Edward Cullen

Era normal me sentir tão feliz do jeito que eu me encontrava?

Eu me sentia muito feliz, como se realmente as coisas estivessem no seu caminho certo. Pode ser que não tenha começado da maneira correta, mas não me importava, o fato era que estava acontecendo e eu realmente estava amando tudo isso.

Bella me deixou amá-la. E eu posso afirmar que ela também está apaixonada por mim, seus gestos a denunciam. Sei que ela não disse com todas as letras, mas não era necessário, por ora.

Ela estava entrando no oitavo mês de gestação e ficava a cada dia mais linda. Reclamava do peso, do inchaço nos pés, chorava e seu humor era completamente bipolar, mas eu não me importava, era o mais paciente possível. Sei que tinha horas que dava vontade de arrancar os cabelos, mas uma coisa que eu aprendi sendo médico e ainda mais obstetra, era que as oscilações de humor eram perfeitamente normais e não adiantava discutir.

Por falar nisso, aqui estava eu atendendo mais uma paciente. Estava terminando os meus pacientes da manhã no consultório quando meu celular tocou, pelo visor vi uma foto de Bella sorridente e com as mãos no ventre, acabei sorrindo e atendi:

- Oi meu amor.                                                                          

- Edward, você vai almoçar em casa? – ela me indagou.

- Eu não sei, porque ainda tenho que dar alta para algumas pacientes agora pela tarde – respondi.

- Ah... É porque eu comprei umas roupinhas pra nossa princesa hoje mais cedo com a sua mãe e queria que você visse. – disse desanimada.

- Quando eu chegar você me amostra, ok? – falei e minha secretária apareceu na porta.

- Tudo bem então. – ela disse meio amuada, mas concordou – Quando você chegar acho que estarei com a Alice, ela disse que queria ver umas coisas pra Renesmee.

- Bella, eu acho melhor você descansar agora de tarde... – falei, a repreendendo – Você passou a manhã toda perambulando com a minha mãe, lembre-se que a nossa pequena está para nascer e todo cuidado é pouco.

- Ai Edward... Eu nem andei muito com a sua mãe. – falou, birrenta – E Alice sabe disso, já que você vive falando sobre cuidados para comigo e com a nossa filha.

- Se ela sabe, então nem deveriam sair... – rebati – Por favor, meu bem... Ouça-me pelo menos uma vez. – suspirei.

- Nem vou discutir com você, Edward. – bufou – Você sabe o quanto eu odeio que me tratem como uma doente! – resmungou − Até logo. – desejou de má vontade e desligou o telefone na minha cara.

Suspirei pesadamente e coloquei o celular de qualquer maneira sobre a minha mesa. Bella era tão teimosa que às vezes dava nos nervos!

Imediatamente peguei o celular de novo e liguei para a minha irmã. Conversamos por poucos minutos, expliquei a situação e Alice compreendeu. Ela disse que nem sabia que Bella havia saído com a nossa mãe, então falou que iria remarcar com a Bella.

Agradeci a minha irmã e saí para almoçar, pois a minha última paciente pediu para remarcar a consulta. Comi com alguns colegas e depois voltei para o consultório.

Passei a tarde inteira ocupado, atendo a grávidas, algumas senhoras e quando já passava das seis da tarde encerrei meu expediente e fui para casa. Assim que cheguei à mesma, encontrei Bella sentada no sofá comendo algum doce e assistindo a TV.

- Oi meu amor! – anunciei minha presença, aproximei-me dela e lhe dei um beijo na testa.

- Oi. – respondeu seca e sem me olhar.

Hm. Está de bico porque obviamente Alice contou a ela que eu liguei pedindo para que elas não saíssem agora de tarde.

- Estamos bem? – a indaguei, sentando-me ao seu lado no sofá e acariciando de leve seu ventre, senti a minha menina chutar e automaticamente sorri.

- Sim, ela está bem. – respondeu novamente seca.

- O que houve Bella? – perguntei logo.

- Nada Edward. – disse, ainda prestando atenção TV.

Continuei a fitá-la, mas ela nem se quer me olhou. Eu não queria discutir, mas Bella tem que entender que tem alguém que depende dela.

- Bella, por favor. – pedi – Sei que está aborrecida, não quero que fique assim... Então, eu te peço que fale... Vai ser melhor.

