Decode escrita por Miller


Capítulo 7
How did we get here?


Notas iniciais do capítulo

Opa, capítulo novo *--*
Divirtam-se!



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How did we get here?

(Capítulo Sete)

Quando eu finalmente voltei a enxergar, tudo que vi me causou enjôos.

Meus braços estavam presos por uma corda fortemente amarrada em uma grande pilastra que sustentava o teto de um galpão – aparentemente abandonado. Minha boca estava cheia de algodão e com uma faixa prendendo-a. Um ‘ping, ping’ enjoativo, indicava que algum cano estava com furos e deixava a água escapar.

Meu estômago deus uns loops quando o cheiro do lugar atingiu meu nariz. Podre. Cheiro de podre.

– Ah, então você acordou – a voz arrastada de meu seqüestrador causou calafrios em minha coluna. – Finalmente.

Lucius Malfoy ficou em minha frente, o distintivo verde de Monitor-chefe brilhava ironicamente em seu paletó.

– Sabe, eu até pensei em lançar o feitiço do silêncio em você, mas achei que gostaria de ouvir seus gemidos – ele disse com um sorriso malicioso curvando seus lábios finos.

Eu senti vontade de vomitar.

O que aquele imbecil estava pensando? Tudo bem que eu sabia que ele era um dos ‘adoradores das Artes das Trevas’ em Hogwarts – e eu definitivamente não tinha pensado nisso quando decidi sair com ele -, mas eu nunca pensei que ele fosse capaz de fazer algo parecido com o que estava fazendo.

E então, o medo que eu nunca tive por ele pareceu explodir dentro de mim. Eu estava completamente indefesa, presa, amarrada, sem poder gritar e sem uma varinha. Enquanto a varinha – ou as varinhas – de Malfoy estava pronta para me machucar. Merlin, eu precisava achar melhores momentos para fazer piadinhas internas.

Sério, esse negócio de varinhas apenas me deixou com mais medo.

Malfoy esticou a mão em direção ao meu rosto e eu me revirei na tentativa – inútil – de não deixá-lo encostar-se a mim.

– Oh, não fique assim. Isso só vai complicar as coisas para você, lírio – e a menção daquele apelido, idiota, que apenas UMA única pessoa poderia usar para comigo, fez meus olhos encherem de lágrimas.

Tipo, em apenas algumas semanas, eu consegui estragar todas as minhas chances com a pessoa que eu gostava.

Eu o fiz sofrer por minha causa, o fiz ficar com raiva de mim, o fiz desiludir-se com relação aos meus sentimentos. E o pior: o fiz desistir de mim. Não tive tempo nem de pedir desculpas e fazê-lo ver que eu era uma idiota com sérios problemas mentais degenerativos e que por isso tinha demorado tanto tempo para descobrir que o amava.

Grande merda.

Tive vontade de mandar Malfoy à todos os lugares mais impróprios e infelizes possíveis, mas só grunhidos saiam por minha boca fechada.

Um sorriso ainda maior se formou nos lábios dele e ele finalmente tocou em meu rosto. Sua mão fria me deu asco. Eu não queria AQUELA mão tocando em meu rosto, eu queria as mãos quentes de James. Na verdade, eu queria James por inteiro.

E eu não poderia tê-lo nunca depois daquele dia, porque no momento em que eu saísse dali – com vida – eu me atiraria no primeiro laguinho lamacento, ou qualquer coisa bem nojenta e potencialmente mortal para morrer lenta e dolorosamente.

Não, eu não sou uma pessoa dramática. Só estou dizendo a mais pura das verdades, porque se chegasse a acontecer qualquer coisa entre eu e o Malfoy ali, eu não iria mais querer viver. Porque toda vez que me olhasse no espelho sentiria nojo de mim mesma.

– Sabe, eu fiquei realmente muito bravo com o que você fez comigo – Malfoy disse atraindo meus pensamentos para longe de todo drama mortal.

Apenas olhei para ele, tentando demonstrar todo o asco que sentia por estar ali.

– Ser pendurado de cabeça para baixo por uma garota, grifinória E sangue-ruim não é uma coisa para se orgulhar – ele balançou a cabeça e sorriu amavelmente para mim, como se estivesse falando do tempo e não do quão sujo era meu sangue. – Então eu lembrei que tínhamos um encontro hoje – ele disse e eu grunhi em consternação. – O quê? – ele perguntou pondo uma mão no ouvido como se tentasse ouvir melhor. – Ah, desculpe, mas eu não entendi o que você falou – sorriu maniacamente novamente. – Voltando ao que estava dizendo: então eu pensei...

