Pokémon: Ano Sombrio escrita por Linkusu


Capítulo 10
Capítulo 10: O assassino fantasma.




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                Sexta-feira, dia 5 de fevereiro, intervalo do colégio. Angelo, Clara, Simon, a garota ruiva e eu estamos na cobertura do colégio como havíamos combinado previamente. Eu acabei dormindo em todas as aulas devido ao fato de ter permanecido acordado a noite toda. Depois daquele acontecimento, seria difícil para qualquer um conseguir dormir. Curiosamente, Clara e Angelo pareciam tão perturbados quanto eu. Simon por sua vez estava um pouco mais calmo que o resto de nós. Quanto à garota ruiva, eu não tenho certeza. Geralmente sou bom em observar as pessoas e descobrir o que elas estão sentindo, mas no caso dessa garota era diferente, ela era uma incógnita para mim.

                -Antes de começarmos nossa reunião, eu e Clara temos algo importante pra falar... Nós dois recebemos uma ameaça do assassino ontem.

                Inacreditável. Então eu não fui o único. Angelo e Clara também receberam a mesma “visita” que me foi feita ontem.

                -Foi aterrorizante... Quando nós dormimos, foi como se tivéssemos compartilhado o mesmo sonho, e ele estava lá conosco. Revimos coisas que preferiríamos ter esquecido, seguidas por imagens perturbadoras de um futuro que eu realmente espero que não se concretize... – Angelo suspirou antes de continuar a história. – Mas por algum motivo, ele decidiu nos deixar vivos. “Não há motivos para matar vocês e me arriscar mais... Ainda. Mas que fique claro que, caso você e seus amigos contem sobre o que aconteceu para qualquer um e tentem se envolver nesse caso, eu irei mata-los um após o outro”, ele me disse. Essas palavras ficaram encravadas na minha cabeça desde então...

                -A mesma coisa aconteceu comigo nessa madrugada. Eu tive um sonho assim como vocês, e logo em seguida acordei e notei que meu notebook estava ligado, sendo que tenho certeza que eu havia o deixado desligado, e dentro dele havia um documento afirmando que ele de fato esteve ali naquela noite. Também percebi que minha janela estava aberta, sendo que eu com certeza havia trancado ela antes de dormir, então ele sem dúvidas esteve dentro do meu quarto. Mas... Mesmo tendo tido a oportunidade, ele também não me matou.

                -Talvez ele queira que o caso seja esquecido? Talvez a Catarine fosse ser a última vítima... – Clara disse com os braços cruzados, encolhida contra a parede, tentando encontrar uma justificativa otimista para os atos do assassino.

                -Não, se ele quisesse nos matar, teria feito isso sem hesitar, e se ele quisesse que esse caso tivesse sido esquecido, teria parado com as vítimas de segunda-feira. Estamos falando de uma pessoa que age a sangue frio e não tem nenhuma consideração pela vida dos outros. Ele provavelmente não nos matou apenas porque estava certo de que não havíamos visto a identidade dele e porque não lhe era conveniente... Para falar a verdade, talvez ele tenha dado o aviso apenas como uma forma de se divertir às nossas custas e nos deixar assustados... – Eu afirmei com bastante certeza. Posso não saber quem ele é, mas baseado na conversa que tivemos em meu “sonho”, tenho uma ideia do tipo de pessoa que ele pode ser.

                -Uau... Se ele tivesse dado um aviso desses pra mim, eu acho que eu nem teria saído de casa hoje.

                -Huh?! Então quer dizer que ele não te visitou ontem à noite, Simon? – Angelo exclamou.

                -Não... A única coisa assustadora que aconteceu comigo foi chegar em casa e levar uma das maiores broncas da minha vida.

                -Estranho... Se ele quisesse realmente que todos os que o viram à noite ficassem fora do caso, ele deveria ter dado o aviso a você também... – Comecei ponderar o porquê de Simon ter sido o único “ignorado”. – As únicas possibilidades que consigo pensar para ele ter lhe deixado de fora seriam, 1: o fato de você ser o filho do chefe do departamento de polícia, o que pode tê-lo deixado amedrontado com a possibilidade de ser pego quando se aproximasse de sua casa. 2: como você é o único que não mora em Lavender, talvez ele não tenha conseguido lhe encontrar, ou 3: talvez ele não tenha conseguido te identificar, já que você o atacou de longe. Todas as opções são plausíveis... – Ou então o assassino é um dos parentes de Simon. Mas não é bom ficar levantando suspeitas a toa sem ter nenhuma prova concreta, muito menos na família de alguém que é parte do “time”, então por hora prefiro não me preocupar com essa possibilidade. E como ele disse que os pais já estavam em casa quando ele chegou, isso seria o suficiente para deixa-los fora da lista de suspeitos já que seria impossível para um humano estar em Saffron e ir nos ameaçar em Lavender Town ao mesmo tempo.

