Pokémon: Ano Sombrio escrita por Linkusu


Capítulo 4
Capítulo 4: Síndrome de Lavender, parte 1.




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Os primeiros tempos de aula passaram voando. Eu ainda estava tentando me recuperar da batalha. Olhava o tempo todo para a pokébola do Pup querendo pedir perdão a ele.

-O que foi cara? Você parece um pouco deprimido. – Angelo se aproximou de mim. – É por causa da batalha que você está assim? Hey, não se preocupe, você foi bem! A maioria não consegue aguentar nem 1 minuto contra o Bruce!

-Não é isso... É meu Pup... Eu acho que o forcei demais naquela batalha... – Eu falava enquanto continuava olhando para a pokébola.

-Ah, isso. Bom... De certa forma é culpa minha também. Afinal de contas, sendo o juiz sou eu quem deveria ter parado a batalha quando percebesse que um dos Pokémons não estava mais apto a continuar. Foi mal, acho que fiquei muito distraído na hora. – Ele deu um sorriso meio sem graça. – Mas ei, não se preocupe! Tem um centro Pokémon bem perto daqui. Podemos levar seu Pup lá depois das aulas e ele vai ficar novinho em folha, que tal?

-Obrigado, Angelo. Fico te devendo essa.

-Que nada! É dever dos veteranos ensinar os novatos, hah! – Ele falava em um tom de brincadeira. Dei uma risada de leve.


O tempo passou e eu já estava conseguindo me concentrar melhor sabendo que havia um centro Pokémon por perto. Quando as aulas acabaram, encontrei Angelo e uma garota de óculos conversando na saída do colégio.

-Estou interrompendo algo? – Eu perguntei chegando de fininho. A garota que estava o acompanhando era bem bonita. Longos cabelos loiros e lisos, um corpo bem definido, seios robustos, uma pele clara e bem tratada, e olhos verdes que acalmavam sua alma com apenas um olhar.

-Ah, olá Newton!

-É Neil.

-É, foi isso que eu disse cara! - Angelo dava umas risadas de constrangimento para disfarçar. – Quanto a essa daqui, não é ninguém importante... OUCH! – Ele soltou um grito de dor ao ser chutado na perna pela garota.

-Porque você tem que ser sempre tão incompetente? – Ela falava olhando para Angelo como se estivesse o repreendendo. – Ignore-o, ele é mal educado assim mesmo. O meu nome é Clara, eu sou a irmã mais nova desse grosseiro.

-Olá, Clara. Meu nome é Neil.

-Prazer em conhecê-lo! – Ela falou com um sorriso amigável em seu rosto.

-Bom, agora que vocês já cuidaram das formalidades, podemos ir logo? – Angelo disse, ainda alisando a parte onde ele tinha sido chutado.

-Ela vai vir junto?

-Sim. – Clara respondeu. – O Angelo já me explicou a situação. Apenas tome mais cuidado com seu Pokémon da próxima vez, okay?


Após uma breve conversa, nós fomos até o centro Pokémon de Saffron. Como ele estava vazio, demorou pouco tempo até que Pup estivesse totalmente recuperado. Finalmente pude tirar esse peso da minha consciência. Jurei em silêncio que jamais iria permitir que algo desse tipo acontecesse novamente.


-Novinho em folha! – Angelo falou – Agora que isso está feito, eu e Clara temos que voltar.

-Entendo... – eu respondi. – Eu também preciso voltar. Com esse tal assassino solto em Lavender, eu não posso me dar ao luxo de chegar muito tarde em casa.

-Espera, você mora em Lavender também? – Eu balancei a minha cabeça em sinal de afirmação. – Que legal, então podemos voltar juntos! – disse Clara, para minha surpresa.


Eu concordei, e nós 3 tomamos o caminho para a rota 8. Conversamos sobre algumas coisas enquanto andavamos em direção a Lavender. Alguns minutos de caminhada depois, encontramos vários carros da polícia cercando uma área com uma grande multidão em volta. O que será que havia acontecido?


-Ninguém pode passar, eu repito, ninguém pode passar. A área depois desta linha é restrita. – Um dos oficiais falava para conter a multidão curiosa. Ele era alto e magro. Seus cabelos eram negros e um pouco longos, e ele usava um rabo de cavalo. Estava vestindo uma camisa social vermelha, calça social preta e uma gravata violeta.

-Ei, aquele é o Michael. – Angelo falou ao avistar o oficial que estava contendo a multidão. Logo em seguida, ele soltou um grito para chamar a sua atenção. – Ei, Michael!!

-Oh? – o oficial procurou por algum tempo de onde havia vindo a voz, até avistar Angelo acenando para ele no meio da multidão. – Ah, Angelo! E Clara também. O que estão fazendo aqui?

-Vocês o conhecem? – Eu perguntei.

