Pérolas escrita por Chelsea-chan, Kep-chan


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Espero que deixem reviews



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– Suzannah!

 

Ouvi alguns sons parecidos com: grrnh.

Eu ainda não tinha aberto os olhos porque estava com medo. Medo de acordar naquele corredor sombrio, com a névoa lambendo meus calcanhares e aquelas centenas de portas.

Medo de estar morta.

 

– Suzannah!

 

Ouvi novamente aqueles gemidos estranhos.

 

Hermosa!

 

Hermosa... sim! Eu reconheci essa palavra. Percebi que estava em segurança. Lentamente abri os olhos, a visão ainda não estava nítida, mas sabia o que estava acontecendo. Ele havia vindo para me salvar! Jesse me salvou! Ah, Jesse...

 

– Suzannah? Você está bem? – Jesse percebeu que eu havia acordado.

– Jesse?

 

Olhei para o lado. Havia sangue na blusa dele.

 

– Jesse? O que fizeram com você!? – Disse assustada por causa do sangue.

– Suzannah? Você está bem? Suzannah? – Jesse parecia desesperado.

 

Me apoiei em Jesse para levantar. Minha cabeça latejava de dor. Pude ver melhor o sangue na camisa de Jesse – ele já estava de pé, ajudando a me equilibrar – então percebi que o sangue não era de Jesse – como poderia ser? Ele está morto – era meu.

 

Nombre de Dios, Suzannah! Sua testa!

 

Jesse tirou de dentro do bolso um lenço com as iniciais M.D.S. e começou a limpar minha testa. A algum tempo, Jesse havia me dito que, se pudesse escolher a profissão, seria médico. É, ele levava jeito.

 

– Jesse – me lembrei de quem tinha feito isso comigo – onde está ela?

– Ela desapareceu – falou ele guardando o lenço.

 

Era por isso que eu odiava os fantasmas... Podiam aparecer e desaparecer a qualquer momento.

 

– Vem – Jesse agora estava me ajudando a descer as rochas – vamos pra casa.

 

Nós dois voltamos para casa a pé. Jesse ia segurando minha bicicleta – isso era bastante familiar, só que como minha cabeça estava, não pude me lembrar – se alguém olhasse deveria achar estanho uma garota de jaqueta de couro e uma bicicleta andando sozinha ao seu lado – claro, só eu poderia ver Jesse – mas nem me importei, minha cabeça latejava de dor e tudo o que eu queria era voltar para casa. O cara que escolhia quem nascia com esse ‘dom’ de ver os mortos certamente incluía um bônus, não era tão fácil matar um mediador. Claro que Jesse havia salvo muitas vezes minha vida, mas eu já apanhei pra valer. Até já caiu um teto em cima de mim.

 

– Suzannah... Tem certeza que não quer ir para o hospital? – Jesse perguntou, já estávamos na frente da minha casa.

– Não, Jesse, não se preocupe.

 

Escondida subi até meu quarto e joguei-me na cama. Jesse estava lá, sentado na janela, olhando para mim.

Dormi.

Sério, levar uma pancada na cabeça, ver um filme de sua vida e ficar entre a vida e a morte cansa. O que eu poderia fazer além de dormir?

 

Acordei com minha mãe me chamando.

 

– Nossa! Suzinha, você está bem? O que é esse machucado na sua testa? – ela falou preocupada.

– O quê? – Mesmo depois de ter dormido eu estava meio cansada. Deveria ser quase meio dia pelo sol.

– Suzinha! Você está bem?

– Estou sim, mamãe – falei, já estava um pouco melhor, só que ainda estava morrendo de sono – posso dormir um pouco mais?

– Mais? – minha mãe pareceu espantada.

– Por favor!

– O que aconteceu na sua testa? – mamãe falou levantando meu cabelo para poder ver melhor o machucado.

– Está tão horrível assim? – eu ainda não tinha me visto no espelho.

– O que aconteceu? – insistiu minha mãe.

– Eu... eu estava indo no banheiro durante a noite e bati a cabeça.

 

Certo, haviam grudado uma madeira na minha cabeça, se lembram? Eu não tinha uma desculpa melhor que essa.

 

– Tudo bem, meu amor, mas depois vamos ao hospital para ver se é alguma coisa grave.

– Tenho certeza que não – falei, mas estava com muita preguiça de discutir.

 

Minha mãe saiu do quarto e Jesse se materializou sentado na minha cama.

 

– Bom dia, hermosa. Está melhor?

– Estou sim, Jesse. Você sabe quanto eu dormi?

– Dormiu bastante, Hermosa. É  manhã de domingo.

– Domingo? – eu ainda não tinha me dado conta... mas quando a ficha caiu... – Domingo!

 

Domingo! Não acredito que dormi durante um dia inteiro – fui entregar a caixa para a senhora McPhiil na sexta – Eu dormi sábado inteiro!

É... quase morrer é cansativo. Se bem que dormir dias inteiros estavam se tornando muito normais em minha vida.

Depois dessa notícia não senti mais sono – na verdade me sentia um pouco cansada e dolorida – me vesti e fui descer para almoçar. Quando cheguei na cozinha o almoço ainda não estava pronto então subi de volta para o meu quarto. Quando cheguei no meu quarto Jesse estava segurando alguma coisa. logo que me viu ele escondeu atrás de si.

 

– Pode dizer o que é – falei irritada.

– Dizer o quê?

– O que você estava segurando e escondeu quando me viu.

– Eu não estava segurando nada!

– Eu vi! Era alguma coisa branca!

– Branca? – Jesse riu, o que me deixou irritada.

– Jesse! Não minta! Eu tenho certeza que vi você com... com uma coisa!

 

Jesse chegou perto de mim e levantou meu cabelo para ver o machucado.

 

– É – ele falou – realmente você precisa de um médico... já está tendo até alucinações!

– Ou você me conta ou... – não tinha o que falar, mesmo com raiva eu não seria capaz de fazer algum mal ao Jesse.

– Ou o quê? – perguntou ele – vai me matar?

 

Ri daquela piadinha sem graça, mas quando fui falar algo alguém bateu na porta.

 

– Suzinha, querida, vem almoçar.

– Já vou, mãe! – gritei de dentro do quarto. Virei para Jesse e falei mais baixo – e você... – vi que Jesse estava de desmaterializando – pode voltar aqui!

 

Mas ele não voltou, apenas disse:

 

– Até mais, hermosa

 

Já falei o quanto eu odeio quando os fantasmas fazem isso? Quer dizer, não quando nos chamam de hermosa, como Jesse – na verdade apenas ele que me chama assim – digo quando desaparecem... e precisamos de respostas.

Desci para almoçar. O que mais eu poderia fazer? Ficar no meu quarto insistindo para Jesse contar o que ele estava segurando? Nem pensar...

Enquanto eu descia as escadas eu pensava no meu aniversário. Faltavam apenas 5 dias...


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Notas finais do capítulo

Capítulo editado em 26/07
Se tiver algum erro, ou algo absurdo, só avisar. Okie~?