava Livros



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Lucas seguia Snape enquanto ele marchava rapidamente até o quarto de Hermione. Aquele plano parecia realmente perfeito até alguns momentos atrás, antes do sonserino ver o quão furioso Snape parecia ter ficado, como se as suas suspeitas tivessem sido confirmadas. Não que ele temesse realmente pelo tal John... Não, ele queria mais que ele se ferrasse... Aquele era o objetivo de contar para Snape, pra começo de conversa...

Lucas tinha suspeitado que estava acontecendo alguma coisa entre John e Hermione no instante em que ela tinha voltado. Ele era um sonserino, afinal de contas. Sonserinos desconfiavam de tudo. Se ele não fosse capaz de suspeitar de uma coisas dessas, ninguém mais seria... As suspeitas ficaram bem mais fortes quando vira a briga entre John e Draco, porque só havia uma coisa que o cara poderia dizer que tiraria Draco do sério daquele jeito... E depois ele ficara sabendo que Hermione e Pansy estavam brigadas. Era a confirmação que ele precisava...

Mas tinha que admitir que não tinha realmente pensado nas consequências que isso traria para Hermione. Eles não poderiam simplesmente dizer que John tinha se “aproveitado” dela, uma vez que a garota já era maior de idade.

Aquilo a colocaria em problemas, Lucas concluiu. Sérios problemas.

Então uma parte de Lucas começou a se sentir culpado porque ele gostava de Hermione. Ela tinha sido uma boa amiga para Pansy, estando lá para ajudá-la muitas vezes... na maioria delas quando Lucas estava ocupado demais sendo um idiota para fazer alguma coisa de útil pela namorada. E ainda tinha Draco... Por mais que ele negasse, era óbvio que o amigo ainda gostava de Hermione. Não ia querer nada de mal para ela.

Quando finalmente chegaram a porta do quarto da garota, Lucas já tinha percebido o tamanho do erro que tinha cometido. Hermione provavelmente pagaria mais do que o próprio John por aquilo, e Lucas não queria isso. Não que gostasse do que estava acontecendo entre os dois, mas ele não era de julgar ninguém. Merlin sabia quantas besteiras já tinha feito em seus 17 anos de vida...

- Alohomora! – disse Snape.

A porta se abriu, e Lucas suspirou de alívio ao encontrarem Hermione deitada na sua cama, apenas lendo um livro. Ela levantou rápido quando viu sua porta abrir e os dois entrarem no quarto dela sem seu consentimento.

- O que está acontecendo aqui? – perguntou ela.

- Eu também gostaria de uma resposta para essa pergunta, Granger. – falou Snape.

Dizendo isso ele começou a andar pelo quarto, a procura de alguma coisa. Quando ele entrou no banheiro, Hermione lançou um olhar questionador a Lucas.

- O que é isso? – ela perguntou.

- Me desculpe, Hermione. – ele sussurrou – Eu fiquei de cabeça quente, não estava pensando...

- Pensando no quê? – voltou a perguntar, completamente confusa.

- Só minta, ok? – ele continuava sussurrando – Eles não têm provas.

- Hã?

Snape voltou e se aproximou, segurando seu braço com força, a arrastando para fora do quarto.

- Me larga, Snape! – ela gritava enquanto era arrastada. – O que você tá fazendo??? Tá me machucando!

- Snape! – Lucas ia seguindo os dois pelo corredor e gritou mais alto que Hermione, tentando se fazer ouvir pelo professor. Já estavam chegando aos corredores movimentados do castelo – Vai com calma! O braço dela está ficando vermelho!

- Isso não é problema seu, Sr. Mason! Volte para sua casa! – ele ordenou a Lucas – A Srta. Granger tem contas a acertar!

A gritaria continuou e os alunos que ainda estavam andando pelos corredores do castelo, ouvindo o barulho, pararam para ver o que acontecia. Quando viram a cena, um falatório começou, todos obviamente tentando adivinhar o que poderia estar acontecendo. Snape abriu caminho pela multidão e Lucas continuava os seguindo, apesar dos protestos de professor. Eles chegaram a sala de McGonagal e ali Lucas não podia mais fazer nada, Snape abriu a porta de madeira, obrigando Hermione a entrar e Lucas teve que se apressar para entrar porque Snape ia bater a porta na cara dele.

- Professor Snape! – McGonagall lhe lançou um olhar reprovador – O que foi fazer?

- Tomar conta do que você obviamente não pôde! Fui averiguar a acusação que Mason fez eu mesmo!

- Invadindo o quarto dela? – perguntou Lucas – E você nem encontrou nada! – ele se voltou para a diretora da grifinória – Não tinha nada pra encontrar lá! Foi tudo um engano!

- Acusação? – Hermione perguntou olhando para Lucas e conseguindo finalmente se soltar do aperto de Snape – Não estou entendendo nada!

- É claro que está! – falou Snape em tom impaciente - O Sr. Mason me procurou hoje mais cedo, lhe acusando de manter um relacionamento com seu treinador, apenas confirmando minhas suspeitas!

- Na verdade, - Lucas tentou intervir – eu acusei o treinador de manter um relacionamento com ela!

Snape revirou os olhos, entediado.

- De que maneira isso é diferente, Mason?

Hermione não conseguiu falar nada diante daquilo. Ela apenas lançou um rápido olhar para Lucas, que parecia extremamente arrependido.

- Será que podemos ter um pouco de ordem aqui? Srta. Granger, pode se sentar? – Minerva apontou para a cadeira de frente para a sua mesa e Hermione a obedeceu – Sr. Mason pode se retirar agora. Você também, Snape. Gostaria de ter uma conversa particular com a srta. Granger.

***

Hermione estava tentando se lembrar de como respirar enquanto Minerva apenas a observava. Sabia que sua permanência no castelo dependia daquela conversa. No momento não estava pensando em nada além disso. Ela não queria ser expulsa, era a última coisa que queria, na verdade. Precisava simplesmente ficar calma e mentir, assim como tinha feito desde que voltou. Mas porque parecia tão difícil agora?

- Eu não... – ela encarou Minerva, uma mulher que admirou desde o primeiro momento em que a conheceu, e simplesmente não conseguiu sustentar seu olhar – Eu não sei da onde Lucas tirou isso, professora.

Minerva não respondeu imediatamente, apenas a continuou observando por mais alguns segundos. E então sua atitude de professora desapareceu e tudo que Hermione pôde ver era uma mulher que parecia se preocupar com ela sinceramente.

- O que você deixou a guerra fazer com você, Hermione?

A morena soltou o ar dos pulmões e mordeu seu lábio inferior, nervosa.

- Não sei o que a senhora quer dizer... – tentou desconversar.

- Você sabe exatamente o que eu quis dizer. Sabe, eu sempre soube que a guerra fazia coisas terríveis com as pessoas... Eu vivi a última guerra, então aprendi isso da pior maneira... Mas nunca imaginei que você, de todas as pessoas, se deixaria levar tanto pelas situações como se deixou levar. Estou muito decepcionada com você.

Hermione sentiu seu olhos marejarem e fez um esforço muito grande para não deixar suas lágrimas escaparem.

- Me desculpe, eu não sou tão perfeita quanto vocês esperavam que eu fosse...

- Ninguém espera que você seja perfeita.

- Por favor! – ela revirou os olhos – É claro que sim! “Oh, Hermione, é tão inteligente, tão responsável, tão confiável, ela nunca vai cometer nenhum erro porque ela é a sabe-tudo perfeita...!” Mas adivinha só? Eu não estou nenhum pouco afim de buscar essa perfeição! Eu não sou perfeita, eu sou humana e eu tenho tanto direito de cometer erros como qualquer um!

- Então você admite que cometeu erros?

Hermione hesitou por uns segundos e então deu de ombros.

- Não sei... acho que sim... É só que... acho que eu fiquei cansada.

- De quê?

- De tentar ser perfeita. – ela respondeu – Porque eu sempre tentei fazer a coisa certa... e acabei matando um dos meus amigos de casa e impossibilitando uma das minhas amigas mais próximas de andar e, pra resumo da história, causando uma confusão de proporções indescritíveis. Então eu pensei: o que eu tenho mais a perder? – aqui uma lágrima solitária escorreu pelo seu rosto – E depois... uma coisa levou a outra e... agora eu cheguei aqui... – ela deu de ombros de novo e falou com a voz embargada: - mas acho que eu ainda tinha muito a perder.

