O Preço de Amar Um Malfoy escrita por BlissG


Capítulo 27
Quem Finge Se Importar Menos


Notas iniciais do capítulo

Fez coisas das quais você não consegue falar... Mas á noite, você tem que vivê-las de novo... (Innocent Taylor Swift)



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Luna bateu na porta de madeira sentindo sua apreensão aumentar. Talvez aquela não fosse uma idéia tão boa... Mas ainda era a única que tinha no momento.
A porta se abriu e Trelawney apareceu.
- Olá, minha querida.
Luna sorriu de forma adorável para a mulher.
- Olá.
- Não imagina como fiquei feliz quando disse que queria conversar comigo... Ouvi sobre seus poderes e gostei muito de saber que havia um aluno aqui em Hogwarts tão em contato com a maravilhosa arte da adivinhação. – ela se sentou de frente para uma mesa baixa, em cima de uma almofada, e apontou para a almofada em frente a ela, fazendo sinal para Luna se sentar – Quer chá?
Luna respirou fundo e foi até ela, se sentando aonde ela indicava.
- Sim, eu adoraria.
Trelawney sorriu e a serviu.
- O que posso fazer por você, querida?
Luna tomou um gole muito pequeno do chá. Era horrível. Até pra ela.
- Eu estava me perguntando se você tinha algum conselho... ou sabe de alguma coisa... que possa me ajudar com as minhas visões.
- Algum problema com elas?
Luna balançou a cabeça, na dúvida.
- Não exatamente. – ela suspirou – Eu só gostaria de ter mais controle sob o que eu vejo.
- Você quer dizer, ver o que você quiser?
- É, mais ou menos isso. – confirmou, desconfortável.
- Poucas pessoas conseguem isso, minha querida... – respondeu ela. – Mas se quer mesmo tentar, há um programa ótimo na Rádio Mística, talvez queira sintonizar, deixa ver se eu lembro os horários! – ela olhou para o teto, parecendo querer se lembrar – Ah, sim... aos sábados, sete e meia da manhã... Eles ensinam yoga bruxa... tão tranquilizador... eu fiz por anos! É de ótima ajuda, quando sua mente fica mais tranquila, as visões vem com mais facilidade... se quiser nós podemos fazer juntas, é tão mais divertido com companhia!
Ela parecia realmente animada com a idéia das duas fazerem yoga juntas e Luna apenas a encarou, tentando entender o que ela dizia. Aquele era mesmo o melhor conselho que ela tinha a oferecer?
- Eu amei a idéia! Vou fazer isso com certeza... – Luna sorriu – Mas será que não há nada mais... hum, eficaz? Porque... sabe... se existir algo que eu possa fazer, estou disposta a qualquer coisa. É realmente muito importante.
Trelawney ficou em silêncio por um tempo, bebendo seu chá.
- Bom, há uma maneira...
- Mesmo? – perguntou animada – Qual é?
- Mas é perigoso... E se der errado... – ela fez uma careta, e seu tom foi de aviso.
- Eu estou disposta a correr riscos. – disse, ansiosa.
- Tudo bem, então... – ela pegou sua varinha e conjurou um livro de capa azul, entregou-o a Luna em seguida – Acredito que o que procura está no capítulo 19.
Luna pegou o livro, sorridente.
- Muito obrigada, professora Trelawney.
Ela se levantou, apressada em ir descobrir o que quer que fosse.
- Não se esqueça da yoga, querida! – Trelawney gritou enquanto ela saía – Muito tranquilizador!
***
Hermione passou pelo quadro da mulher gorda, passando direto pelo salão comunal da grifinória. Apesar de tudo que tinha acontecido durante os seus seis anos anteriores em Hogwarts, ela não se lembrava de um momento em que sua presença no salão comunal chamou tanta atenção. Assim que a viram ali, um silêncio constrangedor caiu na sala. Ela simplesmente revirou os olhos, indo em direção ás escadas para o dormitório masculino dos garotos do sétimo ano.
Ela abriu a porta sem bater.
- Olá!
Simas se abaixou atrás da sua cama no instante em que Hermione apareceu. Ele estava apenas de cueca.
- Hermione!
- Por favor... – ela fechou a porta atrás de si e entrou no quarto. – Vocês não tem banheiro?
- E você não tem um quarto? – ele respondeu, enquanto escorregava para dentro da cama e fechava suas cortinas.
Ela deu de ombros se virando para Harry e Rony, que estavam rindo. Mas no meio do caminho ela se deparou com a cama que sabia ter sido de Neville. Diferente da cama dos outros meninos, aquela estava perfeitamente arrumada.
- O que você está fazendo aqui, Hermione? – perguntou Harry, chamando a atenção da garota.
Eles sabiam que Hermione costumava ir no dormitório deles o tempo todo há um tempo atrás, mas obviamente, aquilo não acontecia há muito tempo.
- Eu vim falar com vocês sobre aquele assunto... – e dizendo isso ela se sentou na ponta da cama de Rony, que ainda estava deitado, e fez um sinal com a varinha para as cortinas fechadas de Simas, colocando um feitiço silenciador ali.
- O que tem? – perguntou Harry.
- Agora que nós sabemos como quebrar a horcrux, eu não vejo motivo para esperarmos pra fazer isso. – ela respondeu – Vamos quebrar essa logo e sair para procurar a próxima.
- Bom, eu vejo um motivo para esperarmos o máximo que pudermos. – Harry respondeu – A pessoa que for louca o suficiente para querer fazer isso pode nunca mais ser a mesma de novo. Você sabe o que aconteceu com os pais do Neville...
Hermione foi pega um pouco de surpresa com a menção áquele nome. Rony lançou um olhar repreensivo á Harry e esse percebeu o que havia dito.
- Hermione, me desculpe... eu não quis...
- Eu sei que a pessoa que o quebrar pode ir á loucura. – ela falou, o interrompendo – Mas eu não acho que vá haver uma hora boa para se fazer isso.
- Hermione está certa. – falou Rony – Temos que fazer isso rápido.
