Pokémon: Ano Sombrio escrita por Linkusu


Capítulo 24
Capítulo 23: Identidade revelada.


Notas iniciais do capítulo

(***) - OST recomendada: http://www.youtube.com/watch?v=OJU5cvTUXHA
Bom, demorou, mas finalmente chegamos aqui. Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/154484/chapter/24

Os 53 minutos mais longos de minha vida se passaram naquele expresso para Saffron. No momento em que as portas se abriram, eu corri o mais rápido que eu pude em direção à delegacia de polícia, desviando de todas as pessoas em meu caminho enquanto minhas pernas moviam-se freneticamente como se tivessem criado vontade própria. Minha respiração estava extremamente acelerada e meu sangue pulsava violentamente em minhas veias. Eu me movia no limite de minha velocidade, mas isso ainda não era rápido o suficiente para minha impaciência. Não podia deixar aquele caso se desmontar em minha cabeça, precisava apresentar um argumento infalível caso eu desejasse de fato pôr um ponto final nessa história.

Quando eu enfim avistei a silhueta dos membros dos Exorcistas de Lavender na frente de uma estrutura, meus passos aceleraram mais ainda até eventualmente diminuírem o ritmo e pararem em frente à delegacia. Inclinei-me e coloquei minhas mãos sobre meus joelhos enquanto eu ofegava desesperadamente por ar. Quando consegui recuperar o fôlego, sem disposição para adiar minha entrada, pulei as saudações e apenas mandei que os membros me seguissem para dentro da delegacia.

Ao entrar, dei alguns passos e olhei ao redor freneticamente, procurando por uma pessoa em particular. Um dos homens na recepção tentava me perguntar que assunto eu tinha ali, mas eu apenas o ignorei quando avistei através dos vidros Edward e Michael conversando sobre algum assunto em uma sala branca. Aquela era a oportunidade perfeita. Fui até a sala e abri a porta abruptamente, esquecendo completamente do protocolo que eu deveria seguir. Alguns dos guardas foram até lá para tentar me apreender por invadir o local tão subitamente, mas a situação foi rapidamente esclarecida e apenas eu, Angelo, Catarine, Clara, Edward e Michael permanecemos ali.

–Ora, ora, um pouco descuidado, não é mesmo? Não é de seu feitio ser tão impulsivo assim, jovem Neil. – Edward falou com um ar de reprovação, mas logo deu um breve sorriso com um lado dos lábios, como se tivesse achado graça da situação. – Espero que não esteja aqui pelo seu emprego, porque três meses de ausência sem dar ao menos uma satisfação não é algo que eu esteja disposto a perdoar, mesmo sendo filho de James.

–Não, eu não estou aqui para isso. – Sem mais delongas, eu mandei as cartas para cima da mesa e fui direto ao ponto. Não havia motivos para prolongar a nossa conversa, minha estratégia era ser o mais rápido e eficaz possível, sem deixar que meu oponente percebesse possíveis brechas em meus argumentos. – Eu estou aqui pois preciso conversar sobre algumas coisas com Michael, e gostaria que o senhor ficasse para ouvir, Sr. Edward.

Os dois trocaram olhares confusos, sem saber a o que eu estava me referindo. Michael soltou uma de suas usuais risadas e direcionou seus dois braços para trás para apoiar-se em uma das mesas que estavam ali enquanto continuava a olhar em minha direção com sua usual expressão de relaxamento.

–É alguma coisa relacionada ao caso de seu pai? Ou você finalmente decidiu vir buscar pelos meus infalíveis conselhos amorosos? – Michael sorriu e deu uma piscadela para mim, em seguida olhou na direção onde estavam Clara e Catarine. – Nada mal, tigrão! Em qual das duas está mais interessado? Haha.

–Não é sobre isso que eu vim falar. – Eu o respondi com uma expressão séria, ignorando sua postura jocosa quanto ao assunto. Coloquei minha mão no bolso esquerdo de minha calça e retirei uma foto de dentro dele. – Essa foto lhe parece familiar?

