Castaways escrita por Lissa G Konzen


Capítulo 4
IV- The things I see, the voices I hear




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Deveria considerar-se sortuda ao estar rodeada por dois Edwards? Jurava que podia ver dois dele.

Ou três?

Não, eram dois... Que começavam a unir-se em um só de forma esquisita.

Espera, quem estava gritando? E, por favor, alguém acabe com essa dor insuportável bem no meio da sua testa!

“Bella? Graças a Deus, Bella, fala comigo!”

“Edward...”

“Bella, me desculpe! Eu deveria ter...”

“Cala a boca.” Sua voz fraca e partida não impediu que Edward soltasse uma rápida e nervosa risada ao mover-se para abraça-la fortemente. “Devagar ai!”

“Consegue me dizer quantos dedos tenho aqui?” Ela apertou os olhos.

“Quatro.”

“Bom. Pode me dizer o seu nome?”

“Isabella...”

“Pode me dizer o nome da sua mãe?”

“Beatrice...”

“Não, Bella, essa é a minha mãe!”

“Eu sei disso! Que tipo de interrogatório é esse?

“Me desculpe, anjo!” Ele salpicava beijos ansiosos por todo o seu rosto. Mal podia esconder o desespero por trás de suas ações. “Você caiu como uma fruta madura bem na minha frente, Deus sabe como o meu coração está acelerado. Como se sente? Prometo que consertarei tudo, primeira coisa pela manhã! Droga de lugar onde não existe gelo...” Fruta madura. Ela não pode evitar a risada que brotou em seus pulmões diante da comparação. Buscou pelo rosto agitado do rapaz com as mãos e lhe sorriu com ternura.

“Muita informação ao mesmo tempo...”

“Desculpe.” Ele riu.

“Edward?”

“Sim?”

“Você disse que podia construir.” Ela pontuou, indicando a cabana ao redor deles com a cabeça.

“E eu fiz!” O perfeito ‘O’ formado pela boca do doutor logo se desfez para dar início à série de explicações. “Eu construí, ergui cada parede prometida. Não tenho culpa se...”

“Se um pedaço bem grande e duro de madeira mal colocada se desprendeu e me atingiu bem no meio da testa!” E foi exatamente aquilo o que aconteceu. A morena foi ao chão em um único baque e esteve desacordada durante os últimos instantes.

“Meu Deus, me perdoe. Por favor, Bella, você precisa me desculpar. Eu sinto tanto! Qualquer coisa no mundo... Diga, e será seu!”

“Qualquer coisa?” A sobrancelha erguida em desafio estava ali novamente enquanto ela ria do desespero do parceiro. Ele suspirou.

“Tudo o que estiver ao meu alcance. Quem sabe um pouco além. Será seu.” Ela nada disse, simplesmente sorriu-lhe uma última vez antes de puxá-lo pelo pescoço e chocar seus lábios contra os dele. Ele a abraçou apertado, respondendo-lhe da melhor forma que podia antes de gentilmente afastá-la e mover os dedos ao redor dos seus olhos, abrindo-os, apertando-os e diagnosticando.

“Eu estou bem!” Ela afastou as mãos ávidas do doutor e arriscou um selinho rápido sobre seus lábios.

“Promete?”

Aye!” Ele sorriu. Seus olhos dançaram carinhosamente sobre cada detalhe do rosto da morena e ele acariciou a pequena área elevada sobre sua testa.

“Eu sinto muito. Isso ainda vai mudar de cor e te incomodar por algum tempo. Suas dores de cabeça são muito fortes ou difíceis de tratar?”

“Geralmente não. Apenas um bom repouso, longe de muito barulho e luzes muito fortes, coisas que forcem a minha visão... É o suficiente. Que sorte a minha não termos espelhos ao redor!” Comentou ao afagar a pequena região como ele havia feito anteriormente.

“Isso é bom. Temos tudo ao nosso alcance, então.”

“Como está o Larry?” Ambas as cabeças dispararam na direção da ave adormecida sobre o ninho improvisado que havia construído com o vestido de Isabella. Ela nunca mais recuperara a peça, e que não ousasse tentar. Riram ao observar o animal que ignorava completamente quaisquer que fossem os últimos incidentes.

“Parece que ele não está nem ai pra você!”

“Você continua tentando, mas nada do que diga diminui o meu amor por ele.” Ela zombou, movendo-se para empurrar-lhe pelo peito e rapidamente se colocar sobre os seus pés. “Vai consertar, primeira coisa pela manhã!” Ela apontou em direção à falha que agora havia no topo de uma das paredes da cabana autoritariamente.

