Ps: Dont Write escrita por scarecrow


Capítulo 14
So Happy I coud Die, It's Alright




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PS: Don't Write

Chapter Fourteen: So Happy I coud Die, It's Alright


Felicidade é um conjunto de acontecimentos bons e alegres em uma palavra triste. O simples fato de que eu não consigo descrever os sentimentos que essa palavra me conduz, já me deixa deveras perplexa. Felicidade é como um prêmio – todos dariam tudo para tê-la. Felicidade é como um sonho a ser realizado. Felicidade é como um livro a ser escrito.

Particularmente, felicidade para mim é a descrição de todos os momentos que tive e vivi, até agora.

Felicidade se parece com a sensação de ouvir uma música bem alta, quando sem perceber, as letras estão saindo de sua boca e formando frases, e seu coração palpita continuamente até você se acostumar. O som alastra sua visão e colore seus pensamentos de rosa e anil, deixando-os mais fáceis de distinguir os detalhes do cotidiano homogêneo.

E não me importa quantas comparações eu faça, eu nunca vou conseguir escrever como o calor do abraço inexistente em meu fraco peito seca as lágrimas de meu rosto. Eu nunca vou conseguir descrever os motivos pelo qual eu sorria sem antecedentes, ou pelo qual eu passava mais tempo vivendo do que pensando.

Acho que felicidade, é só um jeito de dizer que estamos enfim, vivendo.

Estávamos na casa de Ino, todas as cinco. A sensação parecia com a daquela inicial, pontapé de tudo o que se passou. Era exatamente como há 13 anos. Os cabelos presos, a luz apagada, a pipoca fazendo barulho e os pés encobertos de meias, tentando fugir do frio. Não existiam formas de narrar ou descrever o que estava ali acontecendo. O filme de terror exalando gritos apavorados, o cobertor escondendo a visão medrosa de Tenten, e os pijamas.

Era nostálgico.

Nossos rostos demonstravam medo, e às vezes, dávamos pulinhos de susto, porém eu sabia que naquele momento, todas nós estávamos felizes. Todas nós sentíamos a sensação que não se consegue explicar, mas ninguém reclamava.

Reclamar do que? Finalmente Ino confessou tudo o que tinha acontecido entre ela e Gaara, e que não tinha coragem de olhar nos olhos dele de novo. Talvez, ela tinha medo de se perder dentro deles, pensei. Ela estava contente apenas por sentir a o coração palpitar por pensar, e imaginar inúmeras coisas. Eu ainda a puxaria para meu escritório, claro.

Já Temari não tinha muita das grandes novidades. O seu namoro finalmente se transformou em noivado, e o casamento estava marcado para o dia 26 de março, logo no início do ano. Diferente de mim e Tenten, todas elas pensaram bem ao se relacionarem, e decidiram por se casar na casa dos vinte e cinco para cima. É o que as mulheres independentes fazem afinal. Esperam se estabilizar economicamente para firmar o namoro de muito tempo. Seus sorrisos mostravam a sua ansiedade para vestir as vestes brancas.

Hinata, para mim, se transformou em outra mulher. Seus sorrisos pareciam mais sinceros, e seus olhos mais vivos. Ela estava mais viva. Kiba, que lhe causou péssimos momentos, voltou com seu charme. Ele queria voltar, ela me disse. Mas eu não sei se quero ser a outra ainda. Ele disse que vai pensar em uma forma de se separar, por que ele também tinha sentimentos envolvidos. Complementou divertida.

Tenten - que já tinha se separado uma vez – encontrou um primo de Hinata nos momentos de ajuda. Não falou muita coisa, mas foi o suficiente para fazer Hinata rir de sua cara sempre que pode.

E eu, bom, eu estive vivendo os meus dias mais desconcertados de minha vida.

Tinha exatamente duas semanas que eu e Sasuke estávamos nos encontrando cotidianamente. Os almoços eram ocupados pela minha culinária em casa, então só tínhamos tempo no meu tempo de descanso para um café. Os cafés estavam mais fortes e doces como eu gostava, assim como minha relação com o Uchiha.

Era como se cada vez que colássemos nossos lábios, os nossos corações se costurassem um no outro.

Para compensar, minha relação com Naruto parecia distante. Não que isso seja algo extremamente bom, muito pelo contrário, era algo que me incomodava. Eu não deixava índices da existência de Sasuke, ou de meus sorrisos apaixonados. Eu não demonstrava minhas placas de felicidade em meus olhos, eu não comentava do suor constante em minhas mãos.

Então, por quê?

Ele parecia ter outras mil coisas na cabeça que, além de não serem de minha importância, não pareciam não serem sobre mim. Era como se ele estivesse escondendo algo, não sei direito. Seu olhar era de certa forma triste.