O homem aproximou seu rosto para analisar a foto que eu segurava e passou a mão sobre a barba rala em seu queixo. Após alguns segundos, encolheu os ombros calmamente e fez um sinal negativo com a cabeça.

–Eu a achei nos arredores de um local onde o assassino havia atacado.Você não acha que isso é muita coincidência? De acordo com minhas suposições, na hora de abandonar o local, o culpado provavelmente deixou a foto cair.

–Espere um minuto. – Edward me interrompeu, curioso com um detalhe que até então não era de conhecimento público. – Nossa força tarefa já havia conduzido uma procura intensa por quaisquer evidências que pudessem estar na cena do crime, seria impossível termos deixado essa foto passar despercebida. Como você pode ter achado ela sozinho?

–Porque houve uma tentativa de crime que não chegou ao conhecimento público.

As memórias daquela quinta-feira sombria emergiram em minha mente tão vívidas como se tivessem ocorrido a poucos momentos atrás. Naquela noite eu, Angelo, Clara e Simon confrontamos o assassino de Lavender diretamente, salvando Caterine de ser sua nova vítima. Aquela também foi a noite onde descobrimos, antes da polícia, que o assassino possuía algum método de matar mais de uma pessoa em locais diferentes simultaneamente, já que enquanto nós o confrontávamos na floresta, o velho Luiz foi assassinado com os mesmos métodos do “fantasma” em frente ao Rock Tunnel, numa rota completamente diferente da que nós estávamos. Eu expliquei a situação em detalhes para Edward, que franziu sua testa e ficou pensativo por um tempo até voltar a falar:

–Agora que penso sobre isso, de fato tenho uma leve recordação de Simon ter chegado tarde em casa nesse dia. Lembro de ter chamado a atenção dele por causa disso... Mas se é esse realmente o caso, por que não fizeram queixa?

–Não sabíamos ainda em quem confiar nessa época. O assassino poderia estar infiltrado na polícia e ficar sabendo da denúncia. Nesse caso nós ficaríamos em apuros, principalmente considerando que naquela mesma noite o assassino nos ameaçou quando voltamos às nossas casas. – Eu o expliquei.

–Uma ameaça, huh? Se ele sabia onde ficavam suas casas, por que não os matou de vez? Ele já havia mostrado que não tinha problemas em matar testemunhas, vide o assassinato dos dois estudantes...

–Não sabemos o porquê de ele ter nos poupado, mas Neil está dizendo a verdade! – Angelo se manifestou, usando sua usual eloquência nas palavras para me defender. – Não apenas ele como eu e Clara também fomos ameaçados naquela noite. Se quiser, pode perguntar a Simon também e ele irá confirmar que nós de fato confrontamos o assassino.

Edward ficou em silêncio e abaixou a cabeça. Sua mão direita segurava sua bengala, seus dedos roçavam levemente o topo da pokébola de prata que a enfeitava. Ele estava com uma expressão rígida em seu rosto e parecia bastante reflexivo, como se analisasse alguma coisa continuamente em sua cabeça. Impaciente com toda aquela conversa, Michael quebrou o silêncio com seu estilo despreocupado de sempre:

–Certo, certo, entendemos. Mas pequeno Neil, mesmo que tudo isso que você tenha dito seja verdade, você não tem nenhuma prova, não é mesmo? Não podemos trabalhar apenas com suposições. – ele disse com um sorriso no rosto enquanto fitava meus olhos. –Além do mais, ainda há uma coisa que eu não entendi: qual a relação entre tudo isso que você falou e eu?

–Você já sabe qual é a ligação, não é? Você não é burro, apesar de seu jeito distraído... Ou talvez eu devesse dizer esse comportamento que você emula para esconder sua verdadeira persona. A ligação entre tudo isso que eu disse com você é bastante simples. –eu levantei meu dedo indicador e apontei para Michael – Você é o verdadeiro assassino de Lavender.

(***)

O silêncio tomou conta da pequena sala confinada ao final de minha fala. A tensão instaurada ali era tão espessa que praticamente chegava a ser visível. Alguns trocaram olhares confusos, outros encaravam Michael com expressões cheias de expectativas. Quanto ao acusado, pela primeira vez desde que nos conhecemos eu vi seu sorriso dissipar-se de seu rosto. Quaisquer traços de desleixo e relaxamento haviam desaparecido sem deixar traços, sua expressão era uma de seriedade que eu jamais vira naquele homem.

