Pokémon: Ano Sombrio escrita por Linkusu


Capítulo 9
Capítulo 9: O aviso.


Notas iniciais do capítulo

Após esse capítulo, farei uma pausa de alguns meses na fic. Para mais informações, é só ler minhas notas ao final. Boa leitura!



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                Ainda descrente em nossa “vitória” temporária, eu permaneci no chão, em estado de choque, sem energias para me levantar. Nós conseguimos sobreviver... Mas a questão era: por quanto tempo? Assim que o assassino perceber que não há nenhuma viatura da polícia vindo, ele com certeza voltará para acabar o serviço. Nesse exato momento ele não deve estar nada feliz conosco, permanecer aqui é suicídio. Retornei Pup e Ruffly imediatamente para as pokébolas.

                -Ei, você está bem?! – Simon falou enquanto corria em direção ao corpo da menina atacada pelo assassino.

                -Agora eu estou a reconhecendo... É a Catarine, ela estuda na mesma classe que nós! – Angelo revelou ao dar uma olhada mais de perto no rosto dela. Era uma garota de cabelos ruivos, esbelta e bonita.

                -Mas porque ela estava sendo atacada? – Clara perguntou, ainda se levantando lentamente e ajeitando seus óculos.

                -Lembra-se das duas vítimas da segunda-feira, que saiu nos jornais? A garota morta era irmã de Catarine. – Simon respondeu.

                -Mesmo assim, porque ele a atacaria? Ela não o viu na noite do assassinato. Que tipo de critério esse cara está usando para escolher suas vítimas afinal de contas?

                Ao final da pergunta de Angelo, todos ficaram calados e pensativos. Aquele mistério estava longe de ser resolvido, nós não tínhamos sequer arranhado a superfície dele... Ainda.

                -De qualquer forma, nós não podemos continuar aqui. Se continuarmos de bobeira no meio dessa rota vazia, o assassino pode aparecer a qualquer momento quando ele perceber o meu blefe. E se ele reaparecer, nós com certeza não teremos a mesma sorte. Como está a garota? – Eu falei rapidamente, tentando nos tirar dali o mais rápido possível.

                -Está viva, ela está respirando. Só precisa de descanso. – Clara respondeu para meu alívio.

                -Ótimo, levem ela para a pousada dos pais de vocês. Fica perto daqui e ela estará a salvo lá. Simon, você pode voltar sozinho para Saffron a partir daqui?

                -Vou ir correndo como nunca corri antes na minha vida!

                -Apenas mais um aviso: não contem para a polícia sobre nada do que vimos hoje à noite. Pelo menos não ainda. A ultima coisa que precisamos é ter nossos nomes envolvidos nesse caso. – Além do mais... Eu não sei se a polícia daqui é tão confiável assim. Não que eu esteja insinuando algo, mas as ultimas pessoas que denunciaram o assassino acabaram morrendo, então é melhor prevenir do que remediar. Mas eu não podia falar isso em voz alta, poderia ofender o Simon. – Amanhã nos encontraremos e pensaremos em tudo com mais calma. Precisamos esclarecer o que aconteceu com essa garota. Vocês tem alguma sugestão de lugar para nos encontrarmos?

                -Hum... Podemos usar a cobertura do colégio amanhã. Na hora do recreio ninguém vai para lá. – Angelo disse.

                -Ótimo, quanto menos pessoas envolvermos nisso, melhor. Agora vamos! Já perdemos tempo demais. Até amanhã.

                Angelo colocou a garota desmaiada em suas costas e a carregou enquanto corria junto com Clara em direção à Lavender. Simon saiu correndo para Saffron como se estivesse fugindo de uma manada de Tauros. Antes de ir, eu olhei para o local onde o assassino havia desaparecido. Nenhum sinal dele... Um pensamento rápido passou pela minha cabeça. Uma ideia de quem esse assassino misterioso poderia ser. Mas preferi simplesmente afastar esse pensamento. Não poderia ser ele, de forma alguma. Ou ao menos, eu desejava que não fosse.

                Corri até chegar de volta em casa. Ao entrar pela porta, avistei Vivi deitada no sofá, cochilando com a televisão ligada. Olhei para o relógio e notei que já eram 1 e meia da madrugada. Meu pai ainda não chegou... Isso é preocupante. Por vários motivos.