- Então, quem vai fazer? – ela perguntou com uma falsa animação, como quem perguntava quem ia acompanhá-la para Hogsmeade ou alguma coisa do tipo.
Os três se entreolharam por alguns segundos, então Harry se pronunciou.
- Eu faço. – ele disse – Não tem motivo para ninguém mais se envolver nisso.
Rony revirou os olhos.
- Como se já não estivéssemos envolvidos o bastante. – ele falou – E como se pudéssemos nos dar ao luxo de Harry Potter ir á loucura.
- Eu faria. – disse Hermione – Mas eu não posso...
- Por quê? – Harry perguntou.
Hermione não respondeu de imediato.
- Porque eu não posso garantir que depois de sete horas de dor, meus poderes não vão sair do controle, Harry. – ela respondeu como se fosse óbvio. Aquilo era verdade. Em parte.
- Bom, então acho que só nos resta uma alternativa. – disse Rony.
- Não... – Harry falou – Você não vai fazer isso.
- Por que não? – perguntou o ruivo.
- Porque tem várias pessoas na Ordem que podem fazer. – perguntou Harry – Nós só temos que pensar em alguém.
- E vamos falar o quê? “Ei, você se importaria em passar por 7 horas de dor excruciante para ajudar a derrotar o Lord das Trevas?”
- Eles sabiam dos riscos quando entraram para a Ordem.
- Exatamente. Assim como eu.
A discussão deles continuou mas Hermione não estava mais prestando atenção. O olhar dela caiu na cômoda que havia no quarto. Ela se levantou lentamente e se aproximou do móvel, que tinha um espelho em cima. Em cima da cômoda, havia um foto de Harry, Rony, Simas, Dino e Neville. A foto parecia que havia sido tirada no terceiro ou quarto ano, depois de uma guerra de travesseiros que deveria ter sido bastante divertida já que os meninos riam tanto na foto. Hermione encarou o Neville sorridente do pedaço de papel, lamentando pela milionésima vez a vida que ela tinha tirado dele.
Depois do acidente no Largo, Hermione tinha se esforçado tanto para se desapegar de todas as coisas ruins daquela noite, para não pensar nelas. A morte de Neville era, sem dúvida, o mais difícil. Nas primeiras noites depois do que tinha acontecido, ela não tinha conseguido dormir a não ser que estivesse muito bêbada ou que tivesse tomado a poção do sono. E ainda hoje, mais de três meses depois, ela acordava de madrugada com pesadelos e ás vezes, preferia passar o resto da noite acordada do que adormecer de novo e ter mais um sonho horrível. Como se a realidade não fosse ruim o bastante...
Ela se olhou no espelho e mais uma vez se perguntou como tinha sido tão estúpida em deixar aquilo acontecer. Mas diferente das outras vezes, ela não viu apenas seu reflexo. O espelho ficava de frente para a porta do banheiro dos meninos e como ela estava aberta, dava para ver o interior do banheiro. Hermione podia jurar que tinha visto uma movimentação lá dentro.
Hermione podia jurar que tinha visto Neville lá dentro.
Ela soltou um som de surpresa chamando a atenção dos meninos que ainda discutiam. Eles se calaram quando viram a garota atravessar o quarto o mais rápido que pôde e bater a porta do banheiro com força, a fechando.
- Hermione... – Rony olhou para a expressão assustada dela – O que aconteceu?
Ela parecia estar perdida em pensamentos. Encarou os dois garotos sem parecer que estava os vendo realmente.
- Nada... – murmurou – Eu... tenho que ir...
E então ela saiu do quarto o mais rápido que pôde, deixando os dois garotos confusos.
***
A noite tinha caído em Hogwarts e todos os alunos, garotas principalmente, foram para os seus quartos para começarem a se arrumar para o grande baile daquela noite. Muita gente havia sido convidada e a festa prometia. Como aquela comemoração significava um recomeço para a escola, ex-alunos também haviam sido convidados, o que significava que a maioria dos pais estariam presentes. Aquilo tinha tirado um pouco da animação de alguns alunos, que gostariam de poder curtir a festa sem adultos por perto, mas a maioria deles estava feliz com a idéia de ver seus pais, ainda mais com a guerra e tudo que vinha acontecendo na comunidade bruxa.
Pansy, ao saber disso, se sentiu desanimada com a festa, pensar que todos teriam seus pais por perto e ela não a deixou triste. Isso não passou despercebido por Taylor, que dividia o quarto com a garota e com outras alunas do sétimo ano da sonserina.
- Não fique assim, Pansy. – disse ela – Nem todos os pais virão. Os meus, por exemplo, estão na Itália numa segunda lua-de-mel. Eu vou estar sozinha também, posso te fazer companhia.
Pansy deu um sorriso fraco para a loira e começou a se maquiar em silêncio.
Taylor respirou fundo e se aproximou da penteadeira da garota, se sentando na cama mais próxima do móvel.
- Pansy, será que podemos conversar?
A sonserina olhou para a colega de quarto e simplesmente assentiu.
- Olha, eu sei que eu e você nunca fomos amigas nem nada disso... Mas você é muito importante pro Draco, e ele é muito importante pra mim, então eu pensei que nós podíamos... sabe, tentar nos dar bem.
Pansy não respondeu, apenas continuou a encarando.
- E eu sei que você e Hermione ficaram bem amigas e, ao contrário do que você deve estar pensando, eu não quero tomar o lugar dela. Quer dizer, não só você... Á essa altura, Hogwarts inteira deve estar pensando isso...
- Bom, se você não quer pegar o lugar de Hermione, você devia terminar com o Draco. Porque foi mais ou menos isso o que você fez quando passou a ser namorada dele no lugar dela.
Taylor suspirou.
- Não foi o que eu quis dizer.
Pansy sorriu.
- Eu sei.
A garota desviou o olhar e Pansy viu que sua fisionomia parecia triste. Pela primeira vez se colocou no lugar dela e sentiu um pouco de pena da garota.