                -Hum... Eu não quero interromper, mas... – a garota de cabelo ruivo, Catarine, se pronunciou pela primeira vez. Sua voz continha um tom calmo e suave, até demais para alguém que esteve à beira da morte há poucas horas atrás. – não temos muito tempo de intervalo, então se formos falar apenas de hipóteses o tempo todo ao invés de discutir o que sabemos, não vamos fazer muito progresso... – Ela tem razão. Agora não é hora para formular teorias, precisamos fazer perguntas e ver tudo o que sabemos até agora sobre o caso.

                -Em primeiro lugar, Catarine, você recebeu algum aviso? – Angelo perguntou, preocupado.

                -Se ele tivesse me encontrado, creio que teria terminado o serviço ao invés de simplesmente me dar um aviso, não é? Foi por minha causa que vocês foram envolvidos em primeiro lugar...

                -Er... Eu não considerei isso. – Angelo dava um riso sem graça enquanto colocava sua mão esquerda atrás da cabeça.

                -Então ele provavelmente não viu que vocês a esconderam na pousada, ou simplesmente decidiu que era muito arriscado cometer um assassinato num local onde muitas pessoas poderiam testemunhar o ato... – Vamos ver... Levando em conta que Angelo e Clara tenham demorado cerca de 10 minutos para deixa-la na pousada, e mais alguns minutos para irem para a casa deles, então eles teriam chegado em casa mais ou menos às 1:40 da madrugada, um pouco depois de eu chegar na minha. Simon deve ter chegado na casa dele um pouco mais tarde que isso considerando a distância maior que ele teve de percorrer. 1:45 aproximadamente... Levando os horários em conta, de fato o assassino só teria tempo de perseguir alguns de nós, o que deixaria Simon e Catarine de fora.

                -De qualquer forma, você tem alguma ideia do porquê de ele ter ido atrás de você, além do seu parentesco com sua irmã? – Simon perguntou-a diretamente. Ela ficou em silêncio por alguns segundos, olhando para o chão melancolicamente com seus olhos castanhos.

                -Eu o atraí propositalmente. Ele não me escolheu por mera coincidência.

                -Hã? Como assim?

                -Eu espalhei um rumor falso em Lavender... Um rumor de que eu talvez soubesse a verdadeira identidade do assassino. É fácil começar rumores como esse numa cidade pequena. Eu também comecei a andar de noite pela cidade em busca dele, na esperança de encontra-lo... Mas no final das contas, foi ele quem me encontrou.

                -Estava querendo cometer suicídio?! Mesmo que você tivesse o encontrado primeiro, e aí?! Estamos falando de uma pessoa altamente perigosa com pokémons muito bem treinados, você teria sido esmagada mesmo se tivesse o enfrentado numa batalha justa! – Eu falei, talvez com mais raiva pela falta de senso de estratégia dela do que por preocupação por aquela pessoa que eu não conhecia e, consequentemente, não me importava muito. Ela apenas me olhou com aqueles olhos frios, sem esboçar nenhuma reação, o que me deixou surpreso. Eu conhecia aqueles olhos. Eram os olhos de alguém que não se importava com a própria vida.

                -Você superestima sua inteligência. – Ela passou suas mãos sobre seus cabelos lisos, que se esvoaçaram pelo ar. – Eu não sei que tipo de imagem você tem de mim, mas eu tenho plena consciência de tudo que você acabou de me dizer, e eu fiz tudo sabendo das consequências. Eu não lancei um desafio ao assassino movida por uma falsa esperança de permanecer viva... Eu agi sabendo que, provavelmente, iria morrer. Mas isso não importava para mim, sabe por quê? Porque aquilo que me motivava era a esperança, por menor que fosse, de tirar a vida dele mesmo que tivesse de pagar com a minha. Meu maior desejo não é vê-lo atrás das grades, e sim apodrecendo debaixo da terra. Quando eu perdi minha irmã, eu não perdi apenas um parente, eu perdi minha única razão para viver. O desgraçado tirou a única coisa que ainda me restava na vida. Se você quiser, pode continuar me achando uma burra ou idiota. Eu nunca vivi em busca da aprovação dos outros mesmo, e não espero que você entenda o tipo de coisas pelas quais eu tive que passar... – O sentimento de completa solidão... De ter tudo aquilo que você mais se importa sendo retirado de você bruscamente. Talvez eu pudesse dizer que conhecia um pouco daquilo, mas seria hipocrisia dizer que passei pelas mesmas experiências...

