Depois de Marvin contar seu plano cada um foi para o seu respectivo quarto. Já estavam passando das onze horas da noite, mas felizmente não teríamos que acordar cedo no outro dia. Segundo os próprios cálculos de Marvin não precisaríamos acordar cedo para o que teríamos que fazer.

Tomei um banho demoradamente, eu precisava relaxar um pouco depois desse dia. Coloquei só uma bermuda e cai de cara na cama. Demorei um pouco para cair no sono, não importava para que lado eu virasse o bendito sono não vinha.

Quando consegui dormir, sonhei. Confesso que quando o meu sonho começou eu realmente achei que fosse um sonho e não um sonho de meio-sangue, que é a mesma coisa que um pesadelo, mas em poucos segundos o meu sonho maravilhoso virou um pesadelo quando ele apareceu.

Acho que é melhor eu contar sobre esse sonho/pesadelo.

No começo vi tudo escuro ao meu redor, eu não enxergava nada além do meu corpo, o que já foi bem estranho, tudo escuro e eu só enxergando meu corpo. Sentia o chão sob os meus pés então resolvi andar torcendo para não ser um daqueles momentos em que damos alguns passos e depois caímos em um abismo sem fim.

Caminhei por alguns minutos pela escuridão sem fim até que bati o joelho em alguma coisa e isso doeu pra caramba. Praguejei baixinho enquanto esfregava o joelho que eu tinha batido.

O bom de ter a maldição de Aquiles é que você não se machuca em nem uma parte do seu corpo, há não ser na região a onde fica seu ponto mortal, mas, mesmo não me machucando, do mesmo jeito eu sinto o impacto e a dor a onde fui atingido.

Respirei fundo e olhei novamente ao meu redor, tinha que ter algum motivo, razão, ou circunstancia para eu estar aqui nessa escuridão toda. Quando pisquei os olhos mais uma vez o lugar começou a clarear pouco a pouco com a luz da lua entrando pela janela e percebi a onde estava. Chalé 3, de Poseidon.

As paredes internas brilhavam como madrepérola. Vi o cifre de Minotauro pendido na parede, perto da minha cama, que eu notei estar sendo utilizada, pois vi uma silhueta sobre ela.

Olhei para cima é vi um bando de miniaturas de cavalos-marinhos de bronze pendido por arames presos no teto. No canto do chalé estava à fonte de agua salgada de rocha marinha, um presente do meu pai.

Meu chalé estava arrumado, tudo em seu devido lugar. Resolvi me aproximar da minha cama para ver o que tinha sobre ela. Um sorriso muito bobo tomou conta dos meus lábios vendo os cabelos da minha noiva esparramados sobre o meu travesseiro. O lençol verde claro lhe cobria até a cintura deixando sua blusa branca de alcinha há mostra.

Annabeth estava deitada de lado, de costas para mim, com um sorriso tímido nos lábios denunciando que estava tendo um lindo sonho, assim como eu acreditava que estava também tendo um lindo sonho. A luz da lua em contraste com a sua pele e seu sorriso estava deixando tudo mais do que perfeito.

Me inclinei um pouco mais para frente, sobre a cama e percebi que um braço de Annabeth estava em volta de algo protetoramente e eu não pude evitar de rir vendo Damon dormindo tranquilo ao seu lado envolto de seu braço.

Essa é uma cena linda de se ver. Tudo bem que um homem dizendo, falando, ou pensando isso pode até ser gay, mas e dai? Eu estou feliz vendo a mulher que eu amo dormindo pacificamente junto com nosso filho.

Mas infelizmente tudo que é bom dura pouco, muito pouco no caso de meio-sangues. Escutei o barulho da porta da entrada do chalé se abrindo.

Me virei na direção da porta e o que eu vi me deu uma tremenda raiva e uma imensa vontade de matar a pessoa que sorrateiramente entrava no meu chalé.

Eu não podia acreditar que ele teria essa tamanha audácia de entrar no acampamento depois de tudo que ele fez e esta fazendo e ainda por cima entrou no meu chalé. Isso é tão absurdo, ridículo e traiçoeiro.

Eu queria que Quíron, ou alguém, sei lá, aparecesse também e pegasse Luke no flagra. Sim, é ele mesmo que invadiu meu chalé. Luke Castellan vestindo roupas pretas, camisa, calça e também os tênis.

De repente senti meu corpo ser puxado para trás, me afastando rapidamente da minha cama e de Annabeth e Damon, até que eu senti minhas costas contra a parede do chalé.

Tentei a todo custo voltar para a onde eu estava e quem sabe, se fosse possível, dar um belo soco na cara de Luke e expulsa-lo do meu chalé e também, claro, garantir que ele nem chegue perto da MINHA noiva.