Aye, capitã!” Ele impulsionou as pernas e moveu-se até que estivesse da mesma forma. Nunca da mesma altura. “E você vai prometer não atacar a nossa comida durante a madrugada...”

“Você sabe que não sou eu!” Ela bateu o pé. Durante os últimos dois dias haviam acordado com uma quantidade muito menor (quase inexistente) de alimentos do que quando iam dormir. Pensaram que talvez estivessem enganados na primeira manhã, mas o mesmo episódio se repetiu no dia seguinte e ainda não tinham encontrado explicações coerentes para tais eventos. Larry era bastante preguiçoso e presava muito pelas preciosas horas de sono durante a noite... Ainda fazia a maioria de suas refeições nos dedos de Isabella! O papagaio era demasiado acomodado para se preocupar em voar com as frutas para longe.

“Eu sei disso.” Ele riu ao estender as mãos para o alto em rendição. “Só não posso perder a oportunidade! Acho que deveríamos ficar acordados esta noite e esperar pelo ladrãozinho...”

“Acabei de levar uma bem no meio da minha testa, babaca!” Ela apontou para o próprio rosto e começou a andar para fora da cabana. Eles estavam cada dia mais especialistas em fogueiras e aquela que haviam acendido no início da tarde ainda queimava com esplendor. Não da mesma forma como quando logo que fora acesa, mas era o suficiente. A brisa fria da noite logo envolveu Isabella, rapidamente apaziguada por braços fortes e quentes ao seu redor.

“Acho que posso tentar ficar atento...” Ele sussurrou depois de mordiscar o lóbulo de sua orelha com vigor. Ela riu, acomodando-se melhor nos braços de Edward e descansando a cabeça no vão entre o pescoço e o ombro do rapaz. Edward afastou os fios teimosos para longe de seu rosto e também livrou o pescoço da moça, colando os rostos e desfrutando da sensação maravilhosa causada pelas peles macias, mornas e unidas. Suspirou ao encontrar toda a imensidão negra a sua frente e apertou Isabella em seus braços.

Deus sabia o quão difícil haviam sido os últimos dias para ambos. Em todos os sentidos, principalmente por que sentiam como se pudessem entrar em combustão a qualquer momento. Iriam enlouquecer! Não confiava mais em si mesmo na presença da psicóloga e sabia que, mais cedo ou mais tarde, talvez um pouco mais cedo do que deveria, não seria capaz de manter tamanho auto controle. A pequena ninfeta era perigosa. Caminhava para cima e para baixo em poucas roupas e era sensual em cada ação que realizava. O último episódio no qual esteve prestes a ataca-la como um animal no cio havia ocorrido mais cedo. Nadaram juntos no mar, nus, pelados, exatamente da mesma forma como vieram ao mundo. Isabella quase chorara no instante em que passara em pensar com coerência e desfez o nó de suas pernas ao redor do quadril de Edward... Estiveram a dois movimentos de consumar o ato e ainda não havia encontrado explicações em sua mente para a súbita onda de auto controle que subira a cabeça da morena.

“Eu vou te dizer o que vamos fazer... Vamos iniciar a nossa própria população.” Ele gritou do outro lado, momentos depois, já vestidos e tentando manter o máximo de distância que podiam um do outro. “Quero dizer, confiamos um no outro e não é sobre doenças que estamos preocupados. Vamos encher esse lugar de pessoinhas bonitas e elas irão colocar mais outras, que colocaram outras, e outras... Como Adão e Eva. Não temos nada a perder, não é?”

“De todos os motivos pelos quais não posso concordar com as coisas absurdas que acabou de falar, aqui vão três!” Ela ria tanto do outro lado que mal fora capaz de falar com clareza. “Um, eu não vou ter um bebê nessa ilha. Isso está tão fora de cogitação! Dois, não seria você quem estaria empurrando toda a população para fora e, três, que tipo de pai é você ao promover o incesto de forma tão banal? Iria mesmo permitir que sua garotinha tivesse relações com seu pró...”

“Esquece, esquece tudo isso! Não vai acontecer! Nunca!” Ele acenou exageradamente no ar ao cortá-la e isso apenas provocou uma nova onda de risadas na moça.

Pensar coerentemente era a última coisa capaz de fazer na presença de Isabella, muito menos sob os efeitos da sessão na qual quase estiveram prestes a acertar em cheio.

