Ps: Dont Write escrita por scarecrow


Capítulo 15
His Heart in Her Hand




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PS: Don’t Write

Chapter Fiveteen: His Heart in Her Hand

            O dia amanheceu sobejamente confortável, apesar de ser domingo – Logo domingo, o alvo dos meus mais sinceros e infelizes comentários.

            Eu só sabia já ser o dia seguinte pela luz que vinha do banheiro aberto, reluzindo nos meus cabelos ainda no chão. O quarto estava escuro, e eu estava sozinha. Sentei-me na cama grande e bagunçada. O frio me obrigou a puxar a coberta grossa, que ainda tinha cheiro da noite passada.

            O cheiro de Sasuke é algo bem peculiar: era uma mistura de seu perfume masculino preferido com o seu jeito doce e a essência de café, deixando-o singular. Mas o cheiro que estava impregnado na coberta e em mim era um pouco diferente. Ele tinha seqüelas da noite passada, acrescentando o cheiro de lágrimas, suor, e principalmente, amor.

            Eu não fiquei muito tempo com meus pensamentos na cama.

            “Bom dia” Sasuke disse entrando no quarto, segurando uma grande bandeja “Imaginei que estivesse com fome e que seria romântico te trazer o café na cama”

            “Bom dia” Eu respondi risonha, vendo-o sentar na minha frente, deixando a bandeja entre nós dois. “Você poderia ter me chamado”

            “Karin nunca me deixou comer em meu quarto, me deixe curtir no mínimo uma vez” Ele disse brincalhão, tomando do café que tinha na segunda xícara. Seu sorriso montou-se plano em meio a xícara e a fumaça.

            “Claro que você teria outros motivos para vir com isso até aqui em cima” Eu disse rindo, e ele levantou dando ombros. Peguei uma das torradas com geléia, e beberiquei do café forte e quente.

            A claridade tingiu meus olhos com um verde mais intenso, e incomodou minha visão.

            “Obrigada por ter avisado que iria abrir as janelas” Eu disse tentando normalizar minha visão. Ele sentou agora do meu lado, e me deu um leve beijo na bochecha. Colocou sua cabeça em meu ombro, e nós dois fizemos o desjejum em silêncio.

            Ele pagou a bandeja agora quase vazia, e disse que iria levá-la para baixo. “Pode ficar a vontade para tomar um banho”

            Eu precisava mesmo de um banho, mas não tinha certeza se eu queria fazê-lo ali. Tinha deixado minha muda de roupas na casa de Ino, e o cheiro que restou de Sasuke em mim estava deveras tentador.

            Apenas coloquei minhas roupas e desci para que ele pudesse me levar de volta à casa da Yamanaka.

            “Você está bonita com essa cara de quem acabou de tomar banho” Ele brincou quando estávamos na frente do apartamento de minha amiga. Eu dei ombros, e resolvi por brincar também.

            “Eu sei que fico bonita de todas as maneiras”

            “Poderia no mínimo ter arrumado o cabelo” Ele disse, passando a mão de leve em minhas mexas curtas. Eu sorri com o carinho, e ele se aproximou de mim.

            “Elas vão falar tanto do tamanho dele que nem vão reparar se está bagunçado” Eu disse a verdade, dando ombros, decidindo por me aproximar também.

            “Sakura” Ele começou a falar, sem deixar de se aproximar. Nossos lábios não estavam de fato se beijando, mas estavam próximos o suficiente para que eu pudesse senti-los durante sua fala. “Eu preciso conversar sério com você, sobre... Aquele assunto pendente.”

            “Você diz o porquê de ter fugido?” Eu disse, agora me afastando. Ele olhou meio desolado, e sorriu fraco. Sua pele estava mais pálida que o normal, e suas mãos frias – que estavam em meu cabelo – encostaram agora em meus lábios.

            “Sim, isso mesmo” Eu coloquei minhas mãos em cima das suas, e suspirei um pouco pesado.

            “Isso não me importa mais. Estamos bem agora, não estamos?”

            “Sim, estamos, mas... Eu acho que é meio que importante.” Ele disse meio envergonhado, e eu sorri contente. Deixei um beijo rápido em seus lábios e me virei para sair.

            “Amanhã, na cafeteria, no horário de sempre”

            Segunda-feira. Era um dia como qualquer de dezembro, e a segunda semana estava branca. Logo iria nevar. E naquela segunda feira tão limpa e clara, as consultas passaram rápido, o almoço ocorreu silencioso, e minha ida a cafeteria ocorreu solitária.