- Deve estar sendo muito difícil pra você... – comentou – Com a volta da Hermione e tudo mais...
Taylor deu um sorriso triste.
- Imagina só. Você está namorando com uma cara que há três meses atrás era claramente apaixonado por outra garota. Eles só se separaram porque ela foi embora, e partiu o coração dele. – ela riu – Porque ela partiu. Não importa o quanto ele negue.
Pansy assentiu.
- Sim, ela partiu.
- Então, - continuou – ele te manda uma carta, querendo te conhecer melhor, tipo... desesperadamente, e você está apaixonada demais pra negar um pedido desses, mesmo sabendo que ele ainda gosta da ex. E então três meses perfeitos se passam, e quando você acha que ele está começando a sentir algo mais forte por você, ela volta com tudo. O que você faria?
- Não sei, Taylor.
- É... Nem eu. – ela pareceu hesitar um pouco – Você acha que ele ainda sente alguma coisa por ela?
 Pansy pensou em dizer que não, sentindo uma certa simpatia por Taylor de repente. Mas não achou que seria justo mentir para ela.
- É complicado, Taylor. Porque, apesar de parecer que se passou muito tempo desde que os dois estavam apaixonados, se você parar pra pensar não passou. E eu vi o amor deles de perto, era... enorme... e até mesmo... bonito... eles eram loucos um pelo outro... E um amor assim não se supera em três meses, não completamente. Se é que se supera...
Taylor assentiu, com os olhos marejados.
- Mas... – Pansy continuou – Isso não quer dizer que ele não sinta nada por você. E Hermione o deixou muito bravo. Muito, muito bravo com o que ela fez. E apesar de ela ter voltado, ela não voltou a mesma. Ela não é a mesma garota por quem ele se apaixonou, e Draco sabe disso. Obviamente, ela ainda é Hermione e não posso dizer que ela não seja nenhuma concorrência pra você. Mas depois que tudo o que aconteceu entre eles, duvido que seja uma concorrência forte. E Draco gosta de você, senão não estaria te namorando. Então se eu fosse você, não me preocuparia. Pelo menos não muito.
Taylor sorriu.
- Obrigada, Pansy. Nunca imaginei que você fosse tão... não sei... – ela hesitou – gentil, acho...
- Eu não era. Mas não foi só o Draco que a Hermione mudou...
- Se você gosta tanto dela, por que você está me ajudando?
- Eu não tô te ajudando. Só fui sincera com você. Por mais que eu gostasse de ver Hermione e Draco juntos, eu gosto mais de ver os dois felizes, mesmo que separados. E Hermione entrou numa autodestruição que ela é incapaz de fazer qualquer um feliz. Então acho que Draco está melhor com você. Hermione vai precisar de muito tempo pra perceber o buraco que se enfiou. Não queremos que ela puxe mais ninguém pra ele.
- Você parece estar muito preocupada com ela...
Pansy suspirou e desviou o olhar, pensando na amiga.
- Eu estou.
***
A festa mal havia começado e o salão de Hogwarts já bombava de gente. Por onde se olhasse, era possível ver alunos de Hogwarts cumprimentando seus pais ou numa conversa animada com velhos amigos. Aquilo havia se transformado numa grande confraternização.
Uma boa parte da Ordem da Fênix estava sentada em uma grande mesa conversando animadamente quando Harry, Rony e Luna chegaram. Os três se juntaram rapidamente ao grupo.
- Mamãe não pôde vir, pai? – perguntou Rony ao Sr. Weasley.
- Não, Rony. – Arthur respondeu – Ela preferiu ficar em casa com Gina hoje.
- Ah... – Luna falou – Que triste. Nós estávamos esperando que Gina pudesse se juntar a gente hoje, não é Harry?
O moreno ficou vermelho na mesma hora.
- É, Luna... – murmurou, tomando um generoso gole de suco de abóbora em seguida.
- Seria meio difícil ela vir hoje. – foi Fred quem respondeu – Gina não sai daquele quarto há semanas.
- Desde que foi levada para lá, pra ser mais exato. – completou Jorge.
- Oh, - a expressão de Luna mudou – ela não me disse isso nas cartas...
- Sua irmã vai sair de lá em breve, não há motivo pra se preocupar. – tranquilizou Arthur, apesar dele mesmo não parecer muito tranquilo – Ela só precisa de um pouco de tempo. Todos precisamos.
Nesse momento, Hermione apareceu no salão. Ela usava uma maquiagem forte e, com um vestido preto e decotado, estava assustadoramente deslumbrante. Ela olhou para a mesa deles, mas ao contrário do que alguns pensavam, partiu para o lado oposto do salão.
Os membros da Ordem se entreolharam.
- E como ela está? – perguntou Arthur aos mais novos.
- Nada bem, pai. – respondeu Rony – Nada bem...
***
Draco esperava Taylor no salão comunal da sonserina e quando a viu, não pôde deixar de sorrir. Ela estava, como sempre, muito elegante. Ele não podia negar que ela era uma das garotas mais lindas que ele conhecia.
- Você está linda. – ele disse, lhe dando um beijo rápido.
- Obrigada. – ela sorriu pra ele – Você também.
Os dois começaram a caminhar para o salão principal.
- Sua mãe vai estar na festa? – ela perguntou.
- Vai. – Draco respondeu – Acho que ela está ansiosa pra te ver de novo.
Taylor tinha conhecido Narcisa há mais de um mês atrás e as duas tinham se dado muito bem. A mãe de Draco era uma dama, uma das mulheres mais sofisticadas que Taylor havia conhecido. Tinha se sentido um pouco receosa em conhecê-la porque sabia que, por mais incrível que parecesse, Narcisa gostava muito de Hermione – como a maioria das pessoas que agora cercavam Draco -, mas Taylor há muito tinha descoberto que se quisesse que o namoro com Draco desse certo, ela precisava afastar os fantasmas que Hermione tinha deixado na vida dele. É claro, afastar esses fantasmas não parecia tão fácil agora que Hermione estava de volta, mais real do que nunca. Mas ela precisava tirar Hermione da cabeça, antes que essa paranóia se tornasse uma obsessão. Precisava pôr na cabeça que era ela que estava com Draco agora.