–Isso é algum tipo de brincadeira de mau gosto, Neil? Sabe, mesmo que sejamos companheiros, uma acusação infundada como essa é algo muito grave, principalmente na frente de meu chefe. – Ele disse colocando a mão no bolso, preparando-se para pegar um cigarro, até lembrar-se que era proibido fumar naquele local e retirar a mão sem pegar nada.

–Não é uma brincadeira e não é infundada. É a conclusão mais lógica que alguém pode fazer quando todas as facetas do caso são reveladas.

Michael deu uma breve risada de descrença, encolhendo os ombros como se não acreditasse que eu pudesse ter algum tipo de evidência contra ele... E de fato, eu não tinha. Pelo menos não naquele lugar... Mas uma coisa eu tinha: um sólido caso pronto contra ele.

–Deixe-me explicar mais detalhadamente. Para isso, eu gostaria que voltássemos à primeira vítima deste caso: Mary L. Vonruchi. – Eu disse enquanto revisava o caso diversas vezes em minha cabeça, assegurando-me de que não deixaria nenhum detalhe passar. –Acredito que não seja nenhum segredo que Mary L. Vonruchi era uma formidável treinadora Pokémon, tendo seu talento reconhecido pela associação a ponto de convocarem-na a um teste de vocação para tornar-se um cérebro da fronteira. Como uma pessoa dessas seria tão facilmente abatida por um assassino qualquer sem sequer mostrar sinais de resistência?

–Pois se tratava do marido dela, então ela acabou baixando a guarda. –Michael respondeu. –Ainda que partamos do pressuposto que ele seja inocente, qualquer outro poderia ter executado um ataque surpresa, o que impediria a vítima de reagir, então qual o seu ponto?

–Você quase entendeu aonde eu queria chegar. Mas imagine que, ao invés do marido, ela estivesse conversando com um antigo conhecido. Também seria natural que ela abaixasse sua guarda, não concorda? – Eu rebati.

–Claro. Seria também natural que ela baixasse a guarda caso estivesse falando com um santo que desceu para vir buscá-la ao paraíso. –Ele riu, tratando meu argumento como algo sem crédito. –Há várias possibilidades, mas a mais provável é que tenha sido James. Não me leve a mal, mas você apenas me parece desesperado para tentar provar algo sem muita base. Não podemos levar acusações desse tipo a sério.

–Creio que ele esteja correto, Neil. –Dessa vez Edward se pronunciou a favor do desleixado oficial. –Até agora você não mostrou nada convincente para seu caso.

–Eu ainda não terminei. –Limpei minha garganta e continuei a falar. –Eu entendo que existam outras possibilidades mas, nesse momento, apenas acompanhem meu raciocínio: Mary é uma excepcional treinadora que foi facilmente assassinada. Retiremos a possibilidade de um ataque surpresa, pois se formos trabalhar com todas as possibilidades existentes, jamais chegaremos a lugar algum. Agora, imaginemos que o motivo pela falta de resistência por parte de Mary tenha sido devido às seguintes probabilidades: o assassino se aproximou dela e, como era um conhecido ou alguém de confiança, ela simplesmente considerou que não haveria motivos para levantar sua guarda. Não seria possível que essa pessoa fosse meu pai por um simples motivo: no horário em que ela foi assassinada ele havia ido me buscar no aeroporto de Lavender.

–Achei que já houvéssemos estabelecido que o culpado pelo crime é capaz de executar suas matanças sem estar pessoalmente presente no local. –Michael rapidamente me contra-atacou. –Ele chegou a matar mais de uma vítima ao mesmo tempo em locais diferentes, não foi? Não seria difícil criar um álibi enquanto seus pokémons fazem o trabalho sujo.

