POV Dorcas:

Emmeline me olhava como se tivesse ganhado na loteria, quer dizer, se ela ao menos soubesse o que é loteria. A maioria das pessoas me olhava como se eu fosse somente mais uma bêbada pagando um mico que eles adorariam assistir. Ótimo. Quanto mais pessoas prestando atenção, melhor. Foi então que eu avistei as meninas e os marotos. Menos Remus, é claro, já que ele estava ali por perto do palco para me ajudar com o plano. Elas me encaravam desoladas, e eu fingi não ter visto e não me importar, embora eu estivesse morrendo por dentro. Quando eu falasse tudo que eu tinha para falar, elas entenderiam, eu tinha certeza disso.

— Para quem não sabe, Emme e eu voltamos a ser melhores, melhores, melhores amigas. Eu estou até passando as férias na casa dela agora! Pois é, antes de sair de Hogwarts ela me procurou para me pedir desculpas por tudo, mas só depois de eu brigar com a Mckinnon, a Evans e a Cohen é que eu decidi aceitar. E daí eu fui lá para a casa dela e a gente quase voltou a ser as amigas que a gente era antes, lá no terceiro ano. – eu comecei, ainda me fingindo de bêbada e de amiga da Emmeline. Eu podia sentir os olhares de Lily, Lene e Alice sobre mim, mas eu ignorei. Seria mais difícil continuar com o que eu tinha que fazer se eu olhasse para elas de volta. Mas tinha chegado ao ponto que eu precisava, então todo o meu aspecto de bêbada que eu estava fingindo se foi e eu não podia estar mais sóbria. – Eu digo quase porque quando eu estava lá na casa dela, eu entrei no quarto da Emmeline sem bater, e ela estava lendo uma carta. Na mesma hora em que ela me viu ela escondeu a carta, e eu fingi que eu não tinha visto. Mas eu vi. E achei estranho. Então quando ela foi pro banho, eu entrei no quarto dela e li a carta. Foi aí que eu descobri que Emmeline Vance nunca mudou. – eu estava olhando diretamente para Emmeline agora, e ela me olhava de volta com raiva, mas também vergonha, porque todo mundo estava encarando ela. Um holofote se acendeu sobre ela então, e eu, que não sabia nada sobre isso, olhei para os lados, vendo os irmãos Prewett me fazendo um sinal de positivo com as mãos, me mostrando que eram eles que estavam por trás daquilo. Eu olhei de volta para Emmeline, bem na hora em que ela parecia pronta para sair dali, mas antes que ela pudesse se mover, Remus surgiu do lado dela, passando o braço por seus ombros e mantendo ela ali. Ele estava sorrindo abertamente para mim, e eu sorri de volta, e continuei. – Durante todo o tempo em que ela estava fingindo que era minha amiga, ela estava na verdade me mantendo por perto para “coletar informações” sobre mim e minhas verdadeiras amigas, Lily, Lene e Alice. Ela estava planejando, junto com suas aprendizes de vaca, acabar com a nossa amizade para se vingar de algo que até agora eu não sei o que é, considerando que foi ela quem me humilhou no terceiro ano. Mas desconfio que seja pelos belos tapas na cara que ela levou da Lene. Além disso, ela queria dar um jeito de conseguir o Remus para ela mesma, além de “entregar” o James, o Sirius e o Frank direto para suas aprendizes: Erica, Angie e Raquel. Coitada, não sabe que eles já têm dona. Ah, e, claro, sem esquecer de que, junto com as quatro, tinha também um garoto dentro desse plano. Amus Diggory. Ele queria a Lily de volta. Sim, depois de oito meses de ela ter terminado com ele. Por favor, vamos tentar superar o coração partido, sim? Não é culpa da ruiva que ela é totalmente apaixonante e que ele é um bocó, não é? Emmeline Vance, você conseguiu me separar das minhas melhores amigas. Parabéns. Metade do plano concluído. Pena que você não é uma boa estrategista e não sabe que manter o inimigo em casa não faz muito bem. Considere o seu plano arruinado. Você queria acabar comigo? Me humilhar de novo? Se vingar de mim, Lene, Lily e Alice? Dessa vez não, Vance. Hoje eu sei em quem eu posso confiar.

