POV Annabeth

Achei muito estranho Clarisse querer conversar alguma coisa seria comigo e em particular. Nós tornamos amigas e coisa e tal, mais ela nunca foi de se abrir com alguém como ela era com a Silena.

Clarisse parou em frente ao chalé de Ares e pediu para eu espera-la. Depois de alguns segundo ela voltou com uma mochila e fez sinal para mim segui-la. Ok, ela esta muito, mais muito estranha mesmo.

– Aonde vamos? – perguntei quando vi que ela se encaminhava para a floresta.

– Logo vai saber, não quero que ninguém nos escute. – disse Clarisse e pelo tom de voz dela eu não quis contestar.

Andamos mais um pouco e logo distingui em que lugar ela estava me levando e com toda certeza aqui ninguém ia vir ou nós ouvir. Estávamos no Punho de Zeus e aqui todos os campistas e seres da natureza evitávamos passar se não fosse de sua importância o fazer.

Estranhamente Clarisse não falou nada. Ela jogou a mochila em um canto e sentou no chão abraçando seus joelhos e colocou sua cabeça entre eles e ficou quieta, em completo silencio.

Eu não sabia o que fazer. Não sabia se falava alguma coisa. Não sabia se me sentava caso ela demorasse para começar a falar. Ou o que eu estava mais tentada a fazer, não sabia se lia a que estava se passando na cabeça dela.

Preferi me sentar. Não ia começar a falar nada, talvez ela esteja procurando as palavras certas para começar a falar porque estávamos aqui. Eu não ia ler a mente dela porque isso é invasão de privacidade.

– Estou gravida. – disse ela de repente me pegando totalmente de surpresa.

Eu sinceramente não esperava isso de Clarisse. Não o fato dela estar gravida, até que isso nós dias de hoje é muito comum – não deveria, mais é –, e sim por ela estar me contando isso, algo tão importante.

– Eu sinceramente não sei como. – começou ela e foi até sua mochila e tirou alguns papeis de lá e me estendeu. – Chris e eu sempre nós protegemos e eu tomo anticoncepcionais nos dias certos.

Entre os papeis que ela me entregou estava seu teste de gravidez de laboratório e outros exames mostrando que ela estava sim tomando regularmente os anticoncepcionais.

Se os exames estavam certos e o que ela dizia, que ela e Chris se preveniam, não entendia como ela poderia ter engravidado.

– Você já contou para ele? – perguntei ainda vendo os exames, vendo se tinha alguma coisa além de constatar o obvio, que ela estava gravida de três meses.

– Ainda não, não contei para ninguém só para você. Não sei o que vou fazer. – disse ela e nessa hora eu olhei para ela.

Vi que ela estava a ponto de chorar, uma coisa muito estranha de se ver, uma filha de Ares a ponto de chorar, alguns até ririam da cara dela agora, mais o assunto era muito serio para isso.

Fechei os olhos e respirei fundo.

– Porque me contou isso? – perguntei abrindo os olhos e olhando para ela.

– Porque você tem o Damon e pode me ajudar a tomar uma... Decisão. – disse ela e na hora que ela falou decisão eu entendi bem que tipo de decisão era essa.

– Você não está pensando em... – não terminei de falar, pois vi que ela entendeu o que eu queria dizer e virou o rosto olhando para a direção do sol.

– Pensei nisso no começo. Eu realmente queria fazer isso. – disse Clarisse e pude perceber pelo tom de voz dela que ela se arrependia de ter pensado nisso. – Mais, se o Chris quiser, eu vou fazer.

– Você não pode Clarisse. – falei me aproximando dela.

– Se o Chris não quiser, como vou cuidar dele ou dela sozinha? – perguntou ela olhando para mim e colocando a mão sobre a barriga que agora eu notei estar um pouquinho elevada. – Se meu pai souber disso ele vai...

– Ele não vai fazer nada, Clarisse. – falei tentando manter minha voz calma, não estava gostando do rumo dessa conversa. – Seu pai não manda em você, ele não pode decidir o que você vai fazer com sua vida. – disse apontando para ela.

– Mais ele...

– Esquece ele. – falei a interrompendo. – Pense em você e no seu filho, no bem de vocês dois. Se seu pai não entender isso, não de bola para o que ele fala. Sua vida, suas escolhas.

– Tudo bem. – disse Clarisse engolindo em seco olhando para mim. Dependendo do que eu for falar agora, tenho certeza que vou ver Clarisse La Rue chorando. – Mais e quanto ao Chris? E se ele não quiser?

– Ora, de um chute bem dado na bunda dele. – falei sorrindo e ela abriu um tímido sorriso. – Se ele não é homem o suficiente para assumir as responsabilidades de ter um filho, não ligue para a opinião dele ou para o que ele quer se for isso. Pense em você e nessa criança. Percebi que você quer esse filho, não quer?

