Andamos em zig-zag pela cidade por um tempo. Annabeth pediu para fazer isso antes da gente se encontrar com os outros. Reparei que durante esse zig-zag Annabeth jogava umas coisinhas para fora do carro de vez enquanto.

Quando eu perguntei por que ela estava fazendo isso, ela só deu aquele seu sorriso de quando ela esta armando alguma e não me respondeu como geralmente ela fazia nessas horas.

Eu estava ficando com muita fome e não era o único, Nico já estava reclamando, mas Ashley fez ele ficar quietinho e eu não resisti em rir dele.

Tudo bem que ele me ameaçou e lanço diversos olhares mortais para mim, mas eu não podia evitar. Foi muito engraçado ver ele ficar com o rosto todo vermelho quando Ashley cochichou alguma coisa no olvido dele.

Depois de uma hora mais ou menos, Annabeth me pediu para parar em uma lanchonete para podermos almoçar. O que eu fiz de bom grado. Enquanto comíamos Annabeth e eu contamos o que tínhamos feito depois que saímos do acampamento até quando encontramos eles no aeroporto.

– Agora entendi o porquê de você ter ficado tão feliz em fazer a árdua tarefa de apagar o carinho loiro. – disse Nico sorrindo. Annabeth rolou os olhos e fez um comentário, segundo ela, sem importância que eu não precisava saber, pois eu não tinha escutado esse comentário.

Antes de voltarmos para o carro Damon acabou sujando sua fralda e Annabeth foi até o banheiro da lanchonete trocar a fralda dele. Como era Annabeth que iria trocar a fralda dele não demorou muito.

Voltamos para o carro e Annabeth digitou alguma coisa no GPS e pediu para seguir esse caminho. Meia-hora depois estávamos em frente há um hotel. Annabeth disse para mim entrar no estacionamento do hotel a onde ela entregou um cartão para o segurança que nos deixou passar.

Eu não faço mais perguntas de como Annabeth consegue fazer isso de uma hora para outra. Pelo menos para mim isso parece ser feito de uma hora para a outra.

Entrando no estacionamento e logo encontramos Marvin com Leo ao seu lado escorados em uma Mercedes-Benz s350 prata. Marvin fez um sinal para a gente parar na vaga ao lado da que eles estavam.

– Pegamos os três quartos que pediu, Annie. – disse Marvin quando todos estavam saindo do carro. – Um para mim, Jason, Leo e Nico, outro para Ashley e Piper e o terceiro para você, Percy e Damon.

– Valeu, Marvin. – disse Annabeth pegando Damon do colo de Ashley. – Jason já acordou? E cadê a Piper?

– Sim, ele acordou á alguns minutos. – disse Marvin vindo para o meu lado e pegando a mochila de Annabeth. – Belo soco que você deu nele. – falou baixinho só para mim ouvir e eu sorri de canto dando de ombros como se não fosse nada de mais.

– A Piper está com ele no quarto. – respondeu Leo quando Marvin não falou mais nada. – Por quê?

– Pode chamar ela aqui? – perguntou Annabeth. – Preciso conversar com ela.

– Sobre o que? – perguntou Marvin curioso.

– Depois vocês vão saber. – disse Annabeth e se virou para mim. – Pode ficar com o Damon enquanto eu vou conversar com a Piper e a Ashley?

– Eu também? – perguntou Ashley curiosa e Annabeth assentiu.

– É importante. – falou Annabeth olhando para ela que estreitou os olhos desconfiada.

Peguei Damon do colo de Annabeth e passei para Nico que me olhou desconfiado, mas não falou nada. Passei um braço pelo ombro de Annabeth e nos conduzi para nos afastarmos um pouco de nossos amigos.

– O que está acontecendo? – perguntei e vi ela morder o lábio inferior e prender o cabelo atrás da orelha, como sempre faz quando esta nervosa. – Annabeth?

– Olha, primeiro eu preciso ter certeza. – disse ela olhando para o chão.

– Ter certeza de que? Me conta. – pedi levantando o rosto de Annabeth com uma mão e fazendo ela me encarar.