- Sim, você tinha. – Minerva a encarou – O que você quer da sua vida, Hermione?

- Eu quero ajudar a derrotar Voldemort e acabar com isso de uma vez por todas. – respondeu sem pensar duas vezes.

- E depois?

- Depois do quê?

- Depois que você fizer isso. Nós temos uma boa chance de ganhar essa guerra. Se isso acontecer, o que você vai fazer depois? – Hermione não respondeu – Você não sabe, não é? Então deixe eu te dizer uma coisa, Hermione: a guerra vai passar, toda essa situação vai passar. E nesse dia, se você olhar no espelho e perceber que não gosta de quem se tornou... aí sim você não vai ter mais nada a perder. Não espere para se arrepender quando já for tarde demais.

Hermione passou a mão no rosto, tentando limpar as lágrimas que escorriam livremente agora.

- Eu acho que já é... – ela murmurou.

- Não, não é. Tudo que você tem que fazer é admitir seus erros, tirar uma boa lição deles, e não ser fraca para sobreviver ás suas consequências. – então ela era a sua professora de novo e disse: - Pode voltar á seu quarto agora, senhorita.

Mas Hermione não se mexeu, em vez disso ela continuou encarando Minerva.

- Mais alguma coisa que queira me dizer? – a mulher perguntou.

- Sim. – Talvez aquilo fosse um erro e ela iria se arrepender imensamente depois. Talvez houvesse outro jeito de mudar de rumo. O problema é que... não parecia haver. Ela se lembrou de todos os seus amigos, e especialmente da promessa que tinha feito á Pansy, e que ela queria realmente cumprir. Acima de tudo, ela queria muito voltar a fazer as coisas certas de novo... não ser perfeita... só fazer as coisas certas... – Lucas estava falando a verdade. Eu tenho mantido um relacionamento escondido com John durante esse tempo.

A expressão no rosto de McGonagall desafiava descrição.

- Eu me recusei a acreditar...

- Eu... – Hermione se interrompeu, não sabia mais o que dizer... não havia mais nada o que dizer.

- Relações entre professores e alunos são extremamente proibidas. É uma das nossas regras mais sérias.

- Eu sei. E eu vou entender qualquer punição que decidirem me dar, mas se eu pudesse ter outra chance...

Minerva a interrompeu.

- Mais uma chance, Hermione? Hogwarts está te dando chances desde que voltou. Você ficou ausente durante meses, praticou magia negra... e agora isso. Temo que não há mais nada que possamos fazer por você. Está fora de controle e não acho que a escola possa continuar lidando com isso.

Ela passou a mão no rosto, assustada.

- O que isso quer dizer?

- Não posso fazer nada além de suspender você.

- Me suspender? – Hermione franziu o cenho – Por quanto tempo?

- Por tempo indeterminado. Até que o professor Dumbledore, junto com os outros professores, decidam o que fazer com você.

Decidam o que fazer com você. Como se ela fosse um estorvo ou alguma coisa do tipo.

- Isso significa que eu tenho que sair do castelo? – perguntou hesitante.

- Sim.

- Mas... – ela não sabia nem o que dizer - Professora, por favor... Eu juro que eu estou mais do que arrependida. Não vai acontecer de novo... Eu... Eu não sei o que fazer...

- O que está feito, está feito. – ela parecia triste em dizer isso mas não hesitou - Vá pra casa, Hermione...

- Minha casa é aqui! Eu não tenho pra onde ir! – ela exclamou, se descontrolando um pouco – Meus pais estão em uma conferência fora do país há meses, eu coloquei fogo no Largo, não posso ir pra Toca, os Weasley’s provavelmente me odeiam á essa altura e eu não quero voltar para casa de John! Por favor, me deixe ficar aqui! – ela chorava desesperadamente agora – Eu prometo mudar!

- E eu fico feliz por você querer mudar! Mas isso não vai acontecer aqui... – Minerva se levantou – Acho que a senhorita sabe exatamente pra onde ir... ou pelo menos para onde deveria ir...

E dizendo isso ela saiu, deixando Hermione completamente sozinha.

******

Um pouco mais tarde, quando Pansy foi até o quarto de Hermione, o malão da grifinória estava aberto em cima da cama e a garota estava colocando as suas coisas lentamente lá dentro, sem uso de magia. Pansy achava que ela estava adiando o momento em que teria que ir embora. Seu rosto estava completamente inchado e vermelho, sinal que tinha chorado muito.

- Ei... – ela falou, chamando a atenção de Hermione para si – como você tá?

Hermione suspirou.

- Infeliz.

- Eu sinto muito. – a sonserina se aproximou – Isso é tudo culpa do Lucas, ele é um idiota.

Hermione deu de ombros.

- Não é culpa dele. O erro foi meu. E apesar de ele ter me colocado nessa situação, a decisão de admitir o erro foi minha.

Pansy balançou a cabeça, concordando.

- Foi muita coragem sua fazer isso. Acho que foi uma coisa que a versão antiga de você faria.

- É... – Hermione deu um sorriso triste – Sabe, por mais que essa situação toda seja uma droga e talvez eles nunca mais me deixem pisar de novo em Hogwarts, tem um sentimento que está competindo muito com a tristeza nesse momento. E pela primeira vez em muito tempo, não é raiva. Eu estou sentindo alívio. Eu não tenho nada para esconder de ninguém. Faz um tempo desde a última vez que eu pude dizer isso.

- Isso é bom, não é? Só queria que as coisas não tivessem precisado chegar a esse ponto pra você perceber isso, que aí agora você não teria que ir embora...

- Acho que eu já tinha percebido... – ela disse – Eu só... – se interrompeu, sem saber o que dizer. Ela só... o que? Estava cega, perdida, sem saber o que fazer? Sim, estava tudo isso. E muito mais, tanto que ela nem sabia por onde começar.

- Eu sei... – Pansy se sentou na ponta da cama – O que você vai fazer agora?

Hermione balançou a cabeça.

- Não tenho idéia...

Pansy a puxou pelo braço e a colocou sentada do seu lado.

- Olha... Você precisa ser forte agora, ok? Mais forte do que você já foi a vida inteira. Isso tudo vai passar... Você cometeu muitos erros mas ainda é tempo de recomeçar, se você quiser... Não é tarde demais. Pensa bem no que vai fazer agora...

Hermione assentiu, relembrando sua conversa com Minerva.

- Pode deixar, Pansy... Acho que eu já fiz coisas estúpidas demais para uma vida inteira.

Pansy sorriu.

- Hey, sabe uma coisa que minha mãe sempre costumava dizer?

- Hum...

- Tem uma coisa boa em atingir o fundo do poço.

- Sério? – Hermione pestanejou – E qual é?

- Daqui pra frente você só pode subir.

- Ok... – a garota franziu o cenho – Eu vou encarar isso como uma palavra de apoio.

Pansy riu.

- Quer que eu te acompanhe até a estação?

Hermione soltou o ar dos pulmões, agradecida por ela ter se oferecido.

- Seria ótimo.

- Ok. Vou estar lá. – a garota se levantou e rumou para a porta – Vou falar com Dumbledore que vou com você até lá.

Hermione balançou a cabeça. Antes de Pansy sair, a chamou:

- Pansy?

Ela se virou.

- O quê?

- Obrigada.

Pansy apenas sorriu antes de sair.

******

Alguns minutos depois, foi John que apareceu. Como sempre, ele entrou sem bater e foi logo se jogando na cama, apesar de esta estar coberta de roupas, livros e outros pertences de Hermione.

- Então... – ele a observou - Você foi expulsa também, não é?

- Pois é... – falou sem parar para olhá-lo. – Mais ou menos, acho.

- Tudo bem, não precisamos deles. – ele deu de ombros – Nós podemos voltar pra minha casa. Podemos ir de vassoura. Quando vai terminar de empacotar essa tralha toda?

- Na verdade, o expresso de Hogwarts vai me deixar em Londres. Ele sai daqui há duas horas.

John riu.

- Do que você tá falando? Minha casa é muito mais longe indo de trem! Você vai de vassoura comigo!

- John... – ela finalmente parou o que fazia o encarou – Eu não vou pra sua casa.