Eu terminei olhando direto para as garotas, mas elas nem ficaram por ali, Lene deu as costas e saiu, assim como Lily e Alice, que arrastou Frank junto com ela. Minhas esperanças caíram momentaneamente, mas assim que eu olhei para Emmeline de novo e vi o quanto ela estava envergonhada e humilhada, um sentimento de missão cumprida surgiu em meu peito. Embora eu não estivesse sentindo satisfação e nem orgulho, afinal, eu era Dorcas Meadowes, e Dorcas Meadowes não gosta de humilhar pessoas em público. Mas, talvez, com a forma com que Remus estava me olhando, não importasse muito. Eu vi então Remus soltando Vance e ela se virando e saindo quase correndo dali, com suas minions do mal logo atrás dela. Foi com grande satisfação também que eu vi James indo atrás de um Amus completamente envergonhado. Mas antes que eu pudesse ver o que ele ia fazer, eu fui erguida no ar por dois garotos, e gritos bêbados de felicitação surgiram por toda a casa. Eu olhei para baixo e eram Fabian e Gideon, sorrindo para mim.

— FINALMENTE, DORQUITCHAS! – gritou Fabian para mim, os dois pulando comigo em cima dos ombros deles. Sim, eu sei, eles estavam bêbados e isso é super perigoso considerando que estamos em um palco. Tente dizer isso para eles (Aviso: não façam isso em casa, crianças).

— JÁ TAVA NA HORA DE VOCÊ SE LIGAR DO TIPO DE PESSOA QUE A VANCE É! – gritou Gideon para mim também.

— E DE ALGUÉM COLOCAR ELA NO LUGARZINHO DELA!

— AH! E NÃO SE ESQUEÇA DE AGRADECER REMUS POR FALAR COM A GENTE SOBRE O HOLOFOTE!

— TUDO BEM, OBRIGADA! VOU AGRADECER! AGORA ME PONHAM NO CHÃO! – eu gritei, e eles riram, me colocando no chão e logo começando com a multidão de bêbados um coro de “DORCAS! DORCAS! DORCAS!”.

Eu desci do palco e dei de cara com Remus me esperando. Sem pensar direito no que eu estava fazendo, me atirei sobre ele, enlaçando seu pescoço com meus braços. Por um segundo eu senti ele ficar tenso, como se estivesse surpreso pelo que eu tinha feito (o que eu não duvido que ele estivesse, já que até eu estava), mas ele logo retribuiu meu abraço, passando os braços pela minha cintura e me puxando contra ele. Nós ficamos daquela forma por bastante tempo, até eu me dar conta de que eu estava abraçando Remus na frente de todo mundo que estava na festa há uns bons minutos. Morrendo de vergonha, eu me soltei dele e me afastei um passo (aquilo foi um som de decepção que eu ouvi ou eu estou enganada?), sorrindo para o loiro a minha frente.

— Você arrasou, Dorcas. – ele me disse, e eu senti minhas bochechas esquentarem com o elogio. Ainda bem que nós estávamos em uma festa, em um lugar escuro em que ele provavelmente não perceberia que eu estou da cor dos cabelos de Lily.

— Obrigada, Remus. Por... Por tudo. Por me ajudar com o plano, por acreditar em mim, por não contar nada para ninguém. Por tudo. – eu disse, e antes que ele pudesse responder eu continuei – E por falar com os Prewett sobre o holofote, que, aliás, você devia ter me avisado sobre! – eu lhe dei um tapa de leve no braço e ele riu.

— Foi um prazer te ajudar, Dorcas. Eu fico feliz em saber que você voltou ao seu juízo normal. E sobre o holofote, foi uma ideia de última hora, que consequentemente requereu que eu contasse o seu plano para os Prewett. Devo te dizer que você é a heroína deles agora. – ele me respondeu, e nós rimos. Até eu me lembrar que tinha algo para perguntar para ele.