                -Mesmo que você diga isso, pretende realmente jogar sua vida no lixo? Você acha que sua irmã aprovaria essa atitude autodestrutiva? – Eu a confrontava enquanto os outros assistiam à nossa conversa um pouco preocupados com o rumo que ela estava tomando.

                -Não, ela não aprovaria, e é esse o problema, garoto. Ela não está mais aqui para reprovar...

                -Você se julga infeliz, mas ao mesmo tempo desconsidera que você não é a única nesse mundo com problemas. Parece que não sou eu que sofro de complexo de superioridade. – Eu suspirei, tentando me conter, enquanto rebatia a sua primeira resposta. – Se você quiser encará-lo frente a frente num duelo desesperado, continue. No final das contas, você será apenas mais um troféu brilhante na estante dele, assim como sua irmã é.

                -Repita o que você disse sobre ela...! – Pela primeira vez ela esboçou algum tipo de reação, dirigindo seus olhos furiosos em minha direção.

                -Perfeito, esse é o tipo de olhar que você deve ter. Não se esqueça desse sentimento e use essa determinação, pois se você morrer, é exatamente isso que sua existência terá sido: nada mais do que um pequeno empecilho no caminho dele, ao qual ele irá pisar e eventualmente se esquecer. Se você quiser fazê-lo lembrar e verdadeiramente se arrepender por ter assassinado sua irmã, então lute de igual para igual ao invés de se debater irracionalmente. Se você realmente quiser fazer jus à memória dela, então viva e tenha certeza de marcar sua existência para sempre na memória dele. – Catarine desviou o olhar e não me deu nenhuma resposta, mas eu tenho certeza que ela entendeu a mensagem. Os outros tentaram desfazer a atmosfera conflituosa que havia se instaurado ali.

                -Vamos, acalmem-se. Não podemos deixar que esse cara acabe conosco por meio de conflitos internos. Se nós quisermos pegá-lo, vamos ter que trabalhar como uma equipe, então... – Angelo falou tentando acamar a situação até ser interrompido por Simon.

                -Pegá-lo?! Você pretende mesmo continuar seguindo esse cara?

                -É, vocês estão loucos? Não é que eu não me importe com o que esteja acontecendo, mas eu não quero morrer. – Clara falava com a voz trêmula enquanto olhava para os lados, com a paranoia de que a qualquer momento o assassino pudesse aparecer. – Isso é perigoso, é um caso que até a polícia está tendo dificuldades em resolver! Não há nada que possamos fazer, isso está fora do nosso nível!

                -Mas no passado, foram pessoas normais exatamente como nós que acabaram salvando seus continentes, não foram?– Eu me pronunciei. – Red em Kanto, Ethan em Johto, May e Brendan em Hoenn, Dawn em Sinnoh, e Hilbert e Hilda em Unova. Eles também eram pessoas comuns, mas se tivessem permanecido indiferentes aos problemas que os cercavam, então o que teria acontecido? Poderíamos sequer estar aqui falando nesse exato momento.

                -Eu sei, eu sei... Mas cara, nós não somos treinadores excepcionais! Nossos tempos também são muito diferentes... Eu queria poder ajudar, mas eu tenho medo. Eu devo estar soando como um covarde... Mas estou fora. – Simon falava com uma expressão de culpa em seu rosto, como se pedisse perdão. Eu não podia culpa-lo e, para falar a verdade, ele já foi de grande ajuda.

                -Tudo bem, eu já sou agradecido a você. – Eu coloquei minha mão sobre seu ombro, dando um sorriso para acalmá-lo. – Se você não quiser se envolver ninguém te obrigará. Agradeço por ter me ajudado até aqui.

                -Obrigado.

                -E se alguém aqui estiver fazendo isso por se sentir obrigado, então esse time não funcionará. Eu tenho minhas razões para estar me envolvendo em tudo isso. Há coisas que eu preciso confirmar e muitas perguntas que me intrigam... Mas para aqueles que preferem ficar de fora, podem se pronunciar agora.

                -Bom... Eu também sinto muito, mas não vou me envolver. – Clara foi a próxima a desistir. Agora, éramos só 3...

                -Eu não tenho nada a perder. Já estou na mira dele de qualquer forma. – Catarine confirmou sua presença no time. Só faltava agora a decisão de Angelo, que parecia em dúvida.