“No que está pensando?” Ela o afastou de suas lembranças, acariciando os pelos sobre seu antebraço. Ele a moveu até que estivessem face a face e sorriu.

“Quero que dance comigo.”

“Dançar?”

“Sim.”

“O que? A música está em nossas cabeças?” Ela ironizou com um sorriso, permitindo-se ser embalada pelos movimentos suaves que Edward os proporcionava ao apertá-la contra seu próprio corpo com um braço e, com a outra mão, entrelaçar os dedos, em uma perfeita pose de dança.

“Posso cantar pra você.”

“É mesmo? Tipo o que? All 4 one?” Ela riu, sapeca. “Por favor, cante pra mim! Eu podia jurar que esteve cantando ‘I swear’ como um garotinho aflito por perder o primeiro amor.” Ele afastou o rosto, os olhos alarmados e a boca aberta em descrença. “Aquilo foi tão...”

“Você ouviu?”

“Melhor, estive assistindo!”

“Bem... Pra uma profissional, você é bem mal-educada!” Ela riu, batucando os indicadores contra sua bochecha. “Isabella... Argh!”

“Foi a coisa mais doce que já vi fazer...”

“Espiar é rude, mocinha. Acho que não te ensinaram isso de onde veio!”

“... Tenho certeza que foi a trilha sonora da sua adolescência por muitos anos. Posso apostar, o pequeno doutor Cullen...”

“Mulher! Isso já é constrangedor o suficiente!” E ela riu de novo, daquele jeito gostoso que ele tanto amava, antes de voltar a abraça-lo apertado em sua dança silenciosa. Ele esperou por curtos segundos antes de sentir os dedos inquietos de Isabella brincando em suas costas, afoita. E insistente. “Eu tinha nove anos, a música era legal, a ingrata da professora do primário era linda, eu a amava com todo o meu coração e ela ia se casar. Nunca mais pude esquecer a canção... Até os minions fizeram uma versão dela, se você quer saber.” Ele disparou de uma só vez. Esperou. Assistiu Isabella erguer o rosto em sua direção e esconder os lábios em uma careta divertida, provavelmente analisando cuidadosamente o que de sua boca sairia a seguir.

Minions, Edward?”

“Esbarrei com eles em algum lugar pela internet...”

“Esbarrou?”

Tá certo!

“Esbarrei!”

“Tudo bem... Quero que cante pra mim, de qualquer forma.” Deu de ombros, descansando a cabeça sobre o peito masculino.

“Não vai acontecer...” Ele riu, depositando um beijo sobre seus cabelos. “Escute, existe esse vídeo... A minha mãe gravou, eu estava tão desesperado e apaixonado que apenas concordei. Eu estou cantando nele e prometo que essa será a minha condição caso voltemos para os Estados Unidos. Na verdade, ele está com ela em Londres, mas será a primeira coisa que irei mostrá-la.”

“Isso pode levar uma eternidade! Eu morreria agora mesmo por um pedacinho desse vídeo, está tentando me castigar?” Mas ele nada respondeu, preocupado unicamente em continuar embalando a morena em movimentos curtos e suaves, as cabeças mais uma vez coladas. Quão grande fora o sorriso que brotara no rosto de Isabella, no momento em que ele passou a murmurar a melodia quietamente, quase que inaudível, bem próximo ao seu ouvido. “Ai está...” Ela sussurrou.

“É melhor não provocar muito.” Oh, ela não o faria. Estava contente da forma como estavam, embora ansiasse por algo mais. Rindo, Bella desgrudou os rostos e procurou com a sua boca pela dele, rapidamente encerrando a cantiga. Edward riu conta seus lábios e passou a atender a demanda com vigor e voracidade. Suas mãos traçaram um caminho de fogo por suas coxas, subindo por debaixo de sua camisa que ainda a envolvia. Ele passou pelas tiras de tecido fino nas laterais de seus quadris, continuou subindo pela cintura e, finalmente, suas costas.

Puta merda!

Relutante, ela afastou os lábios e o rosto para encará-lo por longos segundos e alertar: “Edward...”

“Eu quero fazer algo por você.” Disse simplesmente, voltando a atacar os lábios femininos. “Não precisa fazer nada por mim em troca, pelo menos nada que não queira. Só preciso que sinta... Quero te fazer sentir.”

