Olhei para os lados praguejando baixinho porque provavelmente eu deveria ter acordado Annabeth e Damon ao meu lado, mas quando olhei vi que nem um dos dois estavam dormindo ao meu lado. Olhei para o relógio e vi que já era seis e meia da manhã.

– Annabeth? – chamei me levantando da cama. – Damon?

Procurei no banheiro e não vi ninguém. Nossas mochilas estavam do mesmo lugar de ontem à noite e isso me deixou muito nervoso que eu precisei parar para pensar um pouco. Minha cabeça estava sobrecarregada de informações.

Dale havia se juntado a Oceano e Anfitrite. Meus amigos que haviam sido sequestrados estavam sendo castigados e torturados pelo que eu pude ver. Lâmia queria o meu filho e o da Clarisse, o que me deixou bastante surpreso saber que ela estava gravida, era difícil pensar em Clarisse como mãe.

E também tinha esse negocio de que não precisavam dos filhos de Atena. Eu não havia entendido direito, mas parece que eles precisam de alguém especifico, mas eu desisti de tentar entender isso, ou minha cabeça explodiria se eu tentasse mais.

Depois desse sonho eu estava sentindo medo, minhas mãos estavam suando, meu coração batia acelerado enquanto que o sonho se repetia na minha cabeça para me deixar mais atormentado ainda.

Eu tinha medo de não poder fazer nada para proteger quem eu amo. Medo de perde-los.

Chacoalhei a cabeça para dispersar meus pensamentos e sai do quarto às pressas para procurar Annabeth e Damon, eu estava muito preocupado.

Quando estava prestes a bater na porta do quarto dos meninos, o primeiro lugar que veio na minha cabeça para procura-los, a porta do elevador se abre e eu escuto a voz divertida da minha sabidinha.

– ...não disse que não precisava se preocupar foi só um... – Annabeth saiu do elevador e por ímpeto eu a abracei fortemente interrompendo o que quer que ela fosse falar a pegando totalmente de surpresa.

Ainda bem que Damon não estava no colo dela e esse pensamento me fez soltar dela e “varrer” o elevador com os olhos até ver o meu filho, me olhando confuso, de pé do lado de Annabeth que segurava uma mãozinha dele.

Peguei Damon no colo e o abracei, mas não tão forte quanto eu abracei Annabeth, e depois depositei um beijo em sua testa. Olhei para Annabeth que me olhava confusa e curiosa e reparei que ela estava um pouco pálida.

– Annabeth, você esta bem? – perguntei preocupado ajeitando Damon em meu braço e passei a mão livre sobre sua testa e descendo até a sua bochecha com cuidado e carinho.

– Eu é que pergunto se você esta bem, Percy. – disse ela tocando na minha mão que estava em seu rosto e com a outra mão foi na minha testa e vi seus olhos se arregalarem. – Meus Deuses, Percy, você esta suando frio e esta um pouco quente.

– Papa, mau? – perguntou Damon com a voz triste.

– Não, eu estou bem. – falei sorrindo e olhei para Annabeth que assentiu ao meu pedido mudo de que a gente precisava conversar urgentemente.

– Nico, fica com o Damon enquanto eu e o Percy conversamos. – disse Annabeth pegando Damon do meu colo e entregando ele a Nico.

Só agora eu tinha reparado no Nico junto com eles no elevador. Mesmo naquela hora que eu procurei Damon pelo elevador eu nem se quer o tinha visto. Eu deveria estar com algum problema.

– Claro. – disse Nico entendendo a situação. – E bom dia para você também seu sem educação.

– Não enche, Caveirinha Junior. – falei olhando feio para ele que só riu sem dar importância de eu ter chamando ele pelo apelido que ele não gosta nem um pouco e entrou no quarto dos meninos com Damon no colo olhando com a carinha meio triste para mim e para Annabeth.

– O que aconteceu, Percy? – perguntou Annabeth preocupada assim que a porta do quarto fechou e tocou delicadamente em meu rosto.

– Vamos para o nosso quarto antes. – falei tirando a mão dela do meu rosto e a segurei a puxando em direção ao nosso quarto.

Eu realmente não sabia o que estava acontecendo comigo para eu estar desse jeito. Já tive vários sonhos assim, desse tipo, mas eu não entendia o porque eu estar assim se isso não era uma novidade e nem nada.

A voz de Lâmia não saia da minha cabeça. Meu coração estava batendo mais forte ainda que eu estava temendo que ele iria sair do meu peito. Minhas mãos ainda estavam suando tanto é que não consegui abrir a porta do quarto e Annabeth teve que fazer isso, ou talvez teria sido o meu nervosismo.

– Agora você vai tomar um banho. – disse Annabeth assim que entramos no quarto e depois fechou a porta. – Depois você me conta o que aconteceu.

Não deu tempo nem de eu dizer alguma coisa. Annabeth logo tirou minha camisa e me empurrou em direção ao banheiro. Tomei um banho com calma tentando não pensar no sonho, o que eu percebi ser impossível principalmente a parte de Lâmia.

