O dia foi muito cansativo. Demoramos horas para catalogar tudo, tinha muitos monstros por onde passamos e cada tipo que eu nunca tinha visto. Até batemos de cara com alguns monstros quando paramos para comer, para reabastecer o carro e quando foi necessário sair do carro para ir mais perto do lago para enxergar melhor.

O engraçado era que tinha lugares que tinham somente um tipo de monstro. Por exemplo perto de Loyola Park tinha muitas empousae, nos arredores de Berger Park eu vi Ciclopes e no North Avenue Beach Parking Lot eu vi diversos Telquines.

Piper, Jason e eu não conversamos muito. Não porque não queríamos, ou coisa do gênero. Era porque tínhamos que ficar concentrados no que fazíamos e só falávamos em monstros e se Jason estava “sentindo” alguma coisa.

Tentei falar com Annabeth algumas vezes. Algumas ela atendia e logo dava uma desculpa dizendo sei lá o que e nas outras nem me atendia e isso me deixava chateado e desconfiado.

Já passava das seis da tarde quando percebi que já estávamos perto do nosso destino final. Olhei no GPS do carro e vi que em poucos minutos estaríamos em Outer Harbor. Marvin havia me mando uma mensagem dizendo que nos encontraria em Navy Pier no Beer Garden que fica no Outer Harbor que fica perto de Chicago Harbor e da Marina Chicago.

Ok eu já parei com isso. Mas me explicando eu só estava lendo o mapa que estava no GPS e tinha tudo isso em destaque nele, vai saber por quê, e também o idioma do GPS era Grego então é fácil para eu ler.

Adentramos no Navy Pier, tinha um monte de coisa aqui que nem vou descrever, e fomos para o Beer Garden e minha nossa o lugar era muito bonito. A vista para o Lago Michigan era linda, em vez de paredes eram vidros transparentes dando para ver tudo a nossa volta. Vi até um palco para apresentações em um canto.

– Nossa. Aqui é lindo e a vista é incrível. – disse Piper olhando admirada para o local. Somente assenti concordando.

– E os outros já estão aqui. – disse Jason.

Olhei para ele e vi que ele apontava para o lado direto. Segui o olhar na direção em que ele apontava e vi Marvin, Leo e Ashley sentados em uma mesa que tinha copos e alguma coisa no centro que eu não vi em cima. Ashley e Leo acenavam para a gente.

– Achei que nunca iam chegar. – disse Leo quando chegamos perto da mesa em que ele e os outros estavam. – Pedimos pizzas, vocês querem? – falou apontando para o centro da mesa a onde tinha uma forma media com uns cinco pedaços de pizzas.

– Pizza a essa hora? – perguntou Piper incrédula. Leo só deu de ombros e pegou um pedaço de pizza. – Aposto que foi ideia sua. – disse apontando para Leo e Marvin e Ashley assentiram.

– Foi ideia dele mesmo. – disse Ashley, mas depois fez um bico e cruzou os braços. – O meu pedido foi um lanche natural, mas até agora eles não trouxeram. É mais fácil fazer um lanche natural do que uma pizza, mas mesmo assim...

– Calma, menina. – disse Leo interrompendo Ashley que olhou ameaçadoramente para ele. – Primeiro, pizza é boa em qualquer hora, tudo bem que de noite é mais gostosa, não sei porque, mas enfim. Segundo, não precisa ficar estressada desse jeito. Terceiro, olha seu lanche vindo ai. – falou apontando para um garçom que vinha com uma bandeja na mão em nossa direção.

– Até que enfim. – disse Ashley ficando de pé. Momento vergonha alheia. Porque as pessoas não podem ser mais discretas

– Vão ficar de pé ou vão sentar? –perguntou Marvin sorrindo de canto.

Eu sentei do lado de Marvin enquanto que Jason sentou ao meu lado e Piper se sentou entre Ashley e Leo. O garçom colocou um prato com um lanche para Ashley na sua frente que bateu palminha que nem criança. Que falta faz o Nico nessas horas.

– Desculpa a demora, tivemos um pequeno probleminha na cozinha por isso ouve o atraso, não só do seu pedido como de outros também. – disse o garçom sorrindo timidamente.

– Não, esta tudo bem é que ela é um pouco sensível. – falei sorrindo e Ashley me mostrou a língua infantilmente. – Que foi que eu disse. – todos riram, até o garçom que tentou disfarçar no começo, enquanto que Ashley ficou em burrada e olhava feio para mim.

– Aonde esta Annabeth nessas horas para manter você de boca fechada. – disse ela e eu ri mais ainda me lembrando de que eu havia pensando na mesmo coisa em relação a ela sobre o Nico. – Isso não é engraçado.