“Edward, isso não...” Ele apenas pousou o indicador sobre sua boca e sorriu. Aquele brilho malicioso e cheio de expectativa era a única coisa que ela era capaz de enxergar dentro dos seus olhos.

“Shh... Me deixa fazer isso. É tudo sobre você, seu prazer e felicidade.” Ela o assistiu umedecer os lábios uma última vez antes de atacá-la. Dessa vez, o caminho de fogo era traçado no sentido contrário e não mais pelas suas mãos, mas pela sua boca. Caminhou com eles pelo seu pescoço, colo e busto, demorando-se um pouco mais ali. As mãos dela passaram a brincar pelos fios curtos do rapaz, sua respiração forte e suas pálpebras caídas preguiçosamente sobre os olhos ao desfrutar do prazer que lhe era proporcionado.

Ele continuou descendo com beijos sobre o seu corpo a medida em que desabotoava cada botão de sua camisa. Beijou o vale entre seus seios e a região logo abaixo. A parte mais alta de seu estômago, sobre o umbigo e finalmente sobre a pele acima do osso púbico. Suas mãos viajaram para a as nádegas de Isabella, trazendo-a ainda mais perto. Ela ofegou ao sentir as carícias de suas palmas bem ali e como começaram a puxar as laterais de sua calcinha.

“Edward, não vale a pena...”

“Oh, eu posso te provar o contrário.”

“Vamos ter que parar, isso não é justo!”

“É tudo pra você, Isabella. Não se preocupe comigo, me deixe te dar prazer.” Ele murmurava entre beijos e carícias.

“Aqui não! E o Larry...”

“Não é como se estivéssemos em público, amor.” Riu sobre a sua pele, causando arrepios naquela região. “E o Larry está perfeitamente adormecido ali dentro. Mesmo que não estivesse, acho que não entenderia muita coisa.” Ela estava embriagada. E mole. Se segurava com tudo o que podia no homem abaixado diante de si pois as suas pernas já haviam virado gelatina a muito tempo. Ela abriu os olhos lentamente e ele estava prestes a aprofundar seus carinhos, mas os dedos de Isabella pararam de brincar com os fios do seu cabelo e o corpo feminino enrijeceu repentinamente.

Ela apertou os olhos, incerta sobre o que de fato acreditou enxergar. Seus olhos nunca deixaram a figura imóvel meio escondida entre duas árvores, não muito distante dali. Teve certeza do que via pela forma intensa como a encarava de volta e seu coração, já loucamente acelerado, parecia prestes a explodir.

“Edward! Para!” Ela quase gritou. Bateu com uma das mãos de maneira quase rude sobre sua cabeça ao sentir que o doutor não fez como ela havia pedido.

“Ai! Bella! Eu podia jurar que estava gostando segundos atrás...”

“Não estamos sozinhos!” Ela alertou, suas mãos agitadas e voz entrecortada já não mais eram consequências das coisas que eles estivera a um passo de fazê-la sentir. Seus olhos buscaram pelo mesmo lugar onde avistou a pessoa, mas ninguém estava ali. “Mas o que?”

“O que está dizendo?”

“Havia uma mulher! Bem ali!” Ela apontou na direção e os olhos do rapaz dispararam. Ele procurou, erguendo-se da posição sobre seus joelhos e sua cabeça voltou-se novamente em sua direção, os olhos claros imersos em confusão. “Ela era loura e tinha um rosto triste. Acho que estava ensanguentada também. Ela estava nos assistindo, Edward, eu...”

“Espera!” Ele segurou seus braços inquietos e, com uma das mãos, buscou pelo rosto aflito de Isabella. Estava tão assustada! “Tem certeza disso?”

“Oh, meu Deus! É claro que sim! Porque brincaria com uma coisa dessas?” Ela andava alvoroçada de um lado para o outro, seus olhos nunca deixaram o local. “O que está fazendo?” Questionou no momento em que ele passara a caminhar naquela direção em sua pose armada de macho alfa.

“Vou ver o que está acontecendo...”

“Está tentando se matar?” Ela correu para alcançar seu braço. “É noite, estamos na porra de uma ilha deserta, tem uma perturbada espiã vagando por ai... Jesus, sabe-se lá quais são as intenções dessa mulher!”

“Ela já teria feito o que quisesse, Bella. Já teve tempo suficiente pra isso.”

“Você não vai entrar ali!”

“Também preciso de algumas explicações sobre a nossa comida desaparecendo...”

“Não sabe se foi ela!”

