A Volta de Rose Weasley escrita por Vitória M


Capítulo 6
Salão Comunal das Cobras




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POV Rose

Virei imediatamente o rosto quando o monitor da Sonserina falou a senha. Eu me sentia uma intrusa ali. Parecia errado eu saber a senha de uma Casa que não fosse a Grifinória. Não me senti bem. Algo em minha menta gritava “perigo, perigo, perigo”.

A sensação de não pertencer àquele lugar se intensificou ao olhar aquela imensidão verde. Era, sem dúvida, muito mais chique e continha objetos de grande valor, mas não possuía aquele toque aconchegante que eu tanto amava do Salão Comunal da Grifinória. Com certeza eu preferiria estar naquele mundo vermelho que eu tanto sentia falta, conversando com os meus primos e matando a saudade. Mas não: o destino tinha que aprontar comigo!

Tentei falar com Madame Marie, mas ela nada podia fazer, já que o Salão Comunal da Sonserina era o único com dormitórios disponíveis. Cheguei ao cúmulo de perguntar se não poderia dormir no Barco com os alunos de Durmstrang, mas Madame Marie apenas me olhou séria, sem se dar ao trabalho de responder.

Mantive a compostura e empinei o queixo ao entrar no recinto, com um ar desafiador. Internamente me preparava para logo ouvir alguém gritar “feiosa nerd” ou algo do tipo, como sempre faziam, mas eles nada falaram. Via pessoas apontando para mim e, quando passava, começavam a murmurar, mas ninguém se dirigia diretamente a mim.

Era realmente irônico estar no covil das cobras e elas não tentarem dar o bote.

O monitor sonserino começou a conversar com uma de minhas colegas, Claire. Ou melhor, começou a dar em cima dela. Todos os meus outros amigos logo foram conversar com os sonserinos que estavam ali, ficando apenas Sophie e eu paradas próximas a uma entrada.

– Tadinho do Giulio. – falou meio risonha se agarrando a meu braço.

– Estou com tanto frio quanto você, caso se importe. – resmunguei ignorando seu comentário. A noite era fria e estávamos nas masmorras, o que não ajudava. A mão de Soph estava simplesmente gelada, o que me fez ficar arrepiada.

– Shh, começou. O que te mordeu? – respirei fundo olhando ao redor e acabei parando o olhar sobre certo loiro que ria de algo que algum de meus colegas dissera. – Hmm, acho que é o que não te mordeu, não é? Pelo menos ainda…

Me virei para ela com raiva e me afastei.

– Não sei do que está falando.

– Claro que não. – ela ironizou me abraçando.

– Sophie, por que não vai achar alguém para encher que não seja eu?

Ela agora quem me olhou com raiva e, como vingança, me deixou ali sozinha, indo em direção a um menino no lado oposto do Salão.

Não queria ficar ali parada como uma idiota, então caminhei calmamente até um sofá vazio. Como o monitor tivera a elegância de nos ignorar e arrastar asas para Claire, eu não sabia onde seria meu dormitório, e também não estava a fim de perguntar. Não queria interromper o momento deles e nem queria andar sozinha por aquele ninho de cobras.

Decidi esperar pela boa vontade de uma das outras garotas resolverem subir, o que, pelo que eu estava vendo, não aconteceria tão cedo. Todos estavam entretidos conversando com os sonserinos. Quem aguenta? Como se eles merecessem um bom tratamento!

Mas apesar de estar tremendo de frio no sofá, apenas observando meus colegas - e ex - não podia deixar de achar graça de Giulio, como Sophie dissera. Caterine não parara de conversar com um garoto moreno desde que havíamos saído do Salão Principal, o que estava deixando meu amigo meio louco.

E me deixando louca, já que o nome do garoto era Luke Zabini, o melhor amigo dele.

– E então... Rose? - ouvi uma voz baixa atrás de mim, mas não precisava realmente ter me virado para saber quem era.

– Ainda é Weasley pra você, Malfoy.

– Ainda? - ele sorriu sedutor se sentando ao meu lado.

– Gosto de mudanças. - comentei.

– Vejo que sim. – disse, olhando para o meu corpo. Dei um sorrisinho de lado, fingindo não ter percebido.

Esfreguei as mãos em meus braços tentando me esquentar, mas aquela roupa não estava ajudando. E então senti algo sobre meus ombros. Olhei com desconfiança o loiro enquanto ele fechava o botão de sua capa, que estava sobre meus ombros. Sua mão tocou meu pescoço quando ele, delicadamente, ajeitou meu cabelo sobre a capa.

Oh, eu estou usando a capa da Sonserina de Scorpius Malfoy! Meus sonhos de crianças então se tornando realidade!

Tudo bem, Rose, relaxe. Respire, expire, respire... Tentei me controlar para não corar, mas senti meu rosto quente. Droga!

– O que é isso? – perguntei me agarrando a capa. Estava tão quentinha que parecia um pecado tirá-la.

– Ora, está com frio. Estou sendo cavalheiro. - me deliciei naqueles olhos lindamente azuis. Ele diminuiu seu sorriso, e senti seu olhar descer por meu rosto.