            Eu fiquei uma hora esperando por Sasuke, e ele não apareceu.

            Terça feira amanheceu nervosa, eu estava nervosa. E eu não acreditei em tal forma em sua ausência no dia anterior, que logo quando o relógio pontuou cinco horas, eu desci para a cafeteria. Ele também não veio.

            Na quarta-feira, eu não sabia bem o que estava sentindo. Por que de alguma forma, Sasuke não tinha me deixado, e eu sabia disso. Digo, quando ele teimou em sumir, além de deixar-me um bilhete, entregou-me pessoalmente.

            Sasuke não tinha avisado nada. Não tinha avisado que não iria na segunda, e que não iria se desculpar na terça. A impressão de que ele não vinha também na quarta apossou de meu pessimismo, e eu me preocupei quase que inconscientemente com isso. E foi no meio desses pensamentos desorganizados que eu encontrei uma solução aceitável:

            “Ino? Será que não tem como você vir aqui hoje?” Perguntei pendurada no telefone. Já eram cinco horas da tarde, e minha última consulta seria às seis – depois disso eu teria um recesso até as oito e meia noite, onde eu deveria ir ao hospital para ajudar no plantão.

            “Hoje? Você não está no escritório?” Ela perguntou, imaginei que estivesse corada. Deixei soltar uma risada, e pedi para ela me ligar quando estivesse na portaria, assim ela não precisaria subir e ver Gaara.

            Não demorou muito para dar a hora da última consulta e seu término, me fazendo descer automaticamente para a portaria, ao encontro de Ino.

            Foi no momento em que meus cadarços encostaram-se ao chão claro de frente o porteiro que as coisas aconteceram rápidas de mais para serem narradas. As coisas aconteceram rápidas demais naquele momento, e dali para frente. E meus olhos, que já não sorriam, se curvaram para mostrar a infelicidade da primeira visão que eu tive fora do prédio. O inverno estava pendurado na noite, e o vento cortava frio os meus cabelos, os de Ino, e os de Karin.

            Por que sim, Ino já havia chegado, e estava sorrindo em minha direção com um pacote grande de pão de queijo e dois Starbucks’s na mão. E logo atrás dela, andando em passos lentos em nossa direção vinha Karin, e seus cabelos estranhamente vermelhos.

            Não teve diálogo. Ino logo se virou para onde minha visão se petrificou, e eu senti a raiva subir pelo seu rabo-de-cavalo bem feito. E diferente do que eu achei que ela faria, Yamanaka veio em minha direção e segurou minha mão de leve, tentando equilibrar os copos de café entre seu braço direito e seu peito coberto de roupas feitas de lã.

            “Qualquer coisa, a gente quebra a cara dela” Ela comentou, e eu não tive forças para rir.

            E diferente da última vez em que vi Karin, não tinha sorriso algum em seu rosto. Não tinha a voz logo chamando atenção, e seu vermelho parecia menos vivo.

            Talvez, fosse tudo culpa do inverno.

            “Oi”

            “Oi” Eu e Ino dissemos juntas. Uma olhando para a cara da outra, e as três sem saber muito o que falar.

            Um sorriso sem graça brotou em sua face mais pálida que o normal, e ela estava sem seus óculos. O cachecol em seu pescoço deixava sua voz mais abafada. Sua boca abriu e fechou algumas vezes, e seu nervosismo era tanto, que Ino soltou minha mão pensando estar tudo bem.

            “Eu vim me desculpar” Ela disse, sem graça. Suas mãos estavam enroladas dentro da blusa de frio, e eu sentia as lágrimas tremerem em seus olhos castanhos. “Eu...”

            “Não quer sentar em algum lugar para conversarmos melhor?” Eu perguntei, vendo seu nervosismo tremer sua boca.

            “Não, eu preciso falar, agora.” Concordei com a cabeça, e Ino sentou na beira da calçada. “Eu não queria fazer mal a você, ou a Sasuke. Eu... Eu estou grávida. O meu namorado me deixou com seu filho, e também com algumas contas para serem pagas...”

            Seu rosto coloriu um desespero para apressar as palavras que não queriam sair, e eu tentei abraçá-la. Ela se desviou de meus braços, e me olhou sem apoios:

            “Não, eu... Eu precisava pagar os médicos, mas foi um erro meu tentar pagar desse jeito, me desculpe” E então ela tirou do meio de sua blusa um pequeno bolo de dinheiro, onde eu julguei estarem os cinco mil reais que ela pegou. “Eu...”