***
Hermione não demorou muito a chegar na festa, apesar de não estar muito no clima de comemoração naquela noite.
Tinha prometido a John que ficaria com alguém para tirar a desconfiança de que eles estavam tendo um caso da cabeça de todos mas não estava com a mínima disposição para dar bola para ninguém.
Por mais que não quisesse admitir, a conversa que teve com Draco na biblioteca a deixou com o pé atrás em relação ao que estava tendo com John. Por mais que risse dele quando via o quanto ficava preocupado que as pessoas descobrissem o que estavam tendo, a verdade era que ela não queria que os outros descobrissem tanto quanto ele. E, francamente, se Draco estava tão certo do que estava acontecendo, o que o impediria de contar? Ele estava, obviamente, furioso com ela. Claro que ele não tinha provas, mas mesmo assim era muito perigoso. O emprego de John estava na mira quando se tratava disso e ela também não queria ser expulsa de Hogwarts. Caso isso acontecesse, sua opção seria ir morar na sede da Ordem da Fênix e pra lá ela não queria voltar. Até porque, Gina também estava morando lá, e só de pensar em reencontrar a velha amiga, Hermione sentia um frio na espinha. Fora isso, a opção restante seria voltar para a casa de John, e pra lá ela também não queria ir. Já tinha ficado alienada da guerra durante todo esse tempo, e já foi mais que suficiente. Caso ficasse mais tempo afastada da Ordem, aquilo podia comprometer sua participação na guerra, e isso era a última das coisas que ela queria.
- Olá, Hermione!
A garota se assustou ao ver Luna ao seu lado, parada como se estivesse ali há séculos.
- Oi, Luna... – falou sem um pingo da animação que a loira mostrou a cumprimentá-la. – Alguma previsão assustadora pra mim hoje?
Luna sorriu.
- Não. Pra falar a verdade, só vim para... sabe, conversar... ainda não nos falamos direito desde que você voltou.  Então, o que tem feito?
Hermione a olhou impaciente.
- Por que você está me perguntando, se você sabe exatamente o que eu tenho feito?
Quando terminou a frase, foi que Hermione se tocou que – se Luna a estava vigiando esse tempo todo como Hermione achava que ela estava, então - ela sabia também. Merlin, estava entrando numa teia de aranha.
- É, mas eu gostaria de ouvir a sua versão do que têm feito. – falou um pouco séria demais.
- Eu não tenho que te dar satisfações. – respondeu.
- É, você não tem. – Luna deu de ombros – Mas eu achei que, já que somos amigas...
Hermione a interrompeu bruscamente.
- Nós nunca fomos amigas, Luna.
A corvinal pareceu que se abalou um pouco com aquela fala de Hermione. A grifinória, por sua vez, não sabia de onde tinha tirado aquilo. Era verdade que não tinha se dado bem com Luna no começo, mas as duas tinham ficado próximas com o tempo e, antes, teria sim chamado Luna de amiga.
- Nós fomos sim, Hermione. – falou ela - Mas eu vou desconsiderar isso que você disse porque parece que você esqueceu o que é amizade.
- Isso não é verdade...
- Mesmo? Eu acho que sim. Como acho também que você esqueceu muitas coisas. E talvez ainda haja tempo pra você lembrá-las, antes que as coisas fiquem realmente feias.
- Mais do que já ficaram? – replicou Hermione – Desculpa, Luna, mas acho que, pra quem diz ter poderes super-premonitórios ou sei lá o quê, você tá meio desatualizada. As coisas já ficaram “realmente feias” e já estão melhorando, se não percebeu. Com sorte estou conseguindo colocar tudo pra trás.
- Você chama isso de colocar pra trás? Claro, então você decidiu colocar os últimos dezessete anos da sua vida pra trás, né? É um preço muito caro o que você está pagando pra “colocar tudo pra trás”.
- Não vejo preço nenhum... – falou com sarcasmo.
- Porque você tá cega! – exclamou – Você não vê que quando você diz “colocar tudo pra trás”, você está colocando tudo mesmo pra trás. Até as coisas boas! Seus amigos... Pessoas que te amam... Você não vê que colocou elas pra trás também?
Hermione desviou o olhar da garota.
- Não quero falar sobre isso...
- Claro que não. Porquê pode doer, né?
- Do que você tá falando?
- Você procurou saber da Gina depois daquela noite? – Hermione ignorou a pergunta – Aposto que não. Não machucaria escrever uma carta, sabia?
Hermione revirou os olhos.
- Aposto que ela nem quer ouvir falar do meu nome á essa altura... – murmurou.
- Muito pelo contrário. Ela ficaria feliz em receber notícias suas... Ela... – seu tom ficou mais brando - não sente raiva pelo que aconteceu.
- Como isso é possível? – Hermione perguntou surpresa e descrente.
- Porque ela sabe que não foi sua culpa. – Hermione bufou diante daquela frase e Luna suspirou – Acho que todo mundo sabe disso menos você.
- Então todos estão muito enganados.
- Você que tá. Você não fez aquilo de propósito, fez?
- Não seja ridícula, Luna. Claro que não.
- Então não vejo jeito de isso ser sua culpa. – Hermione não respondeu – Acidentes acontecem, Hermione.
- Chega, Luna. – a morena a olhou com raiva – Não quero falar mais sobre esse assunto.
- Ok... Só saiba que... Acho que significaria muito pra ela se você aparecesse lá... Ou escrevesse uma carta...
Hermione soltou o ar dos pulmões e cruzou os braços.
- Meio difícil. Eu não pretendo colocar meus pés na mansão Malfoy nunca mais.
Agora foi Luna quem revirou os olhos.
- Ótimo. Mas você poderia tirar alguns minutos do seu precioso tempo pra escrever pra ela?
Hermione ficou uns segundos em silêncio antes de responder.
- Eu não sei... Eu não saberia o que dizer...
