What do You Want From Me? escrita por v_wendy, TheMoonWriter


Capítulo 24
Capítulo 23 – Seguindo Estrelas


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas!
Eu espero que algum de vocês ainda esteja por aí...
Sinto muito por ter me ausentado todos esses meses, mas eu não podia aparecer porque eu, simplesmente não tinha nada pra postar. Em algum momento depois de postar o Capítulo 22 eu parei de escrever a fic e não voltei a mexer nela por um bom tempo. Esse ano foi mais puxado em vários pontos para mim e não tinha espaço para que eu pudesse encaixar meus períodos de escrita no meio. Sinceramente, eu pensei mesmo em deixar a fanfic de lado e ponto. Quanto tempo que eu não mexia mesmo? Mas então eu comecei a ler as anotações que eu tinha para o final e eu realmente fiquei com vontade de voltar a escrever e, bem, estou aqui agora!
Espero que você gostem do capítulo. Eu já tenho o próximo quase pronto e acho que ele deve sair em alguns dias...
Bom, é isso!
Enjoy!



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Capítulo 23 – Seguindo Estrelas

A brisa suava batia em seu rosto, levantando seus cachos levemente. Estava sentada na cama, o olhar imóvel no desenho que havia recebido. Era uma representação tão fiel de si!

Suspirou, sem entender o porquê de suspirar e guardou o desenho. Estava assustada, mas não exatamente com medo.

Hoje vi os olhos de Voldemort no rosto de Tom. Quer dizer, Riddle. Ela bufou para si mesma ao perceber o que estava fazendo. Estava começando a acreditar em uma essência um pouco melhor para Voldemort, uma que ainda não fosse tão ruim, mas que logo se tornaria. Tom e Voldemort... Eram a mesma pessoa, mas eram diferentes. Voldemort não faria um desenho de uma garota – ainda que uma Comensal – e mandaria para ela. Isso é um tanto... Galanteador. Voldemort é puramente cruel, Tom é cruel, é pérfido, é assassino, mas...

Ela abanou a cabeça, bruscamente. Não tinha um “mas”, não tinha uma condição de salvação para Tom Riddle. Ele viria a ser Voldemort e isso aniquilava todos os “mas” que pudessem vir a ser pensados.

E por que estou pensando nisso mesmo? Por que quero tanto separar um do outro... Aliás, eu quero separar um do outro? Ah, Merlin! Obrigada por me confundir ainda mais! Se é que isso é possível, dada a condição em que estou!

A única certeza que ela tinha no momento foi que seu coração quase parou quando ela viu a íris de Riddle tingida de vermelho sangue. De medo, é claro, mas havia uma outra coisa e tal coisa a atormentava agora. Se ao menos ela soubesse o que era!

Três batidas na porta foram ouvidas e ela se obrigou a deixar tais devaneios para mais tarde. Afinal de contas, se ela não entendia nada ficar pensando ia ajudar em quê?

– Entre! – ela gritou e um segundo depois a porta se abria, revelando ninguém menos do que seu melhor amigo – Harry! – exclamou, sorridente.

Harry deu um pequeno sorriso, mas esse não chegava aos olhos.

– Mione.

– Está tudo bem? – ela perguntou, preocupada com a atitude do amigo.

– É, sim. Bom, não. Na verdade – ele pausou – eu precisava falar com você sobre uma coisa...

As sobrancelhas da castanha se arquearam. Ela não estava gostando nada do tom de Harry.

– Fale. – incitou. O amigo sentou ao seu lado na cama e coçou o topo da cabeça, nervosamente – Harry, você está me deixando assustada!

– Eu sei... – ele disse – Mas eu não sei como começar a dizer isso sem que você pense em me matar ou algo assim...

– Harry James Potter! – ela bradou antes de ele continuar – O que foi que aconteceu?

– Ah, então. Ah, bem. – ele respirou fundo e tirou o livro tão odiado por Hermione de dentro do casaco – Olhe o que eu achei.

Ela curvou a boca minimamente para baixo e abriu o livro do tal Príncipe Mestiço com desgosto palpável. Foi então que seus olhos esquadrinharam uma única palavras no canto superior direito da página.

Sectumsempra. Ela e sentiu uma terrível sensação quando seus olhos percorreram as letras do feitiço. Para inimigos, vinha escrito abaixo. Nunca ouvi falar desse feitiço antes e fico muito feliz por isso.

– Então... O que acha? – perguntou Harry.

–Acho o que sempre achei, que deve jogar essa porcaria fora! – ela bradou e ele bufou – O que foi, Harry? Parece nervoso...

– Eu... Eu pensei em usá-lo. Em Tom Riddle.

Os olhos de Hermione se arregalaram e algo estranho palpitou em seu peito com as palavras do amigo.