Mas todas as minhas tentativas foram em vão e eu tive que ficar parado, pois não conseguia mais movimentar nem um musculo do meu corpo, vendo Luke se aproximar da minha cama, especificamente, de Annabeth.

Odeio ter esses tipos de sonho em que eu não posso fazer nada a não ser ver e nesse momento eu estava mais do que odiando isso.

Senti meu sangue ferver quando percebi a forma como Luke estava olhando para minha Annabeth e eu explodi novamente tentando me mexer, ou falar, fazer qualquer coisa ao ver Luke tocar delicadamente no braço de Annabeth.

Minha mente trabalhava laborando um monte de formas de acabar com a raça de Luke, de preferencia que ele sofresse muito, vendo ele subir sua mão levemente pelo braço de Annabeth que tocou. Contornou a curva do pescoço dela e subiu mais ainda tocando delicadamente na bochecha dela e abriu um sorriso de canto.

Eu queria tanto arrancar cada membro do corpo dele por ousar tocar na minha mulher, mas infelizmente eu não podia fazer isso. Mas uma coisa posso dizer, da próxima vez que eu encontrar esse cara, ele vai agar MUITO caro por ter feito isso.

Para piorar ainda mais a situação Annabeth se mexeu e virou o seu corpo de forma que agora dava para ver o seu rosto que estava com um sorriso amplo em seus lábios, como se ela tivesse gostado dos toques de Luke.

Eu sentia o grito entalado na minha garganta. Eu queria poder gritar agora e arrancar o sorriso de orelha a orelha que Luke dei ao ver o sorriso de Annabeth.

Mentalmente gritei tantas pragas em grego antigo que eu nem fazia ideia de que conhecia tantas assim quando vi que Luke se ajoelhou ao lado da minha cama e inclinou a cabeça, se aproximando mais do rosto de Annabeth.

Eu definitivamente irei torturar ele quando nós encontrássemos de novo por ter tamanha ousadia de tocar da MINHA, repito, MINHA Annabeth. Ela é minha e ele tem que entender isso por bem ou por mal e essa atitude dele prova que vai ser por mal. Eu vou adorar fazer ele entender desse jeito, ah como vou.

Mas para a minha imensa e total felicidade ele não conseguiu terminar seu trajeto para beijar minha mulher, estava na cara que era isso que ele ia fazer, porque em um segundo a lamina da faca de Annabeth estava rente ao pescoço de Luke e a outra mão de Annabeth tampava a boca dele para ele não gritar, ou falar.

O semblante de Annabeth estava selvagem, mortalmente, e eu adorei ver que ela estava olhando assim para Luke. Tomara que ela corte ele em pedacinhos por ele ter tocado nela daquele jeito e sem permissão ainda por cima.

Com cuidado Annabeth levantou da cama ficando de pé fazendo Luke ficar de pé também, afinal ela ainda estava pressionando a lamina de sua faca no pescoço dele.

Percebei que Annabeth olhou de relance para a minha cama e eu acabei direcionando o meu olhar seguindo o dela. Damon ainda dormia tranquilamente. Me repreendi mentalmente por ter me esquecido que ele estava com Annabeth.

Eu sei, eu não devia, mas minha cabeça não estava muito bem. Eu só conseguia pensar em formas de acabar com Luke a base de torturas bem torturantes.

– Você vai se mandar daqui. – disse Annabeth com a voz controlada, isso não era um bom sinal. – Seja lá o que estiver tramando agora, não quero saber, quero só que você vá embora.

Annabeth oque você esta fazendo? Essa era a pergunta que eu queria perguntar. Como assim, só vá embora. Ele esta com o inimigo, ele não pode ir só ir embora. Aonde esta aquela Annabeth que queria surrar, acorrentar e arrastar Luke para o Olimpo quando ele traiu a gente pela primeira vez?

Eu estava com medo. Medo de saber o porquê que Annabeth queria que Luke fosse embora sem mais nem menos.

Luke olhou magoado para Annabeth e fez gestos com a mão que eu não entendi quase nada. Acho que ele queria conversar com ela. Annabeth negou veemente com a cabeça, sua expressão não mudou, e andou em direção até aporta fazendo Luke fazer o mesmo, andando de costas, com a lâmina apertando seu pescoço.

Uma coisa me ocorrei. Luke ainda possuía sua maldição de Aquiles Porque se ele ainda estiver com ela, Annabeth não conseguiria nada o ameaçando assim.

Hum, mas pensando bem. A reação de Luke sugere que ele não tenha mais a maldição se não porque ele deixa que Annabeth continue o ameaçando com a faca? Talvez ele esteja apenas fingindo para depois...