            “Tudo bem” Eu disse fria, e peguei o dinheiro. No mínimo, sabia que não causaria problemas à Gaara. Eu sorri pela metade, e pensei se Naruto não deixaria fazermos uma pequena doação de dinheiro para Karin. Ela estava grávida, afinal.

            Mas antes de meus pensamentos solidários chegassem a uma conclusão sólida, eu ouvi a voz de Ino plantar-se inquebrável na conversa: “E por que se arrependeu?”

            E então, Karin chorou.

            Um choro pesado, como se estivesse aliviando a dor de uma culpa que ela carrega há muito tempo. Suas lágrimas desciam grossas pelo rosto corado, e o frio imperdoável castigou sua garganta com um pouco de tosse.

            “Eu não consigo falar” Ela disse, soluçando. “É o Sasuke, eu...”

            “O que tem o Sasuke?” Eu perguntei, preocupada. As lembranças apertaram meu coração, e o choro de Karin quase estava me contagiando.

            “Eu acho melhor se ele te falar” Ela disse. Antes de ir embora, Karin sorriu. Um sorriso triste e desolado, tão parecido com aquele que a mãe de Sasuke deu há um mês.

            Ino se levantou preocupada, e olhou para mim sem entender. Vou levar Karin até sua casa, ela não me parece bem para fazer algo – Ino disse acompanhando os cabelos vermelhos opaco. E eu fiquei parada na frente de meu prédio, com um pacote grande de pão de queijo e dois copos de Starbucks na mão, um sorriso quebrado e um coração falho.

            O que teria, com Sasuke, afinal?

            Minhas pernas bambearam, e o café derramou no asfalto escuro. Eu não sabia onde achar Sasuke. Eu não sabia como chegar a sua casa direito, não sabia onde trabalhava. Minha única conexão com Sasuke era... Kakashi!

            Apressei-me ao pegar o telefone.

            “Kakashi, eu-“

            “Sakura! Estava pensando em ligar para você agora mesmo. Tens notícias de Sasuke?” Ele perguntou animado, a voz cavalheira de sempre. A frase bateu em minha garganta e voltou em um grunhido.

            “Eu estava te ligando para perguntar a mesma coisa” Eu disse rindo sem voz.

            Ficamos alguns segundos calados, imaginando coisas. Nós imaginamos, e o pessimismo deixou a noite mais escura, o frio deixou a imaginação mais real.

            “Eu... Vou encontrá-lo, e te ligo depois, pode ser?” Ele perguntou meio nervoso, e minhas lágrimas já estavam formadas, prontas para caírem, caso aja alguma surpresa a mais.

            “Não! Me leve com você, por favor.”

            A desilusão se parece incondicionalmente com o desespero. Porque de todos aqueles sentimentos e emoções que o ser humano pode sentir, o mais difícil de explicar é o desespero.

O desespero é o vazio. Por isso é desesperador.

O desespero corta o peito e descasca a alma. O desespero são todos os sentimentos juntos, rápidos, indistinguíveis, inigualáveis, mas sempre presentes. E é por isso, que no momento em que eu entrei no carro de Kakashi, eu tive certeza de ser apenas mais um de meus diversos momentos desesperadores.

Fomos em silêncio até a casa de Sasuke, e Kurenai nos atendeu sem sorriso.

“Ele sumiu tem uns dias. Por que não tentam ir à casa de sua mãe?”

O rosto de Kakashi estava cansado. Ele parecia ter envelhecido uns cinco anos apenas nesse pequeno circuito de meu trabalho até a casa de Sasuke. Ele tentou sorrir com um esforço desumano, e nossas preocupações deram as mãos.

Kakashi decidiu, por fim, colocar uma música baixa.

A casa de Mikoto não estava muito diferente da última vez em que compareci – as flores estavam encolhidas, e as árvores sem folha alguma esperando a neve cair – continuava belo e cheio de cores. O porteiro que eu vi apenas uma vez sorria perante a nossa presença, e nos anunciou para a dona da casa. Ela nos deixou entrar.

A casa por fora parecia grande, mas quando se está dentro dela a impressão é que é extremamente maior. Kakashi, obviamente já conhecia a senhora Uchiha, e eles se cumprimentaram informalmente. Eu não sabia como agir.

E sorridente, ela nos ofereceu um chá, que aceitamos em silêncio. Foi o silêncio mais perturbador que eu já presenciei em minha vida.

Por que eu sabia, céus, como eu sabia, que algo não estava certo. Eu não conseguia desapertar meu peito ou acalmar minha imaginação, o pessimismo não saía de minhas vistas, e meu sangue parecia mais gélido.