- Acho que só um oi seria suficiente. Ela pergunta constantemente por você... Querendo saber se está bem...
Agora Hermione parecia um pouco surpresa.
- Saber se eu tô bem? Ela que está mal...
- Ela não está mal, Hermione. – Luna falou – Na verdade, eu diria que ela está melhor que você.
- Melhor que eu? Eu a deixei impossibilitada de andar, Luna! Como ela pode estar melhor que eu?
- Porque, Hermione, não importa o tempo que leve, ela vai voltar a andar. Mas e você? Algum dia vai voltar a amar?
***
Draco estava sentado sozinho em uma mesa, esperando Taylor voltar de uma passeio que tinha ido dar com algumas amigas. Não sabia o que garotas tinham tanto o que conversar, sinceramente. Como se elas já não tivessem o tempo todo para fofocar, ou falar de garotos, ou da roupa de outras garotas, ou seja lá do que elas falam. Estava pensando nisso quando uma mão tocou o seu ombro.
- Mãe! – ele se virou sorrindo para a linda mulher que estava atrás de si – Sempre atrasada...
Narcisa sorriu.
- O que eu posso fazer, querido? Isso é horário de se marcar uma festa? – ele se levantou e deu um abraço apertado na mãe. – Como está?
- Bem. – ele respondeu – E você?
- Bem também. – ela respondeu – Por que está aqui sozinho? Onde estão Pansy e Lucas?
- Não faço idéia. – ele respondeu, olhando em volta – Taylor saiu com umas amigas...
- Ah, Taylor... – ela falou, se sentando á mesa e sendo acompanhada pelo filho – Então vocês ainda estão juntos...
Ele franziu o cenho.
- Como assim, ainda estamos juntos?! Pensei que tivesse gostado dela.
- E eu gostei! – se defendeu Narcisa – Mas quando eu soube que Hermione estava de volta...
Draco revirou os olhos.
- Por favor...
- Me desculpe por tirar conclusões que me pareciam óbvias. – falou ela.
Ele ficou em silêncio e Narcisa observou o filho.
- Então... Você está bem?
- Já disse que estou! – ele respondeu na defensiva.
- Se acalme... – ela falou com uma voz tranquilizadora – Só achei que pudéssemos conversar...
- Sobre o quê, mãe?
- Você sabe sobre o quê. – ela respondeu séria – Sobre a volta da Hermione...
- Não tem nada sobre o que conversar. – falou com uma voz entediada.
- Há sim. E se eu te conheço bem, ainda não falou sobre isso com ninguém. – o garoto não respondeu – Draco, guardar esses sentimentos pra você não vai fazer bem pra ninguém...
- Não tem sentimento nenhum, mãe. Você tá viajando! – ele fez menção de se levantar – Vou procurar a Taylor!
- Draco, fique aqui! – ela usou sua voz autoritária e Draco a obedeceu – Se você não quer falar sobre isso, tudo bem. Mas você ao menos vai me ouvir.
Ele cruzou os braços e a encarou como um garoto mimado.
- Agora, - ela começou calmamente – não venha me dizer que essa volta da Hermione não te afeta de forma nenhuma porque nós dois sabemos que isso é mentira. Se não te afetasse, você seria exatamente como seu pai e uma certa garota grifinória mostrou pra nós dois que você não é.
Ele não teve forças para continuar a encarando.
- Draco, admitir que se machucou com tudo que aconteceu não te torna fraco. Muito pelo contrário, te torna humano.
- Eu não me machuco, mãe. – ele respondeu com uma carranca.
- Se machuca sim. Você se machuca e faz alguma coisa estúpida pra não mostrar que está machucado. – ela fez uma pausa - Como namorar a Taylor...
Draco bufou.
- Eu gosto mesmo da Taylor, mãe...
- Eu sei, Draco. Por isso mesmo. Você quer machucá-la? Está envolvendo outra pessoa nessa história, como se ela já não fosse enrolada o bastante.
- O que você quer que eu faça? – ele exclamou, tomando cuidado de manter a voz em um tom baixo, para outras pessoas não perceberem que estava falando sobre aquilo com a sua mãe – Quer que eu volte pra Hermione de braços abertos depois de tudo que aconteceu? Nem ela quer mais, pra sua informação.
- Não é sobre isso que eu estou falando, meu filho. – ela suspirou – Olha, eu sei que eu não fui uma boa mãe pra você quando era pequeno. Mas eu estou tentando compensar isso agora. E eu sei que isso é possível porque quando eu te vi apaixonado pela primeira vez, eu percebi que você tinha ficado bem, apesar de tudo que seu pai e eu fizemos pra te estragar. Eu vi que você era capaz de amar, de ter sentimentos... Não sabe como eu me senti feliz naquele momento... E agora, vendo você aqui, eu admito que tenho um pouco de medo... eu não quero que você volte a ser o que era quando criança só porque Hermione foi embora. Eu quero que você seja sincero. E eu nem espero que você seja completamente sincero comigo ou com qualquer outra pessoa, porque eu sei que isso é muito difícil. Mas eu espero, de verdade, que você possa ser sincero consigo mesmo. Que você possa encarar o que sente, pra conseguir superar isso. Pra conseguir, se é isso mesmo que você quer, superá-la. Acredite em mim, do jeito que você está levando as coisas, só vai deixar tudo muito pior.
Ele ficou em silêncio e ela continuou.
- Eu não posso dizer que você ainda ame Hermione. Mas é impossível que seja completamente indiferente a ela agora. Talvez você vá ser algum dia. Mas depois de tudo que vocês passaram juntos, e depois de ter passado tão pouco tempo desde... tudo, bom... isso é meio impossível. – ela respirou fundo - Quer um conselho?
Ele revirou os olhos.
- Se eu disser que não, você vai dar do mesmo jeito, não é?
Ela sorriu.
- Sim.
- Manda, então. – ele deu de ombros.