– Sim. – disse ela e eu juro que agora eu vi uma lagrima escorrendo pelo rosto dela mais ela foi tão rápida em tira-la que parecia que nada tinha acontecido.

– Então fique com ele, cuide dele. Nunca você vai se arrepender dessa decisão. – falei sorrindo, eu nunca me arrependi de ter ficado com Damon, mesmo ele não sendo meu filho biológico ele é meu filho sim.

Pensando no Damon, agora eu me lembrei dessa missão idiota. Se tudo que minha mãe me falou é verdade então para que eu salve Damon eu vou ter que deixa-lo ir nessa missão, mais não sem antes...

– Mais como eu vou fazer isso sozinha? – perguntou ela se levantando. – Você tem o Percy com você.

– E isso quer dizer que praticamente tenho que cuidar de duas crianças ao mesmo tempo. – falei brincando e agora nós duas estávamos rindo. – Mais é bom ter alguém para te ajudar. Percy esta sempre pronto para ajudar no que for. Se você não pode contar com o pai da criança, você pode contar com a família e amigos.

– Só espero que minha mãe aceite e entenda. – disse ela e pude perceber que ela estava mais relaxada e não ia chorar na minha frente.

– Ela vai e vai te ajudar muito, pois ela teve você sozinha. Mais caso ela não entenda, você tem todos aqui do acampamento para te ajudar. – falei e ela assentiu dando um meio sorriso.

Ficamos nós duas em silencio. Olhei para o meu relógio/escudo que Tyson me deu e vi que já estava tarde, em algumas horas já seria a hora do jantar.

– Como é? – perguntou Clarisse de repente.

– Como? – perguntei não entendo bem a pergunta dela.

– Como é ter um filho? Como é cuidar do Damon? – perguntou ela e pude perceber que ela estava curiosa para saber essa resposta. Deveria estar querendo fazer essa pergunta a algum tempo.

– É a melhor coisa do mundo, exceto quando ele chora a noite e quer alguma coisa, isso te deixa mais cansada do que brincar com ele o dia inteiro. – falei sorrindo me lembrando das vezes que acordava por causa dele chorando. Uma hora era eu, outra o Percy e até o Nico entrava nessa de vez enquanto.

– Eles realmente choram muito a noite? – perguntou ela arqueando uma sobrancelha.

– Damon não é muito de chorar, mais nós primeiros meses ele chorava muito a noite, mais tinha noites que ele dormia tranquilamente que eu até sentia falta. – falei me sentando no chão.

– Espero que ele ou ela seja assim também. – disse Clarisse novamente acariciando sua barriga.

– Com uma mãe como você? Duvido. – falei sorrindo de lado.

– Poxa, obrigada. – disse ela me tacando um graveto que estava por perto, mais ela estava rindo. – Mais me conta mais alguma coisa.

– O que quer saber exatamente? – perguntei. Se eu fosse falar de Damon íamos ficar o resto do dia e provavelmente da noite falando dele.

– Eu... – ela começou mais parou de repente e olhou para mim como se fosse me pedir uma coisa. – Na verdade, eu queria te pedir se posso segurar ele.

Essa me pegou de surpresa, mais uma na verdade. Acho que quando Clarisse realmente for mãe ela vai ser uma pessoa menos durona e ela já está mudando, ela deve ter pensado nisso desde que descobriu e pelas datas que eu vi nos exames ela sabe que estava gravida há cinco semanas.

– Vamos então. Damon deve estar com o Percy brincando em algum lugar temos que acha-los. – falei me levantando e entregando os exames para ela que me olhou desconfiada. – Confio em você e é bom já ter uma pratica quando esse bebê nascer.

– Obrigada. Queria pedir que não contasse nada para ninguém. Quero contar ao Chris antes e depois nós vemos. – disse ela enquanto guardava os exames na sua mochila.

Assenti e voltamos para a ala dos chalés, começaríamos por lá. Encontrei Nico no caminho e ele me falou que viu Percy e Damon indo para o chalé de Poseidon e que Damon estava todo sujo, os dois devem ter brincado até. Combinei com Clarisse que levaria Damon para a Casa Grande depois de lhe dar um banho e ela falou que iria aproveitar e contar para Chris.

– Quanto mais rápido resolver isso melhor será. – disse ela e eu assenti.

Como as coisas de Damon estava no meu chalé fui até lá primeiro. Nico me acompanhou, aproveitei a oportunidade e disse que depois do jantar, com mais calma, queria conversar com ele em particular junto com o Percy.

