05 - Harry Potter e as Fadas Arrepiadas escrita por alinecarneirohp


Capítulo 8
XERETAS E ABUSADOS




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Dias depois, num tarde pouco antes de acabar o feriado de Natal, Sheeba pediu a Harry que acordasse Sirius, que estava dormindo no segundo andar, no quarto do casal. Harry subiu as escadas, já olhando contrariado para o monte de portas que via do corredor. Tirando a cozinha, o sótão, a garagem e a sala de estudos, todos os cômodos da casa viviam mudando de lugar conforme a decoração que Sheeba escolhia... como Sheeba e Sirius adoravam mudar a decoração da casa, era freqüente você de manhã sair de seu quarto achando que estava no primeiro andar e quase cair, pois estava de frente para a escada, ou pior, cair dentro da piscina. Muitas vezes, Sheeba acordava de manhã (sempre primeiro que Sirius) e colocava a casa em decoração japonesa, toda satisfeita, indo para a cozinha preparar o café. Quando voltava, Sirius estava risonho no centro da sala, que se transformara num salão de bilhar dos anos vinte (que ele acrescentara à decoração). Por isso era difícil para Harry achar onde afinal Sirius estava dormindo.

            Ele tentou a primeira porta e deu com o quarto das garotas... a segunda ele achava que era o quarto dele, mas estava enganado, era um armário de vassouras, de onde caíram várias em cima dele. Então, empurrou outra porta e entrou numa saleta estreita com duas poltronas de leitura e uma estante de livros. Aquela sala ele não conhecia. Ele ficou curioso e olhou os títulos da estante: Havia desde livros como “Conhecendo as Fadas” de Silvia Spring (exemplar autografado!) até os livros de Lockheart, Sheeba devia ter sido uma das poucas pessoas que não os devolvera, devia ter ficado com pena dele. Haviam também alguns livros de trouxas, romances, histórias, teorias criminais e fora isso tinha ainda um livro fantasma: “Biografia póstuma de Sobrenatural de Almeida, por ele mesmo”. Era interessante... ele se virou e viu uma coisa atrás das poltronas que o fez parar. Havia dois pensieves pequenos atrás delas, sobre um móvel encostado à parede.

            Olhou o primeiro e reconheceu que devia ser de Sirius, pois logo de cara viu a figura horrível de um dementador, achou melhor nem olhar muito... afinal, era errado xeretar. Então olhou para dentro do outro e viu uma cena estranha... Sheeba e Silvia Spring conversando no Noitibus Andante. Ele ardeu de curiosidade. Ultimamente parecia que coisas ligadas a Silvia Spring vinham atravessando o seu caminho, e ele sentia uma curiosidade cada vez maior sobre a bruxa meio fada. Se aproximou para tentar ouvir a conversa das duas. E caiu no pensieve.

            Agora estava dentro do Noitibus, Sheeba devia ser bem mais nova, pois usava o cabelo como na fotografia de seu batizado, um corte reto, com uma franja cobrindo a testa. Silvia Spring é que não mudara muito, parecia ter mais ou menos a mesma idade da última vez que o vira, e a mesma aparência, inclusive o cabelo mais bonito que ele já vira, não estava grande e gorda como quando a conhecera, no casamento de Sheeba e Sirius. Ficou meio decepcionado com a conversa das duas, que era sobre cabelos. Mas mesmo assim sentou-se atrás das duas e ficou escutando atentamente.

-         Sheeba, porque você usa o cabelo assim? Deixe-o crescer se acha o meu assim tão bonito.

-         Você não entende, Silvia... eu sempre usei franja para esconder esse maldito sinal... odeio esse dom, ele foi a minha desgraça. Se não fosse o dom eu não estaria nessa encrenca.

-         Mas também não teria ido a Hogwarts nem conhecido Sirius...

-         Não me fale nele... dói em mim saber que ele está naquele lugar horrível e eu não posso fazer nada. E ele é inocente, Silvia.

-         Você acredita nisso?

-         Eu não apenas acredito, eu sei que ele é inocente.

-         Então espere-o.

-         Eu não posso apenas esperar.

-         Escute, Sheeba, há momentos em que não há nada na vida a fazer senão esperar. Eu já passei por isso. Quando eu conheci Alvo, ele tinha onze anos, e eu quinze... mas eu o adorava, e sabia que ele também. Então eu esperei até que ele tivesse dezoito e eu dezessete...

-         Mas Silvia... se ele tinha dezoito... você tinha que ter vinte e dois.