- Não deixe a sua raiva ou mágoa ou qualquer outra coisa, ficar na frente do que você está sentindo. Se não for mais apaixonado por ela, ótimo. Se conseguir esquecê-la com a Taylor, ok. Mas se continuar a amando depois de tudo, não lute contra isso. Pode significar que vocês devem ficar juntos.
- Eu tenho meu orgulho, mãe. – ele respondeu.
- Eu sei. Mas tem uma coisa que eu acho que você sabe melhor que muita gente por aí: as pessoas cometem erros. Elas estragam tudo ás vezes, vão pelo caminho errado, cometem loucuras. Mas depois elas se arrependem, amadurecem e seguem em frente. Hermione pode não ter se arrependido ainda, e você pode odiá-la no momento por tudo que ela continua fazendo, mas já parou pra pensar por quanta coisa ela passou nesses últimos meses? Por quanta coisa ela está passando? Já parou pra imaginar a dor que ela está enfrentando, e está enfrentando sozinha porque pelo que eu ouvi ela não deixa ninguém se aproximar. Ouviu isso, Draco? Ninguém. Ela afastou todo mundo, não só você.  Eu aposto que todos os amigos dela, todas as pessoas que a amam, estão sofrendo com o que ela está fazendo a eles e a si própria. Mas eu aposto também que, quando ela se arrepender, eles não vão hesitar em estar do lado dela. Agora acho que cabe a você decidir se o que sente por ela é forte o bastante pra superar orgulho, raiva, rancor e estar ao lado dela quando ela precisar. Se não for, ótimo. Mas se for, não deixe sentimentos idiotas te impedirem. Ninguém nunca morreu por perdoar.
Dizendo isso, ela se levantou e beijou os cabelos prateados do garoto, idênticos aos seus.
- Vou ir cumprimentar algumas pessoas. Nos falamos daqui a pouco.
E deixou Draco sozinho com seus pensamentos.
***
Hermione estava sentada no bar, tomando um suco de abóbora batizado. Começou a analisar o salão, procurando garotos com quem pudesse dar uns amassos e fazer com que todos tirassem da cabeça que ela tinha algo com John. Queria terminar com aquilo de uma vez pra poder finalmente voltar para o seu quarto e se afastar de toda aquela gente que só sabia criticá-la. Foi quando um loiro sozinho sentado em uma mesa no canto chamou sua atenção. Não pensou duas vezes ao se levantar e ir até lá. Chegou se sentando ao lado dele, o surpreendendo.
Ele a olhou e soltou um suspiro impaciente.
- O que você quer, Hermione?
Ela sorriu maliciosamente para ele.
- Você.
Ele revirou os olhos.
- Isso não vai ser possível. Você pode sair antes que minha namorada chegue?
Ela riu.
- Uau, super fiel. Era assim que você agia quando a gente estava junto? Se me lembro bem, você deixou a Rose te beijar quando a gente ainda namorava.
- Talvez já fosse o destino me atraindo pra ela.
- Ah, por favor... – foi a vez dela revirar os olhos – Primeiro, você não acredita em destino... Segundo, nós dois sabemos que quando você estava comigo, você só tinha olhos pra mim. E terceiro, que tipo de garota deixa você sozinho aqui, afinal?
- Não sei. Que tipo de garota termina comigo para ir transar com um cara uns dez anos mais velho?
Ela suspirou.
- Não sabia que você era de guardar ressentimento, se continuar falando desse jeito vou começar a acreditar naquela história toda de coração partido que eu estava te falando. E quantas vezes eu vou ter que dizer que eu e John não estamos transando?
- Ok. - ele falou descrente.
- Draco, - ela ficou séria e olhou nos olhos dele - o que você está fazendo com aquela garota?
- Namorando, Hermione. – ele disse obviamente.
- Isso eu percebi. – ela sorriu - Como também percebi que você não gosta dela.
- Claro que eu gosto. – ele respondeu, se perguntando porque estava conversando sobre aquilo com ela.
- Não como gosta de mim. - ela segurou o queixo dele e roçou seus lábios nos dele - Não como me ama...
- Eu não te amo mais... – ele sussurrou.
- Claro. – ela murmurou de volta - Então porque você ainda não se afastou? E por que eu posso ver que você está numa luta interna para não me beijar? Por que eu posso apostar que seu coração está acelerado nesse exato momento?
Ele não respondeu. Apenas a encarou, com todo o desejo que sentia por ela, com todo o amor que seu subconsciente sabia ainda sentir por ela, mas que estava enterrado em algum lugar muito fundo no seu peito. Hermione se curvou e sussurrou no seu ouvido:
- Faça o que você quer fazer, Draco...
No momento seguinte, ela lhe beijou com fervor e ele estava correspondendo. Por um momento relembrando a sensação do beijo dela, e como as suas bocas pareciam se encaixar enquanto suas línguas faziam uma dança sensual.
Hermione se sentiu tonta quando seu coração acelerou e seu corpo tremeu levemente ao sentir a mão de Draco acariciando sua perna. O beijo, que tinha começado brusco e desesperado, foi se tornando lento e até mesmo doloroso.
A mão dela se moveu para o cabelo dele e seus dedos se perderam nos fios macios. A outra mão estava no seu pescoço e acariciava sua nuca lentamente.
Draco se encostou mais no sofá, se deixando levar completamente pelo momento. Aumentou as carícias na perna de Hermione, sua mão entrando embaixo do vestido da garota. Ela quebrou o beijo por um instante e Draco abriu os olhos, encarando os olhos castanhos de Hermione tão próximos. Ela acariciou sua boca na dele e mordeu seu lábio inferior, apenas para beijá-lo novamente depois.
Então o encanto se quebrou.
- O que é isso? – eles ouviram a voz de Taylor bem próxima e Draco a largou, se levantando muito rápido e praticamente jogando Hermione no sofá.
- Taylor! Eu posso explicar!
- Sério, Draco? – a sonserina exclamou – “Eu posso explicar!”??? O que mais você vai dizer? ‘Não é o que você tá pensando’?
- Taylor...
- Você é tão estúpido!