- O que? – ele se levantou - Ficou louca? Vai pra onde, então?

- Eu acho... Que eu deveria voltar pra sede da Ordem da Fênix agora...

- Pra mansão Malfoy? – ele falou como se fosse um absurdo – Eu não vou pra lá!

Hermione balançou a cabeça.

- Eu sei. E isso é uma coisa boa.

Ele a olhou incrédulo.

- Você tá terminando comigo?

- Não, - ela falou lentamente - porque nós não somos namorados. Mas talvez seja melhor se nós não nos vermos mais, ok? – ela encarou a expressão dele e acrescentou: - Por um tempo. – mas os dois sabiam que aquele por um tempo era definitivo.

- Merlin, você tá falando sério. – ele disse, incrédulo – Não acredito. Depois de tudo que eu fiz por você?

- Hã? – ela balançou a cabeça, confusa - Tudo o quê?

- Meu Deus, como você pôde ser tão idiota? Você não percebeu, depois de todo o drama de hoje, que ainda não morreu por causa da sua idéia de feitiço genial?

Hermione estava chocada.

- Você está querendo dizer que...

- Sim. Eu quebrei o feitiço pra você.

- Mas... – ela não sabia o que dizer – Como?

- Não importa... – ele bufou - Hermione, o que você tá fazendo é estupidez. Você nem pertence mais a Ordem da Fênix.

- Eu espero que eles possam me aceitar de volta. – ela disse lentamente, ainda digerindo a informação.

- Então é isso? Você vai voltar rastejando para eles? Isso é ridículo! Você não precisa disso!

Ela começou a se irritar.

- John, é a minha vida, ok? Meu problema. – ela voltou a dar atenção ás suas coisas – Pode sair agora? Eu tenho que terminar isso logo.

- Está cometendo um erro, Hermione. – ele falou.

Ela o encarou.

- Não. Estou consertando um erro.

******

Quando chegou a hora, Hermione e Pansy pegaram a carruagem até a estação.  Elas não conversaram muito, exceto quando Pansy perguntou sobre Harry e Rony:

- Não se despediu dos seus amigos?

- Não...

- Por quê?

- Não precisa. – ela deu de ombros.

- Não vai me dizer pra onde vai?

- Desculpa, Pansy... mas primeiro eu tenho que acertar umas coisas... Mas prometo te escrever, ok?

- Ok... – ela encarou a amiga – Pode pelo menos dizer se eu e você vamos nos ver logo?

- Espero que sim.

Chegaram na estação e o trem já estava pronto pra sair. Diferente de todas as outras vezes que Hermione embarcou ali, o lugar estava completamente deserto e silencioso. E também diferente das outras vezes, dessa vez ela não sabia se algum dia iria voltar.

- Acho que é isso, então... – falou Pansy

As duas se abraçaram apertado e, sem dizer mais nada, Hermione embarcou no trem.

Pansy recuou na plataforma quando as portas começaram a se fechar.

Hermione entrou na primeira cabine que encontrou e deu um último aceno para Pansy pela janela antes do trem sair. Na medida que o trem foi acelerando, ela viu a paisagem mudando na janela, se afastando do castelo, do lugar que mais amava no mundo. Estava pagando um preço caro por ter se esquecido desse fato por um tempo.

******

Hermione demorou a chegar ao seu destino.

Já anoitecia quando o trem chegou na estação nove e três quartos, e foi só no meio da viagem que percebeu que talvez fosse perigoso demais usar qualquer coisa relacionada a magia quando estava desprotegida em Londres. Tudo o que não precisava no momento era de uma visita de comensais da morte, a querendo levá-la para Voldemort. Então ela decidiu pegar um táxi. Tentaria ficar o mais próximo possível da mansão Malfoy.

Sabia que em algum momento teria que seguir o caminho a pé. A mansão era bem longe de tudo, propositalmente escondida de trouxas. Os Malfoy’s usavam carruagens para chegar até lá, mas como ninguém da Ordem sabia que ela estava á caminho, não tinha como pedir uma. Ela poderia tentar mandar uma mensagem para alguém, mas preferia assim. Pra falar a verdade, ainda não estava completamente certa que voltar para a mansão era a coisa certa a se fazer por vários motivos, então gostaria de ter mais tempo sozinha para pensar sobre isso. Uma caminhada não iria lhe fazer mal.

Ela não tinha muita certeza também do que faria uma vez que estivesse lá. Tinha sido muito ingrata com todos eles nos últimos meses, e eles talvez nem a aceitassem de volta. Talvez todos a odiassem, depois de tudo que tinha feito. E se eles a aceitassem, ainda havia a vergonha que ela estava sentindo de si mesma. Só tinha conversado com Pansy depois do que tinha acontecido, mas ela não contava muito. Pansy vinha sendo a amiga mais compreensiva que Hermione poderia ter. E ainda havia Gina. Ela estava lá e Hermione vinha evitando qualquer contato com a garota desde o acidente na Ordem. Ela não poderia continuar fazendo isso se estivesse sob o mesmo teto que ela, mas Hermione não sabia se já estava pronta para encarar a velha amiga.

Em meio a tantos pensamentos e inseguranças, Hermione achou que tinha chegado na mansão rápido demais, apesar de já estar um breu quando começou a avistar os imponentes portões de ferro do lugar.

Ao parar em frente aos portões, se assustou ao ver que estes se abriram para ela. Um pequeno sorriso se formou nos seus lábios ao se lembrar que os portões só se abriam daquele modo para membros da Ordem da Fênix.

Ela andou lentamente pelo jardim, as botas que usavam fazendo barulho no chão de pedra. Olhou para a enorme mansão á sua frente, as luzes estavam apagadas. Já era muito tarde.

Viu um lago ao longe, onde haviam algumas mesas, cadeiras e espreguiçadeiras. Imaginou os Malfoy’s, em épocas mais felizes, passando tardes de verão ali. Mas aí lembrou que os Malfoy’s não eram aquele tipo de família, e a imagem desapareceu da sua mente.

Foi até lá e, deixando sua mala de lado, se deitou em uma das espreguiçadeiras, decidida a adiar o momento em que teria que encarar Lupin, Moody e os outros membros ao máximo. Aquilo podia ficar para amanhã. No momento ela só queria dormir.

Pegou um cobertor da sua mala e foi o que fez.

***

O sol estava nascendo no horizonte quando Narcisa Malfoy acordou.

Nunca havia sido do tipo de mulher que acordava tão cedo. Muito pelo contrário. Mas desde que a sua casa tinha se tornado sede da Ordem, muitas coisas mudaram. Molly Weasley passava muito tempo lá agora, assim como o resto da família, - o que provavelmente estava fazendo gerações de Malfoy’s se revirarem no túmulo – e havia muito movimento no lugar o tempo todo, diferente da época em que só viviam lá Draco, Lúcio e ela mesma. Além disso, era difícil até mesmo dormir naqueles tempos, quanto mais ficar na cama até tarde.

Naquele começo de manhã, ela acordara e como de costume, fora abrir as janelas e observar o belo jardim que ela costumava cuidar com tanto zelo. Qual não fora a sua surpresa ao olhar para o lago e ver que alguém tinha passado a noite ali.

Indo até lá, Narcisa não poderia estar mais intrigada com o que via. Hermione estava de volta. Eles tinham esperado muito tempo por aquilo. Apesar de algo lhe dizer que não havia uma boa história por trás daquilo.

- Hermione? – chamou delicadamente – Querida...

A garota se moveu lentamente e, vendo que já era dia, esfregou os olhos querendo acordar.

- Narcisa? – falou sonolenta.

- Sim, eu mesma. – falou se sentando na ponta da espreguiçadeira – Você está na minha casa...

Hermione olhou em volta se lembrando de tudo que tinha acontecido e de como tinha ido parar lá.

- É, - soltou um suspiro – acho que estou.

- O que está fazendo aqui? – perguntou a mulher delicadamente – Não deveria estar na escola? Você está bem?

- Estou bem. – Hermione se ajeitou, ficando meio sentada – Eu... fui expulsa de Hogwarts. – Narcisa pareceu surpresa – Pela sua cara, acho que você não sabia.

- Não fazia idéia. – ela encarou a garota – Hermione, o que você fez?