– Por favor. Preciso ter certeza primeiro. – pediu ela e eu suspirei derrotado.

– Mas vai me contar ainda hoje, não é? – perguntei passando minha mão livre por sua cintura a trazendo para mais perto de mim.

– Sim. Vou te contar ainda hoje. – disse ela sorrindo passando as mãos pelos meus ombros e acabou com o espaço entre a gente me beijando.

Eu poderia ter ficado assim o resto da minha vida, mas sempre tem alguém para atrapalhar momentos como esse.

– Ecla. – disseram Damon e Nico juntos fazendo todos nos rirmos, menos Leo. Menos o Leo?

– Ué, cadê o Leo? – perguntei olhando para os lados e não o vendo em lugar nem um.

– Ele foi chamar a Piper. – respondeu Marvin.

Passei um braço sobre os ombros de Annabeth e voltamos para perto dos outros. Damon logo esticou os braços em nossa direção sorrindo.

– Poxa Damon. – reclamou Nico olhando magoado para Damon. – Ficou alguns segundos comigo e já quer ir para o colo da sua mãe, magoou.

– Mama, mama. – disse Damon como se isso explicasse tudo fazendo todos nos rimos. Annabeth pegou ele no colo e deu um beijo demorado em sua bochecha.

– Ele é esperto. – disse Marvin sorrindo. – Gosta de ficar no colo de mulheres bonitas.

– E não de emos Caveirinha Junior. – completei a fala de Marvin e Nico fechou a cara emburrado o que fez a gente rir mais ainda.

– Eu. Não. Sou. Emo. E. Eu. Odeio. Esse. Apelido. – disse Nico entre os dentes pausadamente olhando mortalmente para mim. Ele não odeia quando a Ashley chama ele assim.

– Não me olhe assim. Quem te deu esse apelido foi aquela Dracaena lá, não eu. – falei segurando a vontade de voltar a rir.

– Sentiram a minha falta? – perguntou Leo chegando perto da gente junto com a Piper.

– Você não faz ideia. – disse Nico sarcástico ainda emburrado e cruzou os braços sobre o peito.

– Ok. – disse Annabeth antes que alguém falasse a coisa errada e o Nico perdesse a cabeça e eu não quero ver Nico perdendo a cabeça. – Vocês vão para dentro do hotel e não arrumem confusão. – disse seria.

– Bamo blinca. – disse Damon sorrindo.

– Podem brincar do que quiseram até a gente voltar, mas só não destrua o hotel e não saiam dele. – disse Annabeth me passando Damon.

– Vocês vão demorar? – perguntei ajeitando Damon em meu colo.

– Espero que não. – disse Annabeth sorrindo de canto. – Vamos meninas, qualquer coisa eu ligo. – disse me dando um selinho e um beijo na testa de Damon. – Chave.

Marvin jogou uma chave para ela que eu acho que é a do carro. Ashley, que deu sua mochila para Nico levar para ela, e Piper deram um tchau para a gente e seguiram Annabeth que entrou dentro da Mercedes. Ficamos olhando até o carro sair da garagem e sumir de vista.

– Vamos ficar aqui até quando? – perguntou Leo. – Elas já foram.

– Ok. – falei dando de ombros e fomos até o elevador.

– Vocês não repararam em nada não? – perguntou Leo levantando um pouco seus braços quando entramos no elevador e olhamos para ele sem entender, menos Marvin que sorriu de lado.

– Não. O que foi? – perguntei olhando para ele atentamente e vi um cinto parecido com aqueles de carpinteiro com um monte de bolsos para por suas ferramentas. – Que cinto é esse?

– Cinto legal. – disse Nico simplesmente.

– Valeu. – disse Leo sorrindo. – Estava naquela mochila. Posso puxar qualquer coisa que eu desejar dele.

– Qualquer coisa? – perguntamos Nico e eu juntos. Leo negou com a cabeça.