Como não tinha trazido nem uma roupa comigo me enrolei na toalha e fiz minha higiene matinal já que eu tinha saído às pressas do quarto e nem isso havia feito. Voltei para o quarto e vi minha roupa em cima da cama.

Annabeth estava arrumando sua mochila e a mochila de Damon que nem viu quando eu cheguei e a abracei por trás.

– Me desculpa se eu te preocupei. Não era minha intenção. – sussurrei perto do seu ouvido. – É que eu não sei o que deu em mim. Eu estava muito preocupado com você e com o Damon.

– Tudo bem. – disse ela se virando e me deu um selinho. Ela tocou o meu rosto com cuidado e desceu até o meu pescoço me fazendo fechar os olhos apreciando o toque dela. – Pelo menos não esta mais quente.

Assenti sorrindo. Meu coração ainda estava batendo rápido, mas parecia que eu não estava mais suando frio. Annabeth me estendeu um pedaço de ambrosia e me fez comer e depois me deu um pouco de néctar.

– Só por precaução. – disse ela quando a olhei interrogativamente.

– E quanto a você? – perguntei arqueando uma sobrancelha. – Você esta pálida e parece fraca.

– Não é minha culpa. – disse ela levantando a mão em forma defensiva. – Não consigo colocar nada na boca que eu já me senti enjoada. Nico até tentou fazer com que eu comece alguma coisa, mas não deu certo.

– Então era você que deveria estar tomando néctar e...

– Não posso arriscar, Percy. – disse Annabeth me interrompendo e eu olhei confuso para ela que mordeu o lábio inferior e colocou uma mexa de cabelo atrás da orelha.

– O que não pode arriscar, sabidinha? – perguntei preocupado temendo a resposta que eu nem conseguia pensar direito.

– É que, bom, nosso filho não é um meio-sangue e muito menos um Deus, não sei se beber néctar ou comer ambrosia possa fazer bem para ele. – respondeu ela. – Ele pode ser mortal e comidas e bebidas divinas podem fazer muito mal a ele.

– Mas e aquela vez que você bebeu néctar quando estávamos naquele lugar lá... – fiz alguns movimentos com a mão porque eu não estava me lembrando do lugar.

– Columbu Park, na aldeia de Oak Park? – sugeriu Annabeth sorrindo divertida.

–Isso, esse lugar ai. – falei sorrindo também, mas logo fiquei serio e preocupado de novo. – Então aquela vez poderia ter feito algum mal ao bebê e você até poderia perde-lo.

– Calma, Percy. – disse Annabeth tocando em meus ombros me fazendo ficar calmo. – Poderia ter acontecido isso, ou o meu organismo protegeu o bebê, eu não sei o que dizer e eu só estou supondo que faria mal ao bebê porque eu nunca soube de um filho de dois meio-sangues.

– Entendi e acho que é bom evitar beber ou comer alguma coisa divina até que saibamos mais.  – Annabeth assentiu. – Será que já ouve alguma criança como a nossa? – perguntei e Annabeth deu de ombros chateada.

– Não sei, mas se teve Quíron com certeza deve saber e ele terá que nos contar. – disse Annabeth decidida me fazendo sorrir.

Coloquei a roupa que estava em cima da cama e enquanto fazia isso contei sobre o sonho para Annabeth. Poderia mostrar para ela tudo, mas eu não queria que ela gastasse energia com isso se tinha outra forma de contar.

Quando terminei de contar Annabeth desabou no sofá e colocou as mãos no rosto, mas deu para ver que antes de ela cobrir seu rosto com as mãos uma lagrima sair de seus olhos. Me sentei ao lado dela e a abracei.

Achei estranho o fato Annabeth não comentar nada sobre o sonho e isso me deixava mais preocupado ainda, porque Annabeth sempre tinha alguma coisa para dizer. Positiva ou negativa, mas ela sempre tinha.

Annabeth me abraçou de volta e escondeu seu rosto no meu peito. Ficamos assim não sei por quanto tempo até que minha barriga roncou me fazendo ficar com o rosto quente e Annabeth sorriu fracamente se separando de mim e passou a mão no seu rosto rapidamente.

– Deveria ter tomado café antes. –falou ela se levantando e estendeu uma mão para mim.

– Você vai comer também? – perguntei pegando a mão que ela me oferecia e ficando de pé.

– Tenho que tentar. – disse ela desanimada. – Mas se eu sentir algum mal estar saio de lá.

– Tudo bem. – falei passando um braço sobre os ombros dela.

Nico e Damon eram os únicos que realmente tinham tomado café já que Annabeth se sentiu mal e nem tocou no seu. Annabeth e Damon tinham acordado cedo e foram tomar café juntos com Nico que já tinha acordado e estava andando pelo corredor feito um zumbi.