-         Neste mundo, Sheeba... Na verdade eu não sei mais quantos anos eu tenho neste mundo. Até os onze, eu entrei e saí do mundo das fadas tantas vezes que não sei quanto tempo passou.... eu devo ter tido pais, mas não me lembro deles. O lugar onde eu nasci não existe mais, Aristóteles Hemerinos me ajudou muito, foi como um pai. Ele me pegou quando saí do portal com idade para ir para Hogwarts. Eu demorei quinze anos para concluir a escola, porque eu sempre abria um portal e entrava.... queria passar uns dias, mas acabava passando uns meses...

-         E no nosso mundo eram cinco, seis anos...

-         Exato. Então conheci Alvo e não queria mais voltar, queria ficar por aqui.

-         E porque você e ele se separaram?

-         Foi um acidente. Eu caí em um lago, um portal se abriu e se fechou, logo atrás de mim. Fiquei presa em Unseelie, para mim foram cinco anos, mas para o mundo trinta. E Alvo ainda me esperava. Ele estava tão lindo quanto trinta anos antes... aliás ele ainda é lindo, mesmo tendo ficado com as barbas brancas... Eu ainda me lembro da primeira vez que nos beijamos, foi uma coisa meio boba, numa sala vazia em Hogwarts, saímos correndo escondidos porque o beijo fizera um lustre cantar... emissão mágica, você sabe.

-         É, eu sei.

-         Pois então, eu voltei numa má hora... ele estava combatendo um bruxo das trevas. Não podia me dar atenção, eu queria ajudá-lo, mas ele teve medo de eu me ferir, então, abriu um portal e me atirou lá dentro.

-         Assim?

-         É, assim. Quando eu voltei para fazer de tudo para leva-lo comigo ele me disse que não podia mais. Agora era tarde. Ele resistiu ao meu feitiço deglamour... mas desta vez eu vou ficar e vou convencê-lo a ir comigo... vamos mudar de assunto? Não admire tanto o meu cabelo, é mais coisa de fadas... para elas o cabelo é muito importante. Eu tenho muito das fadas em mim.

-         Assim como essa coisa de você não podar usar varinhas?

-         Exato... fiquei tanto tempo entre elas que a magia delas me “contaminou”. Nunca dê uma varinha a uma fada.

-         O que acontece?

-         Um desastre

-         Muito bem, meu rapaz, é hora de descer deste ônibus, você já xeretou demais a vida alheia – Harry gelou ao ouvir a voz de Sirius bem do lado dele. O padrinho o olhava com a cara de quem vai dar uma grande bronca. Resolveu sair do pensieve junto com ele.

-         Er... Eu não, bem, sabe...

-         Não venha com esse papo que não sabia o que era...

-         Eu fiquei curioso  com a história da Silvia Spring...

-         Todo mundo fica curioso com a história dela... isso não é crime, mas fuçar o pensieve alheio é muito feio... porque você não fuçou o meu?

-         Não gostei do que vi nele – Sirius deu uma gargalhada

-         Harry, eu só pus lá o que eu quero esquecer, você pelo menos foi sensato.

-         Sirius, você sabia essa história da Silvia Spring?

-         Sheeba me contou durante a lua de mel da gente... tem muito mais detalhes que ela sabe.

-         Esse Alvo, é o Professor Dumbledore?

-         Ele mesmo.

-         Ela então é mais velha que ele?

-         Não exatamente, Harry. Ela nasceu primeiro, mas não envelheceu na mesma velocidade, porque estava em outro mundo onde o tempo passa diferente, não é fácil para ela entender isso também. Entender porque Dumbledore teve que desistir dela.

-         Puxa... mas então ela também desistiu dele?

-         Não exatamente. “Desistiram” por ela...

-         Desistiram?

-         Dumbledore não podia ir atrás dela... já estava muito comprometido com Hogwarts. Você imagina ele deixando a escola por causa de uma mulher? Bem, ele pediu a uma pessoa que conjurasse uma poção para que ela superasse tudo. Demorou um tempo, mas ela superou. Agora parece que ela gosta do Lupin, e ele dela, pelo que eu sei. Não vá contar a Sheeba que andou xeretando o pensieve dela, ela não vai gostar!

-         É, eu sei... mas, Sirius, como Sheeba sabe tanto sobre Silvia?

-         Ela xeretou no pensieve de Dumbledore.

