O Preço de Amar Um Malfoy escrita por BlissG


Capítulo 16
Leve embora a dor


Notas iniciais do capítulo

N/A: Antes de qualquer coisa, quero me apresentar.
Pessoal, eu sou a BlissG (aqui) ou Bliss G. lá na floreios, primeira e única autora de O Preço de Amar Um Malfoy. *-*
Isso sendo dito, quero agradecer MUITO á vocês. Não sei nem como começar a dizer obrigada.
Nossa, vocês fazem idéia do que eu senti quando eu vi: O preço de Amar um Malfoy, escrita por Dani-Malfoy??? Caraca, acho que nem eu tenho idéia. Foi muuuuita coisa ao mesmo tempo. Incredulidade, raiva, revolta, mágoa, tristeza... Nossa, acho que poucas vezes na minha vida eu me senti assim. E, caraca... Ela estava respondendo aos comentários como se tivesse tido trabalho pra escrever os capítulos. É, o capítulo 3 foi muito difícil.... Olha, eu não sou muito de xingar mas quando eu vi aquilo, pronunciei nomes que eu nem sabia que existia... kkk.
Então, quando eu vi aquilo, mandei rapidamente o link da fic na floreios para a denúncia, corri para postar o resto dos capítulos aqui e mandei mensagem para TODAS as pessoas que tinham comentado na fic plagiada. E olha qe deu trabalho, viu. Confesso que eu fiquei com medo da reação de vocês. É meio complicado de acreditar numa coisa dessas, quando você já está lendo aquilo há dois meses com uma autora diferente. Quando comecei a postar aqui no nyah, corri o risco sem saber - de ser acusada de plágio porque a fic tinha sido postada aqui por ela antes. Ainda bem que algumas pessoas vieram falar comigo antes de fazerem qualquer coisa. E vocês foram muito compreensivos, e foram averiguar tudo direitinho. Nisso, algumas pessoas começaram a comentar lá que a fic dela era plagiada e ela ficou sabendo havia sido descoberta, e excluiu a fic. Hoje recebi uma mensagem dela se explicando e dando algumas desculpas também.
Bom, agora é tentar seguir com a fic e colocar as coisas no passado. Quero agradecer especialmente a Brendy, que foi quem me mandou o link da fic plagiada. Se não fosse por ela, talvez eu ainda não soubesse a verdade. E essa garota iria continuar levando o crédito por uma história que não é dela.
Então, vou deixar vocês com Draco e Hermione agora.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/154735/chapter/16

"Ela sabia que precisava dele. Pelo menos naquela noite chuvosa e sem grandes esperanças. Mas tinha medo da compulsão. De querer ele sempre e sempre e pra sempre. E amanhã e depois. E de dia, de tarde, de madrugada. E não saber digerir tanto amor e tanto amor acabar lhe fazendo mal. Só mais um pouquinho, pensou. Uma lasquinha. Pra dormir feliz. Amanhã era amanhã. Depois ela resolvia..."

Tati Bernardi

Com a proximidade do inverno, o frio começara a chegar ao castelo de Hogwarts. Hermione acordou tremendo naquela manhã de domingo, com o barulho da porta do banheiro batendo.

- Bom dia! – falou uma Pansy animada – Está na hora de acordar!

Como Hermione não se mexeu, ela simplesmente puxou o cobertor da garota, a fazendo se sentar rapidamente na cama devido ao susto que levou. Quando viu que era Pansy, soltou um suspiro de alívio.

- Que foi, sua louca?

Ela finalmente olhou para a sonserina. Estava muito bonita com botas de couro e roupas de grife. Bonita até demais para quem ia assistir um simples jogo de quadribol.

- Você não acha que se arrumou demais para assistir quadribol?

Pansy a olhou como se ela tivesse dito algo muito absurdo.

- O que te fez pensar que eu vou ao jogo?

- Não sei. – Hermione estava confusa – O fato de seu namorado estar no time?

Pansy revirou os olhos.

- Ah, isso... – ela mexeu a mão como se afastasse uma mosca irritante – Eu não vou ficar horas congelando num banco de madeira só pra assistir enquanto ele voa pra lá e pra cá com uma vassoura. Eu tenho planos melhores...

- Que planos?

- Escapar para Hogsmeade enquanto Filch e os professores estão ocupados demais com o jogo!

Hermione apenas a encarou por alguns segundos.

- Já chega, Pansy. – se deitou e se cobriu novamente – Eu disse que podia aguentar suas loucuras mas estava errada.