– Isso é... loucura! É insanidade! Você sabe para que serve? Você sabe como funciona? Se há riscos? O que faz, exatamente?

A castanha estava histérica, seus olhos estavam arregalados e a respiração acelerada. Harry a encarava assustado, mas continuou tentando argumentar com a amiga.

– Você viu a inscrição? “Para inimigos”. – disse – Mione, essa talvez seja a minha única chance de consertar as coisas! Viemos ao passado com um intuito, não foi? Você buscou aquele vira-tempo com o intuito de acertar as coisas. Por que isso não pode ser um sinal? Por que não devo fazer isso agora, quando Riddle ainda é apenas um aluno e não tirano que vai matar metade do mundo bruxo, inclusive meus pais?

Hermione entendia o amigo, é claro. Entendia toda a pressão por qual ele passava desde sempre. Ser o O Menino Que Sobreviveu e, agora, O Eleito. Mas esse plano ainda a incomodava, ela ainda tinha uma péssima impressão em relação aquele feitiço.

– Harry, me escute, por favor. Usar um feitiço que você nem conhece em alguém malignamente poderoso não é algo exatamente inteligente. Você não se lembra da aula de Merrythought? Quando que iríamos imaginar que um patrono pudesse combater maldições mais leve?

Harry encarava a amiga. Seu olhar transmitia claramente que ele não fazia de ideia de onde ela pretendia chegar.

– O que isso tem a ver?

– Isso mostra que nem mesmo as coisas que julgamos saber conhecemos totalmente. Imagine aquelas que acabamos de descobrir por acaso em um livro muito suspeito...

O moreno parecia resignado. Deixou seu corpo arriar para trás e deitou-se com o tronco na cama e as pernas para fora. É claro que Hermione o entendia, entendia todo o peso que ele carregava em seus ombros.

Ela sentia como se carregasse algo minimamente parecido agora.

Mas, mesmo assim, escolhas precipitadas não ajudariam. Poderiam atrapalhar tudo e fazendo com que as consequências fosse maiores ainda que seus atos.

A castanha notou que Harry estava com olheiras e se empertigou. Como fora uma amiga relapsa nos últimos tempos! Dispensara tão pouco tempo para conversar com seu melhor amigo!

– Você está bem? – indagou.

– Não exatamente.

– Quer conversar?

Ela viu um meio sorriso brotar no canto dos lábios de Harry.

– É claro que quero, Mione.

Então, ambos se sentaram no chão entre as camas de Gina e Hermione e iniciaram mais uma de muitas conversas como aquela. Mas a castanha devia admitir para si que ela sentia falta de quando aquelas conversas se deviam apenas a passar broncas e a tentar enfiar conteúdo de matérias na cabeça do amigo ou, ainda, dar dicas em relação a Cho Chang.

Simplesmente porque, antes, as coisas pareciam absurdamente mais fáceis para ela.

#*#*#

(N/A: link da música: http://letras.mus.br/os-paralamas-do-sucesso/63453/)

Sigo palavras e busco estrelas

O que é que o mundo fez

Pra você rir assim

Pra não tocá-la, melhor nem vê-la

Como é que você pôde se perder de mim

Faz tanto frio, faz tanto tempo

Que no meu mundo algo se perdeu

Te mando beijos

Em outdoors pela avenida

E você sempre tão distraída

Passa e não vê, e não vê

Callidora olhou o jardim naquela bela tarde. Os olhos cansados pela noite mal dormida revelavam olheiras profundas. Tentava, inutilmente, folhear seu romance clássico bruxo A Dríade dos Mares Perenes, mas quem disse que ela conseguia? Estava preocupada com tudo que havia acontecido durante o passeio a Hogsmeade.

Fico acordado noites inteiras

Os dias parecem não ter mais fim

E a esfinge da espera

Olhos de pedra sem pena de mim

Faz tanto frio, faz tanto tempo

Que no meu mundo algo se perdeu

Te mando beijos

Em outdoors pela avenida

Você sempre tão distraída

Passa e não vê, e não vê

Ela ficara muito feliz em saber que Gunther e Jade haviam se acertado. Uma conversa com o primo e com a garota lhe assegurou que não haviam mais mágoas. Jade lhe tratara super bem e até lhe agradecera por se meter! Afinal, se não fosse a ajuda de Callidora nada daquilo teria chegado a acontecer.

Já não consigo não pensar em você

Já não consigo não pensar em você

Callie ficou muito feliz em saber disso, mas ela estava exausta... De seus pensamentos. Especialmente, de um constante que não deixava sua cabeça nem por um minuto.

Harfang Longbottom.