- Eles descobriram que eu... – ela hesitou – que eu estava com o meu treinador, John...

- Oh... – Narcisa se lembrou muito bem de Draco falando sobre ele quando Hermione fora embora. Parecia que seu filho estava certo no final das contas.

- É... – Hermione falou, envergonhada demais para fazer qualquer outro comentário. Aquela mulher era a mãe do seu ex-namorado, por Merlin.

- Então... Aonde ele está agora?

Hermione deu de ombros.

- Na casa dele, eu acho.

- E você está aqui.

Apesar do comentário óbvio, Hermione entendeu o que ela quis dizer.

- Acabou. – ela disse – Era errado. Não acredito que demorei tanto tempo pra perceber isso.

- Antes tarde do que nunca. – Narcisa deu um sorriso maternal – O importante é que está aqui agora.

- É... – Hermione a encarou – Os portões se abriram pra mim.

- Claro que se abriram. A Ordem da Fênix pode ter deixado de fazer parte de você, mas você nunca deixou de fazer parte da Ordem da Fênix. Os portões nunca estiveram fechados pra você.

Hermione sorriu mas teve vontade de chorar.

- Você sabe uma coisa que eu apóio veemente, Hermione? – a garota ficou em silêncio e Narcisa continuou – Segundas chances. E eu aposto que todos aqui também.

Sem conseguir se segurar, lágrimas começaram a escorrer.

- Mesmo? – perguntou com a voz embargada.

- Com certeza.

Narcisa se aproximou e a abraçou, enquanto as lágrimas de Hermione se intensificavam.

- Bem vinda de volta, querida.

******

Os primeiros dias de Hermione na mansão passaram mais rápido e mais tranquilamente do que ela podia imaginar. Muitas coisas aconteceram. Primeiro, eles tinham aceitado seus erros melhor do que ela mesma. Todos pareciam realmente felizes em tê-la ali, apesar de tudo. Ninguém lhe deu broncas, o que foi ótimo. Achava que todos imaginavam que ela já tinha aprendido a lição.

Ela continuou seu treinamento na maioria das vezes sozinha, exceto quando Lupin ou Moody apareciam para ajudá-la. Uma das poucas exigências que todos fizeram foi que ela parasse de beber, o que fez com que Hermione ficasse um pouco receosa no começo, principalmente agora que não tinha mais o feitiço para controlar suas emoções. Mas todos estavam a ajudando, e ela foi diminuindo a quantidade de bebida aos poucos por dia, na medida em que continuava se esforçando no treino. Não estava sendo fácil, mas ela estava se saindo bem com isso. Tinham lhe preparado uma poção que não era alcóolica mas que enganava seu corpo, como se ela ainda estivesse bebendo. O único cuidado que precisava tomar era com a dose, se tomasse um pouco a mais, ela poderia morrer.

Áquela altura, todos já sabiam que ela estava na mansão. Harry e Rony tinham enviado cartas, dizendo que estavam felizes que ela estava bem, e que no próximo feriado eles iriam vê-la. Luna mandava cartas uma ou duas vezes por semana e Pansy escrevia no mínimo uma carta todo dia, o que era ótimo porque Hermione gostava de saber o que estava acontecendo no castelo. Lucas também tinha escrito uma carta pedindo desculpas e Hermione respondeu dizendo que não o culpava. A verdade era que mesmo que fosse uma droga saber que não podia voltar pra Hogwarts, no final das contas aquilo tinha sido uma coisa boa.

Só naquele momento podia ver como as coisas estavam uma bagunça, e mesmo agora, quando já ia fazer uma semana que estava longe, ainda havia muito o que consertar. Tinha entendido que se recuperar de tudo que tinha acontecido não era uma coisa que faria em um dia, era uma coisa que faria todo dia, de novo e de novo, até estar completamente curada.

A única pessoa que não havia dado notícias era Draco. E Hermione não conseguia decidir se aquilo era uma coisa boa ou ruim. Ela queria que ele visse que ela estava diferente. Não completamente igual ao que costumava ser, mas mais parecida. Mas por outro lado, agora que ela tinha consciência de tudo que tinha feito e do mal que tinha causado, não podia evitar se sentir completamente envergonhada sobre tudo.

Quando tinha chegado na mansão, Narcisa a levara para o quarto em que ele tinha mandado preparar para ela na noite do acidente do Largo. No primeiro instante que ficara sozinha no quarto, Hermione tinha chorado compulsivamente por várias horas. Era a coisa mais linda já tinha visto. O quarto era uma linda mistura do seu quarto na casa dos seus pais, com o seu quarto de monitora-chefe, cargo que perdera no começo do ano. Era muito aconchegante e devia ter dado trabalho para ser planejado. Mesmo sabendo que o sonserino não tinha feito o trabalho duro de montá-lo, os elfos domésticos não tinham como saber como o seu quarto na casa dos seus pais era. Draco tinha pensado em tudo sozinho. E aquilo significava muito para Hermione e ao mesmo tempo era doloroso demais. Olhar para aquele quarto era olhar para o amor que Draco tinha por ela e que ela tinha jogado fora. Algumas horas depois naquele dia, Hermione tinha procurado Narcisa e dito a ela que gostaria de mudar de quarto. Ela não pareceu entender mas não fez nenhuma pergunta, o que Hermione agradecera silenciosamente.

Só havia uma coisa que Hermione continuava evitando: falar com Gina. A mansão era grande e Gina não gostava de sair do quarto, pelo que Hermione tinha entendido. Sabia que a garota gostaria de vê-la, Luna já havia lhe dito isso em Hogwarts e Sra. Weasley lhe dizia isso todo dia, mas Hermione continuava adiando aquilo nem ela sabia porquê.

Mas naquele dia ela tinha decidido que iria parar de evitar o assunto. Vinha fazendo isso desde o acidente e Hermione sabia que precisava começar a cortar aqueles hábitos. Precisava encarar as coisas que tinha feito.

Hermione bateu na porta do quarto de Gina e a ouviu dizendo que poderia entrar. Adentrou o quarto silenciosamente e encarou a garota que costumava ser a melhor das amigas para ela, e que agora estava na cadeira de rodas graças a ela. Hermione se segurou para não cair em um choro compulsivo assim que seus olhos caíram em Gina.

- Oi... – disse a ruiva.

- Oi... – Hermione respondeu com a voz embargada – Me desculpe eu ter demorado tanto...

Gina deu um sorriso calmo.

- O importante é que você veio.

- E... Me desculpe pelo resto. – ela continuou, agora sem poder segurar uma lágrima solitária que rolou pelo seu rosto – Por todo o resto.

- Hermione... – disse a ruiva – Eu sei que você já deve ter ouvido isso de milhares de pessoas. Mas eu imagino que signifique algo pra você se ouvir isso de mim, então eu vou dizer: não foi sua culpa. Não foi mesmo.

Hermione abaixou a cabeça e deixou as lágrimas escorrerem livremente, começando a colocar para fora naquele momento todos os sentimentos que estiveram enclausurados nela durante todo aquele tempo.

- Mione... – Gina se aproximou da cama com a cadeira de rodas em que estava e fez sinal para a morena se sentar – Vem aqui, converse comigo.

Hermione a obedeceu, se sentando de frente para a ruiva, ainda aos prantos.

- Você não está bem.

Muita gente vinha lhe dizendo isso há tanto tempo e ela vinha negando fervorosamente, dizendo para quem quisesse ouvir que estava ótima, que não poderia estar melhor. Mas naquele momento, Hermione não quis mentir. Ela balançou a cabeça, acenando que não.

- Não, eu não estou bem. Mas ainda estou melhor que antes...

Gina assentiu.

- Eu sei.

- Gina... Eu estraguei tudo. – falou em meio ao choro – Com todo mundo... Você não tem noção de como eu estraguei tudo.

- Eu sinto muito, Hermione. – ela fez uma pausa – Você e o Draco...?

- Ele me odeia.

- Duvido que ele te odeie...

- Ele odeia... – murmurou - E eu não o culpo. Eu não culpo ninguém...

- Mas culpa muito a si mesma... – observou.

- Como não?

- Hermione... – a garota a interrompeu.