Bella apenas respirou fundo, pegou o controle remoto e desligou a TV. E então se virou para mim, finalmente me encarando.

- Vai ser melhor, é? – me indagou, sarcástica.

- Eu acho. – respondi tranquilamente.

- Ok então... Por onde eu começo... – fingiu pensar e eu revirei os olhos – Primeiro você não pode me tratar como uma mulher grávida normal? – esbravejou – Eu estou grávida e não doente! – exclamou, levantando-se e me encarando seriamente – Segundo, foi ligar pra sua irmã que cancelou nosso compromisso! – bufou.

- Bella, você já tinha passado a manhã andando com a minha mãe... E ainda queria passar a tarde toda andando com a Alice? – perguntei, indignado – Você está de oito meses, meu amor... Não pode se cansar muito! Sem contar que todo o cuidado é pouco agora! – suspirei – Tente entender!

- NÃO! – gritou, exasperada – Eu odeio que me tratem dessa forma! Você sabe muito bem disso!

- Por favor, não se exalte... – supliquei, já preocupado.

Bella não podia se alterar, qualquer emoção forte demais era prejudicial para ela e para o bebê, ainda mais que já estamos no final da gestação.

- NÃO ME PEÇA CALMA, EDWARD CULLEN! – gritou mais uma vez, já sem controle – ESTOU MUITO IRRITADA!

Ficamos nos encarando por alguns segundos, eu decidi me calar, porque sabia que não adiantaria rebater, ela ficaria mais brava. E no momento da raiva ela não está pensando em si mesma e na nossa princesa.

- Quer saber? – me indagou, ainda raivosa – Vou me deitar.

E dizendo isso saiu da sala a passos largos. Subiu as escadas rapidamente e eu só pude ouvir o barulho da porta do seu quarto sendo fechado com força.

Suspirei pesadamente e fui até a cozinha. Bebi um copo de água e fui trancar toda a casa. Após isso subi as escadas e ao passar pela porta do quarto de Bella pude ouvir seus soluços. Doeu o coração ouvi-la chorar.

Então sem pensar eu abri a porta de seu quarto e a vi jogada na cama de qualquer maneira, chorando e com suas mãos pousadas sobre sua grande barriga. Senti meu coração se apertar e caminhei até ela, sentei-me na cama e a puxei para mim.

Bella tentou relutar, orgulhosa do jeito que é, mas se agarrou a mim como se eu fosse um bichinho de pelúcia.

- Me desculpa, meu anjo. – pedi, abraçando-a mais forte – Eu só quero o seu bem e o da nossa princesa... Desculpa-me, por favor!

Ela soluçou mais alto, mas assentiu com a cabeça.

- Eu realmente te amo, Bella. – falei, encarando seus lindos olhos castanhos – Eu só quero o melhor pra você.

Limpei suas lágrimas e beijei seus lábios num selinho demorado.

- Obrigada por ser tão perfeito, Edward. – ela disse, num sussurro e a voz ainda estava levemente embargada.

- Eu não sou perfeito, baby – sorri e beijei sua testa com carinho.

- Pra mim você é. – ela disse e sorriu tímida.

Eu retribuí ao seu sorriso e a abracei novamente. Ficamos naquela posição por longos minutos, até que eu pude sentir que Bella estava mais calma. Ela se desvencilhou de mim e foi até o banheiro, dizendo que iria lavar o rosto. Eu apenas assenti e resolvi tirar meus sapatos e a camisa, estava indo avisá-la que iria tomar banho em meu banheiro quando ouvi seu grito.

Larguei tudo no chão e fui até ela.

- O que foi? – perguntei a vendo apoiada na pia do banheiro e uma de suas mãos sobre a barriga.

- Está doendo! – ela disse, exaltada e já com o rosto banhado de lágrimas.

Não pensei duas vezes e a peguei no colo, levando-a para sua cama. Vesti a camisa e coloquei os sapatos novamente, então a peguei novamente e desci as escadas com calma.

Bella chorava silenciosamente e gemia de dor. Eu estava louco de preocupação.

- Fique aqui no sofá rapidinho, vou pegar a chave do carro. – falei a ela – Onde está sua bolsa com seus documentos?