Então, Annabeth e eu nos reunimos com os outros e fomos todos juntos até uma cafeteria que tinha na esquina. Repassamos o plano e Annabeth disse que já tinha conseguido o helicóptero e ele pousaria dentro de quarenta minutos no prédio ao lado do nosso porque ele é que tinha heliporto no terraço.

Leo, Piper e Jason haviam ficado impressionados em como Annabeth havia conseguido o helicóptero. Tentaram tirar essa informação dela, mas Annabeth disse que não podia revelar seus segredos. Nem eu sabia como ela fazia isso.

Depois de tudo voltamos para o hotel para Nico e Annabeth pegarem suas coisas e as de Damon já que eles iriam de taxi até o aeroporto, ou pelo menos foi isso que eu achei, mas quando entramos no elevador Annabeth apertou o botão do ultimo andar deixando todos desconfiados e confusos, até Nico.

– Não se preocupem, eu sei o que eu estou fazendo, gente. – disse Annabeth sorrindo e todos assentiram. Leo soltou baixinho um “Ela é maluquinha” e levou um belo de um cascudo meu que estava do lado dele e ouvi tudo.

Annabeth disse para subirmos até o terraço o que deixou todos mais desconfiados ainda. Tudo bem que eu sei que não se deve contestar o que Annabeth diz, mas agora estava pensando seriamente em fazer isso.

– Então, o que exatamente vamos fazer? – perguntou Nico o que todos queriam perguntar e Annabeth sorriu.

– Alair. – chamou Annabeth e imediatamente eu entendi o que ela pretendia e Nico também.

– Mérope. – chamou Nico sorrindo.

– Com certeza eles têm algum problema. – disse Leo baixinho para Piper que lhe deu um leve tapa no braço e murmurou o nome dele em reprovação.

Marvin e Ashley também já haviam entendido o que Annabeth pretendia só Jason, Piper e Leo que não estava entendendo nada e olhavam confusos para nós. De repente duas colunas de fogo se materializam na nossa frente assustando a todos.

– Ai. Melope. – disse Damon sorrindo e deu um gritinho no final feliz que fez todos sorrirmos assim que as colunas de fogo sumiram revelando duas fênix.

– Minha nossa... – disse Leo olhando admirado para as fênix que diminuíram de tamanho e pousaram nos ombros de Annabeth e Nico.

– Elas são lindas. – disse Piper sorrindo olhando para as fênix. Jason fez uma careta olhando para as fênix, mas depois sorriu. Estranho.

– Essas são nossas fênix. – disse Annabeth e os três, Leo, Piper e Jason, arregalaram os olhos. – Alair é minha e Mérope é do Nico.

– Que demais. – disse Leo eufórico.

– O que vocês vão fazer com elas? – perguntou Jason curioso.

– Vamos usar elas para irmos para o acampamento. – disse Nico e Annabeth assentiu.

– Porque não usaram isso antes? – perguntou Leo. – Poderíamos ter vindo nelas, seria demais.

– Não dava. – quem respondeu foi Marvin. – Somos em nove, as fênix não conseguiram tele portar todos nós de uma vez e também elas poderiam ficar cansadas que não poderiam fazer outras viagens.

– Tele portar? – perguntou Piper confusa e curiosa ao mesmo tempo.

– Vocês vão ver. – disse Nico sorrindo de canto.

– Precisamos ir logo, vocês tem muitas coisas para fazer. – disse Annabeth olhando sugestivamente para Marvin que assentiu. Que ótimo, já vi que tem alguma coisa que eu não sei. – Cuidado e boa sorte para vocês.

Nos despedimos deles e olhamos enquanto eles rompiam em chamas e depois desapareceram da nossa frente. Ashley fez um muxoxo triste e foi a primeira a ir embora sendo seguida por nós logo depois.

– Bom, vamos pegar nossas coisas e começarmos nossa inspeção. – disse Marvin quando chegamos ao nosso andar e olhou para seu relógio de pulso. – O helicóptero chega daqui a vinte minutos.

– A gente pode ir na frente. – falei apontando para mim e para Jason e Piper. – Mas qual caminho a gente vai fazer?

– Vocês podem fazer a de Evanston até Outer Harbor que é aonde vamos nos encontrar, já que esse caminho é o mais curto. – respondeu Marvin.

– Então a gente fica com o de Est Chicago até Outer Harbor. – disse Ashley e todos assentiram.

– Encontro vocês lá em baixo em dez minutos, tudo bem? – perguntei a Jason e Piper que assentiram. – Boa sorte para vocês. – falei para Marvin, Ashley e Leo.

– Para vocês também. – disse Ashley.

Cada um foi arrumar suas coisas e eu fui para o que seria agora só o meu quarto. Fiquei pensando em Annabeth e se ela realmente iria ficar no acampamento quietinha com Damon e Nico, eu estava duvidando disso, mas eu tinha que confiar.

– Por favor, Annabeth, não faça nem uma maluquice. – murmurei comigo mesmo entrando no quarto.