- Eu não sei o que fazer, Gina... Eu não sei mais quem eu sou. Eu estou tão perdida. Nunca foi minha intenção decepcionar ninguém... Eu só estava tentando... lidar com a dor sem ter que sentí-la... porque nos momentos em que eu senti, foi tão... horrível... Eu me sentia um monstro... Um monstro pelo que eu tinha feito á você, pelo que eu fiz a Neville e por perder a amizade e a confiança de todas as pessoas que eu amava... e por perder... – ela se interrompeu.

- Por perder o Malfoy?

Hermione assentiu vagarosamente.

- É... Por perder o Malfoy também. Lembra... como todo mundo costumava dizer que eu fui a melhor coisa que aconteceu na vida dele? Que ele era uma pessoa melhor comigo?

- Claro...

- Então... Pensando nisso agora, eu vejo que talvez todos estivessem errados. Que talvez o Malfoy que tenha sido dado de presente pra mim, pra me ajudar a passar por tudo isso. E agora eu sinto como se... eu tivesse desperdiçado meu presente... como se eu tivesse o jogado fora. Eu o decepcionei tanto, Gina... ele foi quem eu mais decepcionei... e ele faria tudo por mim. Até aquela noite, não tinha nada, no mundo inteiro, que eu pedisse e ele não me desse.

- Eu sei...

- O que eu faço agora?

- Você se perdoa. – respondeu a ruiva muito séria – Você precisa conseguir se perdoar. E parar de pensar nos erros que você cometeu... porque todo mundo erra.

- Não como eu errei. – falou amargamente.

- Porque ninguém passou pelo que você passou. É muita coisa pra lidar. Os outros... aposto que todo mundo já te perdoou... E se o Draco ainda não perdoou, ele vai, eventualmente. Todos vão entender. Mas o primeiro passo pra você ficar melhor, é se perdoar.

Hermione a encarou.

- Se eu te fizer uma pergunta, você me responderia com sinceridade?

- Claro.

- Você não teve raiva de mim? Nem um pouco?

- No começo, sim. Mas depois eu percebi que se eu te conhecesse bem, você provavelmente estava pior que eu. E parece que eu te conheço.

- Claro que conhece...

Gina sorriu.

- Você vai ficar bem, Hermione. Tenho certeza disso.

***

Era sábado e a primeira coisa que Hermione sentiu ao acordar naquela manhã, foi medo. Não era um medo agoniante, do tipo quando você está no meio de um ataque de comensais. Estava muito misturado com nervosismo e, por mais que ela se esquecesse daquilo por alguns segundos, sabia que ainda estava lá.

Estava saindo do banho quando alguém bateu na porta.

- Já vou descer pro café, Narcisa. Só vou acabar de me vestir.

A porta se abriu.

- Não é Narcisa. Tente outra garota loira que você conhece.

Hermione arregalou os olhos e abriu um enorme sorriso ao ver quem entrava no seu quarto.

- Luna! – ela se aproximou da corvinal e a abraçou – Merlin, é tão bom te ver!

A garota se afastou para olhar a morena.

- Se você acha isso, imagina como é bom ver você. – sorriu – Você tá linda, Hermione. Tão diferente da última vez que eu te vi. Bem mais relaxada... Amei o cabelo.

- Ah... – Hermione passou a mão nas madeixas recém-pintadas. Gina a tinha ajudado a voltar a sua cor antiga, o bom e velho castanho claro. – Meus dias de cabelo escuro ficaram para trás.

Luna assentiu, entendendo a metáfora por trás daquela frase.

- É muito bom ouvir isso.

As duas se sentaram na cama para conversar.

- Então, quem mais está aí? – perguntou Hermione tentando parecer despreocupada.

Luna apenas a observou.

- Sim, Hermione, Draco também veio. – Luna explicou ao perceber o olhar de confusão da amiga – Eu ignorei a pergunta camuflada e pulei logo para o que você queria saber. Sim, ele está aí. A namorada também. Rony, Harry, Pansy, Lucas... Todos estão aí.

- Hum, essa reunião vai ser interessante...

Luna viu o nervosismo de Hermione e a tranquilizou.

- Vai dar tudo certo. Todo mundo está realmente feliz por você estar aqui e estar bem, isso é tudo que importa.

- Obrigada, Luna.

- Não há de quê...

- E, Luna... – Hermione a encarou séria – Me desculpe... Eu fui muito dura com você depois que voltei. Você é uma ótima amiga, não merecia que eu fosse tão rude com você quando só estava tentando ajudar.

- Tudo bem, Hermione. Esses dias, como você mesma disse, ficaram para trás.

- Olha só, se não é a ladra de estilos de cabelo. – Hermione sorriu ao ver Pansy na porta do quarto – Graças a Merlin você caiu na real e percebeu que aquele look só ficava bem em mim, sangue-ruim.

- É bom te ver também, Pansy...

A sonserina entrou no cômodo e as duas se abraçaram.

- É bom te ter de volta, Hermione. – ela se junto a grifinória e a Luna na cama – Então, o que há de novo?

- Vocês que deveriam me contar... Como estão as coisas em Hogwarts?

- Super entediantes. – respondeu Pansy revirando os olhos – O castelo não é o mesmo sem você.

- Oh, você quer dizer sem boatos sobre uma aluna dormindo com o instrutor, a volta da ovelha negra da Ordem da Fênix ou atentados ao castelo?

- Exatamente. – respondeu Pansy rindo.

- Por falar em instrutor... – Pansy e Luna trocaram um olhar – Tem falado com John?

- Não, não tenho. – respondeu Hermione achando a cautela delas em tocar no assunto divertida.

- Você pretende falar com ele?

- Eu não sei. – as duas pareciam que iam contestar mas Hermione completou – Não é como se eu pudesse ignorá-lo se ele me procurar. E se eu sei alguma coisa sobre ele, ele vai me procurar.

- E o que você vai dizer pra ele?

- Eu não sei...

- Não sabe? – Pansy pareceu se alterar um pouco – Aquele cara abusou de você, Hermione!

- Não foi bem assim, Pansy... Eu sabia exatamente o que estava fazendo, a culpa é tão minha quanto dele. Quando eu saí de Hogwarts, as coisas estavam muito corridas, e eu não tive a chance de conversar com ele direito sobre... bom, sobre tudo... Acho que uma hora eu vou ter que fazer isso. Por mais que eu odeie admitir, ele me tirou de uma furada quando, de algum jeito, quebrou o feitiço que eu coloquei em mim mesma...

- Acho que ele se apaixonou por você. – falou Luna.

Hermione a encarou como se aquilo fosse um absurdo.

- Estou falando sério. Do jeito distorcido dele, John te ama. Caso contrário, ele deixaria você morrer aos poucos com aquele feitiço...

Hermione olhou para Pansy buscando apoio sobre como aquilo não fazia sentido mas não encontrou.

- Eu também pensei nisso...

- Isso não faz sentido nenhum! – Hermione exclamou – John não me ama! John  não ama ninguém! Se querem saber, ele não ama nem a si mesmo...

- Não importa. - Pansy a encarou – Acho que a pergunta que não quer calar é: quem você ama, Hermione?

As duas a encararam e Hermione desviou os olhos.

- Eu acho que isso é meio óbvio... Eu amo o Draco. Nunca deixei de amar. – ela encarou as mãos – Quando eu disse que não o amava mais, estava só enganando a mim mesma. Contei várias mentiras pra todo mundo, mas essa foi a única que eu contei pra mim também. Foi a pior de todas.

As meninas mostraram olhares solidários.

- O que você vai fazer sobre isso? – perguntou Pansy suavemente.

- Nada, Pansy... Draco me odeia.

- Ele não te odeia. – falou Luna – Ele nunca poderia te odiar.

- Mesmo que ele não me odeie, ele não vai me perdoar. Não é da natureza Malfoy... – ela tentou brincar, mas seus olhos estavam marejados.

- Ele fez várias coisas que não eram da “natureza Malfoy” por você. – disse Pansy.

- É, ele fez... – uma lágrima solitária rolou e Hermione a secou imediatamente – E eu retribuí muito bem, não é?

- Hermione... – ela ainda ia contestar mas foi cortada.

- Meninas, ele está melhor sem mim... Ele e Taylor estão firmes, e ela faz bem pra ele.

- Ele não está feliz, Hermione! – Pansy exclamou.