- Ah, Hermione! – ela a descobriu de novo - Não seja chata!

- Eu não estou sendo! – ela encarou a amiga começando a se irritar de verdade – O que você está fazendo aqui ainda? Vai, pode ir! Não vou te entregar! Tchau!

- Eu sei que você não vai me entregar! – Pansy colocou a mão na cintura e sorriu – Porque você vai vir comigo!

Hermione a encarou.

- Você acha mesmo isso, não é?

- Eu não acho. Eu sei que você vai.

- Sério? Me dá um motivo para eu ir com você.

- Fácil. – ela começou a contar nos dedos – Você odeia quadribol, você só assiste os jogos da grifinória porque é sua obrigação, logo, você não está nem um pouco afim de assistir Corvinal versus Sonserina.

Hermione suspirou. Tudo aquilo era verdade.

- Eu posso muito bem ficar aqui e ler um livro...

- Granger, por favor. – Pansy bufou – Nós duas sabemos que você já leu todos os livros desse quarto e que a biblioteca está fechada porque Madame Pince está tentando recuperar os de lá.

Hermione apenas encarou a garota, tentando pensar em uma réplica.

- Um bom livro merece ser lido várias e várias vezes!

Pansy a encarou por alguns segundos.

- Ok, - ela finalmente se levantou - vou me aprontar.

***

Pansy tinha razão, foi mais fácil que o normal pegar um dos atalhos para o povoado naquela manhã.

Fazia muito frio em Hogsmeade e todos os agasalhos que as garotas usavam não estavam sendo suficientes. Como não podiam ficar em um bar do centro do povoado, onde costumavam ir quando iam pelas visitas da escola, já que não podiam ser reconhecidas como alunas, elas tiveram que andar mais que o habitual para conseguirem chegar a um lugar em que passariam desapercebidas.

Quando finalmente conseguiram entrar em um bar desconhecido – pelo menos para Hermione -, Pansy mal podia esperar para pedir uma cerveja amanteigada para esquentar o frio, mas não era isso que a grifinória tinha em mente.

- Pois não? – perguntou o garçom se aproximando delas.

- Uma firewhisky, por favor. – falou Hermione, fazendo Pansy a olhar assustada – O quê?

- São dez da manhã, Hermione. – falou ela – Não é hora para isso. Muito menos pra você.

- Ah, você me traz para cá e eu nem tenho o direito de beber o que eu quiser?

Pansy apenas balançou a cabeça negativamente e olhou para o garçom.

- E uma cerveja amanteigada, ok?

***

Uma hora depois, Hermione e Pansy estavam sentadas lado a lado numa mesa do bar ás moscas, entediadas até o último fio de cabelo.

- Isso está pior do que assistir quadribol.

Pansy riu e tomou um gole da sua cerveja amanteigada.

- Não, não está. Acredite em mim, você não ia querer ver um monte de garotas gritando pelo seu querido Draco. E eu não ia querer vê-las gritando pelo Luke. No mínimo, eu ia meter a porrada em todas elas e depois ele ia brigar comigo por espancar suas “fãs”. – ela terminou fazendo aspas com as mãos e com cara de nojo.

Hermione riu mas depois se ligou no que ela tinha dito.

- Eu não ia ligar de gritarem pelo Draco. – falou, sabendo que era uma tremenda mentira – Não me importo com ele.

- Muito bom, Hermione. Você foi quase convincente. Mas você se esquece com quem você tá falando...

- Você também! Uma garota como eu nunca sentiria nada além de atração por um cara como Draco.

Pansy suspirou.

- Uma garota como você não aceitaria ir para o quarto de um cara e só não transar com ele porque ele decidiu ser honesto, se não o amasse. Não sei quem você quer enganar, Granger.

- Eu não quero enganar ninguém! Eu só fui para o quarto dele porque eu estava bêbada.

- Ah, tá!

Hermione se irritou com aquele “ah, tá”.

- O quê?

- Eu pensei sobre isso, Granger. Apesar de ser muito, muito estranho considerando o quanto você bebeu na festa, você disse que não estava de ressaca na manhã seguinte. E na festa, você disse que nunca tinha se sentido tão bem. Você também está bebendo desde que nós chegamos aqui e já era para estar meio tonta já que você não costuma beber nada, né? Mas você está com a aparência até melhor do que antes, mais corada.  Tá na cara que esses poderes que você tem fazem com que você tenha uma reação diferente á bebida. Resumindo, você não fica bêbada. Ou seja, foi para o quarto de Draco porque você ama ele!

