POV James

Era finalmente o dia da festa na casa dos Prewett, e embora isso fosse supostamente uma coisa boa, o clima na minha casa não estava exatamente normal. Quer dizer, é claro que nós todos estávamos felizes que ia ter a festa e que nós íamos nos divertir e tal, mas parecia que as garotas estavam um pouco com os nervos à flor da pele pela possibilidade de encontrarem Dorcas e Vance lá juntas. Além disso, Remus estava trancado no seu quarto há horas, e nos breves momentos em que ele descia e nós tentávamos falar com ele, ele nem percebia, de tão desligado que está. E claro, por último, nós todos estamos meio tensos porque lembramos da última festa em que nós fomos nessas férias. Mas, nada disso vai conseguir abalar o MEU humor, porque nós vamos para uma festa na casa dos Prewett, e ela promete.

As meninas já tinham ido se arrumar, porque mais uma vez elas precisavam de umas cinco horas pra ficar prontas (Você sabe o quão difícil é ser mulher, James? Vocês, homens, não precisam passar maquiagem, nem se depilar e nem fazer nada além de botar uma camisa, jeans e um tênis. Vocês nem precisam se preocupar se estão repetindo a roupa ou não. Então nem ouse nos perguntar por que a gente precisa desse tempo todo pra se arrumar, James Potter.). Elas tinham essa ideia de que só depois desse tempo todo é que elas conseguiam ficar bonitas. Mal sabiam elas que já eram e que não precisavam de nada disso.

Então enquanto elas estavam se arrumando, eu, Sirius e Frank ficamos no andar de baixo assistindo televisão, conversando e fazendo basicamente nada até faltar mais ou menos uma hora e meia para a hora que tínhamos de sair e nós irmos começar a tomar banho. Durante todo esse tempo, as meninas continuaram trancadas dentro do quarto da Lene e Remus continuou trancado em seu quarto. Faltando vinte minutos eu e os garotos ficamos prontos e descemos. Remus desceu uns cinco minutos depois, mas ele parecia estar muito ansioso e nervoso e nem nos olhava no olho.

— Ei, Moony. Tá tudo certo? – eu perguntei, e ele levantou a cabeça rapidamente, me encarando assustado por um segundo, antes de ele parecer se controlar e me olhar com uma cara normal.

— Hã... Sim. Tudo... Tudo ótimo. – ele respondeu e deu um sorriso amarelo. Sirius e Frank me encararam, confusos, e eu apenas dei de ombros.

— Estão prontos para a perfeição? – ouvimos Lene gritar lá de cima, seguido pelas risadas de Lily e Alice.

A resposta para a pergunta de Lene é não. Eu definitivamente não estava pronto para a perfeição que surgiu na minha frente quando aquelas três desceram as escadas. Era de se esperar que depois de todo aquele tempo convivendo com Lily na minha casa eu já teria me acostumado com a beleza dela, mas a ruiva nunca parava de me surpreender. Com o canto do olho eu vi um Frank de boca aberta recebendo um beijo de Alice, que ria da cara de idiota dele (um idiota sortudo que tinha conseguido a garota dos sonhos dele) e Lene passando por Sirius, que a olhava maliciosamente de cima a baixo, sem nem parecer perceber que ele existia. Mas minha mente registrou tudo isso muito superficialmente, porque tudo que eu conseguia olhar era a deusa ruiva a minha frente. E que aparentemente percebeu isso, porque ela estava me encarando com uma sobrancelha arqueada.

— Você vai ficar aí parado me encarando até que horas, James? Porque eu realmente queria ir à festa, sabe. – ela disse, com um sorriso maroto no rosto (Quando ela aprendeu a sorrir assim? E por que esse sorriso me afeta tanto?), mas um pouco corada.

— Hã... Eu... Eu... É... Desculpa, hã... É. – eu tentei falar, mas parecia que toda a minha habilidade de falar tinha me deixado, e eu não conseguia raciocinar. Por Merlin, o que estava acontecendo comigo?

Como eu não tinha conseguido respondê-la, somente saí do caminho dela e ela passou por mim, rindo da minha cara. Eu então a segui, passando a mão nervosamente pelos cabelos. Quando foi que eu virei um daqueles perdedores que não consegue falar quando está perto de uma garota bonita? Pelo amor de Merlin, Potter, se controle. Nós todos nos reunimos no lado de fora da minha casa e aparatamos juntos para o jardim da casa dos Prewett. O lugar já estava cheio dos nossos colegas de Hogwarts, e muitos nos cumprimentavam enquanto nos dirigíamos para a casa (a maioria olhando estranho para mim e Lily, e comentando. “Potter e Evans juntos?”, “Mas ela nem está gritando com ele!”, “Como pode?”). Assim que entramos, fomos recebidos por Fabian e Gideon.