— Então, você não está mais brabo comigo? – eu perguntei e baixei a cabeça, com medo da resposta que ele fosse me dar, até sentir duas mãos em meus ombros. Eu olhei para ele, que sorria para mim, e senti um calor se espalhar pelo meu corpo. Se controla, Dorcas.

— É claro que eu não estou mais brabo com você, Dorcas. Você errou em sair daquele jeito da casa do James, e só Merlin sabe o quanto eu fiquei preocupado, mas você pediu desculpas, não é? E você fez tudo o que acabou de fazer e que todo mundo viu. E pra você, Dorcas Meadowes, subir em um palco e falar tanto daquele jeito, só sendo um milagre mesmo. – ele riu, e eu fiz uma cara de ofendida, mas logo ri com ele também. Ele estava certo mesmo, eu odiava falar em público. – Eu já te perdoei faz tempo, garota, só você não percebeu. – ele sorriu para mim então, e eu sorri para ele de volta, aproveitando o momento. Mas eu logo me lembrei que eu não podia ficar o tempo todo ali com Remus, eu tinha outras pessoas com quem falar, e eu duvidava que com elas a conversa seria tão tranquila.

— Remus, eu... Eu tenho que ir achar as garotas. Você pode ter me desculpado, mas eu ainda preciso me explicar com elas. E pedir perdão. – eu disse, e ele somente assentiu, me deu mais um abraço rápido (e eu talvez tenha apertado ele um pouco forte de mais e afundado minha cabeça em meu pescoço, mas não há provas de nada disso), e eu saí dali, indo em busca das minhas três melhores amigas.

Eu fui caminhando pela multidão, tentando abrir espaço pelo meio dos adolescentes alterados pelo álcool e procurando pelas cabeleiras ruiva e morenas das meninas. Mas a casa estava cheia, e parecia que eu não via ninguém conhecido, mesmo sabendo que todos ali deveriam estudar em Hogwarts. Após mais alguns minutos andando cegamente pela casa, tentando encontrá-las, eu as avistei. Elas estavam saindo da cozinha, Lene tomando uma garrafa de firewhiskey como se fosse água, Alice abraçada a Frank, mas com uma garrafa na mão também, o que é estranho, considerando que ela nunca bebe e Lily parecendo que queria matar alguém, mas não segurando uma bebida. Eu senti as palmas das minhas mãos começarem a suar e meu batimento cardíaco aumentar. Calma Dorcas, são suas amigas, lembra? Lene, Lily e Alice. É, mas você as trocou pela Vance. Elas devem te odiar agora. Não, não odeiam, não. Respira, se acalma, vai falar com elas e conserta toda essa bagunça que você criou. Então eu respirei fundo e, como uma verdadeira Grifinória, tomei coragem e fui falar com elas.

POV Alice

Assim que Dorcas terminou de falar, eu segurei a mão de Frank e o puxei pela multidão, vendo que as garotas estavam fazendo o mesmo. Ver a loira falando todas aquelas coisas para todo mundo... Era muito no que pensar. Claro, ela tinha finalmente visto que Vance não prestava, mas tinha sido preciso uma carta e vários dias para isso acontecer. E por que ela não voltou para a casa de James assim que soube? Por que aquele show todo? Quer dizer, ela tinha brigado com a gente naquela noite mesmo, chamando a Vaca de “Emme” e amiga e sei lá mais o quê. Eu sentia que minha cabeça ia explodir e pela expressão no rosto das meninas elas não estavam muito melhor. Eu senti Frank acariciar minha mão com seu dedão e olhei pra ele, que estava me encarando com o rosto franzido, preocupado.

— Tá tudo bem, amor? – ele perguntou, colocando a mão livre dele em minha bochecha e aproximando seu rosto do meu. Eu me derreti no toque dele e olhei dentro daqueles olhos chocolate que me olhavam cheios de preocupação.