Hermione bufou.

- Eu não amo ele! – falou com raiva – Eu podia até não estar bêbada, mas estava meio descontrolada. Você já ficou com o Draco, sabe como ele é. Eu não estava nem pensando direito na hora.

Pansy riu.

- Bom, agora eu tenho que concordar com você. Draco consegue deixar uma garota louca...

Hermione suspirou quando se lembrou do toque dele, da sensação do corpo dele encostado no seu.

- Eu juro que ele vai me enlouquecer. – falou a grifinória, colocando para fora tudo que estava pensando – Eu acho que eu virei uma tarada desde a primeira vez que eu vi Draco só de cueca, não é possível. Eu tenho pensado nisso direto... e lembrado da sensação... e até sonhado com isso.

Pansy riu muito.

- É oficial. Draco Malfoy conseguiu corromper a inocente Hermione Granger. - ela observou a grifinória - Sabe como você resolve isso, minha amiga?

- Como? – perguntou Hermione, realmente a procura de uma solução.

- Você pega o objeto de desejo, leva ele para um canto, tira a roupa dele e faz sexo com ele ali mesmo. – Hermione revirou os olhos – Mais de uma vez, para se satisfazer completamente.

Hermione tomou um gole da sua firewhisky. Já tinha perdido a conta de quantas tinha tomado.

- Obrigada, Pansy.

- Pelo quê?

- Por me mostrar que não importa o que eu faça, nem o que eu diga ou sonhe, você vai sempre ser mais pervertida do que eu.

- Eu só falo o que você pensa, sabe-tudo. E também não é assim não, eu não sou tão pervertida, você pode me ganhar, só depende do que você esteja pensando em fazer.

As duas riram juntas. Hermione agradeceu a Merlin por ter uma amiga como Pansy, que ainda a podia fazer rir apesar de tudo.

Hermione ficou em silêncio por um instante.

- Você tem razão, a essa hora deve ter um monte de garotas gritando o Draco no quadribol. O que ele tem que o faz ser tão... irresistível?

- Bom, a maioria dos garotos não tem noção do quanto são bonitos ou do quanto são fofos e nós, garotas, amamos eles por essa ignorância. Mas Draco não. Pode até ser legal pensar que ele não dá atenção nenhuma á sua perfeição mas é enganar a si mesma. A verdade é que ele sabe exatamente o quanto é lindo. E, por incrível que pareça, garotas gostam muito mais dele por isso.

Hermione brincou com a mão depois de considerar tudo que Pansy tinha dito.

- Eu só queria que ele fosse... – ela se interrompeu, sem saber o que dizer.

- Normal? – Pansy completou delicadamente – Se ele fosse, você não se sentiria da forma que se sente...

Hermione deu de ombros.

- Talvez fosse mais fácil assim.

Pansy deu um sorriso triste e colocou a sua mão sobre a de Hermione, a apertando amigavelmente.

- Acho que você já sabe o que sente. Não precisa admitir em voz alta. Entendo que tenha medo de dizer porque parece assustador, ainda mais se tratando de quem é. Mas talvez haja uma solução para vocês dois. E gostando dele como eu acho que você gosta, e ele gostando de você do jeito que eu sei que ele gosta, tenho certeza que vocês podem encontrá-la.

Hermione não disse mais nada.

***

Quando as duas voltaram para o acampamento, encontraram Lucas deitado na cama de Pansy, as esperando.

- Caramba, aonde vocês se meteram? – ele se aproximou de Pansy e a beijou – Eu procurei vocês por todos os lugares.

- Fomos dar um pulo em Hogsmeade. – disse a sonserina – O que foi?

- Draco. – a partir dali Hermione passou a prestar máxima atenção – Ninguém sabe o que aconteceu direito. Ele estava indo em direção ao pomo e de repente caiu da vassoura. Foi tão rápido e inesperado, não deu tempo de ninguém fazer nada.

- Ele tá bem? – perguntou Hermione.

- Ainda está na enfermaria. Mas Madame Pomfrey disse que ele vai ficar bem.

- Vamos vê-lo? – Pansy falou já saindo – Draco fica todo crianção quando se machuca.

Os dois saíram mas quando perceberam que Hermione se sentara na cama e começara a tirar as botas, pararam.

- Você não vem? – perguntaram em uníssono.

Ela hesitou.

- Não.

- Por que não? – perguntou Pansy.

- Talvez outra hora. Estou muito cansada.

- Mas... – Lucas começou – ele iria gostar de te ver. Sei disso.