— MAROTOS! – exclamou Fabian.

— MENINAS! – completou Gideon. E como é possível ver a seguir, os dois tinham essa mania irritante de gêmeos de completar um à frase do outro. Era quase como se fossem a mesma pessoa, às vezes.

— Vocês vieram!

— E vieram juntos, Fabian!

— Eu estou vendo isso, Gideon!

— Mas que prazer imenso tê-los aqui em nossa humilde casa!

— Sintam-se à vontade, por favor!

— Pode contar com isso, Fabian. As bebidas estão na cozinha? – perguntou Sirius, e eles somente assentiram com a cabeça, apontando para a cozinha.

Sirius então cumprimentou os dois e seguiu direto para a cozinha, enquanto o resto de nós os cumprimentava também. Lene então foi à frente em direção à cozinha também, mas não chegou muito longe porque ela bateu em alguém. Uma alguém. Uma alguém loira.

— AI! VOCÊ É CEGA, POR ACASO? OLHA POR ONDE ANDA! – exclamou Emmeline, ajeitando seu vestido e finalmente levantando os olhos e vendo em quem tinha batido. – Ah, mas é claro que tinha que ser você, Mckinnon! Já está planejando estragar minha noite?

— É incrível, não? Parece que o mundo gira ao seu redor, Vance! É claro que eu vim para essa festa somente para estragar a sua noite, já que eu me importo tanto com se você existe ou deixa de existir! Ah não, espera! Isso é só o que você acha, não é a realidade! Na realidade, você se atravessou na minha frente e quase me jogou no chão. Na realidade, eu não me importo com a sua vida nem um pouquinho. Se liga, Vance! – respondeu Lene, já com o rosto vermelho de raiva. Lily e Alice fulminavam Vance com os olhos, assim como ela fulminava Lene. Nós, garotos, somente olhávamos apreensivos para elas, preparados para intervir a qualquer momento. Quando eu achei que a briga ia começar de verdade, mais uma alguém loira surgiu do meio da multidão.

— Ah, Emme, finalmente! Eu tava... – Dorcas começou a falar, mas parou assim que nos viu. – Te procurando há um tempão. Tá tudo bem por aqui?

— Tudo ótimo, Meadowes. Se não fosse pela sua amiguinha caminhando sem olhar e empurrando as outras pessoas. – disse Lene, seca, sem nem desviar os olhos de Emmeline.

— Mas olha como é incrível a capacidade que você tem de distorcer o que acontece, não é, Mckinnon? – respondeu Vance, também sem desviar os olhos de Lene.

— O que eu acho mais incrível ainda é que você teve a capacidade de formular essa frase, Vance. É uma frase de nível bem avançado, parabéns. – disse Lily, debochando. Senti um sorriso se formar em minha boca com as palavras da ruiva. Ela realmente era incrível. E eu um idiota apaixonado.

— Nossa, como você é engraçada, mas acho que ninguém te chamou pra conversa, Evans. – respondeu Vance, dessa vez se virando para olhar para Lily, que somente sorriu cinicamente.

— Eu não sei você, Vance, mas eu não preciso pedir permissão para falar. Já faz um tempo que as mulheres ganharam o direito de falar livremente. Eu não sabia que você era a favor do retrocesso também.

— Emme. – interviu Dorcas, assim que Vance abriu a boca para responder Lily. – Chega. Elas não valem a pena. Vem. Você não vai deixar elas estragarem a nossa primeira festa como amigas de novo, né? – Emmeline olhou para Dorcas pela primeira vez desde que ela tinha chegado ali e se recompôs, sorrindo para ela e pegando em sua mão. Eu percebi que as garotas estremeceram minimamente ao ver aquilo.

— É claro que não, Dorquitchas. – respondeu a outra loira, sorrindo ainda mais. – Vamos nos acabar de beber e dançar hoje! – com isso, Dorcas também sorriu e as duas saíram de perto da gente, se enfiando pelo monte de pessoas dentro da casa.

— Vocês não vêm? – Sirius perguntou, surgindo do meio do nada e já com uma garrafa de firewhisky na mão. As três garotas não pareciam nada bem, e eu, Remus e Frank estávamos olhando preocupados para elas, mas Lene apenas levantou a cabeça, encarou Sirius determinadamente e pegou a mão das outras duas.