– Tudo bem, vamos acalmar os ânimos. – disse Marvin se intrometendo. – Vocês querem pedir alguma coisa?

– Já esta na hora de jantar mesmo. – disse Piper dando de ombros.

– Não para você, Piper, e Leo, para de comer. – disse Marvin reprovadora mente deixando Piper, Jason e eu confusos e Leo parado feito uma estatua com um pedaço de pizza na boca.

– Ué, porque eu não posso comer? – perguntou Piper.

– Não que você não pode comer, mas sim que tem que ser uma coisa mais leve, lembra que ainda tem o treino. – respondeu Marvin calmamente.

– Ah. – soltei compreendendo sobre o que ele estava falando e Piper e Jason também compreenderam assentindo.

– E você, Leo, esse é o ultimo pedaço. – disse Marvin seriamente e Leo fez um muxoxo assentindo. –Depois do treino peço um lanche para vocês e para mim, só comi um pedaço de pizza.

– Bom, então qual será os pedidos de vocês três? – perguntou o garçom que eu nem havia me lembrado de que ainda estava aqui.

– Deixa eu ver. – disse Piper pegando o cardápio que Marvin lhe estendeu e o folheou por alguns segundos. – Me traz um lanche natural numero 5 e um suco de morango. – disse passando o cardápio para Jason. O garçom assentiu virando para olhar para Jason.

– Ele vai terminar a pizza por mim. – disse Leo antes que Jason falasse alguma coisa. Ainda tinham quatro pedaços de pizzas. – Ainda esta quente, não faz muito tempo que pedimos ela.

– Por mim tudo bem. – disse Jason. A pizza parecia ser de calabresa. – Eu vou querer só uma Pepsi então. – falou passando o cardápio para mim.

– Me traz uma Pepsi também e não quero nada para comer, não estou com fome. –falei colocando o cardápio em cima da mesa.

– Tudo bem, é só isso? – perguntou o garçom e todos nós assentimos. – Muito bem, volto em alguns minutos, prometo que dessa vez não demorara muito para sair o lanche, senhorita. – O garçom se retira ainda anotando alguma coisa em seu bloquinho.

– Porque não esta com fome? – perguntou Marvin baixinho só para mim enquanto que os outros estavam conversando sobre coisas banais.

– Não sei, só não estou. – falei dando de ombros tentando soar indiferente e Marvin assentiu voltando a se recostar em sua cadeira e bebericou um pouco de seu suco para o meu alivio.

Eu não menti para ele. Eu não estava com fome mesmo. Mas eu confesso que estou preocupado, muito preocupado, com a minha Sabidinha.

Tudo bem, eu sei que ela me pediu para confiar nela, confio minha vida a ela, mas me entendam, eu a conheço muito bem para saber que ela não vai ficar quieta sem poder fazer nada para ajudar.

Eu tenho certeza que nesse mesmo instante ela deve estar bolando algum plano e muito provavelmente esta envolvendo Nico nisso, por bem, ou por mal, se não ela não teria me pressionado para dizer que ela só iria para o acampamento se o Nico fosse com ela.

Fiquei tão submerso em pensamentos e tentando, completamente em vão, pensar no que Annabeth poderia estar fazendo que nem reparei no garçom trazendo o meu pedido e muito mesmo na hora em que um monstro invadiu o estabelecimento.

Se não fosse pelo Marvin eu teria sido pisoteado por um... Olhei atentamente quando o monstro investiu contra uma pilastra do estabelecimento e ele parecia uma raposa gigante.

– Corram, saiam daqui. –gritou Marvin para ninguém em especifico enquanto me guiava em direção aos outros que corriam em direção a um balcão e pularam sobre ele se escondendo.

– O que é essa coisa? – perguntei quando desviamos de uma das patas traseiras dela e pulei sobre o balcão que os outros tinham pulado.

– Essa é uma Teumessia. – disse Marvin quando pulou sobre o balcão também.

– Poxa, não da para comer em paz mesmo. – disse Ashley emburrada. – Mesmo quando estávamos comendo no helicóptero apareceram umas harpias feiosas e nos atacaram.

Só agora eu havia me tocado que eles estavam de helicóptero, me pergunto a onde ele esta. Não vi nem um heliporto por perto.

– Bom, quando paramos para comer a gente teve que lutar contra alguns monstros que tinham um olho só, mas ele era de um tamanho de gente normal. – disse Piper pensativa no final.

Pois é. Quando paramos para comer em um restaurante, não me pergunte por que paramos em um restaurante a Piper que escolheu, tinha uma mesa grande e parecia haver ali uma reunião de amigos.