- Mas eu não vou. – ela falou mais firme dessa vez – Quem sabe depois.

Pansy ia começar a discutir mas Lucas a calou com um olhar.

- Vamos, Pansy. Granger sabe o que faz.

Hermione observou os dois saírem e em seguida se deitou na cama, soltando o ar dos pulmões.

- É... Talvez...

***

Algumas horas depois, Hermione estava sentada na beirada do lago. Tinha se aproximado e tirado os sapatos, deixando a água gelada tocar seus dedos. Sentiu seu pé doer em um primeiro momento, a água estava realmente muito fria devido a proximidade do inverno, mas também parecia um pouco relaxante para Hermione.

Estava tão distraída que nem reparou que alguém se aproximava.

- Sempre soube que você era louca... – ela se virou ao ouvir a voz de Rony. Ele estava um pouco afastado, fora da água. – Sai daí, Hermione. Essa água deve estar congelando.

- Tá tudo bem. – ela falou sorrindo triste – Tem uma sensação boa.

Ela se virou de costas novamente, encarando o horizonte, e Rony agradeceu mentalmente por isso.

- Eu sinto muito, Rony. – ela murmurou, mas sabia que ele tinha escutado – De verdade.

- Eu sei, Hermione.

- Eu nunca quis que nada disso acontecesse. Nunca quis estar aqui, tão afastada das pessoas que costumavam ser meus melhores amigos. Nunca quis destruir o que a gente tinha.

E então ela se lembrou das palavras de Trelawney durante a previsão. A mulher a havia dito que ela era destruição. Começava a ver aquilo com mais clareza agora. Talvez ela estivesse certa e Hermione não podia lutar contra aquilo. Porque toda vez que tentava lutar, as coisas só pareciam ficar mais fora de controle.

- Não fique assim, Hermione. – ele falou - Um dia, quando a poeira estiver mais baixa, tudo vai voltar a ser como antes. Acho que nós, todos nós, vamos conseguir dar um jeito nisso. Só precisamos de um tempo.

- Espero que haja tempo, Rony.

Ele suspirou. Claramente já tinha pensado naquilo.

- Eu também.

- Eu... – ela abaixou a cabeça e Rony se surpreendeu ao perceber que ela chorava – estou com tanto medo, sabe?

Ele não pensou duas vezes antes de se aproximar dela. Tirou os sapatos também e foi se juntar a ela naquela água congelante.

- Medo de quê, Hermione?

- Medo de não saber mais quem eu sou. Medo de me perder. – ela riu amargamente – Ás vezes acho que eu já me perdi... Eu costumava ter tanta certeza mas agora... Eu lembro de quem eu costumava ser e ela parece tão distante. Ela só precisava ser ela mesma e tudo ficava bem mas agora isso não parece mais suficiente. Tenho medo de que, se continuar assim, eu não vou estar mais conectada a ela.

Rony passou os braços em volta de Hermione e ela descansou a cabeça no seu ombro, sentindo-o beijar levemente a sua testa.

- Sei que vai acabar tudo bem, Hermione. Sei que você não se sente assim agora, mas você é uma das pessoas mais fortes que eu conheço. Só tem passado por muita coisa.

Hermione levantou a cabeça para encará-lo.

- Quando foi que você ficou tão sábio?

Ele riu e deu de ombros.

Eles ficaram ali por uns minutos. Rony estava sendo tão legal, tão compreensivo... parecia tão diferente do que costumava ser. Hermione percebeu como aqueles momentos entre eles eram raros. Queria dizer a ele que aquele apoio significava mais para ela do que pudesse explicar ou do que ele pudesse entender, que queria que a amizade deles superasse todas as dificuldades... Mas sabia que ele havia entendido.

***

Quando Hermione voltou para o quarto, Pansy já estava lá. A grifinória se surpreendeu completamente com o estado da amiga. Seu rosto estava banhado em lágrimas, ela estava de joelhos em cima da cama, vários lenços de papel ao seu redor.

- Pansy! – se aproximou - O que foi que aconteceu?

- É o Draco, Hermione! – ela falou em meio ao choro compulsivo – Ele está muito mal!

A garota arregalou os olhos.

- Mal??? Mas como assim, Madame Pomfrey não disse que ele ia ficar bem?

- Disse! – ela assoou o nariz – Mas ela se enganou! – ela suspirou e fez uma pausa dramática – Acho que... ele não passa dessa noite.

O queixo de Hermione caiu e ela ficou desolada.

- Mas... como assim? O que ele teve?

