A Volta de Rose Weasley escrita por Vitória M


Capítulo 13
Os Anjos de Beauxbatons




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POV Rose

"Cara Srt. Weasley, vossa senhoria está convidada para o ilustre jogo que eu, o lindo, gostoso e popular de Hogwarts, está organizando na majestosa Sala Comunal da Sonserina. Peço sua presença nesse memorável momento.

PS: não é necessária confirmação.

PS²: Scorpius estará lá.

Att,

Luke Zabini."


Por um momento, fiquei encarando o papel que me foi dado por um primeiranista da Sonserina, sem acreditar no que via. E então, sem poder evitar, prorrompi em gargalhadas. Minhas risadas foram acompanhadas por Caterine e Sophie, que também tinham recebido o mesmo bilhete. Realmente, Luke Zabini era um palhaço! Nunca pensei que ele poderia ser assim, afinal no tempo em que eu estudava aqui ele geralmente aparentava seriedade e falava pouco, e sempre tinha um olhar zangado... Ou, talvez, seu mau humor fosse direcionado apenas aos grifinórios.

Por fim, nossas risadas foram diminuindo e nós três nos entreolhamos, em dúvida.

– Será que vamos? – perguntou Sophie, parecendo um pouco incerta.

– Acho que sim. Não fará nenhum mal. – respondi, dando de ombros, apesar de também estar com um certo receio. O que poderiam estar aprontando os sonserinos?

– Que jogo será que é? – Caterine, ao contrário de nós, estava apenas curiosa. Esse era o seu maior fraco: curiosidade em excesso.

– Não sei. – dei de ombros novamente. – Só vamos descobrir se formos até lá. – nos entreolhamos, agora divertidas, sabendo que de um jeito ou de outro iríamos até lá para saber o que estavam fazendo.

– Não seria melhor se colocássemos uma roupa? – perguntou Sophie, apontando para seu corpo que estava sob uma fina camisola de seda azul, muito semelhante à minha, mas que era preta. Caterine vestia um pijama curto rosa bebê.

– Seria ridículo se colocássemos uma roupa a essa hora da noite. – disse Caterine, dando de ombros. Concordei com ela, já que era uma hora da madrugada. Sophie também concordou e então saímos lentamente do dormitório, descendo em fila indiana pela escada estreita.

Ao chegarmos lá, vimos que não éramos as únicas convidadas: Nicole, Louise, Giulio e – estou ferrada – Friedrich também estavam lá. De Hogwarts, estavam ali Luke, dois garotos que eu não conheço, uma garota que estava sentada no colo de um dos garotos, e – como Luke prometera – Scorpius. Abri um sorriso instantaneamente ao vê-lo ali. Era cansativo brigar com ele, além de eu ter ficado culpada por ter discutido por algo tão bobo. Ele assim que me viu também deu um sorriso, mas parecia um pouco incerto. Caminhei em direção a poltrona que ele estava sentado e pulei em seu colo, o abraçando.

– Que roupa é essa senhorita Weasley? – sussurrou em meu ouvido. Sorrindo, me afastei um pouco dele, tempo suficiente para flagrá-lo olhando para as minhas pernas.

– Isto é uma camisola, senhorito Malfoy. – brinquei, afastando seu cabelo que caía na testa.

– Uma camisola muito indecente, pelo que posso ver. – ele já não me olhava mais, apenas encarava um dos outros garotos que ali estavam, que não tirava os olhos de mim. Ainda sorrindo, me aproximei o suficiente para sussurrar no ouvido de Scorpius.

– Ciúmes novamente? – não esperando sua resposta, me levantei de seu colo, indo em direção a Sophie que estava ficando sem graça ao lado de Caterine e Zabini que não paravam de conversar. – Afinal – disse, quando cheguei mais perto – o que vamos jogar?

Isso chamou a atenção de Luke que ergueu a varinha animado: - Verdade ou consequência!

Pus a mão na cintura não acreditando que estávamos partindo para um jogo tão infantil, mas depois ri olhando rapidamente na direção de Nicole, Louise e Friedrich. Aquilo seria interessante. Ao menos Aline não estava ali.