                Desliguei a televisão e peguei Vivi com cuidado para leva-la até o quarto dela. Percebi que ela começou a se remexer um pouco e a esfregar seus olhos enquanto os abria lentamente.

                -Neil...? – Ela perguntava com sonolência.

                -Não se preocupe, estou te levando para seu quarto. Durma a vontade. – Eu falava em um tom baixo para não incomoda-la.

                -Você demorou... Aonde você tava?

                -Com alguns amigos, só isso. Não conte pro papai, tudo bem? – Ela balançou a cabeça afirmativamente, ainda de maneira sonolenta.

                -Eu tava te esperando... Queria pedir desculpa. Eu fui malcriada naquele dia... Papai pediu pra eu ser boazinha com você, mas eu te tratei mal... Eu sei que não foi sua culpa que mamãe morreu... Eu só tava com muita raiva. Desculpa, Neil. – Ao final de suas inocentes palavras, ela fechou os olhos e voltou a dormir. Um sorriso se formou involuntariamente em meu rosto e senti um agradável calor no coração. É incrível como o menor dos gestos de uma pessoa pode iluminar até o mais sombrio dos dias. É incrível também como aquela garotinha agia mais maduramente com seus problemas do que eu estava lidando com meu pai. Talvez eu devesse dá-lo uma segunda chance. Uma oportunidade para se explicar. Coloquei Vivi calmamente na cama e a cobri com o lençol.

                -Boa noite. – Eu disse enquanto me retirava de seu quarto.

                Ao chegar ao meu quarto, me deitei na cama com as mãos atrás da cabeça e fiquei olhando para o teto, ainda com os acontecimentos daquela noite em minha mente. Várias coisas ainda me incomodavam. Eu havia saído para buscar respostas e tudo que encontrei foram mais perguntas. Porém, também pude descobrir algumas coisas novas. Mas onde exatamente todas essas peças se encaixavam nesse grande quebra-cabeça?

                Enquanto pensava em todas as possibilidades, motivos e detalhes, acabei caindo no sono. Naquela noite, tive um “sonho” memorável. Eu estava de pé em um local escuro, olhando para cima. Ao meu redor, várias imagens de meu passado flutuavam pelo ar, todas em tons de cinza... “Porque você fez isso, sua vadia?!”, eu assistia escondido em uma de minhas memórias enquanto meu pai e minha mãe discutiam. Eu tinha 9 anos na época. Eles estavam fazendo tanto barulho que eu acabei acordando. Meu pai estava segurando uma garrafa de bebida alcoólica, e parecia estar com vontade de bater em minha mãe. Eu estava com medo... “Porque papai e mamãe estão brigando?” Aquela não havia sido a primeira vez... Eles estavam discutindo muito ultimamente. Minha mãe reclamava da ausência de meu pai...

                Esses fragmentos começaram a desaparecer como se estivessem pegando fogo, enquanto eram substituídos por outros... Eu vi uma cena familiar logo em seguida. Era um dia chuvoso. Minha mãe estava na sala, caída no chão, chorando como eu nunca havia a visto chorar antes, enquanto meu pai pegava um sobretudo e uma mala. “Porque você está indo embora?” Não vá... Eu tentei pará-lo, mas ele sequer me escutou. Ele não olhou para trás. Nem uma única vez. Apenas se retirou friamente e não voltou nunca mais... Porque? Ele sempre havia estado lá nos momentos mais difíceis, porque nos abandonava logo agora...?

                Como se o mundo tivesse girado de cabeça para baixo, eu comecei a flutuar lentamente em direção à outra memória muito vívida. Era um acidente de carro. Eu estava chorando muito enquanto gritava pelo nome de minha mãe. Só me lembro do som das ambulâncias naquela noite. Aquelas malditas sirenes gritavam como se estivessem anunciando a morte. Eu liguei para meu pai pedindo socorro, falei que mamãe estava em perigo. Ele disse que iria ficar tudo bem... Eu implorava, derramando lágrimas, para que ele voltasse. Mamãe estava sofrendo sem ele. Mas meu pai nem ao menos se importou... Não disse uma palavra sequer. Apenas desligou o telefone e me abandonou. Minha mãe estava em coma. Eu estava completamente sozinho... Sem saber o que fazer... “Eu te odeio...”, eu repetia essas palavras na minha mente. Palavras que eu nunca pensei que fosse proferir ao meu pai. “SEU DESGRAÇADO!”, eu falava enquanto rasgava fotos de nós dois juntos. Era tudo verdade. Poderia eu realmente perdoar um ser tão covarde, baixo e asqueroso? Eu não consigo acreditar nesse tão dito arrependimento dele. Não consigo...!