Pansy colocou as duas mãos no peito.

- É um mistério. – disse dramaticamente – Lucas está péssimo. É o melhor amigo dele. Eu o deixei um pouco sozinho porque ele não gosta que ninguém o veja chorando...

- Lucas está chorando?? – perguntou surpresa. Sabia que Lucas era aquele tipo de cara que achava que chorar era coisa de mulher, se ele estava nesse estado é porque a coisa era muito séria mesmo.

- Está! Tadinho do meu amoreco, Mione... Não sei o que vai ser dele sem o Draco... Tantos momentos que os dois compartilharam...

Hermione se sentou na ponta da cama sentindo seus olhos marejarem.

- Merlin... Eu nunca imaginei...

- Eu também não. – Pansy pegou mais um lenço da caixinha que segurava e secou as lágrimas – Por que não vai vê-lo, Hermione? Ele não me disse nada, mas sei que essa seria o último pedido que ele faria.

- Mesmo? – perguntou a morena, sensibilizada.

- Com certeza.

Ela se levantou de súbito.

- Ok. Vou vê-lo.

- Isso! Vá! Vá! – Pansy fechou os olhos tristemente – Se despeça dele de todo o seu coração, não deixe nada por dizer...

- É! – Hermione balançou a cabeça – Não vou deixar!

Pansy esperou Hermione sair e quanto a porta bateu, ela sorriu maliciosamente enquanto se levantava da cama. Se olhou no espelho e ajeitou os cabelos, que tinha bagunçado para a sua pequena cena.

- Merlin, eu deveria participar de algum daqueles filmes trouxas!

***

Hermione entrou na enfermaria em disparada, pronta para encontrar Draco desmaiado na cama ou sofrendo com a dor que devia estar sentindo. Madame Pomfrey estaria ao seu lado, olhando para o aluno padecendo ali embaixo do seu nariz, apenas esperando a morte, e ela lamentaria por não ter mais nada a fazer. Talvez Dumbledore e Snape estivessem lá também, ainda discutindo sobre alguma poção que o curaria, mas no fundo sabendo que nada mais poderia ser feito. Em breve Narcisa Malfoy estaria chegando, e quando visse seu único filho ali, entraria em pânico e choraria como ninguém. Ela diria que ele não merecia aquilo, que era um menino muito bom, que tinha se arrependido dos seus erros. Por fim, desejaria ir no lugar dele.

Mas não foi nada disso que encontrou.

Ela encontrou Draco sentado na cama, encostado na cabeceira, cercado pelo que seria umas dez garotas sonserinas. Ele sorria convencido, parecendo melhor do que nunca, bem corado e jogando o cabelo impecavelmente penteado ocasionalmente, como era de seu feitio. Estava, obviamente, sendo mimado por aquelas garotas. Elas olhavam para ele como se ele fosse um anjo ou coisa assim, o que todos sabiam que ele não era, diga-se de passagem. Havia flores, bombons e vários outros presentes espalhados pela enfermaria e no pé da cama dele.

Hermione colocou a mão na cintura, sua face mostrando o nível de sua indignação.

Draco não demorou a vê-la ali.

- Hermione! – ele exclamou, seu sorriso mudando de convencido para um sincero. Hermione o teria olhado como se fosse um anjo também se não fosse a raiva que sentia – Você veio me ver!

Todas as meninas olharam para ela como se estivesse atrapalhando e ela começou a pensar numa desculpa.

- Não. – ela soltou finalmente – Eu não vim te ver. Eu vim... – ela fingiu um suspiro enquanto pensava no resto da frase – dizer a Madame Pomfrey que a poção que ela disse pra mim tomar acabou.

Ele franziu o cenho.

- Pensei que o vidro se enchesse sozinho quando a poção acabasse. Todas as poções dela são assim.

- Sim. – ela pestanejou – Essa é a questão que eu quero levantar com ela.

Ele a encarou como se ela fosse louca. Em seguida, um brilho de entendimento passou pelos olhos azuis e ele voltou a sorrir convencido.

- Já sei o que está acontecendo aqui. – ele se voltou para seu grupo de admiradoras – Meninas, por que vocês não voltam mais tarde? Acho que eu preciso descansar um pouco agora.

Elas reclamaram mas foram embora. Não sem antes praticamente fazerem uma fila para dar beijinhos no sonserino, é claro.

Hermione revirou os olhos quando elas finalmente foram embora e disse:

- Bom, acho que eu também já vou indo...