‘Como se você fosse capaz de pensar’ eu tentei dizer, mas tudo que saiu foram ‘mmmm’ incompreensíveis.

– Eu não gosto de ser interrompido Evans – ele disse e tirou a mão que estava em meu rosto e pegou meus cabelos, forçando-os para trás. – Como eu estava dizendo – ele começou e puxou meu cabelo mais forte, e eu fiz de tudo para não gemer. – e eu pensei ‘porque não deixar nosso encontro mais divertido?’ – ele sorriu novamente e passou um dedo pelo meu pescoço exposto. Calafrios perpassaram minha pele. – Então eu decidi deixar tudo mais privado e te trouxe para cá – ele soltou meus cabelos e abriu os braços indicando o grande galpão que caia aos pedaços. – Deve ser ótimo para você não? Morando sempre no meio da imundície dos trouxas, isso daqui deve ser familiar.

Um ódio, algo como nunca havia sentido em minha vida inteira – uma coisa fervente e latente – consumiu meu corpo por inteiro. Todo o medo que sentia segundos atrás pareceu queimar como papel ao fogo. Eu senti que seria capaz de fazer picadinhos de Malfoy apenas com um olhar.

E então – como se uma luzinha acendesse em minha mente – eu percebi que minhas pernas estavam livres e desimpedidas. Estava pronta para usá-las, mas algo me fez parar.

Aquele não era o momento certo.

Se eu desse um chute – bem merecido – em Malfoy naquele momento, ele provavelmente xingaria muito e logo em seguida prenderia minhas pernas, o que me deixaria sem armas.

Então eu achei melhor jogar o jogo dele.

O deixaria pensar que estava ganhando e quando eu tivesse oportunidade daria minha tentativa final.

Um brotinho de esperança se formou em meu peito.

– Sabe o que é uma pena? – ele perguntou e eu o encarei indagativamente – Que o Potter não possa ver isso – ele disse e novamente eu senti uma raiva descomunal. Era incrível que ele não estivesse pegando fogo simplesmente pelo fato de eu o estar encarando. – Mas deixe para lá, eu posso contar depois.

E então ele se aproximou de mim, pondo suas mãos em minha cintura e sua respiração batia rapidamente em minha pele. Seu nariz encostou-se a meu pescoço e ele fungou.

– Para uma sangue ruim você cheira bem – ele disse e sua voz tinha um timbre divertido.

Eu teria adorado impossibilitá-lo de ter filhos naquele momento, mas me controlei. Eu não teria chances.

Foi então que aconteceu tudo muito rápido. Algo como uma bolota alaranjada atingiu as costas de Malfoy e ele olhou para ver o que era.

Nem pensei.

Juntei toda a força que tinha e dei o meu maior e mais poderoso chute no meio das pernas do desgraçado.

Malfoy se encolheu e me encarou com os olhos cheios de raiva e vingança.

– ABAIXA LILY! – alguém gritou e eu pensei ‘como diabos eu vou me abaixar sendo que eu estou amarrada?’, mas eu tentei fazer o que pediu. Abaixei-me (o máximo que consegui com os braços amarrados) no exato momento em que mais bolotas alaranjadas atingiam Malfoy.

O garoto caiu no chão, e tentou desviar, mas eram muitas coisas que o atingiam ao mesmo tempo. Malfoy acabou encolhido no chão, cheio de hematomas e quase inconsciente.

E só então eu ergui os olhos para ver quem era a alma milagrosa que havia salvado minha vida.

Era Dorcas.

E logo atrás dela vinha Lene com a aparência de alguém que havia acabado de fugir do hospício.

Uma pontinha de decepção me atingiu quando eu vi que não havia sido ele quem tinha me salvado. Mas logo esqueci, porque pelo menos alguém tinha se dado ao trabalho de me salvar.

– Deus – eu disse quando vi o que tinha nas mãos das duas. – Vocês... Não! Vocês me salvaram do Malfoy com ameixas dirigíveis?

E eram. As mesmas bolotas que mais cedo estavam cheias de manteiga e que Dorcas dizia serem boas contra os ‘zonzo’ alguma coisa.