                -Oh, pobre, pobre Neil! – Uma voz distorcida ecoava dentro de meu sonho. Uma voz que perfurava minha mente involuntariamente. – Problemas familiares com o papai? Ele não trocou suas fraldas direito? – Uma risada sinistra tomou conta do lugar inteiro. Todas as minhas memórias começaram a se despedaçar. Era como se meu mundo estivesse desmoronando. Toda minha existência sucumbindo perante aquela incansável risada diabólica enquanto minhas memórias eram desfragmentadas. Comecei a cair num abismo que parecia não ter fim.

                Tudo que eu podia ouvir agora era meu próprio grito. O que está acontecendo?! Quem é você?! Apareça! Revele-se! Quando finalmente meu corpo cessou de cair, eu avistei bem distante de mim uma pessoa de joelhos na frente de três túmulos. Meu corpo começou a andar em direção àquela cena involuntariamente. Quanto mais eu me aproximava, mais eu sentia uma aura macabra se apoderando de mim. Uma risada com uma voz familiar começava a ficar cada vez mais alta, me fazendo gelar. E eu continuava me aproximando. A pessoa tinha cabelos negros... E estava segurando algo... Eu cheguei ainda mais perto... A risada aumentava enquanto a cena tomava um tom vermelho. Quando finalmente cheguei ao local, pude ver que a pessoa estava segurando uma faca. Suas mãos estavam banhadas de sangue. E essa pessoa ria. Em frente a ela, nos três túmulos estava escrito:

                “Mary L. Vonruchi, amante sem escrúpulos, agora jaz em seu devido lugar: No inferno.”

                “Vivian L. Vonruchi, meia-irmã indesejada, que os vermes se apoderem de sua carne.”

                “James L. Vonruchi, ao pai mais fracassado que alguém poderia ter: agora finalmente encontrando um uso para sua vida, como adubo para a terra.”

                Olhei para a pessoa que havia feito aquilo. Ela olhou para mim, com um olhar psicótico e um sorriso completamente maligno. Aquela pessoa... Era eu. Não... Não! Não poderia ser eu! Eu olhei em seus olhos, e dentro deles vi uma cena onde Ruffly e Pup atacavam impiedosamente à Vivi e meu pai, enquanto tinham sorrisos de satisfação que eu nunca havia visto em seus rostos antes. Eu senti vontade de vomitar.

                -É isso que eu desejo, não é? Dar um fim às pessoas que começaram meu sofrimento... – O meu outro eu falava comigo enquanto se levantava. Não... NÃO! Eu não quero isso! Você não sou eu! Eu tentava gritar, mas não conseguia mexer meus lábios. Coloquei minhas mãos sobre meu rosto e notei que minha boca estava selada. – Você não pode negar, pois você sabe que é verdade. Eu sei. Porque eu sou você... HAH! Para falar a verdade, todos eles são um incomodo, não são? Seria muito melhor se eu apenas vivesse sozinho... Porque ninguém merece minha confiança. Seria apenas traído mais uma vez como fui no passado. Não é verdade? O melhor é se isolar... Para não ter que sofrer com nada disso novamente.

                Ele começou a andar em outra direção. Pude avistar minha mãe, Angelo, Clara, Simon e meus outros amigos. Eles estavam todos de costas. “NÃO! SE AFASTE DELES!”. Eu comecei a correr desesperadamente. Mas quanto mais eu corria, mais eu me afastava deles. Minhas pernas se moviam em câmera lenta e meu corpo era jogado para trás. Era tarde demais. Não havia como salvá-los. A risada de mais cedo tomou minha mente novamente enquanto tudo a minha frente se tornava vermelho. Uma onda de medo, desespero e sentimentos negativos como eu nunca havia sentido antes tomaram conta de mim. “ME TIRE DAQUI! ME TIRE DAQUI!”, eu implorava. Novamente eu comecei a cair... Foi quando eu vi uma figura estranha. Uma silhueta de um humano, mas ele não tinha face. A única coisa que ele tinha além de seu corpo, era uma boca.

