Pokémon: Ano Sombrio escrita por Linkusu


Capítulo 21
Capítulo 20: Em busca da verdade.


Notas iniciais do capítulo

O final se aproxima... Boa leitura.



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Após ouvir tudo que havia acontecido, finalmente eu consegui compreender um pouco melhor ao meu pai e conseguirmos pôr nossas diferenças de lado. Eu, ele e Vivi passamos aquela tarde juntos como uma verdadeira família... Ou quase isso. De noite, um pouco após o jantar, eu fui levado pela minha curiosidade e tive de fazer uma pergunta ao meu pai.


-Como você e Mary se conheceram? – Era uma pergunta simples, mas que talvez me ajudasse a compreender melhor a mulher que foi o ponto de partida para todos os incidentes que começaram a ocorrer em Lavender. Se eu pudesse compreender seu passado, talvez eu conseguisse um melhor insight no caso dos assassinatos.

-Papai já me contou essa história! – Vivi disse sorridentemente. – Foi num desafio de ginásio.

-Haha, isso mesmo... Foi um pouco depois de eu me mudar de Unova para Kanto. Naquela época eu ainda morava em Saffron, num apartamento perto do ginásio. Já faziam 2 meses desde que eu havia me tornado um líder, mas mesmo assim eu já havia recebido o infame título de “indestrutível muralha psíquica”. Vejam bem, quando você assume a responsabilidade de cuidar de um ginásio, existem certas instruções que os superiores da liga lhe impõe: apenas usar pokémons do tipo do seu ginásio, não poder trocar de Pokémon no meio da batalha e usar um time em leveis adequados para a sua localidade. Essas são limitações impostas propositalmente sobre os líderes de ginásio para oferecer uma chance de vitória aos desafiantes, afinal de contas, a maioria dos treinadores que começam uma jornada rumo à liga Pokémon são ainda iniciantes que precisam de um desafio moderado a cada ginásio para melhorarem suas habilidades. Caso todos os líderes lutassem com tudo que eles tem, a liga Pokémon não teria nem 20% dos participantes que ela possui atualmente, haha.

-Mas e quanto aos treinadores mais experientes, como desafiantes de outras regiões? – Eu perguntei. Na verdade, saber como funcionam essas coisas da liga sempre foi um dos meus interesses, e agora seria uma boa oportunidade para descobrir.

-Esses são casos especiais. Caso o treinador seja um veterano, os líderes tem permissão para usarem seus times mais experientes e lutarem a sério. Sob quaisquer outras circunstâncias eles devem obedecer às limitações, e esse era o meu caso como líder do ginásio de Saffron. Ainda assim, como Saffron é teoricamente uma localidade que só deve ser desafiada por treinadores razoavelmente experientes, eu possuía certa liberdade para pegar pesado com meus adversários... E sendo uma pessoa bem experiente, bem, digamos que eu acabava pegando pesado até demais, haha. Hoje em dia eu entendo a importância de comedir minhas habilidades na hora de uma batalha, mas naquela época eu estava com tanta raiva das coisas que haviam acontecido que eu acabava descontando isso em meus adversários... Foi então que, um dia, uma treinadora chegou ao meu ginásio e me desafiou para uma batalha de 6 contra 6, sem limitações para nenhum dos lados. Normalmente eu imaginaria que se tratava de uma treinadora veterana, mas... Ela possuía apenas 6 insígnias da região de Kanto e estava me desafiando como o sétimo. Ela não tinha nenhum histórico em outras regiões, aquela era sua primeira jornada, se tratava de uma treinadora “iniciante”. Ainda assim, mesmo tendo ouvido falar de minha fama, ela decidiu me desafiar para uma batalha completa e sem limitações. Aquilo me deixou um pouco confuso, me perguntei se ela era apenas uma convencida.

-E essa “convencida” é a mulher que você viria a se casar? – Eu perguntei.

-Hahaha, exatamente, apesar de na época eu não ter imaginado que isso aconteceria nem em mil anos. Eu realmente achava que depois de sua mãe, eu nunca mais me apaixonaria por outra mulher... Mas havia algo diferente nessa treinadora. Eu aceitei seu desafio e cada um de nós batalhou com tudo que tínhamos. É claro, me refiro ao meu melhor time do tipo psíquico apenas, pois mesmo em uma batalha “all-out” o líder só pode usar pokémons do seu respectivo tipo. Mas mesmo assim, qualquer treinador iniciante normal não deveria ter a menor chance contra um líder dando tudo de si e livre das limitações impostas pela liga. Entretanto, aquela garota não era apenas uma treinadora convencida. Ela era um verdadeiro prodígio. Sua conexão com seus pokémons era incrível... Quando eu batalhei contra ela, eu senti a adrenalina correr em meu sangue como eu não sentia há muito tempo.