-Sim, Michael veio de Johto há uns anos para cá e desde então ele é um dos inquilinos da pousada de nossos pais. Vamos lá falar com ele, talvez possamos descobrir o que está acontecendo. – Angelo falou enquanto ia cortando seu caminho pela multidão. Eu e Clara fomos logo atrás dele.

-Hum, eu nunca vi você por aqui antes. – Michael falava enquanto olhava para mim – Novo na cidade?

-Ele é meu novo colega de classe, o Neo. – Angelo falou, errando meu nome novamente.

-É Neil...

-Exatamente! E saca só, ele é filho do líder do ginásio de Saffron, o James! – Ei, eu não me lembro de ter dado permissão pra ele ficar falando tudo da minha vida para estranhos.

-É um prazer conhece-lo, Neil, meu nome é Michael Solomon. – Ele falava num tom bem relaxado. – Então você é filho do líder de Saffron? Mas eu achava que ele só tivesse uma filha... – Michael começou a franzir a testa. – Você deve estar arrasado pela morte de sua mãe, não é?

-Ela não era minha mãe. – Eu respondi para esclarecer o mal entendido. – Eu sou filho do primeiro casamento dele.

-Ah, agora sim, tudo faz sentido. Hahahaha! Desculpe-me, Neil, eu realmente não sabia dessa informação.

-Está tudo bem.

-Então garotos, tem algo que eu possa fazer por vocês? – Ele falava enquanto acendia um cigarro.

-Angelo está curioso para saber o que aconteceu aqui, então viemos dar uma olhada. – Mesmo com ela falando isso, Clara também parecia bem curiosa em relação àquela cena. E para falar a verdade, eu também estava.

-Ah sim, isso. Outro assassinato ocorreu. Dessa vez foram 2 estudantes.

-O que!? – Angelo soltou um grito de espanto. – Michael, por favor, não tem como você nos deixar ver quem são?

-Sinto muito, eu não posso deixar ninguém passar. Ordens dos meus superiores...

-Por favor! – Angelo juntou suas duas mãos, como se estivesse rezando. – Eu te imploro, cara! Se você deixar a gente ver, eu peço para meus pais te fazerem um desconto de 10% na pousada esse mês!

-Eu... Eu não posso. – Michael falou enquanto dava uma tragada. Que irresponsabilidade fumar no meio de uma cena de crime. – É sério, vocês deveriam apenas ir embora...

-20% então e não se fala mais nisso!

-Hum... – Ele fechou os olhos e colocou a mão direita sobre o queixo, como se estivesse pensando. – Okay, okay... Apenas não mecham em nada, certo? – Ele vai MESMO deixar? Nossa, ele não apenas parece relaxado... Ele de fato é completamente relaxado. – 20% hein, não se esqueça. – Ele falou enquanto piscava um dos olhos.

-Não irei esquecer!

-Ai, ai Angelo, papai não vai gostar de saber desse seu trato... – Apesar de Clara falar desse jeito, ela também não fez nada para parar o irmão.


Michael abriu espaço para nós entrarmos e foi nos levando até o local dos corpos. Alguns oficiais da polícia tentaram nos parar e perguntaram se tínhamos autorização, mas Michael inventou uma desculpa de que éramos parentes das vítimas e que sairíamos dali rapidamente. Eles não pareceram acreditar muito na história, mas também não se importaram. “Tanto faz Michael, apenas não faça bagunça”. Será que a polícia toda daqui é incompetente desse jeito? Quando chegamos na cena do crime, encontramos as 2 vítimas caídas no chão. Não havia nada suspeito ao redor deles, nenhum ferimento e nem sinal de sangue na cena do crime. Mas por algum motivo me senti bastante desconfortável.

-Ei... Eu os conheço! – Clara levou suas duas mãos em direção a sua boca, com uma cara de espanto. – Eles estudavam na mesma sala que eu!

-Sério?! Então eles estudavam no nosso colégio?! – Angelo parecia extremamente preocupado. – Ah, cara! Isso não é bom! –Ele estava claramente com medo da possibilidade de que a próxima pudesse ser ele ou alguém próximo. – Ei, Michael! Quando foi que isso aconteceu?!

-Ontem a noite de acordo com a autópsia. Mas nós só encontramos os corpos hoje de manhã, um pouco depois das 8 horas. – “Depois das 8 horas... Então foi depois que eu cheguei no colégio”, eu pensava. Foi então que, olhando ao redor, eu percebi uma coisa que me deu calafrios. O banco onde eu havia visto a mulher de cabelo rosa usando um guarda-chuva mais cedo naquela manhã estava ali por perto, do outro lado da rua. “Foi para cá que aquela mulher havia apontado"! Meus olhos se arregalaram. Como eu estava muito longe não havia conseguido avistar os corpos, afinal de contas, há várias árvores e moitas na frente deles. Será que era por esse motivo que ela parecia tão pálida? Aquilo realmente não foi apenas uma ilusão? Então como ela sumiu tão rápido daquela forma mais cedo? Várias perguntas começaram a se formar na minha cabeça e uma ponta de medo se instaurava dentro de mim.

