Ps: Dont Write escrita por scarecrow


Capítulo 10
Lying is the Most Fun a Girl Can Have




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/153585/chapter/10

PS: Don't Write

Chapter Ten: Lying is the Most Fun a Girl Can Have

Nunca foi tão difícil respirar.

Meu diafragma parecia não querer descer, e a pressão interior forçava a entrada de ar com tanta intensidade que eu sentia doer. O tempo parou em um minuto qualquer, e minha surpresa angustiada parecia pingar na xícara de café.

Karin. O sobrenome não me vinha a cabeça, mas eu tinha quase, aliás, absoluta certeza de que essa é a mesma Karin dos meus últimos anos de faculdade e todos os períodos de residencia, e que, agradeço, se especializou em uma coisa qualquer.

“Bom, você vai levar o carro para algum lugar ou pode esperar um pouco?” Ela perguntou sorridente. Apesar de falar baixo, sua voz irritava meus ouvidos, e eu soube naquele momento que meus neurônios nunca iriam se acomodar aquele som.

“Hm, Kakashi, eu...” Comecei, sem saber direito o que falar. Aliás, o que eu teria para falar? Com licença, por favor, eu preciso resolver um assunto no qual eu desconheço, mas está relacionado a meu marido e o homem cujo estou perdidamente apaixonada não era uma opção.

“Karin, quando é que você vai parar de correr atrás de Sasuke?” A voz de Kakashi plantou na conversa firme, e inquebrável. Aquela frase cortou meu pescoço impedindo minhas glândulas de produzirem saliva, e minha boca secou rápido.

“Vocês se conhecem?” Eu perguntei ainda abobalhada, e acho que minha pressão caiu. Eu senti meu corpo mais frio, e essas surpresas não estavama gradando meu organismo. Meu mal humor se transformou em um movimento retardado por parte de meu cérebro, impedindo os impulsos de chegarem rápido.

“Você conhece Sasuke?” Ele me perguntou, ignorando minha pergunta descaradamente. Olhei intrigada, e antes de responder qualquer coisa, ouvi o ranger de uma cadeira e Karin nos acompanhar na mesa. Pediu um café expresso com espuma, e sorriu ainda mais egoísta.

“O que raios está acontecendo aqui?” Perguntei, por fim.

“Acho que eu deveria falar, deixa esse intrometido quieto” Ela comentou enrolando os cabelos na ponta do dedo. Suspirou pesadamente antes de voltar a me falar: “Não tenho nada a ver com esse branquelo. Vim aqui por que sei que você está tendo um caso com Sasuke e-”

“Você está tendo um caso com Sasuke?” Kakashi perguntou, atônito. Eu me senti corar, e balancei a mão para Karin dar continuidade.

“E pretendo contar a Naruto que você está traindo-o.”

A frase caiu como uma comida mal mastigada em meu estômago sensível, e minha gastrite voltou. Céus, estou me encontrando hipocondriaca nesse momento. Respirei.

“Não tenho um caso com Sasuke” Disse por fim. A frase saiu tremida no início e quase sumiu no final.

“Sakura, todos sabemos que sim. Eu vi vocês almoçando juntos, e saindo da casa dele ontem. Você não pode me enganar, e eu tenho provas” Karin falou rindo antes de agradecer a garçonete por ter trago seu café. Kakashi, que cortou algumas poucas frases até ali, permaneceu calado.

Decidi pular a parte em que ela me mostrava todas as suas provas, que eu não duvidava serem reais, e ir para a que interessava:

“E o que você quer?”

A frase abriu um sorriso mais miranbulante em sua face, e eu quis esbofetá-la por me deixar impaciente.

“O que todo mundo quer, dinheiro” Tomou todo o café em sua xícara, e me entregou um papel pequeno. Me lembrei do bilhete de Sasuke. “Esse é o número da conta bancária e a quantia, quero dentro de cinco dias, certo?”

Deixou a mesa sem pagar o café espresso com muita espuma.

Olhei para o papel, e os números erão tantos que pareciam se misturar. Minha vista se embaçou, e eu soube que era a vontade de chorar de novo. Por que eu iria sacrificar cinco mil reais com uma pessoa que me deixou? Por que eu não iria entregar cinco mil reais para me mascarar na frente da única pessoa que realmente me amou?

Naquele momento, eu me senti tão suja e empoeirada, que quis um banho.

Eu me senti pior que a Karin.

Kakashi abriu a boca para falar algo, e minha garganta seca não conseguia emitir som.

“Sakura, eu sei que você está ainda meio... Nervosa, mas...” Sua frase não acabou. Eu olhei para cima, e contei até dez em números romanos.

Bom, se eu fui capaz de me meter nessa confusão em 16 ou 17 dias, eu poderia resolvê-lo em cinco. Eu pago Karin, ela volta a sumir da minha vida e volto a viver minha ilusão com Naruto. Por que, bem, Sasuke se despediu – acho que para nunca mais voltar. Sasuke fugiu, e agora eu sentia um peso na consciencia como se estivesse carregando um filho seu.

“Mas?” Perguntei.

Eu já teria um grande problema com o carro e o seus gastos. Por que não posso tirar mais dinheiro do que o necessário para pagar Karin, já que são cinco mil reais de diferença. E seria estranho por minha parte, chegar com meu salário subtraído todo aquele dinheiro. Seria estranho pedir 5 mil à Naruto para nada.

