On The Floor – Jennifer Lopez feat. Pitbull

Bella Swan

Eu me movimentava conforme as batidas eletrônicas da música. O mundo podia acabar, mas eu continuaria dançando. Nada era melhor do que relaxar depois de uma semana intensa de trabalho árduo na pista de dança da minha boate preferida.

Eu dançava com uma das minhas melhores amigas do mundo, Alice Cullen. Nós duas fomos criadas praticamente juntas, temos a mesma idade e também somos as filhas caçulas. Ela tinha dois irmãos mais velhos, Emmett e Edward. Emmett é o primogênito dos Cullen, ele tem vinte e nove anos, é casado com a maior patricinha que eu já conheci na vida – depois da Alice, é claro –, mas apesar de Rosalie Hale ser fresca e tudo mais, ela continua sendo a mulher mais linda que já conheci e mais malvada, além de ser minha amiga.

De um jeito absurdamente estranho, Emmett e Rosalie se completam. Ele é um palhaço em pessoa, tudo pra ele é uma brincadeira e Emmett nunca perde uma piada. Já Rosalie é um furacão da beleza: longos cabelos loiros, alta, possuidora de um corpo escultural, olhos intensamente azuis, mas é um poço de educação, para não dizer ao contrário. Rosalie é respondona e mandona, mas tem classe, sabe ser fina e adora estourar um cartão de crédito. Ambos são advogados e acho que não há profissão que os defina melhor do que essa, ambos nasceram pra isso.

O irmão do meio de Alice, Edward, é estranho. Sempre foi recluso e quieto. Ele tem vinte e oito anos, se não me engano. E era bem feio quando adolescente e quando criança. Ele era alto demais para a idade, usava óculos fundo de garrafa, tinha muitas espinhas e era muito magrelo, sem contar aquele cabelo de cor estranha e lambido. A única coisa nele que era bonito, eram seus olhos. Verdes e tempestuosos. Mas sempre foi inteligente, tanto que se formou um ano antes do previsto e já tinha sua vaga na escola de medicina de Harvard e desde que foi para Cambridge nunca mais ouvi falar nele, só quando Alice o menciona. Sei que ele já se formou e já fez duas residências, mas nunca mais o vi desde sua formatura.

Alice é a caçula – como já falei –, nós duas temos a mesma idade, a diferença é de meses. Ela faz aniversário em julho e eu em setembro. Fomos pra mesma universidade e fizemos o mesmo curso, publicidade. E também trabalhamos na mesma agência. Sempre fomos grudadas e mais parecemos irmãs do que melhores amigas. Ela é noiva do meu irmão mais velho, Jasper.

Jasper é cara da mamãe e eu sou a cara do meu pai. Jasper é loiro e tem belos olhos azuis da cor de piscina, como nossa mãe. E eu tenho cabelos castanhos e olhos também castanhos, mas eu gosto deles, parecem chocolates. Jasper tem a idade do Edward, vinte e oito, e é formado em Administração, trabalha numa multinacional famosa.

Eu amo meus amigos, são como meus irmãos de verdade. Não tenho namorado e também não estou à procura, meus namoros nunca duraram muito. Não sei o motivo e também não quero saber.

- Bella! Vamos beber! – gritou Alice, devido ao som alto, tirando-me dos meus devaneios.

Eu assenti e fui com ela até a mesa que o pessoal estava. Assim que encontramos o povo, Alice me largou e foi direto para o colo do meu irmão. Falei com todos, mas uma figura desconhecida também estava ali com um copo de uísque na mão. Era um homem e incrivelmente belo. Parecia ser alto, os cabelos totalmente bagunçados cor de bronze e olhos intensamente verdes. Aquele homem me era estranhamente familiar.

- OMG – exaltou-se Alice, ao perceber que eu encarava o cara sem pudor algum – Bella, esqueci de falar, o Edward voltou para Los Angeles – e apontou o irmão.

Por isso que ele me era estranhamente familiar.

- Oi Edward, como vai? – cumprimentei-o.

- Ótimo – apertou minha mão e forçou um sorriso, e que sorriso...

Sentei-me no único lugar vago que por coincidência era ao lado do novo Edward. Porque sinceramente falando, ele não parecia nada com o Edward que eu me lembrava. Estava absurdamente lindo e gostoso.

Conversa vai. Conversa vem. Percebi que o Cullen do meio ainda continuava recluso, e sem demora o mesmo se levantou dizendo que ia ao bar, Emmett e Jasper foram com eles, e nós aproveitamos para pedir que eles trouxessem bebidas.

- Seu irmão está muito diferente – falei para a baixinha, que deu um sorriso malicioso.

- E acabou de levar um pé na bunda da irritante da Victoria. – disse Alice.

- Quem é Victoria? – perguntei.

- Victoria Abrams, lembra? – disse Rose, sorrindo.

- OMG! – disse, espantada.

Victoria Abrams era uma colega nossa do colegial. Era uma puta, pra dizer a verdade.