–Altamente duvidável que esse seja o caso pois, diferente das vítimas simultâneas, Mary não havia desaparecido por um curto período de tempo antes de seu assassinato. Caso observemos o padrão é fácil de identificar que as vítimas que o assassino não mata pessoalmente são antes abatidas por ele, e apenas após isso elas são executadas, quando já estão desarmadas e indefesas. Quando Mary morreu todas as suas pokébolas ainda estavam com ela, além de existirem testemunhas oculares que a viram nas ruas de Lavender naquela noite. Ela foi atraída pessoalmente pelo assassino para a rota 8 e então foi lá assassinada. Um Pokémon sozinho não poderia executar ações tão complexas.

–E novamente você apenas joga um monte de suposições sem nada de substância por trás delas. –Michael rebateu de maneira ligeiramente irritada. –Essa brincadeira de faz de conta está ficando cansativa.

–Ah, os detalhes de maior importância vêm agora, senhor “Michael Solomon”... –Eu disse, pondo ênfase em seu nome. –Após a prisão de meu pai eu decidi fazer algumas investigações por conta própria. A primeira coisa que fiz foi pesquisar um pouco sobre o background da primeira vítima: conversei com alguns familiares, colegas de classe, contatos próximos, tudo que pude achar eu anotei diligentemente em meu caderno de anotações... Quando eu estava revisando tudo que eu havia aprendido nesses últimos meses em minha mente, eu notei um buraco entre os fatos que eu havia coletado e uma informação que você mesmo me deu. Uma ausência bastante... Peculiar.

–Do que está falando?

–Lembra-se da conversa que tivemos aqui na delegacia? Você me deu, não exatamente palavra por palavra, a seguinte informação: “eu e Mary completamos o ensino médio na mesma escola”. Mas, veja só, enquanto eu lia os arquivos do colégio onde Mary estudara... Seu nome não apareceu nem uma única vez, “Michael”.

Dessa vez seus olhos mostraram falta de confiança e seu olhar recuou de minha direção. Ele estava começando a ficar legitimamente nervoso e provavelmente já estava ciente de que negar o fato apenas pioraria a sua situação: como a delegacia tem câmeras de segurança com som, seria fácil achar a fita onde ele próprio afirma o que eu acabei de dizer.

–Oh? Eu não estava ciente de que você e Mary eram conhecidos... –Edward disse enquanto levantava uma de suas sobrancelhas.

–Bom, nunca me pareceu relevante divulgar essa informação, então apenas a mantive para mim. –Ele começou a gaguejar de nervosismo, mas após pensar numa justificativa, rapidamente retomou sua calma. –Veja só, eu estava bêbado aquele dia, não é de se espantar que uma ou duas coisas que eu tenha dito não correspondam exatamente à realidade. É verdade, eu não estudei na mesma escola que Mary, na verdade nós apenas nos conhecíamos. Éramos bons amigos e ambos estávamos no ensino médio naquela época, mas estudávamos em escolas diferentes. Ainda assim, eu conhecia muito a respeito do colégio dela, por isso me confundi naquele dia. Apenas um mal entendido, nada mais. Além do mais, esse fato sozinho não prova absolutamente nada.

–Você é uma Ekans bem escorregadia, não é? –Eu disse. –Então eu lhe pergunto: se formos procurar arquivos escolares em outros colégios próximos ao que Mary frequentava, será que em algum deles encontraremos um estudante chamado Michael Solomon?

Mais uma vez ele desviou o olhar e permaneceu quieto, como se não soubesse como reagir apropriadamente àquela pergunta. Olhou para todos ao redor da sala como se estivesse procurando alguma coisa. Após inspecionar o local, ele quebrou o silêncio novamente:

–Mas é claro. –Ele afirmou resolutamente.

Dessa vez a pessoa surpreendida fora eu. Eu já esperava que ele fosse tentar contornar essa situação de alguma forma, mas não imaginava que ele fosse afirmar uma mentira tão resolutamente. Teria ele algum truque que eu não estava ciente? De qualquer forma, decidi continuar com minha investida.

–Enfim, acho que já está bem estabelecido que o senhor Michael estava escondendo uma informação importante para o caso e que, com o fato de ele ser um conhecido de Mary tendo sido revelado, ele se encaixa ao menos como um suspeito, não é mesmo?