Ela saiu do salão e Draco se voltou para Hermione.
- Qual é o seu problema??? - ele perguntou enquanto ela parecia estar numa discussão muito fervorosa consigo mesma.
- Meu problema? – ela levantou os olhos pra ele – Nós estávamos nos beijando, e você não estava reclamando, até ela aparecer...
- Não! - ele olhou para ela completamente revoltado - O que você quer de mim, Hermione?
- Eu... - ela soltou o ar dos pulmões enquanto ele a encarava.
- Nem você sabe! Sabe o que você quer? Você quer me ver correndo atrás de você de novo! Você quer ver meu mundo girar em torno de você de novo! Eu tenho novidades pra você: isso não vai acontecer mais!
- Não, Malfoy! – ela praticamente gritou, se levantando e tentando se aproximar dele - Eu só quero você! Eu sei que você me quer também!
- Presta atenção no que eu vou dizer, Hermione! - ele a segurou pelos braços a impedindo de se aproximar, querendo que ela entendesse o que ia dizer - Eu não quero você!
- Quer sim! Você sempre me quis! – ela riu, como se ele dizer aquilo fosse o maior absurdo que já tinha ouvido - Eu fui e sempre vou ser a primeira garota que você amou! A única que você vai amar!
- Aquela garota não é você! Não é a Hermione que eu amo! A que eu quero!
Ela se soltou brutamente dele e o olhou com os olhos faiscando.
- Como pode vir aqui e me dizer tudo isso depois do que você fez?! – ele a acusou - Foi você que terminou comigo! Você foi embora!
- Eu... - pela primeira vez em semanas, Hermione sentia que poderia chorar de novo – Eu sinto muito...
- Não sente nada.
- Sinto sim!
- Não, não sente, Hermione! Você sabe que não sente! Desde aquela maldita noite em que você colocou fogo no Largo, desde que o Longbottom morreu... você não consegue sentir mais nada.
Era verdade, em parte. Ela não tinha sentido nada desde aquela noite. Com exceção daquele momento.
- Não me procura de novo, ok? Não vai fazer bem pra ninguém. Dessa vez é sério. Acabou de verdade pra gente.
Draco saiu do salão depois de dizer isso, deixando uma Hermione muito confusa sozinha. A garota suspirou e se virou para sair também antes que todos começassem a cochichar sobre o que havia acontecido e deu de cara com John a encarando com uma cara nada contente do bar.
***
Draco encontrou Taylor no jardim de Hogwarts. A garota estava sentada em um dos bancos, linda como sempre, mas triste como ele nunca tinha visto. Se aproximou lentamente dela com as mãos nos bolsos e se sentindo muito envergonhado pelo que tinha feito.
Não era segredo pra ninguém que Taylor era loucamente apaixonada por ele. E Draco gostava dela. E muito. Mais do que pensou que chegaria a gostar de alguém depois de tudo que tinha acontecido com Hermione. Mas não sabia se podia chamar o que sentia de paixão... Quando Hermione o beijou... bem, ele esqueceu completamente dela e... de todo o resto. Foi meio assustador.
Se sentou ao lado dela e respirou fundo, sem coragem de dizer nada. Foi ela quem começou a falar.
- Não acredito que eu tenho sido tão estúpida... estando com você quando todo mundo sabe que você preferia estar com ela. – disse com a voz embargada – Aposto que você nem gosta de mim.
- Claro que eu gosto de você, Taylor. – ele respondeu - Senão eu não estaria com você.
- Então por que você estava beijando ela? – perguntou em meio a tantas lágrimas que sua voz quase não saiu – Depois de tudo que ela fez á você!
- Eu não sei, Taylor... – falou com sinceridade.
- Você ainda a ama.
- Não, não amo! – ele exclamou – É só que... – ele não conseguiu completar.
- É só que você ainda a ama. – insistiu ela.
- Não. – ele suspirou – Eu... não vou dizer que sou completamente indiferente a ela, ok? Ela foi minha namorada... meu primeiro namoro sério... E...
- Seu primeiro amor. – ela disse. – Draco, por que você procurou a mim quando ela terminou com você? Por que não outra garota?
Ele pensou por um instante.
- Acho que... eu precisava de alguém que eu fosse levar a sério.
- Você sempre me procurou pra esquecê-la. Até da outra vez. Só que você nunca conseguiu...
- Dessa vez é diferente...
- Pra mim não é. – ela respirou fundo, olhando para a escuridão do jardim – Eu sinto como se você sempre estivesse me usando pra esquecê-la.
- Eu não estou te usando, Taylor. – ele falou – Não estou.
Ela olhou nos olhos dele e suspirou.
- Como eu posso saber que está dizendo a verdade?
- Eu nunca menti pra você.
- E pra você? – ela perguntou – Quantas vezes mentiu pra si mesmo?
Ele desviou o olhar do dela e não respondeu.
- O pior de tudo é que eu sabia que a volta dela iria estragar as coisas entre a gente! – ela exclamou - Eu sabia, no momento em que a vi, que ela mudaria tudo.
- Não precisa estragar... Foi um deslize! Eu juro que não vai acontecer de novo, Taylor!
- Draco... – ela começou mas foi interrompida por ele.
- Não... – ele se aproximou ainda mais dela e acariciou seu rosto – Eu juro. Não vou deixar Hermione atrapalhar o nosso namoro. Isso nunca mais vai acontecer.
A loira suspirou e disse após alguns segundos.
- Eu queria acreditar em você...
- O que eu tenho que fazer pra você acreditar em mim?
- Eu não sei... Mas se eu tiver que te dizer, eu não sei o que estamos fazendo aqui. – ela se desvencilhou dele – A festa acabou pra mim. Diga a sua mãe que eu disse tchau.
E dizendo isso se afastou.
***
Hermione estava deitada na sua cama, tomando um copo de whisky de fogo pensando nas conversas desastrosas que teve naquela noite. Principalmente com Draco. Aquela conversa com ele... Aquela briga, melhor dizendo, tinha mexido com alguma coisa dentro dela... E ainda havia o que Luna havia dito, sobre ela voltar a amar. O que ela queria dizer com aquilo? É claro que Hermione amava. Amava muitas coisas...