O que, anos atrás, pensei ser impossível estava acontecendo: Scorpius Malfoy, o estúpido sonserino que tanto me humilhara, estava olhando para a minha boca.

Ele mordeu o lábio inferior dando um sorriso safado, e dei meu melhor olhar inocente.

– Scorpius Malfoy sendo cavalheiro? – perguntei divertida. Ele voltou a olhar meus olhos.

– Ora essa, sempre fui um cavalheiro, mademoiselle. – ele fez uma reverência engraçada, o que fez com que eu risse muito. Parei de repente quando me senti ser observada e vi que Malfoy me olhava atentamente.

E então, de repente, Nicole chega se sentando entre nós dois, quebrando qualquer contato visual que tínhamos.

– Estou cansada. - em olhá-la, sabia que estava prestes a pedir alguma coisa. - Vamos dormir? Sei que estão conversando, mas é que não quero ficar sozinha.

Seria muito suspeito se eu a mandasse para o inferno e dissesse para se virar sozinha? É, acho que Malfoy ia se achar demais se pensasse que eu preferia ficar conversando com ele. Mas é claro que isso não era verdade. Tudo pela vingança...

Perguntei ao Malfoy onde ficavam nossos dormitórios e Nicole e eu fomos até a escada, enquanto pelo canto de olho via Malfoy ir em direção a uma loira aguada. Senti uma fisgada e apertei com mais força a capa em volta de mim, culpando o frio. E então me lembrei que aquela não era a minha capa.

– Espere um momento, Nicole. Eu já volto. – saí dali sem esperar que ela respondesse e fui em direção aos dois. - Com licença. – disse com um sorriso falso para a loira falsificada. Ela se virou, procurando quem falara com ela.

– Sim? – inquiriu com a voz falsamente simpática.

– Eu queria devolver isso Malfoy. – disse começando a tirar a capa, ignorando a loira.

– Não, não, pode ficar. Amanhã você me devolve. – Malfoy falou rapidamente, colocando as mãos sobre as minhas impedindo que eu tirasse a capa.

– Mesmo? – dei um sorriso brilhante.

– Claro. – também sorriu, ignorando a loira que agora bufava atrás de nós.

– Obrigada. – me inclinei dando um beijo em sua bochecha.

Assim que me afastei um pouco, ele pôs a mão no local um pouco confuso, mas com um grande sorriso no rosto.

Ai ai Malfoy, isso vai ser mais fácil do que eu esperava...

Caminhei firmemente em direção à escada, passando reto pela loira aguada. Nicole me aguardava com um sorriso malicioso.

– Começou cedo, hein Rose. – brincou, e ri com ela.

Chegamos ao corredor que Malfoy havia indicado e fui até a porta em que continha meu nome, de Sophie e de Caterine.

Fiquei arrumando a mala que estava ao lado de minha cama, mas logo Sophie e Caterine passaram como num rompante pela porta.

– O quê que foi aquilo, Rose Weasley? – perguntou Sophie, com as mãos na cintura e batendo o pé no chão.

– Aquilo o quê? – me fiz de desentendida.

– Você dando um beijo nele!

– Foi só um beijo na bochecha, Caterine. Aquilo não foi nada.

– Mas me pareceu outra coisa! Não me diga que você está voltando a gostar dele, Rose.

– Olha aqui Soph! Você nunca mais ouse falar isso! Eu odeio aquele garoto. Odeio! – ela ia discutir, mas Caterine a impediu, colocando a mão em seu braço.

– Então o que você queria com ele, Rose? – soltei um suspiro, e chamei-as para se sentar em minha cama.

– Entendam que não vou deixar barato o que ele fez comigo. Vou me vingar dele e fazer sentir o mesmo que senti por quatro anos.

– O quê?

– Vou fazê-lo se apaixonar por mim. E melhor, - ergui a mão impedindo que elas falassem qualquer coisa. – vou pisar nele mais do que ele imagina ser possível nessa vida. Vou humilhar aquele trasgo loiro até o último fio de cabelo que ele possui. Vou fazê-lo se arrepender por todas as vezes em que me fez chorar. Vou mostrar a ele do que um Grifinória é capaz.

As duas ficaram boquiabertas, mas não disseram mais nada. Cada uma foi para sua cama arrumar as próprias coisas, mas pelo canto do olho as vi se olhando e Caterine balançando a cabeça em negação. Bufei voltando a cuidar minhas coisas. Peguei uma roupa bem quente para dormir e fui tomar meu banho.

Se elas não entendiam, o que eu podia fazer? Elas nunca foram humilhadas como eu fui, não sabem o que é isso a não ser pelo que eu conto. Não conseguem imaginar de verdade a dor de sempre te acharam menos do que realmente é. Nunca sofreram o desprezo pela pessoa de quem gostavam. Não faziam ideia do que eu sentia por Scorpius naquele momento e nem o quanto eu queria vê-lo no chão. Mas antes, o queria chamando meu nome apaixonadamente e achando que o sentimento era mútuo.



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