— Eu... Eu não sei ainda. – eu respondi, e ele entendeu, fazendo que sim com a cabeça e me dando um meio sorriso, para logo depois beijar de leve minha testa e me puxar para os seus braços. Eu me enterrei no abraço dele, sentindo o seu cheiro com o qual eu já estava acostumada e que me lembrava de segurança. Me senti mais calma na mesma hora. Até, é claro, nosso momento ser interrompido por uma morena bêbada e insensível.

— E aí, casal? Vão continuar nessa agarração para sempre, é? Não sei se vocês esqueceram, mas tem gente aqui que está sem quem abraçar e essa demonstração de amor aí só piora a nossa situação. – disse Lene, fazendo eu me afastar de Frank para olhá-la de braços cruzados e com uma sobrancelha arqueada. Tive a satisfação de ver a cotovelada nas costelas que ela levou de Lily, embora ela quase tenha caído depois disso em seu estado embriagado e a ruiva tenha tido que segurá-la. – Ok, desculpa por interromper o abraço romântico, mas eu realmente estou precisando de mais uma bebida depois do showzinho que acabou de acontecer. Vocês vêm também?

— Nós vamos sim, Lene. – respondeu Lily, suspirando. Ela pegou a morena pelo braço para evitar que ela caísse no meio de toda aquela gente e começou a guiá-la até a cozinha, comigo e Frank seguindo-as logo atrás.

Nós saímos da cozinha, Lene e eu com nossas garrafas de firewhiskey na mão. Frank continuava me olhando preocupado, principalmente depois de me ver pegando a bebida para mim. Lily havia decidido não beber, porque de acordo com ela, já tinha feito burrada o suficiente em uma só noite por causa da bebida. Não entendi muito bem e ela não quis elaborar sobre o que tinha feito, mas considerando tudo que estava acontecendo eu nem tentei pressionar ela sobre aquilo.

— Oi – nós nos viramos, dando de cara com Dorcas, parada de pé em nossa frente, com os braços cruzados na frente do corpo, como se estivesse se protegendo de algo ou alguém. E talvez estivesse mesmo. Ela parecia miserável, e eu podia ver o arrependimento nos olhos azuis tristes que nos encaravam. Senti Lene e Lily se mexendo inquietas atrás de mim e a mão de Frank apertando levemente a minha, como se para dar apoio. Apertei a dele de volta, agradecida, e decidi responder Dorcas, já que nenhuma das outras parecia disposta a fazê-lo.

— Oi. – ela olhou para mim como se estivesse surpresa que eu tivesse respondido, e agora eu via uma pontinha de esperança surgindo no meio de toda aquela tristeza.

— Eu... Hã... A gente pode conversar? – ela perguntou, e eu respirei fundo. Eu sabia que era o certo a se fazer. Conversar, acertar as coisas. Mas depois do que tinha acontecido...

— Não. – Lene respondeu, eu olhei para ela, que já parecia pronta para sair dali, mas Lily a segurou pelo braço. Dorcas parecia ter murchado, como se todas as suas forças tivessem deixado seu corpo.

— Podemos, sim. Lene está completamente bêbada, então a ignore. – disse Lily, fazendo a morena olhar para ela, indignada. A loira em minha frente quase sorriu, mas pareceu pensar melhor e somente assentiu com a cabeça, seguindo Lily e Lene pelo meio das pessoas. Eu me virei para Frank, que me olhava apreensivo e preocupado. Eu sorri levemente para ele, que pareceu soltar o ar, aliviado.

— Eu vou com elas, não se preocupe, amor. Eu vou ficar bem, talvez pela primeira vez em bastante tempo. – ele sorriu para mim e eu lhe dei um selinho, mas antes que eu pudesse ir atrás delas, ele me segurou pela mão, a ruga de preocupação de volta ao seu rosto, enquanto seus olhos passavam por mim, como se estivesse procurando por qualquer sinal que pudesse lhe dizer o que eu estava sentindo.