– Que reunião é essa? – malditos pensamentos! Ergui meu olhar na direção da escada e ali estava minha pequena amiga, encarando todos no Salão claramente sem entender o que acontecia. Line sofria de insônia, então era normal ela caminhar pelos corredores de Beauxbaton enquanto o sono não vinha. A insônia devia ter piorado com a viagem até Londres.

Olhei Zabini rezando para que ele fosse mal educado e a mandasse dar o fora dali, mas então um dos garotos que eu não conhecia riu e disse:

– Quanto mais garotas, melhor. – Zabini acompanhou a risada do amigo e foi na direção de Line.

– Então, nós vamos jogar um pouco... sabe, pra relaxar a mente. Quer participar? – Line cruzou os braços, desconfiada. – Verdade ou consequência... – ele completou como se aquilo fosse tentador o suficiente para qualquer pessoa querer participar.

Ela cravou os olhos em mim um segundo. Caterine bufou de onde estava.

– Até parece que essa daí...

– Vamos jogar. – Aline interrompeu Cat fingindo animação e aceitando a mão que Zabini estendia para ela. Por que eu tinha a impressão de que aquilo não acabaria bem?

Todos nos acomodamos no chão formando um círculo. Eu me sentei entre Sophie e Line e Scorp estava diretamente a minha frente, provavelmente querendo diminuir os riscos de que eu acabasse por me envolver com outra pessoa no jogo. Ele estava ao lado de Friedrich e Louise.

Sabendo como funcionava o jogo, todos entregamos nossas varinhas a Luke. Ele lançou um feitiço e as varinhas se uniram, como se fossem coladas uma sobre a outra. Aquilo era para garantir que nenhuma história sairia dali. Depois de feito o feitiço, ele nos devolveu nossas varinhas e retirou uma garrafa do bolso da veste. Era uma garrafa de cor preta que ele colocou sobre a pequena mesa de centro, girando-a.

– Parece que nunca jogou, Zabini. – ri de sua animação e ele mexeu a cabeça lentamente, como se não concordasse com o que eu falara.

– Gente nova hoje. – ele e os garotos riram enquanto nós, garotas, reclamávamos.

– Típico. – Aline soltou baixo pra mim.

A primeira parada da ponta da garrafa foi em Sophie. Sorri mentalmente, aliviada por não ser eu.

– Vamos deixar claro algumas coisas. – Luke falou sob o sorriso cínico de Soph. - Caso escolha verdade, e deseje mudar para consequência, pode, e vice-versa. Mas só pode mudar uma vez. A pequena Lucy foi feita sob encomenda das garotas daqui, porque, segundo elas, estávamos pegando um pouco pesado. – Scorpius riu, parando quando lhe olhei.

– Você deu nome a uma garrafa? – Nicole perguntou quase sem acreditar.

– Não perturbe Lucy, ela pode te perseguir. – a garota que estivera sentada no colo de um dos garotos quando eu chegara falou meio alterada. – E sim, vocês estavam exagerando. – ela olhou diretamente para Scorp que corou, o que me fez cruzar os braços. Adoraria saber o que Malfoy aprontara todo aquele tempo.

– Continuando. – Luke falou deixando claro que não gostara da interrupção. – Quando a pessoa opta por não responder, não cumprir a tarefa ou, caso minta, paga tirando uma peça de roupa. – olhei rapidamente Soph e ela devolveu. Quase era possível tocar o desespero que nos tomara. A única peça que tínhamos como proteção era a camisola, sem ela, estaríamos apenas com as roupas íntimas. – Uma das magias de Lucy é permitir que cada pessoa tire as peças de roupa até restar apenas cueca, calcinha e soutien, por isso, é melhor só usar esse artifício uma vez, porque Lucy possui três tipos de azarações que podemos escolher para ser lançada na pessoa que não seguir as regras.

Engoli em seco, rezando para que ninguém fizesse perguntas muito difíceis a ser respondidas para mim.

– Tendo todos sido avisados... – ele voltou a olhar Soph como se fosse devorá-la com o olhar. – Vamos começar. Sophia, você é virgem?

Minha mente deu uma guinada intensa naquele momento. Olhei Soph que parecia ter perdido o chão com a pergunta.