                -Você é uma pessoa bem perturbada, não é? Eu não posso controlar seus sonhos, eu apenas os mostro a você... Suas verdadeiras vontades e pensamentos. Seus instintos escondidos. No fundo de sua alma, você sabe que tudo aquilo era verdade. – Não... NÃO! Eu não desejo nada disso! – Você pode mentir para si mesmo, mas não pode mentir para mim. Pois eu sei tudo sobre você. Seus maiores segredos, suas mais sombrias memórias! HAHAHA!

                Aquela voz distorcida ecoava por todos os lugares. Aquilo não parecia ter fim. QUEM É VOCÊ?! Mostre-se, covarde!

                -Oh, eu sou o covarde? Mas foi você quem fugiu hoje, não é mesmo? Como um pequeno e assustado Meowth, com o rabo entre as pernas. Aquela foi uma estratégia bem fajuta. Mas foi engraçado, você quase achou que havia se livrado de mim...

                Você é o assassino?! Como me achou?! Eu chequei os arredores, não havia ninguém! É impossível você ter me seguido!

                -HAHAHA! Você acha que pode me observar? Então me diga, porque sua única imagem sobre mim é esse vácuo sem face? Tsk, tsk! É isso que acontece quando você mexe com forças além de sua compreensão... Pessoas ao seu redor podem acabar morrendo. Você também.

                Não, por favor, me deixe em paz! Não machuque mais ninguém, eu imploro!

                -HAHA! Agora você se ajoelha perante minha imagem como o pobre cachorro que você é? Já é tarde. Se você quiser que eu lhe poupe, então fique fora desse caso. Finja que jamais me viu em sua vida e esqueça tudo que você presenciou hoje. Veja como sou generoso! Eu poderia lhe matar, mas estou te dando uma segunda chance para se redimir e viver sua patética vida em paz. Mas não se esqueça... Eu estarei observando todos os seus movimentos. A cada beco sombrio, eu estarei lá, pronto para devorar sua alma. Não há ninguém que possa te ajudar e não há como você se livrar de mim. Não há para onde correr. Você não pode se esconder de mim... Neil. HAHAHAHA!

                Várias imagens apareceram em minha cabeça. Era como se aquilo fosse uma tortura. De longe, a mulher de cabelo rosa me observava com um sorriso sinistro em seus lábios, ao lado daquela silhueta que possuía apenas uma boca. Meu pai me observava do outro lado, com um ferimento em seu peito, também rindo de mim. Meus amigos também. Todos estavam. Risadas num tom tão alto que eu achei por um momento que minha cabeça fosse explodir.

                -PAREM, POR FAVOR! – Eu gritei e abri meus olhos, logo após cair da cama devido ao meu movimento brusco. O eco das risadas desapareceu lentamente da minha cabeça. Estava de volta ao meu quarto, com o relógio marcando quase 3 horas da madrugada. O que havia acontecido?

                Levantei-me vagarosamente para voltar à minha cama, mas depois daquele acontecimento, estava sem sono. Teria sido apenas um pesadelo, resultado dos eventos traumáticos de hoje? Foi quando eu notei uma luz batendo em meus olhos e olhei para o lado. Meu notebook estava ligado e aberto sob minha mesa. Na tela dele, havia um arquivo aberto. “Sem título”. A mensagem que ele continha:

“Bons sonhos, pequeno Neil. E lembre-se... Eu estou aqui.”

                Dei um passo para trás, assustado, e cai em cima da cama. Meu deus! Olhei para trás e notei que a janela de meu quarto estava aberta. Rapidamente pus minha cabeça para fora, mas não avistei ninguém. Não havia sido um sonho. Aquilo foi real.  Apenas uma coisa tomava meus pensamentos naquele momento:

                -Ele sabe quem eu sou...!


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Notas finais do capítulo

Devido a falta de tempo para dedicar aos estudos e fic ao mesmo tempo, decidi parar por um tempinho com a fic. Voltarei a escrever a fic em DEZEMBRO, e retornarei com o Capítulo 10: Em busca da verdade. Espero que todos tenham gostado da fic até agora, e espero que continuem acompanhando quando chegar Dezembro. Obrigado a todos os leitores!



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