- Ei! – ele sorriu pra ela e se ajeitou na cama – Sou só seu agora, não era isso que você queria?

- Há! – ela bufou, mas se aproximou da cama dele – Vai sonhando...

Ele apenas a observou por uns segundos.

- Pensei que você não vinha me ver, Granger.

- É, eu também. – disse se sentando. Viu que ele não entendeu. – Pansy, a garota que eu ouso chamar de amiga, me disse que você estava definhando aqui e que iria morrer a qualquer minuto! Ela chorou e tudo! – Hermione balançou a cabeça negativamente quando se lembrou da cena – Como eu fui cair na dela?

- Ah! – ele riu – Então foi isso que ela quis dizer quando falou que ia fazer você vir me ver de um jeito ou de outro!

- Pois é.

Os dois ficaram em um silêncio constrangedor até Draco o cortar.

- Você realmente achou que eu iria morrer antes de realizar nosso sonho de morar em um barco na Holanda antes das crianças vierem?

Ela arqueou uma sobrancelha.

- Nosso sonho? – riu - Seu sonho!

Ele a ignorou.

- Então, como foi a sensação de saber que você poderia experimentar a vida sem mim?

Hermione o observou e não pôde deixar de rir novamente.

- Nunca me senti tão aliviada na minha vida inteira!

- Para com isso, Granger. – ele esticou o braço e segurou a mão dela, deixando seus dedos se entrelaçarem – Você sabe que sua vida ia ser uma droga sem mim.

Ela mordeu o lábio inferior para reprimir um sorriso.

- Se eu disser que não sei, você me daria a oportunidade de experimentar isso?

- Nós dois sabemos que está falando isso da boca para fora.

- Daria? – insistiu ela.

- De jeito nenhum.

- Foi o que eu imaginei.

Ele virou a sua mão e a beijou delicadamente. Hermione lutou contra si mesma para não se deixar derreter.

- Que bom que veio. Tenho que lembrar de agradecer a Pansy depois por fingir que eu estava em estado terminal.  – ele riu - Pelo menos eu sei que você vai estar comigo no meu leito de morte.

- Bom, se eu não estiver, pode ter certeza que pelo menos uma dúzia de garotas apaixonadas vão estar!

Ele revirou os olhos.

- Elas eram só umas amigas... – explicou.

- Certo.

- Estou falando sério!

- Tá bom, - ela desviou o olhar – eu disse ‘certo’. Você não tem que me dar explicação, não sou sua namorada nem nada!

- Mas poderia ser. É só você querer...

Ela riu.

- Eu não! Namorar caras como você dá trabalho!

- Caras como eu? – ele fingiu pensar por um instante – Do tipo gostosos, lindos, ricos e famosos? Não que tenham muitos por aí...

- E convencidos. – ela suspirou – É só você mostrar aquele seu lindo sorriso e todas as garotas fazem o que você quer...

- Hum... Interessante observação. – ele sorriu - Eu faço isso com você?

- Não! – ela riu da tentativa dele de derretê-la - Eu não disse nada sobre mim. Eu disse ‘garotas’.

- Você disse ‘todas as garotas’. – ele corrigiu – Ou eu fui extremamente enganado e você não é uma garota?

Ela não falou nada.

- Você não respondeu minha pergunta. Eu consigo fazer isso com você?

Ela sorriu de lado, não vendo motivo para mentir.

- Algumas vezes...

- Isso é bom. Vou passar a trabalhar mais no meu sorriso a partir de agora.

Eles riram juntos e Hermione, ao ouvir o som das suas risadas ao mesmo tempo, se sentiu bem pela primeira vez em semanas. Achou que aquele era um dos sons mais lindos que ela já tinha ouvido na sua vida.

- Pansy me contou que você e Potter terminaram... – ele comentou, como quem não queria nada.

- É, já faz um tempo...

- Eu devia ter imaginado que você não trairia o Potter comigo daquele jeito... – ela ficou vermelha ao se lembrar do que quase tinham feito no dia do ataque e no dia da festa – Você está bem por ter terminado com seu namoradinho dos sonhos?

- Estou. – ela bufou diante do sarcasmo dele – Por mais que eu deteste admitir, você estava certo sobre isso. Harry e eu... Bom, foi melhor assim.

- Pronta pra outra, então? – ele perguntou sugestivamente.

- Não! – ela falou entre indignação e diversão.

Ele ficou sério.

- Me dê uma chance, Hermione. – se curvou para onde ela estava sentada e tocou o cabelo macio da garota com a mão que não segurava a dela – Não vou te decepcionar de novo.