– Bom, segundo o papelzinho que veio com ele é limitado. Tem que ser pequenos objetos do cotidiano ou coisa parecida. Itens mágicos, não. Se eu pedir alguma coisa grande ou maior ele demora para atender. – explicou Leo.

– A tá. Muito legal – falamos Nico e eu juntos de novo para o divertimento de Damon que não parava de sorrir.

– Só por curiosidade. – começou Nico olhando para Marvin. – De onde vocês tiraram aquele carro?

– Annabeth reservou ele na loja de aluguel e carros do aeroporto. – disse Marvin dando de ombros e Nico soltou uma “Hã” entendendo o que Marvin havia dito.

Paramos em uma andar e Marvin nos indicou nossos quartos. O dos meninos ficavam do lado das meninas no começo do corredor. O quarto de Annabeth, Damon e o meu ficavam no final do corredor.

Marvin levou a mochila de Annabeth e a de Damon até a porta do quarto e depois se despediu. Resolvi deixar eles descansarem um pouco, eu poderia brincar com Damon sozinho e Damon não reclamou disso.

Olhei para o quarto e vi que ele era simples. Uma cama de casal no centro. Um sofá no canto. Do lado do sofá uma cômoda. Do outro lado do quarto tinha um guarda-roupa e uma outra porta que eu acho que é a do banheiro.

Deixei nossas mochilas em cima do sofá e olhei ao redor não sabendo bem o que eu faria agora. Escutei Damon dar um bocejo e involuntariamente eu também soltei um. Sorri para ele que devolveu o sorriso.

– Vamos dormir um pouco. Depois a gente brinca. – falei e Damon assentiu.

Tirei o meu tênis e os sapatinhos de Damon e deitei na cama colocando Damon do meu lado. Fiz um semicírculo com alguns travesseiros do outro lado dele e em instantes ele já estava dormindo.

Eu não conseguia dormi. Fechava os olhos e a imagem de Annabeth vinha na minha cabeça me deixando preocupado. Fiquei pensando no que Annabeth poderia estar tendo. O que estava acontecendo com ela. Se era grave ou não. Eu já estava quase surtando.

Quando fechei os olhos mais uma vez eu vi Calipso e Lâmia em vez de Annabeth. Abri os olhos assustado e então palavras ecoaram na minha cabeça.

Em seu estado. Ouvi a voz de Calipso e ela repetiu isso sem parar. Fechei os olhos com força e ouvi novamente alguém, mas agora era Lâmia. Annabeth pode perde-lo pelo esforço.

Ouvindo isso uma coisa passou pela minha cabeça, mas tratei logo de dispensá-la. Não era possível que isso estaria acontecendo. Sempre nos protegemos e tomamos cuidado. Realmente aquilo não poderia estar acontecendo com ela.

Levantei da cama com cuidado para não acordar Damon e fui até a outra porta do quarto e vi que ali realmente era o banheiro. Tinha uma banheira, um box com chuveiro e um armário mais no canto. Fui até a pia e joguei um pouco de agua no rosto e na nuca para refrescar um pouco e acabei me lembrando de uma coisa.

Sai do banheiro e fui até a minha mochila. Revirei ela até achar o que eu procurava bem no fundo dela. A caixinha de veludo que meu pai havia me dado ontem. Eu escondi quando Annabeth não estava olhando, não poderia deixar ela ver, tem que ser uma surpresa, eu acho.

Ouvi o barulho da porta se abrindo e coloquei rapidamente a caixinha no bolso do meu jeans. Olhei para a porta e vi Annabeth parada ainda com a mão na maçaneta olhando para Damon dormindo.

– Annabeth. – chamei ela, mas ela não fez nem um movimento.

Me aproximei dela e toquei seu ombro. Ela deu um pulo para trás e sua mão foi direto para sua cintura, aonde estava escondida sua faca de bronze celestial.

– Que susto Percy. – disse ela colocando a mão sobre o peito esquerdo e respirou fundo.

– Desculpa, mas eu te chamei e você não respondeu. – me desculpei. – O que esta acontecendo Annabeth?