Depois de pegar as coisas pedi para o Nico fazer a mamadeira de Damon, ele fez uma careta mais aceitou e falou que perguntaria antes se tem alguém que saiba fazer mamadeiras além de nós e do Percy, o que eu duvidava, mais já que ele queria. Nós despedimos antes de chegarmos ao chalé de Poseidon.

A porta do chalé três estava entre aberta e eu só dei um empurrãozinho abrindo ela e a cena que vi foi muito linda.

POV Atena

Nós tele portamos para o Olimpo para contar que Annabeth e Percy haviam aceitado deixar Damon ir nessa missão.

Confesso que foi difícil de convencer Annabeth de deixar ele ir. No começo eu tente somente pedir, mais eu não queria isso então fui direto no assunto que eu queria e depois que conversamos sobre esse assunto ela aceitou. Então, agora era só esperar e ver como as coisas vão acontecer.

Afrodite nós convidou para almoçar assim que chegamos, ela estava tão abatida que aceitamos e depois contaríamos sobre a decisão dos nossos filhos.

Enquanto almoçávamos Afrodite contava como Ares estava revoltado por sua filha estar grávida e que até agora estava na sala dos tronos discutindo com Hermes, sem destruir nada, pois se não eles se veriam comigo por destruir o trabalho magnifico da minha filha.

– Agora ele não quer que Hermes segure ele. – comentou meu marido fazendo a gente rir.

Depois do almoço fomos para a Sala dos Tronos e não foi com muita surpresa que vimos que Hermes e Ares ainda estavam discutindo. Assumimos nossas formas divinas.

– Será que vocês podem parar com isso? – perguntei e os dois me encararam na hora.

– Você também deveria estar revoltada. – disse Ares apontando o dedo pra mim. Ele estava com o rosto vermelho de raiva.

– Não estou revoltada por que não tem motivo. – falei e vi meu pai entrando pela outra porta da Sala dos Tronos. – Não tem como combater isso. Já aconteceu, não da para fazer mais nada. É perda de tempo ficar discutindo por isso.

– Olha aqui...

– Que tal você olhar, Ares. – disse Afrodite interrompendo Ares.

Olhamos para ela e ela apontava para o centro da Sala, para a lareira. As chamas da lareira tremeluziriam e mostraram a imagem da minha filha e da filha de Ares andando pela floresta do acampamento.

Quando elas chegaram ao Punho de Zeus começaram a conversar. Todos os Deuses que estavam presentes não tiravam os olhos da imagem. Quando chegou em um ponto da conversa em que Clarisse fala que pensou em fazer um aborto Afrodite se revoltou.

– Que menina maluca, como ela pode pensar nisso. – gritou Afrodite.

Ignoramos os chiliques dela e prestamos atenção na imagem. Deu para perceber que ela estava muito insegura com tudo que lhe estava acontecendo e como aconteceria se Chris não aceitasse o bebê.

– É claro que ele vai aceitar. – disse Hermes ultrajado.

– Entenda ela, Hermes. – falei olhando para ele. – Tudo isso é muito novo para ela e por serem tão jovens tem mais insegurança ainda quando se trata sobre um futuro com um bebê para criar. É normal.

– Tudo bem. – disse Hermes voltando a olhar para a imagem. – Mais não é legal ouvir uma coisa dessas.

Assenti entendendo o lado dele. Voltei a olhar para a imagem e vi minha filha falando sobre a filha de Ares não dar importância a opinião do pai.

– Que menina insolente. – disse Ares fechando as mãos em punho fortemente.

– Eu amo minha norinha. – disse Poseidon sorrindo e piscou pra mim. Rolei os olhos mais eu tinha um sorriso no rosto.

Na imagem Clarisse perguntou novamente sobre o que faria se o namorado dela não aceitasse e eu gostei da resposta da minha filha.

– Eu ajudo. – resmungou Ares e Hermes rolou os olhos.

– Parem de comentar, eu quero escutar o que elas estão falando. – disse Afrodite brava. Ninguém quer se meter com a Deusa do Amor já estando com o estado emocional abalado.

Ficamos vendo a imagem e o que elas falavam. Ares até relaxou um pouco escutando o que a filha falava. Dava para perceber que ela já amava o filho que ela teria. Quando as duas estavam saindo da floresta Afrodite estalou os dedos e a imagem desapareceu.

– Entenda. Brigar não vai adiantar nada. – disse Afrodite e saiu da Sala dos Tronos em uma nuvem liquida cheirando a perfume francês.

Ares não falou nada e saiu andando da Sala dos Tronos. Ele parecia pensativo, uma coisa muito, muito, muito rara. Tão rara que essa é a primeira vez que ele esta assim.

– Tenho trabalho acumulado. – disse Hermes e com um aceno desapareceu deixando Poseidon, meu pai e eu sozinhos.

– Então? – perguntou Zeus se pronunciando pela primeira vez.