Enquanto eu o ouvia falar intensamente sobre sua história, algumas dúvidas começavam a surgir na minha mente... Se ela era de fato uma treinadora tão excelente quanto ele está dizendo... Então como o assassino de Lavender conseguiu matá-la tão facilmente? Não faz sentido uma pessoa de habilidades tão formidáveis ser morta tão facilmente sem ao menos resistir. A não ser que...


-...Ao final da batalha, ambos estávamos com apenas um Pokémon restante em cada lado. Holmes, meu Metagross, era meu ultimo Pokémon restante, e do lado dela, seu Pokémon inicial, um muito bem treinador Venusaur que já havia nocauteado um de meus pokémons anteriormente com um de seus poderosos golpes de grama. Desta vez, porém, a vantagem parecia estar do meu lado: golpes de grama não são efetivos contra pokémons metálicos, e sendo metade grama e metade venenoso, os golpes psíquicos de Metagross seriam super efetivos, o que significava que em um único ataque eu poderia terminar aquela partida. E foi isso que eu ordenei, fazendo Holmes usar uma Cabeçada Zen (*Zen Headbutt) para terminar aquela partida... Entretanto, eu estava tão absorvido no calor do momento que não havia sequer passado pela minha cabeça a possibilidade do Venusaur dela saber um ataque de outro tipo para lidar com adversários cujo qual ele tem desvantagem. Dito e feito, aproveitando sua velocidade superiora, ele terminou a batalha usando o golpe Terremoto. Aquela havia sido a minha primeira derrota como um líder de ginásio... Não apenas isso, como também havia sido a primeira batalha a sério que eu havia perdido há mais de 5 anos. Depois daquilo, eu comecei a acompanhar a jornada daquela formidável treinadora de perto. Seu nome era Mary Legrand, uma moradora da pequena cidade de Pallet. Ela venceu a conferência da liga daquele ano e desafiou a elite 4 e o campeão, cujo qual, infelizmente, ela perdeu no final. Porém, seu desempenho havia sido tão impressionante, principalmente para uma iniciante, que os superiores na liga a ofereceram uma oportunidade de participar da batalha da fronteira, cujo qual ela recusou na época dizendo que, primeiro, gostaria de ganhar mais experiência com seus pokémons e explorar outros locais antes de partir para um outro grande desafio... E foi nessa época que eu e ela começamos a nos conhecer melhor, quando eu a chamei para um jantar em comemoração ao grande desempenho dela.

-E a partir daí, o resto é história, não é mesmo? – Eu disse.

-Exato. – Ele soltou uma breve risada. – O tempo se passou, nós nos casamos e tivemos Vivi. Como queríamos que Vivi crescesse em um local um pouco mais “natural” e aberto, decidimos nos mudar para Lavender já que ficava perto do meu ginásio e era um local mais pacato, e aqui estamos hoje, nessa mesma casa. Infelizmente, a mulher que fez tudo isso acontecer não está mais entre nós... – Sua expressão mudou para uma de melancolia. Lembrar-se do que aconteceu no começo do ano com a mulher que ele amou deve ser incrivelmente doloroso para ele. – Eu realmente queria que você a tivesse conhecido, Neil. Eu acho que vocês dois se dariam bem...

-Talvez... – Respondi sinceramente.

-Olha só o que eu trouxe! – Vivi, que havia saído da sala para buscar alguma coisa no meio da história, havia voltado para a sala com um grande álbum de fotografias.

-Oh, o álbum de fotografias, haha, eu quase havia me esquecido disso. Quer dar uma olhada, Neil?

-Porque não?


Concordando com a ideia, nós começamos a ver várias fotos com Mary: de sua adolescência, infância, em sua fase adulta com sua família, seus amigos, etc... Enquanto estávamos passando pelo álbum de imagens, uma foto em particular me chamou a atenção. Não havia nada de errado ou fora do usual com ela, mas... Havia uma pessoa que eu reconhecia vagamente naquela imagem. Um adolescente de cabelos castanhos, usando um uniforme escolar, ao lado de Mary.


