O portão da escola abriu na hora certa. Corri até a Jú e puxei ela até o pátio.

-Você pode me dizer o que estava fazendo com o Leonardo? –ela perguntou assim que soltei ela.

-Você viu? Mas você acabou de chegar… –eu disse tentando fugir do assunto. Não queria mais falar do Leo com a Jú, queria falar de qualquer pessoa, menos ele.

-Ah qual é! Eu estava dentro do carro. Anda, me conta! Aproveita que não tem ninguém aqui.

-Bem, ele disse que durante esse tempo todo nós ficamos separados mas…

-Mas…? –ela disse gesticulando com as mãos, os olhos brilhando e um cara super curiosa.

-Ele não terminou a frase. O Bruno chegou, e eu disse que era melhor a gente conversar outra hora.

-O jeito é esperar né?

-Sim, vamos até o escaninho comigo. –eu disse puxando ela até os escaninhos.

A aula foi tão chata que eu dormi! Mas dormi apenas na aula de História. Já não aguentava mais ver os professores colocando tarefas no quadro. Será que eles não entendem que hoje foi o último dia de aula?

Quando tocou o último sinal, eu fiquei tão feliz, que já ia sair correndo, mas o Leo me puxou.

-Eu tenho que falar com você. –ele disse.

-É mesmo. Diga.

-Olha só, hoje a noite, eu chamei uns amigos para irem no shopping comigo, já que vou me mudar amanhã de manhã. Vai ser uma “festa de despedida”. Você quer ir? Mas não pode comentar isso com ninguém, porque eu não chamei todo mundo, aí fica chato né? –ele sussurrou.

-Ah, claro. Pode ser.

-Ótimo. Te encontro as 7hs.

-Perfeito.

-Até mais. –ele disse e em seguida, saiu andando com os meninos.

Não queria ir no shopping com o Leo. Ainda mais agora, que ele vai embora. Por que em? Só agora, que ele está indo embora, ele me chama pra sair? E ainda por cima com os amigos dele.

Mas não tinha como recusar. Ele fez questão de me chamar, então, eu tenho que ir.

Mais tarde~

Cheguei no shopping exatamente as 7hs. Achei esquisito porque não tinha ninguém com o Leo. Ele estava sozinho sentado no banco vendo as pessoas passando.

-Oi. –eu disse sentando do lado dele.

-Oi. –ele disse me olhando. –Pensei que não viria.

-Por quê?

-Ah, não sei.

-Hm… Aonde vamos?

-Onde você quiser. –ele disse sorrindo.

-Leo, cadê os seus amigos? –eu perguntei muito confusa. Ele não disse que ia chamar os amigos? Cadê todo mundo?

-Ah, pois é. Eu acho que eles se atrasaram. –ele respondeu um pouco desconfortável.

-Você quer esperar?

-Só um pouco. Depois podemos ir no restaurante se quiser.

-Claro, pode ser.

Esperamos por uns 20 minutos e ninguém chegou. Ninguém. O que é que estava acontecendo ali? O Leo é um dos meninos mais populares da escola, todo mundo “gosta” dele (na verdade, eles se interessam no dinheiro do pai do Leo, e não pelo que ele é).

-Acho melhor a gente ir. –ele disse levantando.

-Tudo bem, daqui a pouco eles chegam né?

Levantei e andei com o Leo até a lanchonete sem falar nada. Confesso que estava nervosa, aliás eu estava sozinha com o Leo.

-O que vai querer? –ele perguntou enquanto olhávamos o cardápio.

-Podemos comer pizza? Adoro pizza! –eu disse empolgada.

-Podemos. –ele disse rindo.

Ele, todo educado, pediu a pizza.

Tudo aconteceu quando o garçom saiu de perto da nossa mesa.

-Eu preciso falar com você… De novo. –ele disse levantando e sentando do meu lado.

-Tudo bem. Pode falar.

-Eu não sei como falar isso…

-Tenha calma… Eu não vou te morder. –eu disse rindo.

-Eu amo você. –ele disse olhando nos meus olhos.

-O quê? –eu disse pasma. Era isso mesmo que eu estava ouvindo?

-Eu te amo. –ele disse pegando minha mão. –Queria ter falado isso para você antes, mas eu não consegui.

-Leo, você tem noção do que fez? –eu disse quase chorando. Óbvio, ele se declara justamente agora que ele vai se mudar para outro estado. –Você vai mudar para outro estado, tem noção?

-Eu sei, Jess… Mas é que…

-Que você vai embora, vai me esquecer e nunca mais vai voltar. –eu já estava chorando, levantei e tentei ir embora.

-Claro que não! –ele me puxou de volta. –A gente não esquece uma pessoa com facilidade.

-Mas você vai embora! É isso que me magoa.

-Eu vou voltar. –ele disse sorrindo.

-Quando? –eu perguntei me animando um pouco.

-Quando der. –ele disse enxugando minhas lágrimas.

-Ah, adiantou muita coisa.

-Eu estou brincando, boba. Volto depois de quatro meses. Minha mãe não quer se mudar pra lá. Ela vai ficar pra fazer uns cursos, meu pai também, e com isso, o trabalho dela vai melhorar, ela vai trabalhar menos, e ficar mais tempo comigo.

-Entendi. Então você vai voltar mesmo?

-Claro que vou. –ele colocou a mão na minha nuca.

Eu apenas sorri. Eu já estava desistindo dele, já não aguentava mais, e aí veio a bomba, e agora a declaração… Parecia que finalmente as coisas estavam dando certo. Quatro meses passa rápido!

E ele então, me puxou, e finalmente, me beijou.

~