- Eles namoraram por um longo tempo... Seis anos se não me engano. – disse Alice – Mas quando a ruiva percebeu que meu irmão queria oficializar o relacionamento, e caiu fora – riu – Edward pode ter mudado fisicamente, mas continua o mesmo ingênuo de sempre.

Eu sorri e beberiquei a dose de vodca que meu irmão havia deixado ali. Eu não estava a fim de ficar ali parada, então disse que iria para a pista. Enquanto eu dançava, esquecia da vida. Estava a mais de vinte minutos ali, quando me assustei com uma mão tocando firmemente em minha cintura. Fui virando e pronta pra espancar o engraçadinho quando dei cara com Edward.

- Trouxe sua bebida – ele disse, em voz alta.

Peguei o copo de sua mão e tomei num gole só, Edward me encarava curiosamente.

- Você ficou muito bonita, Bella – ele disse.

- Digo o mesmo pra você – retruquei.

Ele apenas abriu um sorriso torto e começou a dançar junto comigo. Em apenas dois minutos dançando, percebi que Edward era um exímio dançarino. Os anos fizeram muito bem a ele, diga-se de passagem, e enquanto curtíamos a batida eletrônica conversávamos, falando um no ouvido do outro devido a música alta.

Sem que eu percebesse, nós já riamos, falávamos besteiras, contávamos situações engraçadas no período da universidade, ele me contou alguns de seus feitos e o motivo de voltar a LA. Fomos para o bar repetidas vezes, bebemos muito, tanto que eu perdi a conta das doses e quais eram as bebidas.

Cada música que era tocada, nós dançávamos juntos. Podíamos dizer que formávamos um belo par de dançarinos, ele mesmo que disse isso e eu comecei a rir descontroladamente, Edward me acompanhou. Quando paramos de rir, fitamo-nos de uma forma estranhamente intensa. E quando menos percebi os lábios de Edward estavam sob os meus e é até aí que a minha memória vai.

[...]

 Uma dor de cabeça alucinante me fez despertar, abri meus olhos de uma vez e me arrependi imediatamente. A claridade fez com que a dor de cabeça aumentasse, meu estômago estava embrulhado e eu queria vomitar.

Levantei num átimo da cama e foi aí que percebi que estava nua, e que também não estava em meu quarto. Forcei minha mente para se lembrar do que havia acontecido noite passada, mas só conseguia me lembrar das luzes coloridas da boate e de um beijo.

Puta que pariu!

Aos poucos alguns flashes dos acontecimentos invadiram meu cérebro e me recordei de aceitar um pedido completamente indecente do irmão da minha melhor amiga.

Receosa, olhei para a cama e vi o que mais temia. Edward Cullen dormia tranquilamente de bruços e somente o fino lençol da cama cobria suas partes íntimas, já que era possível ver suas costas e suas pernas.

Gemi de frustração e encontrei o banheiro, como uma fugitiva, corri até o mesmo e me tranquei ali dentro. Fitei-me perante o espelho e observei que tinha algumas marcas pelo meu pescoço, provas da noite de sexo. O problema é que por mais que eu forçasse, não conseguia me lembrar de nada. Absolutamente nada!

Pergunta: eu realmente queria me lembrar dessa noite?

Avaliei todo o meu corpo e constatei outras marcas avermelhada. Puta que pariu! Nisso que dá ter a pele branca e ficar marcada por qualquer coisa. Bufei indignada comigo mesmo e decidi que o melhor a se fazer era cair fora dali. Abri a porta e saí do banheiro, Edward ainda dormia, então era melhor aproveitar o sono dele.

Catei minha roupa pelo quarto e só o que encontrei foi o meu lingerie, onde estaria o meu vestido, bolsa e sapatos? Coloquei as peças íntimas e saí do quarto do Cullen. Enquanto procurava a sala, tive que admitir que o lugar era bem decorado. Encontrei meus pertences jogados de qualquer maneira pelo chão do ambiente e tratei de vestir-me. Voltei ao banheiro e lavei o rosto, tentando retirar qualquer vestígio, mas tive pouco sucesso.

Fitei Edward mais uma vez e resolvi ir embora logo.

[...]

Assim que cheguei ao meu apartamento, o telefone começou a tocar. Tirei meus sapatos de qualquer maneira e corri para atender.

- Alô? – falei, esbaforida.

- Isabella Marie Swan, como você transa com meu irmão e não me fala nada? – dizia Alice, toda eufórica.

- O que? – rebati, confusa pela rapidez que ela falou.

- Não se faça de sonsa, meu bem... – ralhou à baixinha – OMG, Bella! Edward me ligou dizendo que você sumiu? Como assim? – disse, indignada.

- Ah... – foi o máximo que consegui dizer – Alice, eu ainda estou de ressaca. – bufei, impaciente – Eu não me recordo de nada do que aconteceu ontem a noite, sem falar que eu acabei de pisar no meu apartamento. Será que você poderia me deixar tomar um banho, comer alguma coisa e depois você continua com o interrogatório? – pedi.