Depois de ter descoberto a definição para o tipo de amor que tenho por Naruto, eu não quero de forma alguma perder o nosso laço. Nós somos nós, de todo jeito. Casados, irmãos, amigos. Eu precisava de companhia no almoço, precisava de um amigo sempre presente, e eu sei que isso, Naruto é. Especial o suficiente para me fazer querer perto mesmo depois de separar.

Esses dias, eu estava andando no almoço antes de ir me encontrar com meu marido, e decidi por passar para ver o carro. Coincidentemente encontrei Kakashi fazendo os mesmos afazeres que eu, me dando uma olhada no que ele amassou. Trocamos números de celulares, e ele me desejou felicidades com Sasuke.

Não voltei a ver Karin.

Um grito medroso e abafado de Hinata, e nós rimos. E em meio aos sons das risadas e da televisão, a campainha tocou.

“Vai atender, Sakura” Ino mandou.

“Ino, lembra que a casa é sua?” Perguntei irônica. Ela reclamou alguma coisa e levantou para ir atender. Voltou sorrindo.

“É o Sasuke” Ela disse, sentando. “Convidei para entrar, mas ele disse que queria falar com você primeiro”

Franzi as sobrancelhas e fui ver o que era. E como era de se esperar, a primeira coisa que ele fez foi rir do meu cabelo desgrenhado e meu pijama amarrotado.

“Você está linda” Comentou ainda rindo.

“E você está...?” Perguntei, querendo saber o que raios ele estava fazendo ali.

“Lindo também, obrigado” Disse sorridente, e eu me limitei em rodar meus olhos. “Eu estava com saudades. Já que você disse que viria aqui, decidi dar uma passadinha.”

Eu sorri acanhada, e ele olhou para cima sem saber direito como prosseguir. Abrimos a boca ao mesmo tempo, e ele falou primeiro:

“Não quer sair?”

“Bom, podemos esperar o filme terminar e irmos para algum lugar” Comentei. Ele balançou a cabeça positivamente, e entramos sem as mãos dadas, mas com olhares cúmplices. Temari arredou, e sentamos eu e ele no chão em cima do tapete, nos cobrimos com a coberta roxa.

E quase sem querer, deixei minha cabeça tombar para cima de seu ombro, e seus dedos acariciaram meus cabelos longos.

O filme acabou 26 minutos depois.

“Fico contente que tenha vindo” Ino comentou, depois das apresentações de Temari e Hinata, que ainda não o conheciam pessoalmente.

“Querem sair conosco?” Ele convidou, mas as meninas recusaram prontamente. Sorriram pervertidas, e acho que Sasuke notou. Tomei banho e saímos em seu carro.

“E Naruto?” Ele me perguntou.

“O que tem?” Estava distraída. Olhava para a paisagem sem reparar muito, e tentava gravar o caminho para saber onde estávamos indo.

“Ele não vai se importar?” Perguntou sarcástico. Pensei alguns segundos antes de realmente responder:

“Não, se ele me ligar é só Ino dar uma desculpa como a que eu estou no banho, depois me liga e transferimos a segunda ligação. Já estava combinado que eu dormiria na casa dela hoje” Disse quase sem pensar, as palavras pulando dos pensamentos.

Ele riu, e virou uma esquina qualquer.

“Você costuma fazer isso?” Ele perguntou curioso, e parou em frente de uma casa, que eu reconheci ser a sua.

“Não. Quer dizer, sim. Digo às vezes” Me enrolei, e rimos juntos. “Quando estava no ensino médio era com mais freqüência.”

Entramos, e Kurenai logo veio nos dar as boas vindas. Fomos direto para o quintal. Sentamos nas cadeiras perto da piscina, e a conversa corria sem muitas preocupações. Paramos para olhar o céu extremamente claro, anunciando o início de Dezembro, e a vinda da neve que eu tanto esperava.

“Sabe, Sakura, eu... Estive pensando e eu...” Meu coração palpitou estranho perante o início da frase, e eu abri os olhos de forma exagerada, esperando ansiosa para a continuação. Eu não tinha certeza do que ele iria falar, mas sabia o que eu queria ouvir. “Eu gosto de ver o céu nublado”

Confesso ter me decepcionado, por que esperava uma declaração de amor por sua parte, mas eu apenas olhei para cima também.

“Ele me lembra o dia do nosso primeiro beijo” Ele disse sorridente. Senti minhas bochechas corarem, e concordei silenciosa.

Se ele não iria falar, por que não eu?

“Sasuke, eu a...” A frase começou a sair. Ele quase caiu da cadeira, e me olhou desconsertado, meio corado. “A-acho que deveríamos entrar, não?”

Não tive coragem de falar, e ele se acomodou novamente, como se nada daquilo tivesse ocorrido. Levantou e pegou minha mão. Sorrimos, e ele me beijou.

O contato parecia dar choque e sair faíscas, e nossos movimentos estavam relativamente atrasados em relação às nossas vontades. O calor aqueceu nossas roupas, e nossos passos se embaralharam até cairmos na piscina.