Mas quando olhamos mais atentamente para eles ,que durante todo o tempo em que a gente estava comendo sentíamos que estávamos sendo observados, vimos que eles tinham um olho só e depois nos atacaram. O bom, não pagamos a conta da comida que comemos, o que? Dependendo do ponto de vista isso é bom. O lado mal é que eles usavam armas de fogo.

Depois de quase destruirmos o restaurante acabamos com eles, eram dez só para terem noção da enrascada em que estávamos.

– Isso é um Arimaspe, ou Monomato dependendo da região, ou sei lá. – disse Marvin espiando sobre o balcão fiz o mesmo que ele e vi a raposa gigante mordendo uma cadeira.

– Como você sabe disso? – perguntou Leo e olhei para ele com uma sobrancelha arqueada. –Esquece, filho de Atena, já saquei. Nerd pra caramba.

– Ele parece que não esta atrás da gente. – comentou Jason.

– Acho que não esta mesmo. –disse Ashley. – Ele só esta destruindo tudo, não esta procurando por nada. Isso é estranho.

– Como matamos ele? –perguntei vendo a raposa destruir tudo e arremessar uma pessoa em direção ao lago, mas a sorte é que eu vi que a pessoa caiu em um barco, se isso for sorte. – Um mero corte com a espada não vai mata-lo. É muito grande.

– Fazendo um machucado bem grande. – disse Marvin dando de ombros. – É o único jeito, ele não tem nem um ponto fraco a não ser que alguém vá para de baixo dele e enfie uma espada ou uma lança no coração dele.

– Eu tenho uma ideia. – falei de sobressalto. Não era lá grande coisa, mas poderia funcionar. Meus poderes de controlar a agua estavam ficando muito melhores.

Contei meu plano para eles. Claro que Marvin, os outros também, mas foi só ele que se manifestou, achou idiota no primeiro instante, mas depois acabou aceitando quando a raposa gigante destruiu metade do píer.

– Vamos Jason. – falei correndo em direção à amurada e Jason correu ao meu lado.

Passamos por alguns vidros quebrados e corremos mais ainda em direção ao final do píer. Ouvi nossos amigos gritando com o monstro e o chamando de diversos nomes e pragas em grego.

Pulei na agua assim que cheguei ao final do píer e instantaneamente me senti muito bem. Emergi da agua e vi Jason pulando também, mas ele não pulou na agua e sim em uma pequena beirinha de cimento e ele segurou na beirada do píer.

– Sabe como é, né? – falou ele sorrindo de canto e eu assenti. Filho de Zeus na agua não é lá muito aconselhável, apesar do meu pai ser gente fina, melhor não abusar.

Ficamos em silencio só ouvindo. Em alguns segundos vi monstro vindo em nossa direção rapidamente. Respirei fundo e me concentrei na agua ao meu redor. Quando o monstro apareceu por completo no píer fiz minha magica.

Em um segundo duas enormes mãos abertas de agua se ergueram do lago. Só para testar fechei a minha mão e vi as mãos de agua imitarem meu movimento.

– Muito legal. – falei comigo mesmo sorrindo e olhei para a raposa gigante que parecia meio aturdida. Seja lá o que aqueles quatro fizeram, eles fizeram muito bem.

Movimentei as minhas mãos e fingi segurar alguma coisa. As mãos de agua envolveram a raposa gigante que começou a se debater, mas felizmente as mãos de agua eram bem fortes. Tentei esmagar a raposa para ver se ela virava pó, mas não dei certo. Então segui o plano original.

Enquanto eu movimentava as minhas mãos vi as mãos de agua segurarem a raposa pelas patas traseiras e com um pouco de dificuldade consegui segurar as patas dianteiras de modo que o coração dela ficasse exposto.

– Agora, Jason. –gritei e em segundos vi uma lança aparecer na mão dele. A ponta da lança brilhou em estática. Além de lhe acertar também iria dar uma descarga elétrica nele. – Nada mal. – murmurei sorrindo de canto.

Poxa, eu tenho que dar créditos a ele apesar de tudo e eu ainda estou com vontade de socar mais a cara dele, mas enfim. Nem tudo é possível.

Com um movimento fiz a raposa vir mais para frente deixando a parte em que ficava o coração no local certo para Jason acerta-la e foi isso que ele fez. O monstro urrou ferozmente e depois virou pó.

Desfiz as mãos de agua e ouvi Marvin e os outros comemorarem em cima do píer fazendo sinal de positivo para mim, mas eu não pude retribuir porque vi Jason cair na agua quando tentou escalar para voltar para o píer. Esperei alguns segundos para ver se ele emergia mais nada aconteceu.

– Jason! – ouvi o grito esganiçado de Piper antes de mergulhar.

Assim que mergulhei fui o mais rápido que podia na direção em que Jason havia caído, mas parei assim que o vi. Ele estava estranho.