Fico acordado noites inteiras

Os dias parecem não ter mais fim

E a esfinge da espera

Olhos de pedra sem pena de mim

Faz tanto frio, faz tanto tempo

Que no meu mundo algo se perdeu

Te mando beijos

Em outdoors pela avenida

Você sempre tão distraída

Passa e não vê, e não vê

O garoto não procurara Callie mais e parecia que toda vez que eles se encontravam pelos corredores ele a evitava, virando para o lado oposto e correndo para longe dela. Que audácia a dele! Ela havia aberto seu coração e declarado um sentimento tão inesperado e ele agora agia como se a desprezasse!

Sigo palavras e busco estrelas

O que é que o mundo fez

Pra você rir assim

Pra não tocá-la, melhor nem vê-la

Como é que você pôde se perder de mim

Faz tanto frio, faz tanto tempo

Que no meu mundo algo se perdeu

Te mando beijos

Em outdoors pela avenida

E você sempre tão distraída

Passa e não vê, e não vê

Cedrella e Dorea começaram a notar que havia algo de errado com ela, mas não perguntaram nada. Conheciam bem Callie e sabiam que ela podia se irritar muito facilmente se ficassem se metendo em sua vida. E era melhor que não soubessem mesmo... Se chegasse ao ouvido de Arcturus o que ela fizera! Ah, Merlin! Como estaria perdida por ficar falando bobagens apaixonadas para um rapaz! Moça de boa família não fazia dessas coisas, não mesmo.

Já não consigo não pensar em você

Já não consigo não pensar em você

Fechou o livro e o enfiou de volta na bolsa. Não ia adiantar tentar lê-lo mesmo, então por que insistir? Levantou-se e bateu a mão pela saia, retirando qualquer sujeira que pudesse haver nela.

Foi então que viu alguém parado atrás dela e tomou um susto que quase fez sua bolsa cair ao chão.

– Você me deu um susto! – afirmou ela, de mau humor.

– Desculpe. – pediu Harfang, com um riso soturno nos lábios. Ela bufou ao vê-lo ali, como poderia agora ele agir como se nada tivesse acontecido? Como se não tivesse a evitado?

– Está desculpado. Agora, se me dá licença, eu tenho que ir.

Ele a olhou desconfiado.

– Mas eu acabei de chegar...

– Por isso mesmo! – disse, irritada.

As sobrancelhas de Harfang se ergueram e ele a olhou com preocupação, como se se ela estivesse louca ou algo do tipo. Isso a deixou ainda mais possessa do que já estava.

– Você está bem, Augusta?

A garota cruzou os braços frente ao corpo. Não queria discutir com ninguém, nem queria parecer magoada ou algo do tipo. Mas quando deu por si, já estava falando tudo aquilo que se entalara em sua garganta.

– Não, Harfang. Eu não estou. Você está me evitando desde o dia do passeio em Hogsmeade e, se pensa que eu não percebi, eu percebi claramente. Se você acha que eu agi inoportunamente e lhe falei coisas descabidas, poderia ter me avisado e não sumido como fez. Eu gosto da tua presença e...

O dedo de Harfang a calou, mesmo que ela ainda tivesse um texto enorme para falar. A mão dele caiu em direção ao bolso e ele suspirou e riu ao mesmo tempo.

– Não estou te evitando, Augusta. Não exatamente.

– Não exatamente? Então o que foram todas aquelas vezes que você desviou o seu caminho do meu no corredor? Uma semana, Harfang Longbottom! Uma semana sem falar comigo depois de ter se dito apaixonado!

– E eu estou! – ele não retirava o sorriso do rosto, o que a deixava mais irritada – Mas... Ah, que jeito vai ter se eu não lhe mostrar e lhe contar tudo. Mas lembre-se que foi você quem estragou a surpresa...

Ele retirou a mão do bolso, e, na companhia desta, vinha uma caixinha de veludo. Callidora o olhou espantada. O que ele estava fazendo, pelo amor do bom Merlin?!

– Abra. – pediu ele.

Ela o fez. Dentro, achou uma pulseira de ouro cravejada de safiras. Era a coisa mais linda que ela já havia visto, mas, mesmo assim, ela não estava entendendo absolutamente nada!

– O que... Hã?

– Eu sei que você não pode se opor a vontade de seu pai. Eu sei que se você aparecer com um namorado que ele não aprove ele vai dar um jeito de te casar o mais rápido possível, mas eu não quero ficar sem você! Eu não posso, entende? – ele sorriu – Eu mandei uma coruja na segunda-feira para o escritório de Arcturus Black, marcando com ele uma reunião para esse sábado. Para amanhã. Amanhã eu pretendo pedir a sua mão formalmente em namoro a seu pai, tudo como manda o figurino. E, se ele aceitar, você não mais precisara tirar essa pulseira de sua mão.

Eram tantas coisas que a garota pensava no momento. Então, tudo se encaixou. O sumiço de Harfang e o fato dele a evitar sempre que a via. Ele estava arrumando tudo, para que não houvesse nenhuma dor de cabeça futura.