Ok, quer saber? Vou parar de pensar por aqui mesmo, isso esta me deixando muito confuso e frustrado. Melhor eu voltar minha atenção para o que realmente importa, Annabeth prensando Luke contra a parede ao lado da porta, esta que ela esta abrindo.

Com rapidez Luke tira a mão de Annabeth de sua boca e tenta pegar a faca dela, mas Annabeth é rápida e consegue desviar bem a tempo. Ela usa o cabo da faca para acertar a barriga de Luke e o empurra para fora do chalé.

Em um piscar de olhos eu estava do lado de fora do chalé, infelizmente eu ainda não podia me mexer e nem falar. Vi Annabeth saindo do meu chalé e fechando a porta atrás de si. Ela empunhava sua faca com força pronta para lutar.

– Eu preciso falar com você, Annabeth. – disse Luke baixo, mas o suficiente para ouvir, com uma mão sobre a barriga aonde Annabeth o havia acertado.

– Eu não quero falar com você. – disse Annabeth no mesmo tom, mas com a diferença de que ela parecia estar decepcionada. – Depois de tudo que aconteceu, você faz uma escolha dessas? Como pode?

– Eu não quero que nada de mal aconteça a você, Annabeth. – ironicamente, Luke ficou de joelhos na frente de Annabeth e abriu os braços. – Eu não tenho nem uma arma comigo só vim conversar e eu sei que fiz besteira, mas dessa vez meu motivo é nobre.

– Você tem um motivo nobre para se juntar aqueles que querem acabar com tudo? – perguntou Annabeth ironicamente sorrindo sarcasticamente para ele.

– Sim. – disse Luke encarando Annabeth seriamente. – E esse motivo é você, estou fazendo tudo isso por você.

– Por mim? – perguntou Annabet incrédula. – O que quer dizer com isso? Não faz sentido.

– Atena sempre tem um plano, Annabeth. – disse Luke calmamente sorrindo de leve e eu vi os olhos de Annabeth se arregalarem. – Você vive dizendo isso e você esta sempre certa.

– O que você... – Annabeth não terminou de falar, ela parecia abalada de mais para falar.

– Uma profecia não faz muito sentido quando você a escuta pela primeira vez. – continuou Luke. – Quando você lê e relé ela, você chega a um consenso do que ela pode significar, mas só quando tudo acontece é que você entende realmente o que ela queria dizer.

Eu queria poder pensar um pouco no que estava acontecendo, mas minha atenção estava toda voltada para o que Luke e Annabeth estavam fazendo que eu não conseguia pensar em nada.

Luke ficou de pé e caminhou até Annabeth devagar. Tocou nas mãos dela a fazendo abaixar a faca que empunhava. Ele tirou a faca de sua mão e a deixou cair no chão. Annabeth não fez nem um movimento de repelir o que Luke fez.

– Estou aqui para lhe dar um aviso. – disse Luke tocando no queixo de Annabeth fazendo ela encara-lo. – Eles não podem fazer nada contra você porque eles precisam de mim. Se eles não cumprirem com isso eu não vou ajuda-los.

– Ajudando eles, você vai ajudar eles a acabarem com o mundo. – sussurrou Annabeth, sua voz saiu tão baixo que foi muito difícil de ouvir.

– Só quero que entenda isso. É tudo o que eu quero. – disse Luke segurando os ombros de Annabeth. – Pense em tudo que eu te falei, você é a mais brilhante filha de Atena de todos os tempos, e ai você vai entender o porquê de eu estar fazendo isso.

– Você, não...

– Parabéns. – disse Luke interrompendo Annabeth. – Soube que esta gravida e Clarisse também. Não posso dizer que estou surpreso, já que isso fazia parte dos planos.

– Planos? – perguntou Annabeth com os olhos arregalados olhando para Luke que tinha um sorriso torto no rosto.

– Cuidado com o que vai fazer, Annabeth. – advertiu Luke sem responder a pergunta dela o que fez Annabeth bater o pé impaciente no chão. – Lembre-se que você esta gravida e ainda tem o menino filho de Zeus.

– Espera um pouco ai. – gritou Annabeth e Luke tampouco sua boca rapidamente e olhou nervosamente para os lados.

– Não posso correr o risco de me pegarem, Zeus me mataria e Oceano e Anfitrite garantiram que se eu fizesse alguma coisa prejudicial ao plano deles, o que inclui morrer, eles iram te fazer sofrer como nunca imaginou que poderia. – disse Luke ainda olhando para os lados, quando viu que ninguém apareceu suspirou aliviado.

– Então foi sábio da minha parte, não te querer por aqui. – disse Annabeth pensativa e Luke sorriu assentindo.

– Como sempre você é. – disse ele e Annabeth olhou ameaçadoramente para ele, percebi que ele engoliu em seco perante o olhar dela.