Mikoto sorriu. Kakashi retribuiu, e eu desviei o olhar, fingindo não ver.

“Acho que vocês dois devem estar procurando Sasuke” Ela comentou já nos entregando nossas xícaras, e assentimentos sem fazer barulhos, deixando somente o som de o açúcar ocupar a sala de estar. “Ele não está aqui”

Perante aquela afirmativa, minha respiração falhou por alguns segundos. Eu beberiquei o chá quente, e queimei meus lábios com a verdade. Onde Sasuke estaria, que nem mesmo sua mãe sabe?

“Porém fico contente que os dois tenham vindo juntos, acho que precisamos conversar”

Olhei para os olhos escuros e, agora, opacos de Kakashi, e tanto eu quanto ele estava com medo. Digo, o medo estava palpável. Eu conseguia senti-lo arranhar minha garganta e estrangular meus pensamentos. O medo estava me matando de dentro para fora.

Foi então que eu reparei na mãe de Sasuke. Da primeira vez em que a vi, ela parecia ter quase sessenta anos, e um sorriso montava-se em sua face sempre antes sua fala. Porém, daquela vez estávamos também tomando chá, e seus lábios pareciam ter cautela ao encostar-se à xícara. Seu rosto parecia mais velho, seus olhos mais fundos, e o mesmo sorriso triste estruturou-se em sua voz.

“Sou todo ouvido” Kakashi disse, tentando manter sua voz firme. Acho que apesar de tudo, ele e Sasuke eram muito próximos.

Eu concordei ainda tomando do chá, e ela sentou-se em nossa frente em uma poltrona vermelha, acho que confortável.

“Bom, o que eu vou contar não é uma das melhores coisas, então peço desculpas. Acho que ele deveria ter contado, mas...”

            Não conseguia piscar meus olhos, como se eles fossem fazer diferença na qualidade de minha audição, e meu estômago queria voltar com o chá pelo nervosismo. Minhas unhas, em cima de minha perna, arranhavam com forma minha calça.

            Kakashi não tinha cor.

            “Sasuke está no hospital desde domingo à noite.” Sua voz saiu baixa e quase sumiu, porém ela parecia berrar em meus ouvidos o suficiente para fazê-los sangrarem. “Há dois anos nós descobrimos que ele tem leucemia crônica. Já fizemos tudo o que podíamos.”

            A minha vontade de vomitar agora era irreversível.                

            O medo que tanto apossava de minha felicidade agora se condensou em tristeza. Por que o medo nos faz imaginar quatrocentas coisas, sendo que normalmente, apenas duas delas são possíveis de acontecer. Mas aquela última frase foi suficiente para fazer o medo sumir, e deixar a realidade estapear o meu rosto com força.

            Naquele momento eu soube que a realidade era impassível, cruel e impiedosa – por que nem mesmo em meus mais doces sonhos, eu voltei a possuir a felicidade facilmente.

            Eu não consegui chorar como Kakashi fez. Eu sabia que minhas lagrimas estariam mais escuras que o chá forte, e talvez elas estivessem mais frias. Então, eu me odiei como nunca antes por ser médica. Eu sabia que leucemia crônica não tinha cura. Era incurável, apesar de hoje ter um grande número de pessoas que sobrevivem com ela.

            Mas como médica, eu sabia que a frase “Já fizemos tudo o que podíamos” era mais verdadeira talvez que meu nome. Os médicos realmente faziam o que eles poderiam fazer com seus recursos, e com certeza a família Uchiha não pagou pouco para aumentar esses recursos.

            Então ela contou de como a doença já estava avançada, e de como os tratamentos não trouxeram resultados satisfatórios. De como no início de novembro o médico disse que ele só teria mais algumas semanas, e de como os sintomas pioraram com o tempo.

            Então meu coração escutou minha mente se despedaçar, e meus lábios costurarem uns nos outros. Meu coração escutou toda minha história desde início de novembro, e se emocionou com seu próprio final.

            Meu coração se acabou junto com a conversa, e eu fui embora sem saber como me despedir.

            “Desculpe-me” Mikoto pediu, antes de irmos. “Sasuke realmente gosta de você para ter te envolvido nesse ponto”

            Eu sorri, mas na realidade eu também queria ter me desculpado; pedido desculpas por não ter feito seu filho feliz enquanto tive a oportunidade.


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Notas finais do capítulo

Infelizmente ou felizmente, a fanfic está chegando ao seu fim, já que todos os segredos de Sasuke foram descobertos e e eq
Não me matem por isso HASUHAS
Será que mereço reviews ou q



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