 - Pansy, por favor... Eu ainda amo o Draco sim, mas... quando se trata da minha relação com ele, sempre houve muito drama. Eu ainda estou me recuperando de tudo... não sei se eu posso lidar com isso agora, ok? Admitir meus sentimentos por ele está sendo como... sabe, como da primeira vez que eu vi que tinha sentimentos por ele. Uma coisa muito difícil de se fazer... Estou tentando digerir isso.

Pansy se aquietou.

- Ok. Me desculpe por forçar a barra.

- Não se desculpe. Só está sendo uma boa amiga. Muito obrigada por isso.

Pansy assentiu.

***

A hora marcada para a reunião chegou e o nervosismo de Hermione não diminuiu nenhum pouco. Na verdade, o nervosismo dela aumentou quando ela viu, da janela do seu quarto, ninguém menos que John chegar. Além de mais nervosa, ela também ficou surpresa. Não havia sido ele que tinha falado milhares de vezes que nunca entraria na Mansão Malfoy?

Na verdade, Hermione sabia que não deveria ficar tão surpresa quando se tratava das atitudes de John. Ele já tinha feito muitas coisas inesperadas desde que tinham se conhecido. No topo delas estava o fato de que ele tinha tirado a magia negra de Hermione, apesar de ela não fazer a mínima idéia de como ele tinha feito aquilo... Mas apesar de saber que não deveria se surpreender com John, ela realmente desejava que ele não tivesse ido lá hoje. Tornaria as coisas muito mais difíceis e desconfortáveis.

Ela esperou até o último segundo para descer. Pansy teve que ir buscá-la.

- Quanto tempo você pretende ficar escondida aí? – ela perguntou entrando no quarto.

Hermione estava sentada na cama encarando a parede.

- O máximo possível... – respondeu com sinceridade.

Pansy revirou os olhos.

- Vamos lá, Granger... Estamos quase começando...

- John está aí... – Hermione murmurou.

Pansy assentiu.

- Está...

- É só que... – ela olhou para suas mãos, fazendo uma careta – Isso é tão constrangedor... Pansy, todo mundo lá embaixo sabe que eu dormia com ele e que fui expulsa da escola por isso... – ela sussurrou, como se aquilo fosse um segredo – Eu tô com tanta vergonha...

Pansy se aproximou, se sentando ao seu lado.

- Bom, você cometeu erros, Hermione... E agora vai ter que pagar por eles por um tempo... Tudo que você pode fazer agora é esperar isso passar e não se preocupar com o que as pessoas pensam...

Hermione assentiu, sabia daquilo tudo.

- Vamos descer.

Pansy se levantou e Hermione a seguiu. As duas desceram as escadas e rumaram para a biblioteca da mansão.

Hermione se surpreendeu a notar que o lugar estava lotado. Ela imaginava que todos os membros da Ordem estavam ali, o que era uma coisa rara porque era difícil conseguir reunir todos em um lugar só. Mas acho que todos tinham chegado a mesma conclusão que ela chegou nos últimos tempos: a batalha final não estava em um futuro distante. Na verdade, eles não sabiam o que Voldemort estava planejando e ele tem estado quieto por um tempo preocupante agora. Pelo que sabiam, ele poderia arrumar um jeito de atacá-los e resolver acabar com aquilo de uma vez por todas a qualquer momento. E eles estavam longe de estarem prontos.

Também diferente das outras reuniões da Ordem, naquela eles não ficariam sentados ao redor de uma mesa. Hermione imaginou que havia gente demais para isso. Cadeiras estavam espalhadas pelo cômodo e as pessoas já começavam a tomar seus lugares.

Assim que entrou na sala, Hermione sentiu o olhar de John sobre ela apesar de não ter olhado diretamente para ele. Estava conversando com um bruxo que ela conhecia apenas de vista e Hermione fez de tudo para ficar o mais longe possível dele. Ela ainda estava seguindo Pansy quando viu que ela estava indo na direção em que Lucas e Draco estavam, junto com Taylor.

- Ei, - ela puxou a amiga pelo braço – pra onde você está indo?

Pansy parecia confusa.

- Falar com os meninos. – respondeu simplesmente.

- Sério? – Hermione a olhou impaciente – Porque eu não estou no clima de encarar meu ex-namorado que eu acabei de descobrir que ainda amo, enquanto ele está parecendo muito emburrado – ela disse dando uma espiada em Draco – e com a namorada atual dele, tudo isso enquanto todos nós estamos no mesmo cômodo que meu ex... – ela tentou definir o que John era dela mas resolveu deixar pra lá – no mesmo cômodo que John!

Luna apareceu do nada.

- Olá! O que está acontecendo?

Pansy, que olhava Hermione como se ela fosse louca, encarou Luna.

- Eu acho, Lovegood, que Hermione está surtando só um pouquinho aqui.

- Eu não estou surtando! – exclamou Hermione, recebendo um olhar de descrença de Pansy – Não estou.

- Pansy, dá um desconto pra ela... – mediou Luna.

Pansy bufou.

- Ok ok, vocês tem razão... Passos de bebê pra Granger! Passos de bebê!

Hermione respirou fundo.

- Obrigada!

Pansy riu.

- Só cuidado pra não deixar de ser uma vadia e se tornar uma covarde, minha amiga...

E dizendo isso, ela se afastou.

Luna passou o braço pelo de Hermione.

- Vamos lá, Mione... Harry, Rony e Gina estão logo ali...

***

Foi mais fácil sobreviver a reunião do que Hermione esperou.

Eles passaram uma boa parte dela falando sobre ataques de comensais a trouxas e sobre criaturas mágicas que supostamente estavam seguindo Voldemort agora. Segundo Lupin e Moody, centauros não eram os únicos que Voldemort tinha conseguido colocar do seu lado. Alguns bruxos se comprometeram a buscar mais ajuda para o lado da Ordem e depois de discutirem outros assuntos, Lupin dispensou a todos.

Ou quase todos.

- Potter, Weasley, Granger, Lovegood, Malfoy, Parkinson e Mason. – falou Moody – Não saiam agora.

- Acho que ele está falando com você... – murmurou Gina para Rony se levantando da sua cadeira enquanto se apoiava numa muleta. Ela começou a rumar para a porta.

- Quer que eu te leve até o quarto? – perguntou Harry.

- Não. – ela respondeu impaciente – Páre com isso.

- Com o quê? – o moreno perguntou.

- De me tratar como se eu tivesse cinco anos! – exclamou irritada – Eu estou muito bem e logo vou poder lutar com vocês!

Moody, ouvindo a conversa, se meteu.

- E quanto tempo exatamente é isso, Weasley? – ele perguntou, recebendo um olhar de repreensão de Lupin em resposta. – O quê? Ela é uma boa bruxa, todos sabem como ela ajudou Potter no ministério dois anos atrás.

Gina sorriu.

- Eu vou ao St. Mungus na próxima semana para o que espero ser meu exame final. Assim, a médica vai falar pra todo mundo o que eu já sei há um bom tempo. Que eu posso voltar a viver normalmente.

Hermione sentiu um alívio tão grande ao ouvir aquilo que mal pôde conter um sorriso.

- Assim espero.

Todos já haviam se retirado da biblioteca e quando Gina saiu, Lupin começou:

- Bom, tem uma coisa que Moody e eu descobrimos e que eu não me senti confortável em compartilhar com todos.

- O quê? – perguntou Harry, ansioso.

- Moody e eu fizemos uma pesquisa e eu acredito que achamos mais uma horcrux.

- Isso é sério? – Rony olhou em volta, como se ela estivesse aqui – Onde está?

- Onde você acha que ela está, Weasley? – respondeu Olho-Tonto – Onde o Lord das Trevas a colocou, aonde mais estaria?

Draco revirou os olhos.

- Não acredito. – ele encarou Lupin – Não precisa ser nenhuma Luna Lovegood pra adivinhar o que você quer que a gente faça, não é? Ir pegá-la?

Lupin suspirou.

- Sim, Draco. Acho que você acertou. Quero que vocês vão até lá buscá-la.

- O quê? – Lucas arregalou os olhos – A gente? Juntos? Tá brincando, né?? Nós vamos nos matar!

- Então certifiquem-se de destruir a horcrux antes, Mason! – Moody disse.