–Não diga asneiras. –Michael retrucou. –Que razões eu teria para matar uma pessoa que eu não via há anos? Mais importante que isso, nada do que você disse me torna suspeito, você está tentando formar um argumento à base de fiapos.

–Espere um pouco. –Dessa vez fora Angelo a falar. Algum detalhe naquela conversa parecia tê-lo incomodado. –Pelo que bem me lembro, Michael, você disse que era um cidadão de Johto. É também o que consta nos seus documentos de identidade. Quando você se hospedou em nossa hospedaria você já era maior de idade e não frequentava escola nenhuma, sendo que você mesmo havia dito que era sua primeira vez em Kanto! Por um acaso há algo que você está escondendo de nós?

–Não... Eu...

Até mesmo Edward que estava ouvindo aquela conversa toda começava a olhar de maneira suspeita para Michael. Quanto mais ele falava, mais caía em contradições.

–Eu não me lembro de ter dito nada disso a você, Angelo! –Ele disse de forma agressiva. –Então foi por isso que você trouxe seus amiguinhos pra cá? Pra fazer esse teatrinho todo para tentar tirar aquele canalha do seu pai detrás das grades?! É verdade, eu sou um cidadão de Johto, mas vim viver em Kanto por um tempo em minha juventude, e foi nessa época que eu conheci Mary. Após concluir o ensino médio eu voltei para Johto por causa de minha família. Depois que todos os problemas foram resolvidos, eu voltei para Kanto com esperanças de formar minha vida aqui, isso é tudo!

–E essa sua família em Johto, quem são eles? Será que podemos entrar em contato com eles para confirmar essa história? –Eu disse, e ele ficou quieto por algum tempo antes de responder:

–Mas é claro! Investigue o que quiser, eu sou inocente!

–Isso é apenas um blefe, não é? Porque sua verdadeira família se encontra aqui em Kanto. –Eu afirmei veementemente.

–Hah! Então agora você sabe mais sobre minha família do que eu mesmo? Poupe-se de tamanha humilhação, seu manipulador traíra! –A partir deste ponto, já estava claro que sua compostura havia ido parar nos ares. Eu sentia raiva, mas tentava não me deixar levar por meus sentimentos. –Você não tem nada contra mim mas fica tentando deturpar os fatos ao seu favor! Eu sequer tenho pokémons psíquicos ou fantasmas para executar os assassinatos que você me acusa de ter cometido! Vamos, pode me revistar bem aqui, você não achará nenhum Pokémon que possa ter cometido aqueles crimes!

–Mas é claro que o Pokémon que você usou para cometer os delitos não estará aqui, afinal de contas, ele está guardado em um local bem mais seguro.

–Ah, é mesmo? Pois bem, pode procurar entre meus pokémons depositados também. –Ele disse com um sorriso, finalmente recuperando a calma. –Quero ver que tipo de conto de fadas você irá inventar quando ver que nenhum de meus pokémons atende aos critérios do assassino.

–Mas é claro que nenhum dos seus pokémons irá atender aos critérios, mas... Sabe, quando eu estava conduzindo minhas investigações, eu acabei achando uma informação interessante a respeito de uma pessoa que provavelmente todos vocês já devem ter ouvido falar: Fioletovy, filho do antigo campeão regional, Red. Eu ouvi de sua própria mãe que, antes de fugir de casa, o filho rebelde havia levado consigo um Pichu, um Dragonair e, adivinhe só, a carteira de treinador do pai dele, o que o daria acesso a qualquer um dos pokémons que seu pai tinha! –Michael começou a rir após ouvir o que eu disse.

–E agora ainda me vem com essa. O que eu tenho a ver com isso? Por favor, não me diga que você tem alguma teoria bizarra a respeito disso também. Qual é a próxima acusação sem fundamento? Eu sou na verdade o líder da Equipe Lua, e estou por trás de todas as coisas ruins que já aconteceram em Kanto? –Ele disse maliciosamente.