Sua linha de pensamento foi interrompida quando ouviu o barulho da maçaneta da porta do seu quarto rodando. Suspirou. Mais uma “conversa” difícil.
Cinco segundos depois e o ouviu murmurar um feitiço. Obviamente, não funcionou. Ela se trancou no quarto de propósito, para não ser perturbada por ele. Era óbvio também que um feitiçinho idiota não iria impedir John de entrar se quisesse.
Ele bateu na porta.
- Hermione, abre essa porta!
Ela não respondeu. Ele bateu mais forte.
- Hermione, abre a droga dessa porta ou eu vou derrubá-la agora! Você sabe que eu vou!
Hermione bufou e se levantou pra fazer o que ele tão docemente pedia.
- O quê? – ela perguntou ao abrir a porta.
- Você ficou louca de vez??? – ele deu um passo na direção dela e Hermione recuou por impulso – Fazer a única coisa que eu disse pra você não fazer???
- Me desculpe... – sua voz jorrou ironia – Mas eu acho que você esqueceu que você não manda em mim, John!
- Nós tínhamos um acordo, Hermione! – ele berrou. – Eu te disse que se você ficasse com o Malfoy, haveriam consequências.
- Foi só um beijo, John! Não seja idiota! – ela exclamou – E mesmo que eu tivesse transado com ele, isso não seria problema seu! Desde quando eu sou exclusividade sua?
Ele bufou.
- Eu já te disse várias vezes, Hermione! Com o Malfoy não!
Ela colocou a mão na cintura e o observou por alguns segundos.
- Isso tudo não é porque Lúcio Malfoy matou sua família, é? – perguntou – É porque eu e Draco namoramos...
- Pára de loucura, Hermione! – ele bradou.
- John, - ela se aproximou dele falando tranquilamente – eu não devo nada a você. E quando essa guerra acabar, eu e você vamos acabar também. Provavelmente até antes, entendeu?
Ele a puxou com uma força brutal pela cintura, colando seus corpos e falou no ouvido dela.
- Nós vamos acabar com isso quando eu quiser, entendeu? – e dizendo isso ele a beijou, segurando a cabeça dela com força para não se afastar.
Hermione lutou contra ele e quando viu que era idiotice querer vencê-lo na força, deu uma mordida forte no seu lábio, fazendo-o se afastar no mesmo instante.
- Sua idiota! – ele levou a mão ao lábio, que sangrava ligeiramente – O que você fez?
- Você não manda em mim, John! – ela gritou. – Eu faço o que eu quiser da minha vida!
Tomado pela raiva, ele avançou para ela. A empurrando para a cama e ficando de joelhos sobre ela, tentando voltar a beijá-la. Hermione se debateu e conseguiu se livrar dele. Com a ajuda de seus poderes, inverteu as posições, ficando agora por cima dele e lhe dando tapas e socos com o máximo de força que conseguia, sentindo um ódio fora do comum dele. Depois de alguns segundos assim, ele conseguiu empurrá-la, fazendo-a cair da cama.
Hermione se levantou e rumou para a porta mas ele a puxou de volta pelo braço com força e levantou a mão para lhe dar um tapa mas a garota usou um de seus golpes e afastou a mão dele do seu rosto antes que pudesse tocá-la.
- Não ouse querer me bater, entendeu? – ela falou ameaçadora – Nem sequer pense nisso de novo.
Ele a empurrou novamente, contra a parede dessa vez e voltou a beijá-la. John praticamente a imobilizou ali, como numa luta e Hermione não conseguia mexer nenhuma parte do seu corpo, embora estivesse lutando pra isso. Ele a beijou e explorou sua coxa por baixo do vestido da festa que ainda usava mas Hermione finalmente conseguiu se afastar e tomou o máximo de distância que podia dele.
Suas brigas frequentemente acabavam daquele modo. Tinham uma relação física e aquele era o único modo em que faziam as pazes. Era o modo como davam apoio também. Foi o tipo de apoio que John deu a ela na noite do acidente, quando ela foi lhe procurar.
Mas ela não queria aquilo dessa vez. Ela estava se sentindo péssima e John por perto só estava a fazendo se sentir pior. Mais que isso, ela achava que estava sentindo nojo... Não sabia se era dele, dela mesma ou da relação doentia que tinham mas sabia que queria ele longe da sua visão no momento. Então ela abriu a porta do quarto.
- Vai embora. – ela falou séria - Eu não tô no clima...
- O quê? – ele perguntou, como se não estivesse ouvindo direito.
- Eu quero ficar sozinha, John...
- Você está me colocando pra fora? – ele falou incrédulo - O que deu em você?
- Já disse, quero ficar sozinha! – falou impaciente – Sai!
Ele bufou e foi em direção a porta, mas antes de sair, parou na frente dela e sussurrou:
- Você vai se arrepender disso...
- É, é, com certeza. – ela o empurrou – Agora sai!
E com isso, ela bateu a porta atrás dele, a trancou e voltou para a cama, se encolhendo embaixo dos cobertores e lutando contra si mesma para não sucumbir á tristeza.


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Notas finais do capítulo

N/A: Primeiro de tudo: muuuuito obrigada a quem comentou. Valeu mesmo, gente.
Segundo de tudo: Eu tenho perfeita noção do que estou fazendo... E eu sei que a decepção com a Hermione é geral, eu acho... tanto para os personagens quanto para os leitores mas eu fico feliz que todo mundo esteja entendendo que ela tinha sido colocada em circunstâncias muito difíceis... e pode ter certeza, ela ainda vai deixar todo mundo muito orgulhoso por causa da sua bravura. Já deu pra ver por essa última cena que ela está começando a cair em si, então...
Então é isso, comentem mais, pra eu poder continuar motivada a atualizar aqui no nyah, ok? Preciso muito saber o que vcês estão achando...
beijooos



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