- Tudo bem – ela disse, depois suspirou – Estou chegando ao seu apartamento em quinze minutos. – falou e desligou na minha cara.

- Filha da... – comecei a xingar, mas me contive.

Coloquei o telefone de volta a base e corri para o meu banheiro. Tomei uma ducha fria e enquanto me banhava, tentei mais uma vez me lembrar dos acontecimentos, mas as únicas coisas que vinham eram: flashes, risadas, beijos e alguns gemidos, além das imagens desconexas, é claro.

Terminei meu banho e me sequei, coloquei uma roupa de casa e quando estava terminando de pentear meus cabelos a campainha soou. Andei calmamente e abri a porta, já sabia quem era mesmo. E então dei de cara com Alice, com uma expressão divertida no rosto.

Cumprimentamo-nos brevemente e ela entrou, já se jogando em meu sofá.

- Então, conte-me tudo e não esconda nada! – falou, risonha.

Apenas revirei os olhos, aquela anã não tinha jeito mesmo.

- Vou até a cozinha, estou faminta. – disse.

- Ui, o Eddie te dou no couro, foi? – gargalhou.

- Argh! Menos Alice! – ralhei e ela riu mais ainda.

Enquanto eu pegava algumas coisas na geladeira, ia contando o que me lembrava.

- Então foi isso, depois que nos beijávamos na boate só me lembro de acordar na cama dele... – finalizei a narração.

- Hm... Acho que o Edward se lembra de mais coisas... – ela disse, maliciosa e eu revirei os olhos, mais uma vez – É sério, ele me ligou desesperado... – riu.

- Eu só espero que ele saiba que o aconteceu conosco foi apenas uma noite. – disse, colocando o café que tinha acabado de fazer na cafeteira na minha caneca.

- Ele foi tão ruim assim? – ela me indagou, ainda divertida.

- Não sei dizer, não me lembro de quase nada... – suspirei – E tem mais, Alice, ele é seu irmão... Sem falar que ele é um completo estranho pra mim!

- Nada a ver – retrucou à baixinha – Mas, você é quem decide. – deu de ombros – Só espero que você diga isso a ele. Edward se apega muito rápido as pessoas. – disse bem séria.

Eu não respondi nada e então mudamos de assunto, na verdade, eu quem mudei. Perguntei a ela como a noite terminou pra eles e Alice me contou tudo.

[...]

Eu passei o restante do sábado com Alice no meu apartamento, ela só voltou para o dela já de noite, pois tínhamos combinado de jantar numa pizzaria. Eu tomei outro banho e fui me arrumar.

Depois de pronta, fui esperar minha carona embaixo de meu prédio, Jasper e Alice viriam me buscar. E nem demoraram, questão de cinco minutos o Jazz buzinava. Entrei no carro dele e cumprimentei os dois.

Fomos a uma pizzaria já conhecida por todos nós, até os funcionários já nos conheciam. E quando chegamos encontramos todos lá. Nem preciso dizer que fiquei levemente rubra ao ver Edward ali, e também estranhei meu coração dar um salto. Alice, maligna como só ela, fez com que eu ficasse lado a lado com Edward.

Ele me cumprimentou com um sorriso torto e fiz o mesmo. Os outros apenas nos olharam desconfiados, mas nada disseram. Passado o constrangimento inicial, a conversa fluiu, eu dei boas gargalhadas com o Emmett e fofoquei bastante com as garotas. Comemos pizza e quando saímos da pizzaria já era quase meia-noite.

- Bella, quer uma carona? – Edward me indagou.

- Eu estou com Alice e Jasper. – disse.

- Ah... – ele murmurou, mas deu um sorriso pequeno.

- É melhor você ir com ele, Bella – Alice se intrometeu – Eu e Jasper vamos prolongar a noite. – disse, sorrindo marota.

Não era necessário que ela entrasse em detalhes e eu também não queria isso.

Eu apenas ri e acabei aceitando a carona dele. Edward tinha um Volvo prateado muito bem cuidado.

- Adorei seu carro – disse, assim que entramos no mesmo.

- Obrigado – agradeceu, sorrindo.

Indiquei o caminho do prédio a Edward e fomos conversando durante o percurso, falamos apenas coisas corriqueiras, não entramos em detalhe sobre a noite passada.

- Está entregue – ele disse, parando a frente do meu prédio.

- Obrigada pela carona, Edward – disse, fitando-o.

- De nada, Bella – sorriu.

Eu fiz menção de abrir a porta, mas Edward segurou meu pulso, então me virei para ele.

- Bella... – suspirou – Sobre ontem à noite, eu...

- Não precisamos de explicação, Edward – interrompi-o, eu precisava colocar em pratos limpos – Foi apenas uma noite, isso acontece muito hoje em dia... Não se preocupe comigo. – sorri sincera.

Edward abriu e fechou a boca várias vezes, tentando dizer alguma coisa, mas acabou não proferindo nada. Apenas assentiu com um sorriso e então eu saí do carro.

- Boa noite, Edward. – desejei e entrei em meu prédio, sem esperar uma resposta de volta.

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