— Ah, nós vamos sim. Definitivamente.

***

Nós sete estávamos na pista de dança improvisada que os Prewett haviam montado. Não, espera, nós... Seis. Remus não estava em lugar algum. Ele estava ficando cada vez mais estranho nessa semana. Ele nos evitava, estava distraído, passava o tempo todo trancado no quarto. E agora, sumia no meio da festa. Eu fui tirado de meus devaneios por um sussurro perto de minha orelha que me arrepiou da cabeça aos pés.

— Não vai me dizer que você não dança, James? – eu virei minha cabeça em direção à voz e dei de cara com Lily, olhando para mim e sorrindo marotamente (de novo, por que aquele sorriso me afetava tanto?).

— Eu... Hã... Não. Não danço. – respondi, estupidamente gaguejando e sem conseguir desviar os meus olhos das duas esmeraldas verdes brilhantes que olhavam de volta para mim, divertidamente.

— E eu não acredito. James Potter? Não dança? Por favor, aposto que sendo de uma família sangue-puro da elite do mundo bruxo você foi obrigado a aprender a dançar para os bailes de gala que você tem que comparecer. – respondeu ela, me empurrando de leve e rindo. Rindo. Comigo. Eu devo estar sonhando, só pode. Um riso nervoso (e completamente ridículo) escapou da minha boca, fazendo ela rir mais ainda da minha cara.

— Eu... – comecei, sem conseguir pensar direito no que responder, mas bem na hora uma outra música começou a tocar e eu fui interrompido por um grito.

— AAAAHHH! LILY! É A NOSSA MÚSICA! – Lene e Alice apareceram e puxaram a ruiva pelo braço para dançarem e a última coisa que eu vi dela antes das três sumirem na multidão foi ela virando o rosto, olhando uma última vez para mim e... Aquilo foi uma piscadinha? Eu realmente devo estar sonhando.

***

— Ei! Potter! Black! Longbottom! – nós três estávamos conversando e bebendo e nos viramos para ver Fabian e Gideon acenando e vindo em nossa direção.

— E aí, Prewetts? – cumprimentou Frank, e eu e Sirius acenamos para os dois também. Eles passaram os braços por nossos ombros e foi possível perceber o quão bêbados aqueles dois estavam, embora isso não fosse uma grande surpresa.

— Caras, alguém pode nos explicar como a Evans não matou o James ainda? – perguntou Fabian, rindo, e o irmão o acompanhou. Ele bagunçou meu cabelo mais ainda com a mão.

— É, ouvimos dizer que vocês estavam passando as férias juntos. Mas todo mundo pensou que não ia dar muito certo! – completou Gideon, e Frank e Sirius riram também, enquanto eu sentia minhas bochechas esquentarem, agradecendo por estar escuro e que ninguém iria perceber.

— Ah, meus caros irmãos Prewett, vocês estão falando neste momento com um herói. Eu, Sirius Black, convenci a nossa ruiva, também chamada de Lily Evans, a fazer um acordo comigo e concordar em conhecer o nosso amigo de cabelos arrepiados aqui, sem gritos, sem brigas, sem xingamentos e muito menos tentativas de assassinato. Resumindo, eu sou a razão de nosso querido veado ainda estar vivo. Sou ou não sou o melhor amigo de todo o mundo? – respondeu Sirius, sorrindo um “sorriso tenho 32 dentes” e eu lhe dei um tapa na cabeça. Será que ele nunca vai aprender?

— É cervo, seu sequelado. Cer-vo. C-E-R-V-O. – eu disse, entredentes, e os garotos só riram da minha cara. – E não, você definitivamente não é o melhor amigo de todo o mundo.

— AAAAHHH! JAMEZITO CONSEGUIU A GAROTA! – começaram a gritar os gêmeos pulando ao meu redor e praticamente em cima de mim. Sirius e Frank, sendo os idiotas que são, se juntaram aos dois e os quatro estavam quase me derrubando no chão. Eu somente ri da retardadice dos meus amigos. E da mentira do que eles estavam falando. Quem me dera eu tivesse realmente conseguido a garota.

— Tá tudo bem aí, James?  - eu ouvi uma voz risonha perguntando, e os garotos pararam de pular em cima de mim. Era Remus, que finalmente tinha reaparecido.

— LUPIN! – exclamou Gideon.