— Me prometa que você vai ouvir o que ela tem a dizer. Ela ainda é a sua melhor amiga e eu sei que você sente muita falta dela. Você viu o que ela acabou de fazer, e só aquilo foi um pedido de desculpas por si só. Então me prometa, porque eu não consigo continuar a ver você sofrendo dessa forma. – eu sorri tristemente para o meu namorado, que me puxou e me abraçou fortemente de novo, acariciando meus cabelos e beijando minha testa. Ele me conhecia tão bem. Eu sussurrei que prometia para ele e me soltei, me apressando atrás das três antes que eu perdesse os cabelos de Lily de vista.

Alcancei elas com um pouco de dificuldade por causa da multidão no momento em que elas chegaram em uma porta que eu sabia que levava para o quarto da irmã mais velha dos gêmeos, Molly. Ela havia se formado há uns três anos e agora, pelo que eu sabia, estava casada, grávida e morando com o seu namorado da época de Hogwarts, Arthur Weasley. Nós entramos no quarto e eu fechei a porta atrás de mim. Daquela forma o som de fora quase não entrava no quarto, e eu imaginei que Molly tivesse dado um jeito para isolar o som, considerando os dois irmãos que tinha. Dorcas ficou alguns passos afastada de nós três, que nos viramos para encará-la, esperando que ela começasse a falar.

— Eu... Eu queria me desculpar. Por ter saído da casa do James daquele jeito e ter dito aquelas coisas. Eu nunca deveria ter sequer pensado que a Vance pudesse ser uma amiga melhor do que vocês. Eu estava irritada e de cabeça quente e falei tudo aquilo sem pensar. – ela começou, parecendo extremamente nervosa.

— Você disse que a Vaca Vance era mais sua amiga do que a gente. E algumas, ou melhor, uma de nós não tinha te feito nada. – Lene resmungou, de braços cruzados, olhando acusatoriamente para a loira, que baixou a cabeça, envergonhada.

— Eu... Eu sei.

— Dorcas, a gente também errou. Bom, eu e a Alice erramos. A Lene, por incrível que pareça, é a única que não fez nada de errado dessa vez. – disse Lily, e eu quase ri pela rapidez com que o olhar acusatório de Lene para Dorcas passou para a ruiva.

— Ei!

— É, eu sei. E é por isso que eu queria deixar bem claro que não é só porque eu estou me desculpando que vocês estão totalmente perdoadas. Vocês mentiram para nós duas sobre um assunto muito importante. A gente tinha jurado umas para as outras que nunca faria isso.

— Você acabou de fazer a mesma coisa, Dorcas. – eu finalmente me pronunciei. Tentei me lembrar do que eu tinha prometido a Frank sobre ouvir o que a loira tinha a dizer, só que eu também tinha coisas para falar.

— Quê?

— O show que você acabou de dar. Por mais que tenha sido ótimo ver a Vance finalmente provar do próprio veneno, pelo que eu entendi, você descobriu as armações dela e não veio até a gente. – Lily completou, entendendo muito bem o que eu estava querendo dizer, porque era o que nós duas estávamos pensando desde que Dorcas tinha começado a vingança contra Vance.

— É, você foi até o Remus. – eu disse, no que Lily e Lene se viraram para mim, expressões muito confusas em seus rostos, e Dorcas parecia ter sido capturada em flagrante.

— O Remus? – indagou Lene, sua embriaguez sendo denunciada pela voz enrolada.

— Ele sumiu dois minutos antes dela subir no palco e ficou lá na frente o tempo todo. Sem contar o quão estranho ele estava nos últimos dias. Ele te ajudou, não foi? – expliquei. Dorcas assentiu e pareceu cair a ficha das outras duas.

— Foi. – disse a loira.

— E por que você não pediu a nossa ajuda? Você sabe que a gente teria adorado fazer parte daquilo. – falou Lene, soando indignada. Era verdade, nós realmente teríamos amado ajudar a humilhar a Vaca Vance depois de tudo que ela tinha nos feito.