-Eu conheço esse garoto de algum lugar... – Eu falei bem baixinho enquanto observava a foto, mas minha memória não estava cooperando comigo. Onde foi que eu vi esse garoto antes? Levando em conta que tanto ele quanto Mary são adolescentes nessa imagem, então hoje em dia ele já deve ser um adulto.

-Oh, esse aqui? Não estou surpreso de você reconhecer ele... Se não me engano, você é um grande fã do Red, não é? – Meu pai falou, notando meu interesse anormal naquela foto.

-Sim, mas esse definitivamente não é o Red. Ele deveria estar mais velho se esse fosse o caso.

-É porque ele não é. Esse é Fioletovy, filho único de Red. Ele e Mary estudaram juntos no colegial.

-O que? – Eu falei bastante surpreso. Então aquele era realmente o filho de Red?!

-Se não me engano, esse foi o último ano dele na escola. Ele desapareceu repentinamente e até hoje ninguém sabe do paradeiro dele. Dizem que ele não aguentou a pressão e expectativas de ser o filho de um dos mais famosos treinadores do mundo e decidiu fugir.

- Me pergunto o que aconteceu com ele depois de todo esse tempo... – Eu ponderei.

-Provavelmente nunca saberemos.


Olhamos o resto do álbum de fotografias juntos e fomos dormir logo em seguida... No final das contas, eu não consegui nenhum insight miraculoso para conseguir resolver o mistério, mas ao menos eu pude obter um melhor entendimento do tipo de pessoa que Mary era e o tipo de pessoa que o criminoso deveria ser para conseguir abater uma mulher como ela...

O resto de Maio passou pacificamente, dando lugar ao mês de Junho. Apenas ao me lembrar daquele mês infernal eu já tenho arrepios. Este foi o gatilho para os eventos que se sucederiam a uma velocidade alarmante, como uma fila de dominós sendo derrubada após a caída de uma de suas peças.

-Essa cidade fede como um matadouro. Andar por aqui é como pisar sobre uma pilha de cadáveres...

Este "simpático" cidadão era Gravy, um obeso detetive particular que estava interessado em fazer um nome para si utilizando o caso do assassino de Lavender como um degrau em direção à fama. Ele ofereceu os seus serviços à polícia de Saffron de graça, sob a justificativa de apenas estar interessado na “busca pela verdade”. A única verdade sobre ele, entretanto, é que não passava de um canastrão querendo os holofotes para si, mas a polícia estava aceitando a ajuda de quem pudesse. Eles obviamente tentaram contatar detetives de maior envergadura como Holstein e “Dr. Null”, mas alguns simplesmente não estavam interessados pelo caso, julgando-o como mais um mito urbano de Lavender, enquanto outros estavam ocupados com “casos mais importantes”.

Nessa situação, palhaços como Gravy acabam achando a oportunidade de querer se exibir. Apenas de lembrar as vezes em que ele tentou imitar os feitos de grandes detetives fictícios, me dá vontade de esconder minha cabeça debaixo de uma mesa.

-Hehe, então senhor Edward Wolfgang, como foi a sua “escapadinha” com a oficial Jane?

-Com licença?

-Hehe, eu notei pelos joelhos dela estarem sujos, o que significa que ela se “ajoelhou” para fazer alguma coisa... E vocês saíram da sala ao mesmo tempo, então é apenas uma questão de lógica deduzir o que aconteceu sob essas 4 paredes. – Ele falou arrogantemente, orgulhoso de suas “incríveis” capacidades de dedução como um detetive.

-Na verdade, a oficial Jane se ajoelhou para pegar os arquivos do caso do assassino fantasma e entrega-los a você, e eu estava na sala porque lá é onde fica meu escritório... – Edward respondeu indiferentemente ao detetive, derrubando completamente as suas teses.

-Ah... Entendi. A-apenas um detalhe que esqueci de levar em consideração. Perdão.

E essa não chega nem perto de ser a mais constrangedora das “soberbas análises” dele, que mais estão para histórias mirabolantes inventadas a partir de detalhes irrelevantes. Aliás, se há uma palavra adequada para descrevê-lo, seria completamente irrelevante. Suas teorias, suas contribuições para o caso, sua atenção excessiva à coisas que não tem nenhum significado em particular, seus trajes maltrapilhos e cigarros baratos de má qualidade... Tudo nele é completamente dispensável. E para piorar, eu e Michael fomos postos para trabalhar junto com esse cara. Michael, porém, não parecia se importar tanto. Na verdade, ele parecia se divertir a beça com as mancadas do detetive. Eu, por outro lado, só conseguia ficar constrangido.