– Co... como? – era difícil ela ficar sem graça daquele jeito e Luke conseguiu com apenas três palavras.

– Isso aí. Você...

– Eu já ouvi! – resmungou ainda vermelha e algumas pessoas da roda riram. Tossiu levemente como se algo estivesse em sua garganta e se recompôs. – Sim, sou virgem.

Todos olhamos ansiosos para a garrafa que ficou verde. Soph respirou aliviada.

– Relaxa, ele só ta querendo assustar. – a mesma garota que falara sobre a garrafa e que estava ao lado de Soph, sussurrou para ela.

– Conseguiu. – ela tinha um olhar feroz e a única coisa que eu podia dizer é que tinha pena da próxima pessoa que a garrafa escolhesse. Ela engatinhou para o centro da roda girando a garrafa.

E ela girou e girou...

– Eita caramba. – Aline falou baixo quando a garrafa parou.

– Giulio. – Soph falou em êxtase e eu vi o rosto de nosso amigo em desespero. - Você é apaixonado por Cat?

Sophie perguntou tão rápido, que sequer tive tempo de dizer a ela para pegar leve. Com exceção dos dois garotos que eu não conhecia – que assobiavam animados – e Scorpius – que ria – o clima ficou extremamente pesado. Luke era um palhaço, mas estava interessado em Cat e olhou para Giulio quase exigindo a resposta. Quanto a minha amiga... o que posso dizer? Tinha uma mistura de pasmice com surpresa.

– Não... – a garrafa ficou vermelha instantaneamente, mas nem era preciso olhar para ela para saber que ele mentia. A resposta fora mais uma pergunta que qualquer outra coisa. Giulio estava desesperado e sequer olhava para qualquer direção próxima a Caterine. Sobre os assovios de alguns, a garota da garrafa falou:

– Ta devendo uma peça pra garrafa, meu bem. – os garotos riram e aguardamos Giulio cumprir a penitência por mentir. Ele engoliu em seco, mas tirou a camisa do pijama que usava. Nós de Beauxbatons já estávamos acostumados a ver Giulio sem camisa, já que era muito comum nossos jogos desses tipos e Giulio quase sempre mentia ou se recusava a responder. Mas a outra garota que estava ali nunca vira Giulio sem camisa, e a vi dando uma bela secada em meu amigo.

Quando a garrafa foi girada mais uma vez, ela caiu em Friedrich. Ele engoliu em seco e tive pena do pobre garoto. Giulio tinha conhecimento de todos os seus podres e sabia ser muito maldoso quando queria. Fried, provavelmente pensando o mesmo, foi muito corajoso ao escolher:

– Consequência. – Giulio sorriu malicioso e, apontando pra mim, falou o que fez meu coração parar por um mero segundo:

– Beije a Rose. De língua. – não, Giulio não pediu isso, certo? Errado. Pela cara furiosa de Scorpius, supus que fora mesmo esse o desafio dado por Giulio. Como eu disse, ele sabia ser muito maldoso quando queria. Quem em sã consciência pediria aquilo para Friedrich, sabendo de toda a nossa história?

Pelo canto de olho, vi Friedrich vindo em direção a mim. Ele estava sério, seu rosto indecifrável. Num último momento, enquanto segurava em suas mãos para me levantar, mandei um olhar de desculpas para Scorpius, sabendo que aquele não seria um simples beijo.

E não foi.

Friedrich passou suas mãos por minha cintura e, puxando ferozmente meu rosto para o seu, fez o que eu sabia que desejava fazer novamente há tempos. Ele parecia querer se vingar por tudo que eu fizera a ele, já que apertava com tanta força minha cintura que fazia com que nossos corpos ficassem completamente colados. E eu não consegui fazer nada que não fosse retribuir.

Tão subitamente quanto me agarrou, ele me soltou. Demorei um segundo para me situar e quando voltei a me sentar, o clima estava ainda mais tenso que antes. Meu rosto estava quente. Na verdade, eu estava inteiramente quente após aquele momento totalmente embaraçoso. Quando Friedrich se sentou em seu lugar, vi que exibia um sorriso vitorioso na face. Senti nojo dele naquele momento, porém, olhando para o rosto raivoso de Scorpius, percebi algo que fez meu estomago embrulhar: eu não estava fazendo com ele o mesmo que Friedrich fizera comigo?