— Eu tinha que fazer ela pensar que nós realmente éramos amigas, e sem querer ofender, mas vocês três dariam muita bandeira. – explicou Dorcas, e Lene soltou um som indignado. E embora eu também não tenha gostado da resposta, não pude deixar de concordar com a loira. Duvido que se a Lene bêbada de hoje soubesse de tudo ela não teria esfregado a verdade na cara da Vance.

— Então você fez com a gente a mesma coisa que fizemos com você e que te fez sair da casa do James? – disse Lily, cruzando os braços, e eu vi Dorcas respirando fundo para responder.

POV Frank

— Elas estão demorando aí dentro. Será que aconteceu alguma coisa? – eu perguntei. Eu estava andando de um lado para o outro na frente da porta do antigo quarto de Molly. As garotas já estavam lá dentro ao que pareciam ser umas duas horas, embora eu soubesse que era bem menos.

— Calma, Frank, elas têm que conversar. – disse Remus, segurando meu braço e me fazendo parar de caminhar.

— Pode ser que elas já tenham se matado. – comentou Sirius simplesmente, apoiado na parede de braços cruzados. Ai, meu Merlin. Agora sim eu estava com vontade de arrombar a porta daquele quarto.

— Padfoot! Você não está ajudando! – Remus xingou, dando um soco no braço do outro, que grunhiu de dor.

— O que está acontecendo? Por que vocês estão todos parados que nem umas estátuas na porta do quarto da Molly? – James disse, chegando ali do nada.

— Como assim? Onde você estava todo esse tempo, Prongs? – eu perguntei, porque, sinceramente, como ele não sabia o que estava acontecendo?

— Eu estava tendo uma conversinha séria com um velho amigo meu.– ele disse ironicamente. Eu não sei quem é o velho amigo, mas julgando pelo sorriso malicioso e maroto que ele e Sirius trocaram, Pads sabia. – Mas e aí? Por que estão parados aqui?

— As meninas estão aí dentro. Se resolvendo. – explicou Remus.

— Eu acho que elas estão se matando, mas... – comentou novamente o imprestável do Sirius e eu tive vontade de dar um soco na cara dele.

— SIRIUS BLACK! Nem mais uma palavra! – Mas Remus foi mais rápido e deu mais um soco no braço de Padfoot, que grunhiu de dor novamente e começou a reclamar de como éramos injustos com ele só porque ele era sincero e outras idiotices melodramáticas de Sirius Black.

Alguns minutos depois a porta do quarto se abriu e as quatro garotas saíram de lá. Vivas, graças a Merlin. Olhei para Alice imediatamente, e quando ela sorriu levemente para mim, soltei o ar que eu não sabia que estava segurando.

— Tá, tá, e aí? – disse James, impaciente, e Lily riu. Dorcas se virou para ela, surpresa, obviamente, já que ela não sabia do acordo entre Sirius e Lily.

— Nos resolvemos, James, não se preocupe. – respondeu a ruiva, ainda rindo, e colocando uma mão sobre o braço dele, o que fez Dorcas arregalar os olhos.

— Tudo bem, para tudo. O que eu perdi? – disse a loira, apontando para James e Lily, e todos rimos levemente.

— Você, Dorquitchas, perdeu o quão maravilhoso eu, Sirius Black, sou. Tão maravilhoso a ponto de ser capaz de fazer um acordo com a Lily para que ela pare de odiar o nosso querido Prongs. – respondeu Sirius, passando o braço pelos ombros de Dorcas, que ainda parecia surpresa.

E com isso nós rimos. O resto da noite nós passamos dançando e atualizando Dorcas do que tinha acontecido nos últimos dias. Ela continuava não entendendo direito a nova relação de James e Lily, e isso era motivo de riso para nós e vergonha para o casal. As meninas vez ou outra falavam mal de Emmeline Vance e, como elas diziam, suas minions do mal e riam também. Dessa forma, estávamos até parecidos com como nosso grupo era antes de toda aquela confusão.