–Não se faça de cínico. Diga-me, “Michael”, você por um acaso não teria um Pichu, Dragonair, ou alguma de suas evoluções com você, teria?

–E se eu tivesse, o que isso provaria? Milhares de pessoas tem esses pokémons.

–De fato, isso sozinho não provaria nada... Mas você não acha muito suspeito quando várias “coincidências” acabam acontecendo com um mesmo indivíduo? Veja bem: você era conhecido de Mary e, de acordo com seu depoimento naquele dia, havia estudado na mesma escola que ela, apesar de seu nome não estar em lugar algum dos arquivos. Fioletovy, o filho desaparecido de Red, estudava na mesma escola de Mary e, não apenas isso, como também ele estava envolvido em uma relação amorosa com ela. Após o Ensino Médio, você voltou para Johto por “motivos de família”. Após o Ensino Médio, o pai de Red morreu e a relação entre Fioletovy e Mary acabou, fazendo com que ambos os fatos o deixassem deprimido o suficiente para fazê-lo fugir de casa e desaparecer de Kanto, levando a identidade de treinador de seu pai... Seu pai que, inclusive, tinha um Espeon muito bem treinado... Ora, veja só, um pokémon psíquico que o daria os meios necessários para executar os assassinatos!

–Acusações sem sentido! –Michael respondeu. –Então você agora está não apenas me acusando de ser o assassino, como também de estar utilizando uma identidade falsa? Hahaha! Acho que você daria um melhor escritor de ficção do que um detetive. Infelizmente, Neil, sem nenhuma evidência para comprovar suas historinhas, elas não passam de conjecturas inúteis.

–E quem disse que não temos nenhuma evidência? –Clara se manifestou. –Se me lembro bem, no dia em que os assassinatos ocorriam, você sempre chegava na hospedaria um pouco tarde, sempre após o horário em que os assassinatos aconteciam. Nós temos tudo anotado no computador da hospedaria. Isso não é no mínimo algo suspeito?

Michael engoliu a seco. Tudo que podia fazer era negar as acusações jogadas a ele.

–Não apenas isso... –Catarine disse. –Você mora em Lavender, fato que explicaria o porquê de Simon ter sido o único a não receber nenhuma ameaça naquela noite em que você tentou me assassinar: você não só já conhecia a moradia de Angelo, Clara e Neil, como também mora na mesma cidade que eles! No caso de Angelo e Clara, vocês vivem exatamente no mesmo edifício. Já Simon mora em Saffron, um local relativamente distante, e você provavelmente não tinha acesso ao endereço dele naquela época.

–Não falem besteiras! Eu não sei nada sobre isso! –Ele estava ficando desesperado, tentando achar alguma saída. Mas nós não podíamos deixá-lo escapar, não agora quando estávamos tão perto.

–Veja bem, senhor Michael, não só há uma grande quantidade de “coincidências” ao seu redor, como também há vários fatores ao seu favor: sendo de dentro da polícia, ficaria muito mais fácil para você saber exatamente como despistá-la e manipular as investigações ao seu favor. Como você trabalha junto comigo, não seria estranho aos olhos de ninguém caso você visitasse a minha casa num dia qualquer e, nesse mesmo dia, roubasse amostras do cabelo de meu pai para incriminá-lo. Você também não tem absolutamente nenhum álibi no dia dos assassinatos e, veja só, você até possui motivos para assassinar Mary, não é mesmo, senhor Michael? Ou melhor dizendo, senhor Fioletovy? –Eu disse, tentando-o encurralar por todos os lados.

–Não, não! Pare de deturpar tudo! Eu sequer tenho a mesma aparência dele! Meus cabelos, meus olhos, meu nome, nada!

–Mas é claro, porque essa identidade que você usa é falsa. Você teve de ficar algum tempo em Johto para conseguir uma identidade falsa para conseguir voltar a Kanto sem levantar suspeitas. Para que os outros não o reconhecessem, você deixou sua barba crescer um pouco, deixou seu cabelo longo e o pintou, e começou a usar lentes de contato escuras, não foi mesmo? Se nesse exato momento nós tentássemos retirá-las de seus olhos, será que não veríamos os mesmos olhos escarlates que Red e seu filho costumavam ter?