- Draco...

Seus lábios estavam a cinco centímetros de distância e ela não se afastou.

- Eu sei que eu te magoei, mas me deixa fazer você esquecer isso. – ele colocou a outra mão na nuca dela e a acariciou, a fazendo fechar os olhos – Só uma chance. – ele a beijou levemente – É tudo que eu estou pedindo. – a beijou de novo – Por favor.

Ele avançou para beijá-la novamente mas Hermione se afastou um pouco dele.

- Draco...

- O que falta, Hermione? – ele perguntou – Olha, eu sei que você era apaixonada pelo Potter e por mais que eu não entenda como uma pessoa possa gostar de um cara com uma cicatriz ridícula na testa e uma tendência muito além do normal ao suicídio, eu já me conformei com uma coisa.

Ele fez uma pausa e Hermione franziu o cenho.

- Com o quê?

- Que você é estranha.

- Hã? – ela o encarou confusa – Essa é sua idéia de declaração?

- Você não me deixou terminar. – ele continuou – Então, por mais que eu saiba que você é estranha, eu sei também que você não é estranha o bastante pra não sentir algo por mim.

Ela bufou.

- Ai, Malfoy... É impossível conversar com você!

Ela começou a se levantar para ir embora mas ele a puxou pela mão, fazendo-a se sentar na cama novamente.

- Falando sério agora, Hermione... Vamos ficar juntos.

- Draco, nós não duraríamos uma semana. – ela falou num misto de diversão e tristeza.

- Por que não? – perguntou ele, meio chateado com o que ele falou – Nós duramos um verão inteiro. E só não ficamos mais tempo juntos porque você resolveu se afastar, sem nenhum motivo racional, diga-se de passagem.

Ela ignorou o último comentário dele.

- Nós somos muito diferentes. – ele revirou os olhos diante da fala dela – Nós somos! Você sabe disso! Pode parecer clichê mas é verdade! Nós duramos porque era só nós dois. E nós não tínhamos muitos problemas ou outras pessoas pra nos preocupar. Nem na guerra nós pensávamos. Mas não dá pra voltar a ser daquele jeito. É diferente agora.

- Isso é besteira. – ele falou – Primeiro de tudo, nós nem somos tão diferentes assim!

- Não? – a pergunta foi banhada em descrença.

- Não. – ele respondeu sério – Pensa comigo. Você é a garota mais inteligente dessa escola e eu sou o cara mais inteligente dessa escola. – ela não pôde deixar de rir – Você é linda e, pelo amor de Merlin né Granger... olha pra mim! Você é super gostosa e eu... você sabe...

Ele iria continuar listando suas “semelhanças” se Hermione não o tivesse interrompido.

- Cala a boca! – agora foi a vez dela revirar os olhos – Não sei porque eu ainda me surpreendo com o quão convencido você é! Merlin! Por que você não simplesmente vai procurar outra garota, sabe... uma dessas sonserinas metidas... alguém que seja exatamente como você?

- Porque nenhuma outra garota no mundo se compara a você! – ele falou em um tom levemente irritado.

Hermione o encarou séria, pega totalmente de surpresa por aquele frase.

Draco aproveitou o momento para se aproximar e lhe beijar. E ela se deixou levar completamente quando sentiu a língua quente dele na sua, explorando a sua boca. Afundou os dedos no cabelo sedoso dele, sentindo a textura dos fios lisos passarem pela sua mão. Ele a puxou levemente e ela se sentou na cama, numa melhor posição em que estavam antes. Diferente das outras vezes, nada além de continuarem se beijando passou pela cabeça dos dois. Eles apenas ficaram daquele modo por vários minutos – ou horas, nenhum dos dois sabia dizer -, se beijando e aproveitando aquele contato, que era tão certo, tão perfeito.

Quando se afastaram os dois estavam com a boca vermelha e ligeiramente dolorida. Draco continuou com os braços em volta dela, como se tivesse medo que ela desaparecesse. Hermione, vendo que ele não a soltaria, encostou a cabeça no peito dele e se comoveu ao ouvir as batidas descompassadas do coração do sonserino.

- Então, o que você me diz, Hermione? Quer ser minha namorada?

Hermione não respondeu de imediato, sequer se moveu. O silêncio dela quase o matou.