-HAHAHAHAHA! Já ouviu a ultima, Neil? De acordo com nosso genial detetive, o caso do assassino fantasma está “por um fio”! E o principal suspeito é... A dona Vernildes, a “maquiavélica idosa” que finge sua senilidade enquanto na verdade, por de trás dos panos, é um verdadeiro gênio do crime que orquestrou todos os assassinatos, inclusive os que não foram parar na TV!

-Isso é ridículo. Ela sequer tem pokémons para cometer os crimes.

-Ah, sabe o que ele disse quanto a isso? “Ela é uma usuária psíquica! Fazendo todos pensarem que os assassinatos eram executados por pokémons quando, na verdade, se tratava de um humano paranormal! Genial, mas nada que um detetive de primeira classe como eu não consiga deduzir. Seus dias estão contados, velha psicopata!”, ele falou enquanto ficava escondido atrás do muro observando a velha discutindo com a porta dela. HAHAHAHAHA!

-Isso não é engraçado, Michael. Ok, talvez um pouco, mas é mais estúpido do que qualquer outra coisa. Eu não acredito que eu tenho que perder meu tempo sendo assistente desse palhaço. Ele só serve para acabar cada vez mais com a reputação dos oficiais da polícia de Saffron que realmente levam o caso a sério.

-Hahaha, mas de certa forma ele também leva o caso a sério, do seu próprio jeitinho especial, extravagante e egocêntrico. E no final das contas, é mais divertido acompanhar as próximas bolas fora dele do que ficar sem fazer nada na delegacia, não é mesmo?

-Eu preferiria que simplesmente nos liberassem já que eles não tem nenhum trabalho decente pra oferecer.

-Ah! Bom ponto. Mas quem sabe algum dia ele realmente não acabe oferecendo alguma coisa boa ao caso? Milagres acontecem.

-Eu acho muito difícil chegar a qualquer lugar enquanto ele continuar a investigar uma velha senil discutindo com as mobílias dela...

Ironicamente, no final das contas, o detetive Gravy de fato foi mais útil ao caso do que eu jamais poderia imaginar... Apenas não da maneira que eu esperava.

-Às 19 horas dessa noite, o corpo do detetive Gravy Bhurley, de 32 anos, foi encontrado às margens do rio da Rota 12. De acordo com a autópsia realizada pela polícia, a causa da morte foi a parada súbita de seus órgãos internos, o que corresponde aos métodos do assassino fantasma de Lavender... Dessa vez, entretanto, a polícia conseguiu encontrar fios de cabelo pertencentes à outra pessoa entre os dedos da vítima, o que sugere que ele tenha resistido ao agressor antes de ser morto. A polícia está atualmente conduzindo testes para...

Um deslize. Não, isso poderia ser quase chamado de um milagre. Essa era a pequena brecha pela qual todos nós estávamos procurando para finalmente descobrir a identidade do assassino. Como uma ironia do destino, a pessoa mais incompetente a se envolver com esse caso acabou sendo a que conseguiu a evidência mais valiosa. Se os testes conseguirem determinar a quem pertence aqueles fios de cabelo, o caso estará terminado. Finalmente, tudo voltaria ao normal quando aquilo acontecesse, agora, era apenas uma questão de tempo... Certo?

Heh... Mas algo me dizia que aquele caso ainda estava longe de acabar... Até que, no dia seguinte, ouvimos sirenes do lado de fora de nossa casa, junto com a voz de um oficial ao arrombar a porta de entrada com uma pistola em suas mãos e Arcanines furiosos rugindo ao seu lado, prontos para atacar.

-James L. Vonruchi, saia do recinto com as mãos para cima! Você está preso sob suspeitas de assassinato!

O resultado que eu mais temia se solidificou bem em minha frente. O caso do assassino fantasma chegava ao seu desfecho... Mas eu me recusava a aceitar o resultado. Para mim, a verdadeira busca pela verdade começava agora, assim como as consequências acarretadas por ela...


Continua...


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Notas finais do capítulo

Capítulo 21: A cidade onde os ventos do começo sopram.
Em breve.



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