– Eu não acredito nisso – eu balancei negativamente minha cabeça quando uma onda de risos histéricos me acometeu.

Minhas costelas doíam e meus pulsos ardiam devido às cordas, mas eu não conseguia parar de rir.

– Eu disse que ela estaria histérica quando a encontrássemos – a voz de Lene era quase inaudível devido às minhas gargalhadas.

– Ah, bem, tenho algo que pode ajudar – Dorcas disse. – Mas precisamos soltá-la antes disso.

– Yeah.

E de repente minhas mãos foram soltas e eu não conseguia ficar de pé devido aos tremores ininterruptos que atingiam meu corpo. Eu estava em estado de choque.

Dorcas e Lene me carregaram para fora do galpão e eu senti um alívio imenso quando senti ar puro novamente.

– O que vamos fazer com o Malfoy? – Lene perguntou enquanto olhava pelas portas do galpão.

– Ah, podemos chamar alguém para pegá-lo. No momento acho que Lily precisa de mais ajuda – Dorcas respondeu e eu finalmente consegui parar de rir.

– Ah, eu poderia matá-lo – Lene disse e virou para mim. – Lily, você está bem? Aconteceu... alguma coisa?

Eu abri a boca diversas vezes para responder, mas minha voz não saia de jeito nenhum. Minhas mãos, pernas, braços, boca, tudo tremia. Era como se eu estivesse congelada por dentro.

Enquanto eu estava com Malfoy, nada daquilo aconteceu pelo simples fato de estar concentrada demais tentando achar uma forma de escapar. Mas ali, fora de perigo, e ao pensar no que poderia ter acontecido me fez quase ir à loucura.

– Ela não está bem – Dorcas disse e sentou ao meu lado enquanto metia a mão em sua bolsa e procurava alguma coisa lá dentro.

– Merlin, eu sabia que deveria ter vindo com ela! Mas não, eu preferi me encontrar com o Black! Viu o que deu? Que péssima amiga que sou – Lene disse e balançou a cabeça.

Novamente tentei falar, dizer à ela que a culpa não era dela, mas minha voz parecia ter se perdido para nunca mais voltar.

Dorcas finalmente achou o que estava procurando e estendeu-o para mim. Eu olhei com medo para a garrafa, mas logo vi que era apenas cerveja amanteigada. Bebi tudo em quase um gole.

Meu corpo pareceu aquecer por dentro, mas os tremores continuavam.

Olhei para baixo e vi que minhas roupas estavam horríveis, como se eu tivesse sido arrastada por um chão imundo. O que poderia realmente ter acontecido.

Eu tinha alguns arranhões pelo braço e uma ardência no rosto indicava que ali também estava machucado. Mas era só isso. Eu estava bem, viva e intacta.

– O... Obrigado – eu consegui dizer, minha voz estranhamente rouca.

– Ah, que é isso – Lene disse e seus olhos estavam cheios de lágrimas. – Eu não tinha acreditado no inicio quando Dorcas disse que zonzos alguma coisa tinham avisado-a que você estava em perigo, mas ela estava desesperada demais... – Lene balançou a cabeça. – E quando eu vi o que aquele... Aquele filho de uma puta...

– Olha a boca Lene – eu ralhei com ela. Geralmente ela nunca falava palavras ‘feias’.

– Mas é mesmo! Eu quis matá-lo.

Eu sorri fracamente para as duas e olhei para as bolotas alaranjadas que estavam nas mãos de Lene.

– Ameixas dirigíveis? Acho que vou comer isso todo dia para agradecer – eu disse e novamente cai na gargalhada.

– LENE? – uma voz masculina gritou ao longe, mas eu estava descontrolada demais para prestar atenção.

– Ah Deus, o que ele está fazendo aqui? – a voz de Lene era preocupada.

– Lene? O que você está fazendo... O que a Lily tem? – e então Sirius Black entrou em foco.

Mas não só ele, como mais dois. E eu senti meu riso cortar ao meio quando eu vi aqueles olhos castanho-achocolatados me encararem.

E eu desmaiei.


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Notas finais do capítulo

Háha, tenho certeza de que vocês nunca imaginariam isso né? UAHSUAHSUAH
Sim, eu sou uma estraga prazeres, mas o próximo - QUE É O ÚLTIMO ANTES DO EPÍLOGO - está cheio de emoção *--*
Comentem! Contem para a tia aqui o que estão achando da fic!
Besos, Carol Miller :*