Ela pensou em tudo que eles tinham passado até ali. Se lembrou da dor que sentiu quando descobriu que ele não a amava e nem nunca poderia amá-la. Sempre seria a pessoa da relação que se importava mais. Mas de repente ela não queria pensar mais naquilo. Não queria pensar no que ele tinha feito ou no que ele sentia, queria pensar no que ele a fazia sentir. Porque com Draco, por mais incrível e surreal que aquilo pudesse parecer, ela não se sentia completamente perdida. Ele a fazia sentir como se ainda fosse verão, como se só o que importasse no mundo fosse eles dois. Mais que tudo, a fazia sentir mais próxima de quem costumava ser. As barreiras que ela construía toda vez que se sentia triste e deprimida, ele tinha a maior facilidade do mundo para derrubá-las. Podia fazer a solidão que ela sentia ir embora. Podia fazer as coisas voltarem aos seus lugares, como se nunca tivessem saído de lá. Ele a fazia mais feliz do que qualquer outra pessoa no mundo inteiro poderia fazer. E talvez ele fosse a solução dos seus problemas, a salvação que vinha pedindo desde que sua vida se tornou aquela bagunça.

Ela finalmente suspirou e se desencostou do peito dele, para encará-lo.

- Sim, Draco. – sorriu – Eu quero ser sua namorada.

Ele pareceu extremamente surpreso.

- Está falando sério?

- Estou. – ela o beijou levemente – Eu quero ficar com você.

Ele abriu um largo sorriso e a abraçou.

- Eu vou te fazer a garota mais feliz do mundo, Hermione.

Hermione fechou os olhos no abraço, sabendo muito bem que ele podia.

***

Pansy estava sentada na cama fazendo as unhas dos pés quando Hermione voltou. A garota entrou no quarto de braços cruzados e com cara de poucos amigos.

- Então, - ela se aproximou – o que você e Pedro Pedigrew tem em comum?

Pansy a olhou com um sorriso de culpada mas nem ligeiramente arrependida.

- Fizemos o que achávamos ser certo.

- Por que você fez isso, Pansy? – Hermione a encarou – Estou muito chateada.

A sonserina a analisou por longos segundos.

- Você não parece chateada. Você parece... feliz. – a encarou desconfiada – Seus olhos estão brilhando. E por que você demorou tanto lá se não queria ir, em primeiro lugar?

Hermione não aguentou mais e sorriu. Pansy deixou seu queixo cair e se levantou se preparando para grandes notícias.

- Me conta o que aconteceu agora, Hermione Granger.

Ela soltou o ar dos pulmões e riu da ansiedade da amiga.

- Estamos namorando.

Pansy levou as mãos a boca soltando um gritinho agudo. A próxima coisa que aconteceu surpreendeu as duas: elas começaram a pular de mãos dadas enquanto davam gritinhos e riam como duas garotas bobas.

- Ah! Eu sabia que a minha idéia era boa mas não imaginei que fosse tanto!

Então Pansy pareceu se lembrar de algo.

- E aquela história de feitiço que impede amar e tudo mais?

Hermione suspirou.

- Vou tentar não pensar nisso. Vou só... sabe, aproveitar os momentos com Malfoy... sem expectativas... O que importa agora é que eu fico bem com ele. E só eu sei como eu tenho necessitado de ficar bem.

Pansy balançou a cabeça, concordando.

- Espero que dê tudo certo dessa vez.

- É. Eu também.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

N/A²: Aiii, espero que vocês gostem desse capítulo tanto quanto eu. Alguém sabe dizer se caras como Draco ainda existem??? Se existir, me apresentem! =)
Ah, pergunta: alguém aí foi ver o Tom na premiere de HP? Eu fiquei vendo pela internet, quase chorando com a cara grudada no PC. *-* Ele é tão fofo, gente! Nem acho ele tãooo bonito, mas ele é muito simpático e engraçado! E tem um charme fora do comum, sério!
Eu também reparei que a fic fez um ano dia 25 de julho e eu nem me liguei! Também, com essa história de plágio não tinha nem como não reparar porque eu não sei quantas vezes eu repeti que posto essa fic na floreios há mais de um ano. Rsrs. Ninguém merece. Que tipo de autora eu sou? =S Então, parabéns para Um Preço de Amar um Malfoy. Eu a amo e confesso que nunca a valorizei tanto quanto agora. =) Mas apesar de amá-la, também espero que ela já esteja terminada antes de completar dois anos! Rsrsrs!
Bom, vou ficando por aqui. Pretendo atualizar em breve, e gostaria muito que vocês comentassem. Sabe, os comentários de vocês dos outros capítulos que eu não recebi... :-P
Bjoos



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Preço de Amar Um Malfoy" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.