“Devo pensar que a culpa dessa bagunça toda é de Sasuke, certo?” Ele disse, chamando a garçonete e tirando o dinheiro para pagar seu capiccino, meu café comum com chantili, e o café espresso de Karin. “Acho que ele pode lhe dar o dinheiro que você precisa para...”

“Para cubrir meu adultério?” Perguntei sarcástica.

Eu estava parecendo ridícula, e sabia disso. Eu não cometi um adultério tão sério, e não era algo que realmente iria destruir ou despedaçar meu casamento. Não tivemos nenhuma relação sexual, não trocávamos carícias, não tivemos um relacionamente de longo tempo, nunca nos chamamos de nada que fosse além de amigos – hoje acho que nem amigos.

Foi um beijo, apenas.

Mas para mim, aquilo era tudo. Foi o beijo que me fez perceber que, céus, como meu casamento com Naruto era errado. Como eu me iludi e compactuei para aquela felicidade invisível se tornase palpável. Talvez, se eu não tivesse me casado com Naruto, ele poderia ter conhecido alguém que realmente iria fazê-lo feliz, como Sasuke me fez nessa quinzena.

Porém Kakashi não sabia de nada daquilo, e realmente deve ter achado que eu cometi um adultério grave, ou no mínimo, mais intenso e proveitoso do que o que eu realmente cometi.

“Sabe, se Sasuke gosta de você o suficiente para ter um caso contigo agora, ele não vai pensar duas vezes em pagar quanquer quantia. Posso assegurar isso” Kakashi disse levantando, e eu o acompanhei.

“E eu posso saber, o que você é de Sasuke? Ou de onde conhece Karin?” A curiosidade arranhava minha garganta, e a fome sucumbia meus pensamentos.

“Sou empresário de Uchiha Sasuke, muito prazer.” Ele estendeu a mão sorridente, e eu olhei para ela alguns segundos antes de decidir não me mover.

“Empresário...?” Eu perguntei, deicidindo por levantar. Caminhamos devagar até a garagem onde nossos carros ainda estava friccionados, levemente esmagados. Kakashi, que estava chorando aquela hora, já me parecia com um olhar melhor. Seus olhos, ou no mínimo o que o cabelo não tampava, pareciam mais claros, e seu rosto menos inchado.

Perguntei-me se a única situação que piorou foi a minha.

“É, sou eu quem negocio com a editora sobre os livros de Sasuke, e-”

“Livros?” Perguntei de novo. As palavras não pareciam ser absorvidas, e eu me senti tonta.

“É, livros. Sasuke não te contou que ele era escritor?” Ele perguntou, e eu balancei a cabeça negativamente, sem conseguir falar direito.

E Kakashi riu. Riu uma gagalhada gostosa, curta e divertida. E diferente de todas as vezes que Sasuke ria comigo, ali com Kakashi, eu não consegui nem sorrir junto. Meus lábios não abriam, eu não queria falar.

“Onde você acha que ele tira todo aquele dinheiro? Ele escreve usando um outro nome, mas...”

Parei de escutar.

Aliás, acho que tinha deixado de viver quando descobri que Sasuke tinha me deixado, me abandonado, me esquecido. Escolhido toda aquela porra de situação e me deixado para trás.

“Sabe, Kakashi” O interrompi, e comecei a falar, tentando sorrir. “Preciso deixar meu carro no conserto, e estou atrasada duas horas para um compromisso, tem como você me deixar lá?”

E Kakashi, com toda sua mordomia, não me negou o pedido. Me acompanhou até o conserto onde deixamos o meu carro, e ele me ofereceu novamente o dinheiro que seria gasto – não consegui aceitar. Não queria mais nada, ninguém que tivesse alguma relação com Sasuke.

Guei-lhe o caminho da casa de Hinata, e ao parar na porta, agradeci formalmente.

“Sasuke não me daria o dinheiro se eu precisasse, digo, agora que preciso” Eu disse sorrindo sincera, pela primeira vez no dia.

Por que para mim, era impossível falar o nome de Sasuke sem sorrir.

“Por que diz isso?” Ele perguntou confuso, abrindo o carro para minha descida. Abri a porta do carro devagar – já que era a do passageiro que estava um pouco amassada devido a batida – e antes de sair, disse as palavras do bilhete saírem decodificadas pela minha boca:

“Ele me disse para não escrever, por que não terei resposta”

Lembram quando eu disse que a situação na casa de Hinata era enjoativamente previsível? Eu estava errada. Estava muito pior do que eu imaginava.

Hinata estava no sofá defrente para a televisão, ignorando todo mundo a sua volta. Ino parecia estar se descabelando quando abriu a porta para mim. Ela me olhou nervosa até encontrar com meus olhos. Talvez não existisse mais verde nessas esferas tristes, chamadas janelas da alma.

Não tem mais Sasuke. Eu pensei.

Vamos cuidar da Hinata primeiro. Eu imaginei ela respondendo, e seu sorriso apagado entendeu que eu estava desmoronando.

Tenten estava sentada ao lado de Hinata, encostavam-se uma na outra engolindo as pipocas. Hinata tinha o olhar de quem havia chorado muito, e não parecia ter parado ainda. Temari enlaçava a coberta e dormia na poltrona do lado esquerdo da sala.

E estavamos ali, nós quatro, de novo.

Cumprimentei todas, e fui conversar com Ino em um quarto qualquer, eu precisava saber o que raios tinha acontecido, e pedir que por favor, ela escutasse meu desabafo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!