- Eu confesso que não era isso que eu tinha em mente quando descobrimos essa horcrux... – falou Lupin – Mas eu conversei com Dumbledore e ele disse que deveriam ser vocês a ir atrás dessa horcrux.

- Bom, não é novidade pra ninguém que o velho está caducando... – disse Pansy.

- Mais respeito, Parkinson! – Moody ralhou – Dumbledore sabe o que faz!

- Bem, eu tenho minhas dúvidas quanto a isso... – Pansy replicou.

- Eles estão certos, pessoal. – falou Luna – Nós deveríamos ir juntos...

- Por quê? – perguntou Rony.

- Não sei... Só tenho esse pressentimento de que essa é uma boa idéia...

- Onde está essa horcrux, Lupin? – perguntou Hermione, antes que mais protestos começassem.

- Está no Leeds Castle, Hermione.

- Ah, o Leeds Castle é lindo! – Luna exclamou – Eu já fui até lá com a minha mãe quando eu era pequena e tem esse lago tão... – todos pararam para encará-la – O quê? É lindo mesmo!

- Bom... – Lupin continuou – Eu lamento que não tenha nenhuma outra informação além dessa. Mas acho que sabendo isso, encontrar a horcrux não será um problema já que acredito que a senhorita Granger ainda possua aquela bússola...

- Sim. – ela respondeu.

- Então, se minhas pesquisas estiverem corretas, a horcrux estará lá.

- Elas ainda podem estar erradas? – debochou Lucas.

- Acho que vocês deveriam parar de perder tempo reclamando – disse Moody – e começarem a bolar um plano para a viagem até Kent o mais rápido possível. Agora vão.

Eles se retiraram e apesar da “sugestão” de Moody, cada um foi para o seu lado.

- Tem certeza que essa é uma boa idéia, Lupin? – perguntou Moody.

- Acho que sim. – Lupin tinha uma expressão cansada – Eles são ótimos bruxos. E não se odeiam tanto quanto dizem.

***

Hermione estava sentada nas cadeiras que haviam na beira do lago da mansão alguns minutos depois do fim da reunião. Seu olhar estava perdido na água e ela não percebeu John se aproximando, só notou sua presença quando ele se sentou na cadeira ao seu lado.

- Ei... – ele cumprimentou.

- Ei... – ela respondeu, desanimada.

- Eu ia perguntar como você está mas acho que não precisa. Você parece muito bem...

Ela assentiu.

- Não diria muito bem mas eu estou melhor do que estive nesses últimos meses, isso eu posso garantir...

- Hum, - ele desviou o olhar – que ótimo para minha auto-estima saber que você ficou melhor no exato momento em que nós nos separamos.

- Nós nunca estivemos juntos, John... – ela respondeu – Não de verdade...

- Nós podíamos ficar juntos. É só você querer.

- O quê? – ela se ajeitou na cadeira, muito surpresa.

- Você pode ter ficado melhor longe de mim, mas eu não fiquei melhor longe de você... – ele falou sem encará-la.

- John...

- Hermione, - ele a interrompeu, se aproximando e segurando sua mão. Hermione não se lembrava de ele já ter feito isso alguma vez – eu não sei o que você deve estar pensando, mas você não pode negar. No momento em que você mais precisou, eu estava lá pra te ajudar.

- Eu sei disso. Eu sei que você me ajudou com os poderes, John... – ela fez uma pausa – Você foi uma grande ajuda pra mim. E também foi distante. Me deu toda auto-confiança que eu precisava pra controlar meus poderes naquele momento... mas nunca me deu apoio.

- E eu sinto muito por isso. – ele suspirou – Eu sei que eu podia ter sido melhor com você. Mas eu só me dei conta disso agora... Porque eu percebi que me apaixonei por você.

Agora foi a vez dela de desviar o olhar.

- John, eu sinto muito... mas essa coisa toda de nós dois juntos foi um erro desde o início. Eu amo o Malfoy.

- Eu sei. – admitir aquilo parecia uma coisa que lhe custava muito fazer - Mas ele não vai te perdoar, Hermione...

Ela deu de ombros.

- Pode ser. Mas eu não vou, nunca mais, mentir sobre isso... nem pra mim, nem pra ninguém... porque mentir sobre isso não tem causado nada além de dor. Eu amo ele, e mesmo que ele não me ame mais, acho que eu vou continuar o amando por um longo tempo... Então o simples fato de amar ele vai ter que ser suficiente pra mim.

Ele apenas balançou a cabeça, e em seguida se levantou.

- John. – ele olhou pra ela – Sinto muito.

- Você é incrível, Granger. Acho que nunca conheci ninguém como você. Malfoy vai comprovar quão estúpido os genes da família dele são se não te perdoar.

Ela sorriu o assistindo se afastar.

***

E eles estavam na biblioteca da mansão de novo, - Harry, Rony, Hermione, Pansy, Lucas, Draco, Luna e Gina, que apesar de não estar na missão, quis participar também -, decidindo como chegariam ao Leeds Castle sem chamar atenção.

- Não é uma viagem muito longa. – disse Hermione – O Leeds fica em Kent, há uma hora de Londres.

- Quando chegarmos em Londres, podemos ir de carro até Kent. – Malfoy sugeriu. Ele estava deitado no sofá da biblioteca, parecendo indiferente a tudo.

- E quem vai dirigir? – Harry perguntou – A última coisa que precisamos é sermos parados numa blitz.

- Numa o quê? – Rony e Lucas perguntaram em uníssono, e depois se olharam de cara feio.

- Nada. – Harry respondeu.

- Granger pode dirigir. – Draco respondeu, dando uma pequena olhada em Hermione.

- Você sabe dirigir, Hermione? – Rony perguntou.

- Lógico. – ela respondeu – Eu tirei minha carteira aos 16 anos, como qualquer adolescente normal.

Houve um momento de silêncio em que todos a encararam inexpressivos.

- Como qualquer adolescente trouxa normal. – ela corrigiu.

- Ok. – Pansy a ignorou – Então nós pegamos essas carruagens daqui pra ir até Londres, e então em Londres nós vamos de carro até Kent.

- Estou tão ansiosa pra vocês verem como o Castelo de Leeds é bonito! – Luna exclamou.

Eles a ignoraram também.

- Não acho que seja uma boa idéia ir com essas carruagens até Londres. Até porque vamos ter que ir até a casa da Granger e não acho que os vizinhos trouxas dela vão achar um monte de carruagem passando pela rua uma coisa normal. E mesmo que colocássemos um feitiço na carruagem, ainda é perigoso demais.

- Como você sabe tudo isso sobre Hermione? – perguntou Rony.

Um silêncio constrangedor se formou e Luna deu um chute na canela de Rony.

- Que droga, Luna!

Mais uma frase que era melhor ser ignorada.

- Então, - Pansy foi a primeira a falar – o que você sugere, Malfoy?

- Vamos de vassoura! – ele disse.

- Não... – Hermione falou com um gemido.

- Sério que você ainda tem medo de andar de vassoura? – Rony perguntou a ela perplexo – De todas as coisas que você já passou, disso é que você tem medo?

- Cala a boca, Rony...

- Bom, é a melhor forma...

- Eu acho que todo mundo está esquecendo de uma coisa importante... – falou Luna, fazendo todos a olhares – Nós estamos indo atrás dessa horcrux, mas ainda não falamos nada sobre destruir a que Hermione, Harry e Rony pegaram com os centauros.

- ‘Roubaram’ seria a palavra mais exata... – Rony comentou.

Harry conjurou o colar e ele apareceu em cima da mesa de centro. Todos encaram a jóia.

- Bom, ninguém pode negar que o Lord tem bom gosto... – Pansy se aproximou para olhar mais perto – Eu não me encomodaria em ter essa belezura na minha caixa de jóias, se querem saber...

- Isso é ridículo. – Gina se pronunciou, pela primeira vez – Por que tem que ser um de nós a quebrá-lo? Há dezenas de pessoas na Ordem...

- Não precisamos de mais ninguém envolvido nisso... – Harry falou.

Eles se entreolharam.

- Bom, - Rony deu de ombros – eu já destrui uma horcrux, então essa eu passo.

- Muito corajoso, Weasley. – Lucas falou - Bem grifinório.

Rony deu de ombros.