- Lá no meu quarto, jogada na poltrona. – respondeu.

Eu assenti e corri para o segundo andar. Entrei em seu quarto esbaforido e peguei sua bolsa. Voltei para ela e a peguei no colo rapidamente. Saímos de casa e eu destravei o alarme do carro.

Coloquei-a no banco traseiro e voltei para trancar a casa. Eu não sabia da onde eu havia tirado tanta calma, eu podia estar nervoso e louco por dentro, mas estava conseguindo pensar. Entrei no carro e dei partida.

Dirigi o mais rápido que consegui e fomos direto para o hospital. Assim que cheguei lá, já fui pedindo uma cadeira de rodas e fomos entrando na recepção da emergência. Fizeram a ficha de Bella e eu voltei para estacionar o carro. Quando entrei de novo no setor, ela já estava no consultório.

A médica da emergência era novata e apenas uma clínica geral, ela passou vários exames para ver como estava a nossa pequena e pediu o parecer da obstetra de plantão que por um acaso era a doutora Collins, a médica da Bella.

Ela fez os exames necessários e eu liguei para a mãe da Bella, para a minha e para a Alice. Apenas avisei ao Emmett, mas pedi para ele não deixar que a Rosalie viesse e ficasse agoniada, porque ela também está grávida.

Quando eu e Bella estávamos saindo da ultrassonografia, vimos Renée e Charlie esperando, assim como minha mãe e meu pai, e Alice e Jasper.

Todos vieram para cima da Bella e eu tive que intervir, é lógico. Expliquei resumidamente o que aconteceu e então voltamos para a observação, ela estava em um leito. Doutora Collins apareceu e então era a hora da verdade.

- Bom, pelo fato de você ter se irritado Bella, estressou o bebê também. – a médica falava calma – Isso foi apenas um susto, mas você não pode ter emoções fortes. – suspirou – Você também teve um pequeno sangramento causado por isso e também porque houve um pequeno descolamento na placenta como pude ver pelo exame do toque, além de sua pressão estar alterada.

Eu apenas fiquei calado, assim como todos ali presentes. Bella estava mais calma, mas ainda estava chorosa.

- Você vai passar a noite aqui para ficarmos monitorando a sua pressão, vou passar uns medicamentos e amanhã pela manhã nós iremos ver como você está, ok? – ela disse, sorrindo ainda calma.

A médica se despediu e então ficamos todos em silêncio.

- Você está bem querida? – Renée perguntou a filha, aproximando-se dela.

- Mais calma, mas ainda preocupada. – Bella respondeu.

- Vocês dois tem que se acalmar, não tenho mais idade pra levar esses sustos! – Charlie resmungou e deu um beijo na testa da filha.

- Me desculpem por fazê-los saírem de casa a essa hora da noite. – Bella pediu, chorosa.

- Se estamos aqui é porque te amamos, mana... E amamos ainda mais essa pequena princesa que em breve estará conosco... – Jasper dizia, calmo como só ele – Não se preocupe com nada. – sorriu carinhosamente para a irmã.

Eles ficaram ainda mais um pouco, mas depois foram embora. Renée queria passar a noite com a Bella, mas eu não deixei, ela ainda insistiu, só que em vão. Estávamos só nós dois, eu estava sentado numa cadeira e percebi que Bella me fitava.

- O que foi? – indaguei.

- Queria te pedir desculpas. – ela disse – Se não fosse pelo ataque sem motivo não estaríamos aqui.

- Esqueça isso – pedi – Não vale a pena ficar se martirizando. – suspirei – O importante é que você está bem e a nossa pequena também... Tudo não passou de um susto.

Bella suspirou e não disse mais nada. Então eu me aproximei dela e lhe beijei calmamente.

- Eu realmente amo você. – murmurei entre seus lábios.

Ela sorriu timidamente e me beijou. Trocamos mais alguns carinhos e logo Bella pegou no sono. E eu fiquei a velar seu sono.

[...]

Bella saiu do hospital no dia seguinte com todas as recomendações possíveis. Ela estava mais calma e bem, isso que era importante. A médica pediu que ela entrasse logo em licença maternidade, seria melhor. E assim Bella o fez.