E então, nós rimos.

Rimos, rimos e rimos. Eu perdi o fôlego, e nós dois continuávamos na piscina gelada. O frio congelou o tempo, e a felicidade foi injetada no presente. A água parou de se mexer, e minha memória parecia tirar fotos de todos os toques, gostos e cheiros daquele momento.

“Ai, Sakura, é por isso que eu te...” Começou. E eu que estava saindo da piscina pela escada, parei na metade do movimento. “Te trouxe para passar o dia comigo”

Acho que no fim, nós ficaríamos daquele jeito. Um sem falar para o outro a verdade principal de toda essa história.

Subimos, e decidimos por tomar um banho, o qual eu fui primeiro. Vesti uma de suas roupas quentes, e enquanto ele se banhava, pensei sobre o que estava acontecendo.

Agora era a hora perfeita de lhe falar, não era?

Digo, estava tudo maravilhosamente bem entre a gente. Deitei em sua cama, e meus pensamentos se confundiram com livros que eu já li, filmes que eu já vi, histórias que eu já ouvi. Estava decidida.

Terminado seu banho, ele sentou do meu lado. Seus cabelos molhados e as roupas confortáveis. Estávamos sentados lado a lado, calados.

“Sasuke, eu estive pensando sobre nós dois” Comecei. Ele me olhou com atenção, me esperando continuar. Eu engoli seco, e o ar estava tão leve, que entrava e saia sem eu ao menos perceber. “Eu...”

“Você?” Ele perguntou curioso. Sentou de frente para mim.

“Estive pensando em me separar de Naruto, sabe, por que-“

“Você não pode fazer isso” Ele foi extremamente simples ao falar, e toda a felicidade que até ali se montou plana, parecia agora um grande mosaico. Ele percebeu que se precipitou, e logo tratou de arrumar sua fala “Digo, você tem certeza?”

“Bom, tinha, até agora” Eu ri meio sem graça. As lágrimas acumularam em meus olhos pacatos, e não existia mais verde, mais brilho, mas nada. Meus cabelos escorregaram de trás da minha orelha, e minha vida escorregou debaixo da felicidade.

“Você não precisa forçar. Eu posso estar com você sempre. Vem cá.” Ele me puxou pela mão, e me levou para o banheiro. Puxou um banquinho que estava encostado, e me fez sentar. “Feche os olhos”

E eu fechei. Por mais que estivesse curiosa para saber o porquê de tudo aquilo, eu sabia que fechar os olhos era a melhor maneira para ignorar a vontade de chorar.

Então, eu escutei um barulho que meu cérebro não captava há muito tempo. Uma tesoura. E eu a ouvi cortar, e senti um frio em meu ombro.

“Não abra ainda” Ele disse, e eu o imaginei sorrindo.

A tesoura continuou por algum tempo, e logo ele me deu um selinho demorado, avisando que poderia me olhar no espelho. Mesmo olhando no espelho, eu demorei um pouco para associar o que estava acontecendo afinal. O meu cabelo estava curto.

Extremamente curto.

“Sasuke, o que você...?” Eu não consegui terminar a frase. O corte estava bem feito, e apesar de quase pegar no ombro, eu sabia que alguns muitos dedos de meu cabelo foram embora.

“Agora não tem como não se lembrar de mim para sempre” Ele disse, e me beijou.

“Eu gostei.” Conclui levantando. A sensação era de que eu estava extremamente mais leve, talvez o suficiente para voar. Saímos do banheiro, e eu deitei em seu colo, e ele arrumou os fios rosados e agora, curtos. “Mas não sei se isso é como se...”

“Desculpe-me, Sakura. Eu não posso fazer isso com você, eu... Eu não sei se sou a pessoa certa para ti. Você é linda, inteligente e... Merece alguém melhor do que eu” Seus olhos escuros estavam opacos, e sua pele – muito mais pálida que o normal – me fez ficar um pouco desajeitada diante de sua beleza.

“Por quê?” Perguntei. Ele sorriu fraco.

“Sabe, o seu cabelo está lindo assim. Acho que eu fiz um bom trabalho.”

E sem ver, eu comecei a chorar. Eu só fui perceber quando as lágrimas já estavam sendo derramadas, e os dedos de Sasuke limparam minhas faces e me disseram para não chorar.

E eu chorei, e perguntei milhares de vezes: por quê?

Então ele me beijou, um beijo diferente. Com mais amor, e menos história. Ele sussurrou no meu ouvido uma pequena justificativa:

“Por que eu queria deixar uma marca minha em você”

Naquela noite, nós fizemos amor.

E eu não consegui avisar que a maior marca que ele deixou em mim não foi o cabelo ou as tatuagens de nossos momentos em minha memória; foi o sentimento que ele forçou meu coração fraco a sentir.


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Notas finais do capítulo

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