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            Enquanto Harry tinha um ótimo feriado na companhia de seus padrinhos e amigos,  Draco e Sue passavam os dias mais miseráveis da sua vida até então. Sue sofria porque não podia sequer saber o que acontecera a Draco, não tinha como se comunicar com ele, não sabia onde ele morava... pensou em ir ao beco diagonal e tentar passar uma coruja para ele, mas aí lembrou-se que ele estava em casa, e se seu pai era aquilo que ela vira no Caldeirão Furado, muito provavelmente a carta nunca chegaria às mãos dele. O pior é que estava com todo aquele dinheiro que ele pedira que ela guardasse, e ela sentia-se péssima por isso, o que ia fazer com o dinheiro? Como devolver a ele? Teve então uma idéia.

            Draco por sua vez, era lembrado constantemente pelo pai, cujo maxilar não pudera ser consertado por um feitiço comum e precisara de um tratamento com poções especiais, dada a gravidade do ferimento, que se ficasse com o queixo torto poderia agradecer pelo resto da vida ao filho por isso, a sorte é que pelo menos ele poderia processar aquele canalha do Black por injúria física.

            Mas para Lúcio não bastava processar Sirius. Aquele soco lembrava-lhe uma surra que ele recebera de Sirius ainda em Hogwarts quando estavam no primeiro ano, tão ou mais humilhante. Foi por causa desta surra que quis namorar Sheeba Amapoulos, mesmo sabendo que seu amigo Severo gostava dela. Os únicos momentos que lembrava com satisfação deste namoro eram aqueles em que ele via a cara que Black fazia... mas não adiantou muito, ele agora estava por aí de novo, casado com ela, feliz, pronto a achatar o maxilar de qualquer um que cruzasse seu caminho.

            Descontava a raiva da surra (surra de um soco!!!) que tomara em Draco, aproveitando-se do fato de passar os dias em casa, afastado do trabalho à frente da Malfoy & Malfoy feitiços e companhia, enquanto usava as bandagens roxas e feias para tentar pôr o queixo pontudo de volta no lugar.  Passava os dias mugindo de dor na frente do filho, vendo a culpa estampar-se no rosto do rapaz.  Aproveitava para lembrar a ele que tinham precisado de carona para o hospital, uma vez que ele tinha dado àquela trouxa ladrona a quantia absurda de TREZE galeões, ainda gastando os últimos sicles pagando a maldita cerveja amanteigada para a garota! Draco teria que justificar este ano o investimento que ele fazia nele, sendo pelo menos o campeão de quadribol. Isso era dito a ele incessantemente, sem descanso.

            Draco chegara a conclusão já há algum tempo que não tinha talento para ser apanhador de quadribol, se ficava no time era porque o pai vivia jogando na cara que comprara seis vassouras de corrida para “financiar” a entrada dele no time, porque afinal ele quisera. Ele não queria ser melhor que o Potter?  Que fosse então, vassoura para isso, tinha.... todos os anos quando voltava para casa sem o título era uma humilhação, daí sair correndo logo depois de cada vitória do time para mandar uma coruja para casa dizendo que ganhara.

            Lúcio Malfoy teve mais dois motivos para gritar de raiva pouco antes do feriado de Natal acabar: primeiro foi a carta-resposta da advogada bruxa Marsha Cage-Fish, dizendo que se ele processasse seu cliente, Sirius Black, por injúria física, este teria provas de sobra para justificar como legítima defesa contra injúria moral, uma vez que testemunhas idôneas presenciaram quando Lúcio ofendera moralmente com acusações falsas e injuriosas o seu cliente.  Ele bufou e esperneou, mas sabia que não podia fazer nada.

            No dia seguinte uma coruja minúscula veio endereçada diretamente a ele, era uma coruja dos serviço postal do beco diagonal, trazia um recibo de depósito no banco de Gringotes no valor de treze galeões e uma cartinha anexada:

            “Senhor Malfoy

            Seu filho levou-me a um cinema, e como o senhor o criou dentro de um aquário sem ver trouxas asquerosos como eu, ele não fazia a mínima idéia de quanto valia o dinheiro que me dera para guardar. Como eu sou antes de tudo uma Van Helsing, e o senhor já deve ter ouvido falar na irmandade a qual pertenço, famosa por sua retidão de caráter, depositei em seu cofre no banco Gringotes a quantia integral que ele me confiou, sem descontar valor que ele gastou comigo, pois eu não quero que o senhor diga que pagou cinema para uma trouxa.

            Espero realmente de todo coração que seu queixo fique torto para sempre.

            Cordialmente,

            S.A .V.H.”

            - Mas isso, isso, isso é um ABUSO!

            Draco ouviu o grito do pai no escritório e depois ele sair furioso para socar um elfo doméstico. Entrou sorrateiramente lá e viu a carta de Sue. Riu e não pôde deixar de pensar: “Essa é a minha garota!”


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