“Consegue pensar em algo melhor?”

“Edward, você não vai me deixar aqui!” Ela bateu o pé. Ele suspirou, virando-se novamente em sua direção e caminhando para alcançar-lhe as mãos. “Por favor, você precisa confiar em mim.” Ele disse.

“Não vamos conseguir muita coisa com isso.” Ela chorou. “Vamos ficar aqui e esperar, é a coisa mais prudente a fazer. Eu te imploro. já estou assustada demais!” Ele assentiu.

“Não tem motivos pra isso, eu vou cuidar de você. Não vou deixar que nada te aconteça.”

“Precisa ficar aqui pra isso...”

“Eu vou, não estou indo a lugar algum.” Ela concordou com a cabeça e ele a envolveu novamente. Permaneceram daquela mesma forma por poucos minutos antes de Edward afastá-la e correr a mão pelo espaço desnudo criado pela camisa meio aberta. “Eu vou te fazer esquecer um pouco disso tudo.”

“Edward, agora não é o momento.”

“Você está nervosa demais!” Ele soltou uma risada curta e rouca. “Além do mais, consegue pensar em algo melhor para manter-se acordada?”

Naquela mesma noite, Edward fora capaz de arrastá-la para dentro da cabana sem maiores dificuldades e, como prometido, conseguiu manter longe seus medos e aflições por um longo e prazeroso tempo.

❀❀❀

Acordaram na manhã seguinte praticamente no mesmo instante. No momento em que seus olhos se encontraram, dois sorrisos igualmente tolos brotaram em ambos os rostos ao relembrarem das últimas horas que haviam compartilhado acordados. Como ele a havia feito atingir o ponto mais alto de seu prazer e como ela fez questão de retribuí-lo da mesma forma. Como a forma que haviam encontrado de saciar um ao outro ainda não fora o suficiente para completamente satisfazer ambos os instintos, mas não podiam negar tamanha satisfação e deleite que sentiram ao fazê-lo. A misteriosa espiã não mais havia aparecido.

Os curtos minutos íntimos no qual estiveram desejando “bom dia” foram logo interrompidos por uma ave resmungona à procura por alimento.

Larry sente fome! Babaca vai buscar comida!”

“Eu me pergunto como você se virou durante todo esse tempo sozinho...” Ele chorou ao desgrudar dos lábios de Isabella, apenas para encontrar o canto da cabana onde armazenavam tudo o que colhiam completamente vazio. “Eu juro que ficarei acordado esta noite!”

Optaram por peixes para o almoço naquele dia. Edward prontificou-se em capturá-los enquanto ela tentava reavivar a fogueira esquecida, adentrariam a ilha em busca de novos frutos mais tarde. Assim que terminou a sua tarefa, Bella passou a coletar as lindas flores alaranjadas que avistara no dia anterior e trabalhou em uma bela coroa de flores para usar.

“Princesa.” Edward comentou ao se aproximar da moça vestida com o seu mais novo acessório enquanto tentava afastá-lo de Larry em seu ombro. Ela lhe sorriu abertamente, movendo-se para alcançar os peixes em suas mãos.

“Preciso ir à cachoeira quando terminarmos com tudo isso, não quero esperar até que seja muito tarde. Você vai trabalhar na cabana enquanto isso.” Ela comentou ao rodar um espeto sobre as labaredas.

“Sem chance.”

“Você não soube fazer isso direito. Vai consertar!” Ela indicou a casinha com a cabeça, indignada.

“Quero dizer, você não vai perambular sozinha por ai.”

“Você sabe que é logo ali... E eu sempre posso gritar. Vai ouvir perfeitamente bem. Além disso, o Larry vai comigo!” Comentou orgulhosa ao acariciar o pelo do animal.

“Ah, sério? E o que ele vai fazer? Te proteger?”

“Sim!”

“Ele não vai mais buscar nem a própria comida, esperta!”

Babaca!

“De mim ele gosta...” Deu de ombros, arrumando a coroa de flores sobre a cabeça. Edward suspirou.

“Continuo não gostando da ideia.”

“Vamos, não posso depender de você pra tudo. Preciso de alguns minutos femininos e eu prometo ser rápida!”

“Vai tomar cuidado?”

Aye!” Ela retirou a coroa da própria cabeça para pousá-la sobre a dele e riu. “Será o primeiro por quem gritarei se vir algo.”

“Bom.”