— QUANTO TEMPO!  - completou Fabian, e os dois se jogaram então em cima de Moony, que, assim como eu, somente riu, enquanto nós três nos juntávamos aos gêmeos.

***

Já devia passar das duas da manhã quando eu fui quase derrubado por um redemoinho de cabelos ruivos que passava apressado por mim.

— Lily? Tá tudo certo? – eu perguntei, segurando-a pelo braço, ela levantou o rosto para me olhar e as esmeraldas verdes brilhantes que antes tinham me encarado divertidas agora se encontravam escurecidas por raiva.

— Parece que tá tudo certo? – ela me questionou, seca, e eu dei um passo para trás, surpreso com o tom dela que eu já não ouvia dirigido a mim há alguns dias. A expressão no rosto dela se suavizou quando viu a minha reação, e ela respirou fundo. – Eu... Desculpa, é só que... Eu acabei de me encontrar com a Dorcas e não foi um encontro muito agradável. Teve gritos e xingamentos e... E aí a Vaca Vance apareceu e só piorou a situação e eu não sei se vou aguentar ver ela de novo aqui. Eu só... É a Dorcas, sabe? E eu nem sei por que eu to te contando tudo isso, provavelmente é porque eu estou bêbada, mas eu simplesmente não estou mais conseguindo aguentar essa briga e... – os olhos dela estavam se enchendo de lágrimas e antes que ela pudesse falar mais alguma coisa da qual ela fosse se arrepender amanhã, eu a puxei pelo braço e a abracei forte.

Eu senti que ela se surpreendeu, mas não mais do que eu quando ela retribuiu meu abraço, envolvendo minha cintura com seus braços, apertando forte e afundando a cabeça em meu pescoço (e sim, talvez eu tenha me arrepiado de novo, mas quem liga, não é?). Eu senti ela soluçando um pouco, mas logo passou e ela simplesmente continuou me abraçando. Eu tive que me controlar muito para não me render aos meus impulsos de passar a mão por seus cabelos ruivos. Após alguns minutos ela se afastou, parecendo envergonhada pelo colapso emocional que tinha acabado de ter, mas eu não me importava. Era Lily, e ela poderia ter aberto um berreiro na minha frente que eu ainda acharia que ela estava linda.

— Eu... Hã... Vou... No banheiro, pra... Ajeitar a maquiagem. – ela disse, sem me olhar no olho, e eu somente assenti com a cabeça, observando enquanto ela sumia na multidão.

— James Potter, seu desgraçado. – eu ouvi e me virei, dando de cara com uma Alice de braços cruzados me olhando divertida. – Você realmente consegue tudo o que quer, não é? – ela disse, e eu ri.

— Não sei do que você está falando, Licita. – eu respondi e ela riu, me segurando pelo braço, para logo depois começar a me puxar, me guiando pela multidão.

— Então vamos encontrar o resto do pessoal, senhor Eu-Não-Sei-de-Nada.

Assim que nós chegamos onde nossos amigos estavam, eu pude perceber o estado de todo mundo. Sirius estava podre de bêbado, mas isso não era muita novidade, já que ele sempre bebia mais do que o necessário nas festas dos gêmeos Prewett. Lene não estava muito atrás, considerando como ela estava rindo e dançando com Sirius, porque duvido que ela fosse fazer aquilo estando sóbria. Frank estava alegre, o que dava para saber por ele não parar de rir um minuto. Alice estava normal, como sempre era ela que não bebia muito e que cuidava daqueles que ficavam mal (sim, ela era quase nossa segunda mãe). Remus também estava sóbrio, eu acho, pelo menos eu não o tinha visto pôr nem uma gota de álcool na boca, mesmo considerando que eu quase não o tinha visto durante a noite, mas parecia estar bem feliz e ria de Lene, Sirius e Frank. E eu... Eu estava normal. Eu acho. Por incrível que pareça eu não tinha bebido muito também.

— AH! AÍ ESTÃO VOCÊS! – exclamou Frank, assim que nos viu, puxando Alice pela cintura e a beijando exageradamente. Assim que eles se separaram ele me olhou com um olhar que provavelmente era para ser ameaçador, mas que com a quantidade de álcool no sangue dele e considerando que ele mal conseguia focar os olhos no meu rosto, se tornou apenas engraçado, e me puxou pela camisa para falar perto de mim. – O que você estava fazendo com a minha namorada, Potter?