                -Eu não sei o que fazer, eu também não quero me envolver em perigo, mas não quero deixar vocês na mão. Droga, se vocês morrerem porque eu decidi ficar fora, eu vou me sentir muito culpado.

                -Se você não quiser, tudo bem. Se acabarmos morrendo, terá sido culpa nossa. Vocês não terão nada a ver com isso.

                Ele se virou para o lado oposto de onde eu estava e permaneceu calado enquanto olhava para o céu como se estivesse pensando. O vento daquele dia frio batia em nossos rostos e o único som que podia ser ouvido era o de pessoas conversando nos andares de baixo e o celular de Clara, que estava ligado numa rádio. Eu havia pedido a ela para que fizesse isso logo quando havíamos subido, para ficarmos sabendo caso alguma notícia importante sobre o caso fosse exibida.

                -Me dê mais um tempo para pensar. – Angelo se virou e falou enquanto olhava diretamente em meus olhos. – Por favor...

                -Tudo bem, mas lembre-se, você não precisa se unir a nós se não quiser... – Foi então que a conversa foi cortada por Catarine, que teve sua atenção roubada pelo rádio.

                -Eles vão falar sobre o caso do assassino de Lavender! – Ela exclamou, chamando a atenção de todos nós para o rádio.

                “[...]uma vítima foi identificada na rota 10, perto da entrada do Rock Tunnel. Luiz White, senhor de 69 anos, morava em Lavender Town e de acordo com a autópsia, morreu às meia noite e meia da madrugada de Sexta-Feira. Suspeita-se que esse tenha sido mais um trabalho do assassino que está agindo em Lavender Town, visto que nenhuma evidência foi deixada no local e nenhum ferimento foi encontrado no corpo da vítima, o que confere com o modus operandi do assassino. O caso do ‘assassino fantasma de Lavender’, como algumas autoridades estão se referindo a onda de assassinatos, vem ganhando notoriedade pelo seu...”

                Minha boca ficou sem palavras, e minha mente, atordoada. Sequer consegui ouvir ao resto do noticiário. Não era o fato de Luiz ter sido assassinado que me impressionava, era outro detalhe. O horário do assassinato havia sido o mesmo de quando confrontamos o assassino naquela mesma noite, sendo que o local onde o corpo foi encontrado estava na rota que fica do outro lado de Lavender. Em suma, era como se ele tivesse tentado cometer 2 assassinatos em 2 lugares ao mesmo tempo. Aquele crime por si só era um paradoxo, mas ninguém além de nós que estávamos no terraço do colégio sabia disso.

                Não pronunciamos uma palavra sequer após isso, mas eu podia ver o olhar de confusão e medo na face de todos enquanto o amargo vento da manhã banhava seus rostos. Nós havíamos acabado de presenciar uma impossibilidade. Não apenas isso, ainda naquele dia nossos sonhos foram invadidos. “Quem diabos é essa pessoa”?! Foi nesse momento que aquilo que eu mais queria negar até agora pipocou em minha cabeça: e se isso com o qual nós estamos lidando... não for humano?

...

..

.

Interlúdio: Debaixo da Lua.

                Quantas vezes ele já havia feito essa mesma ação sabendo que, no final das contas, todos os seus esforços serão em vão? Ele não sabia. Quantas vezes ainda passaria por tudo aquilo, de novo e de novo, buscando por uma felicidade que ele sequer sabe se existe? Ele já não ligava. Para aquele homem sendo banhado pela fria luz da lua, tudo que o restava era seu ideal. E para isso, ele matava. Não poderia parar, não agora. Não quando já havia chegado tão longe. Ele já havia decidido que, daquela vez, as coisas seriam diferentes. Sua luta não seria em vão. Mesmo que ele tivesse de nadar contra a maré do destino, mesmo que todo o universo conspirasse contra seus planos, ele terminaria como vencedor. Porque apenas ele pode alcançar o destino escondido atrás das cortinas de ferro.

                -Eu vim, assim como você me pediu.

                Outro homem, usando uma jaqueta familiar, anunciava sua chegada para aquela misteriosa figura. Seu relógio já marcava além da meia-noite naquele momento. “Bem na hora”, ele pensou. Tudo estava indo exatamente como ele havia previsto em seu plano.

                -Ótimo. Há algo que eu gostaria de falar com você, James Vonruchi.

                O homem de jaqueta mudou seu olhar ao ouvir seu nome sendo pronunciado pela boca daquele estranho. Tomando uma atitude cautelosa, ele se aproximou daquela figura que nunca havia visto antes.

                -Você é o homem ao qual o velho se referia quando falou comigo?