Ela estava em casa o dia inteiro, completamente de repouso. Renée vivia lá em casa assim como a minha mãe, minha irmã e a Rose. Eu sabia que Bella não gostava de toda essa atenção e de todos a tratando como uma inválida, mas ela também sabia que todos queriam o seu bem, sem contar que ela estava de repouso e não podia fazer esforço, estava conformada pelo menos.

Mudando de assunto, eu tinha tomado uma decisão. Algo que eu já sabia que queria, mas estava com medo. Só que eu tinha que arriscar.

Nesse momento eu estava almoçando com o Charlie e com meu pai. Estava meio nervoso, mas confiante.

- Então Edward – Charlie começou a falar –, você disse que queria conversar comigo sobre algo importante.

- Bom... – hesitei e fitei meu pai, este já sabia o que eu queria, então me deu um sorriso de encorajamento – Você sabe o quanto tudo que aconteceu comigo e com a Bella foi de repente, e que estamos juntos. Porém, não é dessa maneira que eu quero.

- Sim, eu sei. – ele concordou e tomou um gole de seu uísque – Bella é complicada e muito fechada, não gosta de falar sobre seus sentimentos, mas ela é fácil de ler... Sempre foi um livro aberto. – suspirou – Ela tem essa pose de durona e de que sabe se virar, mas é o ser mais frágil do mundo.  

Eu apenas assenti com a cabeça.

- Pois é. – concordei – Só que eu quero mais, entende? – o encarei sério – Eu descobri que a amo, na verdade eu sempre a amei... Mas eu sempre pensei que ela era demais pra mim. – sorri ao me lembrar de minha adolescência – Porém, tudo isso aconteceu conosco. Sei que foi irresponsabilidade de ambos, mas eu quero isso. Quero ser pai, quero fazê-la feliz, quero amá-la... Quero começar de fato uma família com ela. – disse do modo mais sincero que pude.

- Eu aprecio isso, Edward. – ele disse – Não nego que fiquei muito surpreso quando você e Bella nos contaram a novidade, mas me tranquilizei por saber que era você. – sorriu de lado – Porque eu conheço seus pais – apontou para o meu pai – e sei da criação de vocês.

- Obrigado pela confiança. – agradeci – Bom, eu vou direto ao ponto. – respirei fundo – Quero me casar com a Bella e gostaria de pedir a sua aprovação.

Charlie me encarou por um momento, fitou meu pai e depois voltou seu olhar para mim e depois sorriu.

- É claro que aprovo. – eu sorri – Nada me faria mais feliz do que ver minha filha casada com um rapaz de respeito. Eu dou minha benção para vocês dois. – disse sincero – Agora é com ela.

Eu agradeci a ele e nós três terminamos o almoço. Depois voltei para o consultório, mas antes liguei para Bella, queria saber como ela estava.

Passei a tarde toda trabalhando e depois voltei para casa. Bella estava na cozinha.

- O que você faz em pé, moça? – perguntei, beijando sua nuca exposta.

- Ai que susto! – ela deu um pulinho e depois se virou para mim, dando-me um selinho.

- Oi – falei, rindo e pousando a mão em seu ventre.

- Oi. – ela respondeu enquanto afagava minhas bochechas e me beijava.

Sua boca estava com gosto de chocolate.

- O que você comia, senhorita? – perguntei, risonho.

- Aprendi com uma amiga minha que é brasileira, é um doce chamado brigadeiro. – ela disse e eu estranhei o nome – Estava louca de vontade e fui ver se tinha os ingredientes, e graças a Deus tinha! – sorriu feito criança e eu sorri junto – Então eu fiz e saciei minha vontade.

- Outro dia você fará pra mim – disse e lhe beijei novamente – Fiquei com vontade só de sentir o gosto em sua boca – sussurrei entre seus lábios.

Bella gargalhou e eu a puxei para um beijo apaixonado. Sua língua brincava com a minha, suas mãos bagunçavam meus cabelos e eu acariciava suas costas. Estávamos o mais colado possível, apesar de sua barriga empatar. E então sentimos a nossa menina mexer e rimos.

- Eu te amo – disse e beijei sua boca rapidamente.

- Eu também te amo. – ela disse pela primeira vez e eu apenas sorri largamente.

Agora eu tinha mais certeza ainda de que era ela quem eu queria para a vida inteira.

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