Uma hora mais tarde Bella adentrava a mata em direção à queda d’água com Larry em seu encalço. Ela tentava ensinar o papagaio a cantar um trecho de “I swear” e se divertia com a voz gasguita da ave atrapalhada. Não podia perder a oportunidade.

“Você é ótimo!” Ela incentivou. “Acha que pode cantar pro babaca mais tarde?”

“Larry cantor!”

“Foi exatamente isso o que eu pensei.”

Eles chegaram ao destino e Isabella pousou a ave em uma das rochas, junto com o vestido encardido e completamente rasgado. Pensaria em alguma forma de reaproveitá-lo depois, de preferência de uma outra maneira que não fosse apenas um ninho de papagaio. Deixou algumas amoras próximas ao bichinho e correu para mergulhar.

Isabella boiava sobre a água cristalina. O momento fazia jus completamente às delícias que eram sombra e água fresca. Tirou alguns minutos para cuidar da própria higiene e desembaraçar os fios longos, sentada sobre uma das pedras próxima à cascata. Não foi muito tempo depois que, de repente, assustou-se com o choro alto e exigente de uma criança.

Lembrou-se imediatamente de um par de noites atrás, quando jurou ter ouvido a mesma coisa antes de adormecer.

Alarmada, imaginava se Edward também o podia ouvir de onde estava. Ela procurou com os olhos ao redor, mas nada encontrara. O pranto cessou poucos segundos depois.

Bella se levantou em um único salto, caminhando para perto do papagaio enquanto ainda procurava o pequeno dono do berreiro. Estava assustada. Imaginava se algum neném estava perdido por ai, quem o havia deixado ali ou se o haviam deixado. Quem mais poderia estar naquele lugar junto com eles e até o momento não se fez presente. Quem estaria brincando com ela daquela forma?

Assassina!” Virou-se em um pulo na direção da voz que lhe sussurrou, mas nada encontrou.

“Quem está ai?”

Ele está morto!” Agora ela estava com medo. Muito, muito medo. A voz que lamentava era feminina e, não condizendo com as últimas coisas que havia dito, não parecia com um discurso de ódio repleto de raiva. Simplesmente lamentava. A única coisa que fazia o coração de Isabella palpitar freneticamente em seu peito era o fato de não poder enxergá-la, por mais que procurasse. Imaginou a moça loura e misteriosa da noite anterior.

“Por que não simplesmente aparece? Não é mulher o suficiente? O que você quer?” Ela chorou, escalando outras pedras ao redor à procura da maluca. Foi apenas quando já estava do outro lado da cachoeira que a avistou. A mesma moça de longos cabelos dourados, dessa vez, curvada sobre as próprias pernas, impedindo que Isabella pudesse ter a visão de seu rosto. Seus ombros subiam e desciam rapidamente, estava chorando.

Bella hesitou ao dar o primeiro passo em sua direção, mas assim o fez. Arrependera-se, no entanto. Da mesma forma que a loura havia aparecido, desapareceu diante de seus olhos. Aquilo era tão esquisito!

“Tenha paciência! Que tipo de jogo doentio é esse?” Resmungou.

Olha o que ele me fez fazer.” Bella virou-se novamente, mas dessa vez ela estava lá. Seus olhos quase saltaram para fora das órbitas diante da visão e ela sentiu vontade de chorar, gritar de medo. A mulher tinha a garganta completamente rasgada de um canto a outro do pescoço. Sangue vívido e vermelho jorrava como uma cascata sobre o vestido cor de carne bastante antiquado. Sua face retorcida era uma máscara de ira, mas aquilo não aplacava a beleza de seus traços e olhos claros. O lamento infantil voltou a soar, dessa vez de algum lugar mais distante.

“Oh, meu Deus! Edward!” Sua intenção inicial era gritar, mas sabia que não o havia feito devidamente. Ela assistiu o rosto contorcido em ódio transformar-se em completa tristeza ao escutar o som do pranto. “É o seu filho?” Perguntou, mas a criatura nada respondeu, simplesmente despencou a cabeça para o lado e passou a caminhar lentamente, desaparecendo logo atrás da queda d’água. “Você não vai escapar, sua doente!”

Com isso, Bella caminhou afoita naquela mesma direção. Quão grande foi a sua surpresa ao chegar no mesmo lugar onda a mulher havia desaparecido e encontrar a pequena entrada de uma caverna escura e sombria, bem ali atrás da cachoeira. Ninguém mais estava ali.

“Edward!”


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Notas finais do capítulo

Comentem :)