Ela mordeu o lábio inferior e abanou as mãos fazendo pouco caso. Ela saiu do quarto e fez sinal para alguém.  Sai para ver quem era e vi Ashley, que estava no corredor, vir em nossa direção com Nico ao seu lado e os dois estavam de mãos dadas.

– Damon está dormindo. – disse Annabeth assim que os dois chegaram perto da gente. – Vocês dois podem ficar aqui com ele enquanto eu vou conversar com o Percy?

– Claro, Annie. Pode deixar com a gente e pode demorar o tempo que quiser. – disse Ashley fungando. Esperai, fungando?

Só agora, olhando mais atentamente para ela, reparei que os olhos dela estavam levemente vermelhos demonstrando que havia chorado a pouco tempo.

– Vocês está bem, Ashley? – perguntei preocupado e olhei para o Nico que deu de ombros de uma forma sinistra que me fez arquear uma sobrancelha olhando desconfiado para ele.

– Estou bem sim. – disse ela abanando a mão. – Só estou um pouco emocionada. Nada de mais pode ficar tranquilo.

– Mama. – ouvi a voz sonolenta de Damon.

Todos nos olhamos para dentro do quarto e vimos Damon sentado na cama coçando os olhinhos preguiçosamente e soltando um bocejo. Ouvi Ashley soltar um “Ai que fofo, ele é tão lindinho” e um suspiro contente. Nico e eu rolamos os olhos.

Será que quando eu era um bebê me diziam a mesma coisa? Que eu era fofo, lindinho e coisa e tal? Espero que pelo menos minha mãe.

Chacoalhei a cabeça dispersando esse pensamento. Por Poseidon, porque eu estava me perguntando isso? Isso soa tão sem sentido.

– Oi bebê. – disse Annabeth indo até a cama tocando gentilmente na cabeça de Damon fazendo carinho. Damon deu outro bocejo preguiçoso.

– Não blinquei. – disse ele e olhou para mim sorrindo. – Domi junto com o papa. – Sorri de volta para ele. Queria ter tido a sorte de dormir como ele fez.

Olhei para meu relógio de pulso e vi que tinham se passado duas horas. Passei duas horas pensando em uma coisa que não me levou a lugar nem um, mas eu ainda estava preocupado com Annabeth.

– Que tal brincar com a gente? – perguntou Ashley adentrando no quarto e indo até a cama.

– Mama e papa não vão? – perguntou Damon olhando para mim e Annabeth repetidas vezes.

– O papai e a mamãe precisam conversar algo importante. – disse Annabeth e Damon fez biquinho cruzando os braços emburrado.

– Não vamos demorar. – eu acho. Completei mentalmente me sentando na cama. Eu não sabia sobre o que Annabeth queria conversar comigo. Podia demorar.

Damon assentiu e Ashley pegou ele no colo e os dois saíram sendo seguidos por Nico. Annabeth trancou a porta do quarto e encostou as costas contra porta olhando nervosamente para mim.

– É tão grave assim? – perguntei me levantando da cama e indo para o seu lado passando minhas mãos pela sua cintura.

– Depende do ponto de vista. – disse ela me abraçando de volta e encostando a cabeça em meu peito. – No meu ponto de vista é bom.

– Hum, e o que seria bom no seu ponto de vista? – perguntei beijando seu pescoço e me afastando um pouco dela para olhar em seus olhos que estavam olhando para mim com expectativa, mas ela ainda demonstrava que estava nervosa.

– No meu ponto de vista? – perguntou ela retoricamente dando sorriso de canto nervoso. – Eu estou gravida.

– Hã, isso. – falei sorrindo, mas meu sorriso morreu quando eu entendi o que ela havia falado e olhei para ela... bem não sei qual era a minha expressão agora porque eu estava bem confuso. – Pode repetir o que você falou?

– Eu estou gravida. – disse ela calmamente me olhando nos olhos.

Ok, esquece aquele negocio que eu pensei que “Realmente aquilo não poderia estar acontecendo com ela.” Porque isso ESTA acontecendo.