— Eu não estava fazendo nada, Frank, nem se preocupa. Você sabe que eu gosto mesmo é de ruivas. – eu respondi, piscando e me segurando para não rir da cara de bêbado do moreno a minha frente. Alice então riu, puxando o namorado de volta para perto dela e mandando-o calar a boca. Os dois então voltaram para as suas demonstrações públicas de afeto.

— É, Prongs, e falando em ruivas... – disse Remus, apontando para trás de mim. Eu me virei e vi Lily vindo em minha direção, completamente recomposta e sorrindo. Ela passou reto por mim, indo em direção a Lene, mas não sem antes sussurrar um “Obrigada.” no meu ouvido e me fazer derreter completamente por dentro. Por Merlin, como isso soou... Não quero nem pensar. Mas o que essa garota está fazendo comigo? Remus pareceu perceber o estado catatônico em que ela havia me deixado, porque ele riu e me empurrou, me trazendo de volta a realidade.

Uma realidade muito estranha, por assim dizer. Lily, que também estava meio bêbada, considerando o evento anterior em que ela havia me abraçado e chorado. Me. Abraçado. E chorado. Enquanto estava me abraçando. E desabafado também, não podemos esquecer. E nesse momento ela estava dançando loucamente com Lene, as duas tentando em vão fazerem uma dança que eu acho que era para ser sensual, mas como elas estavam mais se batendo do que dançando, estava sendo só engraçada. Sirius dançava também. E gritava. Muito. Alice e Frank não se desgrudavam, e eu e Moony somente ríamos da cena a nossa frente. Foi então que a música parou de repente (e ouviu-se vários coros de ‘aaahhh’ dos bêbados na festa). Gideon e Fabian estavam subindo no palco improvisado que eles haviam montado, e estavam completamente bêbados. Eles dançaram juntos em cima do palco, rendendo boas risadas, quase caíram juntos e por fim pegaram suas varinhas sabe-se lá de onde, encaminhando-se perigosamente para a ponta do palco e fazendo um Sonorus.

— MUITO BOA NOITE, CONVIDADOS E CONVIDADAS! – exclamou Fabian, recebendo alguns outros “Boa noite” gritados de volta.

— E SEJAM BEM VINDOS À HUMILDE CASA DOS PREWETT! – gritou Gideon, também recebendo algumas exclamações de resposta.

— VOCÊS ESTÃO APROVEITANDO A FESTA? – os berros dos bêbados, incluindo Lene e Sirius, foram gerais após a pergunta de Fabian, somente me fazendo rir mais.

— ENTÃO CONTINUEM APROVEITANDO, MAS ANTES...

— ALGUÉM QUER FALAR ALGUMA COISA? – perguntou Fabian.

— EU QUERO! EU QUERO! EU QUERO! – ouviu-se um grito, vindo lá da frente do palco. Uma menina loira pulava, com o braço estendido. As meninas ficaram tensas ao meu redor, e antes que eu pudesse perguntar o que tinha acontecido eu identifiquei a garota. Dorcas. Fabian e Gideon já sinalizavam para ela subir e era possível ver a movimentação de sua cabeça loira pela multidão.

Dorcas subiu ao palco, tonta e quase caindo nas escadas. Ela foi até a frente, sorrindo abobadamente e rindo. Acho que eu nunca tinha visto a loira bêbada daquela forma. E pela cara das garotas, elas também não. Elas encaravam Dorcas em cima do palco com uma mistura de raiva, preocupação e apreensão. Remus tinha sumido de novo e Frank e Sirius pareciam estar prontos para dar suporte às garotas, assim como eu. Eu avistei Emmeline na borda do palco com um sorriso no rosto, como se estivesse muito satisfeita com tudo aquilo. Foi então que Dorcas pegou sua varinha, fez o feitiço também e começou a falar.

— E AÍ, PESSOAL! VOCÊS TÃO CURTINDO A FESTA? – ela exclamou, as palavras saindo emboladas, e todos a nossa volta gritaram seus “SIM!”, fazendo ela rir de novo. – EU TAMBÉM! MAS, AGORA EU QUERO FALAR UMA COISA MUITO, MUITO, MUITO IMPORTANTE PARA VOCÊS! ENTÃO EU PRECISO DE SILÊNCIO! SHHHH! TODO MUNDO TEM QUE OUVIR E PRESTAR ATENÇÃO! – o barulho ao nosso redor diminuiu um pouco, mas não completamente, e eu vi todas as cabeças se virando para a loira no palco, fazendo-a sorrir satisfeita. – ISSO! Agora, eu quero falar para vocês sobre a minha maravilhosa nova melhor amiga, Emmeline Vance!

Ah, não.