                -Talvez. Depende de qual velho nós estamos falando.

                -Não se faça de idiota. Você sabe de que velho estou falando – James não deixava espaço para perda de tempo. Se necessário, iria roubar as palavras da boca da boca daquele homem mesmo que tivesse de recorrer à força. O homem misterioso, em resposta, apenas soltou uma curta risada seca.

                -Não há porque ficar tão agressivo. Nós dois estamos lutando por nossas convicções no momento, então não há necessidade de lutarmos enquanto nossos ideais não entrarem em conflito.

                -Humf. Quem você é e para que você me chamou até aqui?

                -Hmm... Eu não posso simplesmente lhe dar minha identidade dessa forma.

                -Então você pode saber meu nome, mas eu não posso saber o seu? Um pouco injusto, não acha?

                -Ora, ora, não leve para o lado pessoal. Eu apenas não posso deixar tudo a perder agora.

                Analisando aquele homem com quem ele falava, James podia sentir que ele realmente não o deixaria descobrir sua identidade de maneira alguma. Seu rosto estava coberto por um pano, e seus óculos de lentes vermelhas escondiam seus olhos e seu cabelo estava coberto por um chapéu Fedora preto. Não apenas isso, aquele homem era tão excessivamente precavido que até mesmo sua entonação e maneira de falar não eram, provavelmente, aquelas que ele usava normalmente.

                -Ah, mas você pode me chamar de “Fantasma”.

                James ficou em silêncio por alguns segundos após ouvir aquele nome.

                -É um nome bastante sugestivo, não acha?

                -Talvez, mas não é isso que eu vim discutir. Eu desejo cooperar com você, James.

                -Huh? Cooperar?

                -Não precisa esconder, eu sei o que você anda fazendo essas madrugadas. E é por isso mesmo que eu quero ajudar.

                Aquilo tudo era muito suspeito. Ele não queria acreditar em alguém que sequer está disposto a dar o seu nome, mas era verdade que, caso ele obtivesse ajuda, seria muito mais fácil cumprir seu objetivo.

                -Vejo que você está em dúvida. Eu não o culpo, minha proposta foi de fato muito súbita... – O “Fantasma” parou para pensar por um momento e, alguns segundos depois, voltou a falar. – Tudo bem, acho que não há problema então. Para mostrar que você pode confiar em mim, vou dividir uma informação interessante que eu consegui.

                James olhou com desconfiança o Fantasma. Que informação seria essa ao qual ele se refere?

                -Daqui a um mês, dia 4 de março para ser mais preciso, haverá uma exposição especial no museu de Pewter. Nessa exposição, digamos que... Coisas interessantes estão fadadas a acontecer. Talvez você encontre aquilo que está procurando se você for lá.

                -Como posso saber se isso não é uma armadilha?

                -Bom, um museu não é exatamente um local muito apropriado para uma armadilha, não é mesmo? Pessoas demais, sem contar o número de seguranças. Se você ainda assim decidir não ir, tudo bem. Eu apenas não asseguro o bem-estar de Neil nesse caso...

                Ao ouvir o nome de seu filho sendo citado na conversa, a expressão de James mudou completamente. Não era uma expressão de raiva ou surpresa. Era algo completamente diferente. Seu olhar emitia um intuito assassino inigualável. Fantasma, que até agora estava no controle da situação, não pôde evitar sentir arrepios e recuar um pouco. Mesmo já estando preparado por aquele tipo de reação, ele jamais imaginaria que seria tão forte. “Então esse é o poder da máquina de matar que sobreviveu a todos aqueles conflitos...?”.

                -Se você ousar sequer chegar perto do meu filho... Sou eu quem não vai poder assegurar a sua vida.

                -Hehe, não há porque me dizer isso, nunca foi minha intenção fazer algum mal a ele. Eu apenas não posso dizer o mesmo deles. As pessoas que vão estar presentes na exposição são extremamente perigosas. Uma pessoa em particular talvez seja forte demais até mesmo para você. O aviso está dado. Cabe a você decidir o que fazer agora, James Vonruchi. Até o nosso próximo encontro...

                Ao se despedir, uma névoa de fumaça toma conta do local por alguns instantes e, como se tivesse sido carregado pelo vento, o homem que estava na frente de James desaparece sem deixar rastros. “Fantasma, huh? É um nome bem apropriado...”, ele pensava enquanto se retirava daquele local, sendo observado apenas pela lua, a única testemunha daquela conversa entre os dois homens...


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Notas finais do capítulo

Capítulo 11: Calmaria antes da tempestade
Estréia: Dia 15 de Dezembro.



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