-Mas porque eles?! – Clara perguntou. Todos estavam bastante tensos.

-Aparentemente, eles foram testemunhas do assassinato que ocorreu semana passada. Foi pelo testemunho deles que pudemos confirmar que havia um assassino envolvido. Nós mantivemos a identidade deles em sigilo, porém...

-Ele descobriu... – Angelo completou a frase. – Se eles não tivessem denunciado o assassino, a polícia poderia ter sido levada a acreditar que a morte da primeira vítima havia sido apenas um ataque de um Pokémon selvagem qualquer. Ou que ela havia sido mais uma vítima da síndrome de Lavender. – “Síndrome de Lavender...?”, eu me perguntei ao ouvir essas palavras misteriosas, que atiçaram minha curiosidade.

-Exatamente. O culpado deve ter os avistado quando ele executou o crime e foi atrás deles para silenciá-los. Pobres crianças...

-Porque a cena do crime está tão limpa assim? E os corpos deles, porque estão intactos? Não deveria ter sangue espalhado por todo o local? – Eu perguntei.

-Não. – Ele negou enquanto fumava seu cigarro. – Porque o assassino provavelmente utilizou um Pokémon psíquico ou fantasma para cometer o delito.

-Apenas golpes psíquicos ou fantasmas poderiam matar sem um derramamento de sangue, não é? – Eu entendi na hora a linha de pensamento deles, mas algo me incomodava. – Mas o assassino não poderia ter usado um Pokémon de qualquer tipo que soubesse um golpe fantasma ou psíquico?

-Novamente, não. O motivo é bem simples: a autópsia não revelou nenhum sinal de ossos quebrados, nenhum órgão danificado... É como se os corpos deles tivessem cessado. Os órgãos deles simplesmente pararam de funcionar. Mas eles não tinham nenhum tipo de doença mortal.

-E pergunto novamente, porque um Pokémon de qualquer outro tipo não poderia ter feito isso?

-Ah... Como eu poderia lhe explicar? Hum... – ele parou por um tempo para pensar antes de responder minha pergunta. – Na escola, os professores já explicaram a vocês que Pokémon de determinado tipo executará ataques que são do tipo dele com mais força, correto? Em termos técnicos, o “Bônus por ataques do mesmo tipo”, ou STAB. Isso é porque, por exemplo, um Pokémon do tipo Fogo controla golpes de fogo de maneira muito mais eficaz do que um Pokémon do tipo Terra. É exatamente por isso. Um Pokémon de qualquer outro tipo usando um golpe psíquico ou fantasma teria deixado no mínimo alguns órgãos internos danificados, ou ossos fraturados, ou qualquer outro tipo de rastro. Mas como foi executado de maneira tão perfeita, podemos afirmar com certeza que foi um Pokémon psíquico ou fantasma que executou o assassinato. Inclusive, um muito bem treinado.

-Entendi. Faz sentido. Será que eu poderia fazer uma última pergunta?

-Seja rápido, eu não posso deixar vocês aqui por muito mais tempo.

-O que é a “Síndrome de Lavender”?


Quando eu fiz essa pergunta, todos ficaram em silêncio. Essa dúvida surgiu em mim desde que Angelo citou esse nome mais cedo. Ninguém parecia querer me responder, pelo visto era um assunto delicado.

-A síndrome de Lavender... É uma história bem macabra passada de geração em geração pelos cidadãos de Lavender. – Ele deu uma longa pausa antes de continuar. – Ninguém sabe se...

-Ei, Michael, a oficial Jenny de Viridian está chegando. Melhor você tirar esses garotos daí rápido se não quiser receber uma redução no salário. – um dos oficiais apareceu, interrompendo Michael.

-Ops, parece que o tempo de vocês acabou. Hora de ir, eu não quero me meter em confusão, ok? Meu salário já é baixo o suficiente, eu não preciso que ele fique menor ainda, haha. – Ele falou no seu jeito relaxado enquanto nos escoltava para fora da cena do crime. Quando saímos de lá, antes de se retirar, ele disse uma ultima coisa a mim num tom sério. – Neil, não é? Pergunte ao Angelo. Ele conhece a história melhor do que eu. – Ele levantou a mão e se despediu.


Eu olhei para Angelo, esperando por uma resposta.


-Então, você não conhece essa história, não é? - Ele falou um pouco tenso. – Você veio de Unova, então já era de se esperar que você não soubesse... Tudo bem. Eu vou contar a para você. A sombria história que ronda o passado de Lavender Town... A “Síndrome de Lavender”.


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Notas finais do capítulo

Prévia do próximo capítulo:[i]A cidade começou a ficar envolta de uma neblina negra e várias pessoas começaram a ficar completamente insanas. Tragédia atrás de tragédia. Era como se aquela cidade estivesse amaldiçoada.[...][/i]Capitulo 5: Síndrome de Lavender, parte 2.Estréia: Entre 19(sexta) ou 21(domingo) de Agosto.



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