–Não! Eu não...

–Se formos investigar o depósito e retirada dos pokémons de Red através do ID dele, o que será que iremos encontrar? Sem dúvidas estarão lá registradas todas as vezes em que um Pokémon fora ou não sacado... Será que se investigarmos sua casa, talvez encontremos a carteira ou as pokébolas contendo os pokémons de seu pai que você usou? –Eu continuei a pressioná-lo cada vez mais. –E se não acharmos nenhum “Michael Solomon” entre os arquivos das escolas de Pallet e Viridian? Me diga, será que tudo isso é também “mera coincidência”?

Eu o observei naquele estado patético no qual ele se encontrava: trêmulo, perdido, desesperado. Eram coincidências demais apontadas a uma única pessoa para serem simplesmente ignoradas. Mesmo que eu não tivesse nenhuma evidência física ali, depois de tudo aquilo ao menos uma investigação contra Michael seria acionada. Era apenas uma questão de tempo até que achassem as evidências que provariam o seu crime. Xeque-mate.

–Vocês não podem provar nada sem evidências. –Ele continuava a falar em negação.

–Até mesmo eu não posso negar que ele tem um caso bem forte contra você. –Edward deu seu julgamento. –Terei de pedir para que você venha comigo até que as investigações a respeito dessas acusações sejam feitas...

–Não! –Ele gritou. –Isso vai contra minha privacidade! Vocês não podem invadir minha casa apenas baseados em acusações absurdas feitas por um bando de crianças que não entendem absolutamente nada!

–Se você é tão inocente quanto afirma ser, então porque está tão nervoso? –Edward o questionou seriamente.

–Qualquer um estaria se fosse acusado injustamente dessa forma! –Sua respiração estava pesada e ofegante. Michael olhava para todos os locais em busca de alguma escapatória.

–Se as acusações são de fato injustas, então as investigações irão provar isso. Então eu repito, porque está tão nervoso?

Repentinamente, como se alguma ideia tivesse passado por sua cabeça, Michael acalmou-se e entregou-se pacificamente. Aquela atitude era extremamente suspeita para alguém que estava a ponto de explodir poucos segundos atrás. Edward algemou-o e o levou em direção a um dos quartos onde os interrogatórios são feitos. Foi então que, assim como eu temia, o pior aconteceu.

Um forte barulho de explosão ecoou por toda a delegacia, seguido pelo grito de um homem. Ligeiramente, todos ali presentes foram até o local da explosão para checar o que havia acontecido. Eu e meus amigos fizemos o mesmo e, ao chegarmos no local, vimos os chocantes destroços do ocorrido: Edward estava caído no chão com sua perna torcida e a parede do local havia sido destruída pelo ataque de um Pokémon. Michael havia desaparecido sem deixar rastros.

–O maldito escapou...! –Edward falou enquanto rangia os dentes, sem conseguir se levantar. –Acionem todas as viaturas e fechem todas as saídas de Saffron! Um suspeito do caso dos assassinatos de Lavender acaba de fugir!

Os policiais começaram a se mover freneticamente. Dezenas de sirenes começaram a soar ao redor da cidade enquanto as saídas para as rotas vizinhas eram fechadas por barricadas. Saffron havia entrado em estado de alerta máximo. O alvo, o verdadeiro assassino fantasma, Michael Solomon, sua verdadeira identidade:Fioletovy.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E assim, entramos no ponto de virada da história. Não foi exatamente como eu imaginei no começo, mas ainda acho que foi satisfatório o suficiente. Eu acelerei bastante a fic para chegar logo nessa parte da história para não alongar muito mais a fic. Tive de cortar algumas coisas e por isso não deu para deixar todas as pistas que eu queria ter deixado, mas desde o começo, o resultado seria esse mesmo. Ainda haverão algumas outras surpresas, então esperem por elas. :P
Ainda tem um bom caminho pela frente mas definitivamente essa é a parte final da história. Se você ainda estiver acompanhando, por favor, deixe um comentário. Até mais!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Pokémon: Ano Sombrio" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.