A diferença era que Scorp não sabia que estávamos jogando.

A garrafa foi mais uma vez girada, e parou justamente em Aline. Novamente, senti um alívio me invadir. O jogo estava pesado e eu estava até mesmo com medo de quando a garrafa parasse em mim. Aline manteve a postura firme, apesar de um certo receio brilhar em seus olhos.

– O que você vai querer? – perguntou Friedrich, com a voz ligeiramente entediada.

– Verdade. – respondeu Line.

– Você odeia Caterine? – a pergunta de Fritz parecia estar na ponta de sua língua, já que ele perguntou sem nem hesitar. Por outro lado, vi a hesitação de Line. Cat pareceu um tanto assustada quando viu seu nome citado mais uma vez, mas logo após relaxou e olhou para Aline estranhamente. Todos sabiam que as duas não se davam bem, mas ninguém, nem mesmo eu, parecia conhecer Line o suficiente. O ar ficou meio tenso, pois apesar de os garotos de Hogwarts não entenderem o porquê, nós, de Beauxbatons, sabíamos que elas não gostavam uma da outra. Mas apesar disso, eu achava que Aline nunca diria aquilo na frente de tantas pessoas. Os sentimentos dela eram sempre guardados pra ela. Por isso, não foi nenhuma surpresa para mim quando Line balançou a cabeça em negativa, e mudou para consequência. Novamente, a língua ferroada de Friedrich parecia estar pronta para qualquer desafio.

– Beije Malfoy.

Dessa vez, foi a minha vez de entrar em pânico. Eu juro, juro, que vou matar Friedrich! Line pareceu assustada também, e olhou rapidamente para mim. Tentei normalizar meu rosto, de modo a esconder minha raiva e a mágoa que já estava sentindo por justamente Line beijar Scorpius.

Tentei, sem sucesso, deixar meu rosto transparente de emoções. Porém, de qualquer forma, ela me conhecia bem demais e deve ter percebido os sentimentos conflitantes que eu estava sentindo. Mas fui surpreendida quando ela, ao invés de realizar o desafio, tirou a camisola que estava vestindo, e ficou apenas de soutien e calcinha.

– Ual! – os garotos simplesmente não pararam de babar em cima de Aline. Sem exceção.

– Que foi, nunca viram uma garota sem roupa? – ela ajeitou levemente os óculos sobre o nariz e se abaixou girando a garrafa.

Eu estava um pouco surpresa por ela ter tomado aquela atitude. Na situação dela, eu provavelmente teria preferido beijar quem quer que fosse, mas ela foi uma amiga fiel fazendo o que ninguém esperava. Nem mesmo eu.

Quando ela voltou a se sentar ao meu lado, Scorpius finalmente passou os olhos por meu rosto vendo o quanto eu estava irritada por ele estar secando minha amiga daquela forma. Ele abriu a boca, provavelmente para sussurrar um pedido de desculpas – eu esperava isso, pelo menos -, mas eu me virei para Aline.

– Obrigada. – apenas movi os lábios e ela deu um sorriso voltando sua atenção para a garrafa. Que parou…

– Isso ta errado! Essa garrafa só ta caindo na gente! – Cat resmungou quando a ponta da garrafa parou apontando em sua direção.

– É que vocês são novos e Ela sabe disso. – Scorpius quem explicou.

Não olhei em sua direção, aguardando a pergunta que Line lançaria.

– A sensação de pegar o namorado de uma amiga foi boa, Caterine? – olhei surpresa para minha amiga que tinha um olhar gélido. Ela olhou rapidamente na direção de Louise se voltando depois para Aline.

– Não. – pisquei confusa com aquilo, mas olhei na direção da garrafa ainda mais estupefata ao vê-la ficar vermelha. Olhei Aline que tinha um sorriso sarcástico no rosto enquanto Cat se levantava tirando o short do pijama que usava. – To saindo. – avisou se abaixando e pegando a varinha.

Olhei Louise que encarava o chão sem expressão alguma. Logo depois ela também se levantou dizendo que estava saindo do jogo.

O que, pelas calças de Merlim, acabara de acontecer?


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