- Encarar os próprios medos e inseguranças a ponto de ficarem tão insuportáveis que você vai querer se matar. – Lucas suspirou - Acho que eu estaria mais disposto á passar por sete horas de maldição cruciattus.

- Foi pior que a maldição cruciattus. – Rony fez questão de apontar, fazendo Lucas revirar os olhos.

- Acho que eu deveria fazer isso... – disse Harry.

- Haha, e o garoto-que-não-pode-morrer finalmente se suicida devido aos traumas da infância... – Draco debochou – Rita Skeeter ia simplesmente amar uma manchete dessas...

- Draco está certo... – Gina falou – Você não pode se arriscar assim, Harry...

- Eu faria. – disse Hermione – Se não corresse o risco de eu matar a mim mesma e mais meia dúzia de pessoas...

- Não brinque com isso... – Luna censurou.

Hermione deu de ombros.

- Estou cansada de chorar... – ela murmurou.

- Por Merlin! – Pansy exclamou – Vocês são deprimentes!

A próxima coisa que ela fez foi tão surpreendente que deixou todos paralisados. Ela colocou o colar no pescoço.

- Pansy! – Hermione exclamou, assustada.

Draco até se sentou no sofá.

- Como está se sentindo? – o loiro perguntou.

- Nada de diferente. – ela tentou sorrir, mas era óbvio que estava mentindo – Tudo bem, então eu me sinto um pouco triste. Não chega aos pés de uma depressão...

- Pansy... – Lucas se aproximou dela.

- Eu acho que eu vou me deitar... – e dizendo isso, ela saiu da biblioteca.

Lucas foi atrás dela.

- Ok... – Gina falou, ao ver os dois saírem – Acho que isso quer dizer que vocês tem menos dois para a sua missão. – ela se levantou – Vou seguir o exemplo da Parkinson e me deitar também.

- Eu te acompanho. – Harry falou.

- Não! – ela exclamou. Ele foi mesmo assim.

Hermione suspirou, olhando em volta.

- Acho que deve ter algum livro aqui falando sobre os castelos do Reino Unido. – Hermione falou para Luna – Acho que vou ficar mais um pouco e procurar.

E dizendo isso, ela se levantou e desapareceu atrás das instantes da biblioteca.

Ela procurou por alguns instantes, se distraindo no meio de tantos livros e não encontrou nada. Quando ela virou um corredor, deu de cara com Draco parado com um livro na mão.

- Procurando por isso?

Ela olhou o livro na mão dele e viu que era exatamente o que procurava.

- Você me assustou. – ela olhou por cima do ombro dele e viu que estavam sozinhos – Onde estão Luna e Rony?

- Lovegood arrastou Weasley daqui por algum motivo... – ele disse a observando.

- Hum. – Hermione olhou para o livro na mão dele – Vai me dar ou não?

Ele lhe entregou o livro.

- Você não deveria pedir permissão pra pegar os livros da biblioteca?

- Por que? – ela começou a folhear o livro – Aqui é Hogwarts e eu esqueci de assinar meu nome no livro da Madame Pince? – ele revirou os olhos diante da ironia dela – Sua mãe me deu permissão pra pegar o livro que eu quisesse. – ela explicou.

Ele não parecia surpreso.

- Claro que ela deu. – ele sorriu com sarcasmo – Ela está te tratando como a filha que nunca teve...

- Ela está sendo muito gentil comigo, só isso. – respondeu dando de ombros.

Os dois se encararam em silêncio por um tempo.

- Posso fazer uma pergunta? – ela assentiu – Por que não está no quarto que era pra ser seu?

Ela se surpreendeu com a pergunta, não imaginava que ele fosse tocar naquele assunto.

- Aquele quarto não é pra ser meu. – ela respondeu, com cuidado – Não achei certo ficar com ele.

- É só um quarto. – ele respondeu, sem entender.

- Não, não é. – ela se preparou pra explicar – Aquele quarto... – ela não sabia como responder aquilo sem parecer boba. Sim, era só um quarto... mas ao mesmo tempo não era. Era como se o quarto representasse tudo que ela tinha jogado fora no momento em que foi embora. Tudo que agora ela não tinha direito de dizer que era dela, por mais arrependida que estivesse. – Só não achei que fosse certo... não depois de tudo... – foi tudo que ela disse.

Ele balançou a cabeça, demonstrando que entendia.

- Você está mesmo mudada. A Hermione de antes pegaria o quarto só pra perturbar Taylor.

Hermione soltou o ar dos pulmões.

- Eu não vou fazer mais nada que atrapalhe seu namoro, Draco... Não quero estragar as coisas entre você e Taylor. Eu... – ela hesitou – eu acho que ela faz bem pra você. E eu quero que você seja feliz. De verdade.

Ele desviou o olhar.

- Bom, como você deve saber melhor que ninguém... quando se trata de namoro, eu não preciso de ajuda pra estragar as coisas.

Ela riu.

- Isso é verdade... – ela o encarou – Mas suas intenções são boas. – recebeu um olhar duvidoso dele e completou – Na maioria das vezes.

- Obrigada. – ele replicou com um aceno de cabeça.

Ela observou a expressão dele por um tempo.

- Draco... – hesitou por alguns instantes – Eu sinto sua falta.

Ele não respondeu por um tempo.

- Eu também sinto sua falta, Hermione.

Ela desviou o olhar e respirou fundo sentindo seu coração doer.

Ela queria tanto dizer mais. Se abrir com ele e dizer tudo que estava sentindo. Queria parar de esconder as coisas, dizer tudo que estava pensando. Porque, por mais que ela tenha prometido para si mesma ser sincera de agora em diante, ela também tinha prometido ser mais altruísta... E ela não conseguia pensar em nada mais egoísta do que dizer a Draco que o amava agora.

Ela não tinha brincado quando falou sobre isso com Pansy e Luna. Vinha pensando tanto nele ultimamente... nos dois, e no que eles eram quando estavam juntos... E descobrir que ainda o amava, e o amava muito mais do que antes, foi como da primeira vez que percebeu isso. A coisa mais apavorante do mundo. E assim que soube disso, tinha decidido que não iria contar para ele, quebrando a promessa que tinha feito para si mesma. Não era justo com ele que ela fizesse isso, talvez o deixando confuso quando ele já estava bem com a Taylor. Ela deixaria que ele fosse feliz. E se a felicidade dele estava com a Taylor, ela não tinha direito nenhum de questionar isso.

Sinceramente, o único direito que Hermione achava que tinha agora quando se tratava de Draco, era lamentar por ter sido tão estúpida com ele quando ele era dela. Teve tudo que nunca tinha pedido em um cara em suas mãos e jogou fora. Agora que Hermione estava sã de novo, estava tendo dificuldades em lidar com isso.

- Eu sinto muito... – ela disse – Muito mesmo. Principalmente pelo jeito que eu terminei as coisas... E por depois também... Por tudo.

- Eu também. – ele respondeu depois de alguns segundos – Sabe, Hermione... eu estava muito apaixonado por você, - hesitou – tanto que não importava quem seus poderes tinham ferido ou o que você tinha feito... eu só estava muito feliz em ver que você tinha sobrevivido aquele incêndio... mas isso não era suficiente pra você... porque por mais que eu continuasse te amando depois do que você fez, não tinha jeito de você se amar. E quanto menos você se amava, menos eu amava você também.

Ele se levantou e saiu. Hermione, que achava que a dor no seu coração não poderia aumentar, descobriu que estava errada.


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Notas finais do capítulo

N/A: Eu sinto muitíssimo MESMO pela demora. Eu planejava postar semanas atrás e a essa altura do campeonato, nos meus cálculos, eu já estaria postando o capítulo 30 ou talvez até o 31. Mas como geralmente acontece na minha vida, nada saiu como o planejado... Conselho de amiga: não levem o Draco muito a sério no momento. Ele vai se certificar em não facilitar as coisas para Hermione... Muito obrigada pelos comentários!
Bom, eu adoraria prometer que o próximo capítulo vem logo, mas eu não posso mesmo porque eu não faço idéia de quando ele vai vir. Agora que a faculdade tá de volta, as coisas estão muuuuito corridas. Eu só queria pedir pra vocês comentarem bastante, porque um incentivo pra escrever nessas horas é sempre muito bem vindo... Então, pretty pretty pleaseeeeeee, digam o que estão achando! :~*
XOXO



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