Ela riu e deixou a irritação de lado, praticamente se lançando em seus braços.

– Como você sabia?

– O que?

– Que eu odeio anéis e colares? Porque você comprou uma pulseira, então, você sabia...

Ele riu e deu de ombros.

– Porque você nunca usou.

Callie estava tão feliz! Tão inexoravelmente feliz que se aproximou mais de Harfang e lhe depositou um beijo nos lábios. Ter uma final feliz que ela nunca sonhou ao lado de alguém que ela nunca pensou que poderia amar tanto... Não tinha preço.

#*#*#

A última aula do dia de Hermione acabou tão rapidamente quanto começara. Aliás, aquela semana toda havia passado tremendamente rápido! Ela nem teve tempo para pensar em nada, simplesmente repassava com Gina as falhas do plano toda a santa noite, buscando entender se não havia algum modo de aniquilá-las até que o plano fosse perfeito e infalível!

Não tinha. O plano era completamente falho. Mas o que ela podia fazer? Era sua única chance e ela não desistiria agora.

Respirou fundo e recolheu seu material. Estava tensa, mas, dizia o ditado: o que não tem remédio, remediado está.

Deixou a sala de aula, junto com Rony e Harry, mas não chegava a acompanhar a conversa dos amigos. Estava imersa em seus próprios pensamentos, o que queria dizer que voltava a remoer as falhas do plano. Hermione Granger, tão inteligente e aplicada, tão cheia de subterfúgios quando necessário, agora tinha que sucumbir a ideia de se entregar a um plano mais falível do que virar uma Comensal da Morte! Por Merlin, se tudo desse errado...

– Mione? – Harry a chamou – Você está bem?

– Sim. Por quê?

– Está mais branca que a Edwiges! – exclamou Rony – Não acha que seria melhor passar na Ala Hospitalar?

A garota o encarou muito seriamente, pensando se tinha realmente ouvido aquilo.

– Mais pálida que a coruja do Harry?! Ronald Weasley, você tem o tato de uma pedra! – irritou-se ela.

– Desculpe. – pediu o ruivo – Mas você realmente não parece nada bem, Mione. Você nã-

Ela balançou a cabeça, interrompendo-o em seguida.

– Não. Eu estou bem, Rony. Um pouco cansada, talvez, mas bem.

Nenhum dos dois atreveu-se a contestar, conheciam muito bem Hermione e sabiam reconhecer quando a garota estava muito concentrada em algo e como ela podia se irritar se alguém tentasse desviá-la de seus pensamentos.

Ainda havia um tempo até o jantar, então Hermione resolveu ficar um pouco em seu dormitório. Andava de um lado para o outro, ainda a pensar, quando Gina entrou.

– Mi? – chamou a ruiva – Você está legal?

A castanha abanou a cabeça, estressada.

– Por que diabos todo mundo insiste em me perguntar isso?

– Talvez porque você não parece bem? – Gina respondeu, perguntando. Hermione lhe enviou um olhar de dar medo e a ruiva revirou os olhos – Ainda pensando no plano, não é?

– Ah, Gina! – exclamou a castanha, se deixando cair na cama – Eu não acredito que...

– Que o plano não possa ser perfeito? Vamos, Mione! Nenhum de seus planos é perfeito. Nada alcança a perfeição, Mi.

Hermione sabia disso. Sabia que ela não poderia ser perfeita, a melhor ou esse tipo de coisa, mas mesmo assim... Mesmo assim ela não conseguia não tentar buscar fazer um plano divino, mesmo que sua execução fosse desastrosa.

– Eu sei, Gin. – disse a castanha –, mas não posso evitar. Isso é parte de mim, sabe?

A ruiva assentiu, com um sorriso mínimo.

– Sei, mas acho que agora está na hora de irmos jantar. Isso significa: sem mais pensamentos indevidos, Hermione Granger!

– Huh! – gemeu Hermione em resposta – Cada vez mais tenho a impressão de que o tempo está passando rápido demais.

As duas deixaram o dormitório e seguiram para o Salão Principal. O caminho foi silencioso, já que estavam acompanhadas de vários outros grifinórios o que não abria espaço para conversas.

Chegando ao Salão Principal, Gina e Hermione se sentaram perto de Minerva e Charlus o que ajudou a descontrair o clima para Hermione, pois Chas era realmente muito animado e não ficava quieto nenhum segundo sequer, sempre piadista e engraçado. A castanha se sentiu mais aliviada depois de alguns minutos naquela mesa: a alegria constante de Charlus foi um anestésico potente para sua melancolia e medo.

Harry e Rony apareceram minutos depois. Harry sentou-se ao lado de Gina e eles começaram a conversar imediatamente. Um sorriso brotou nos lábios da castanha ao ver aquilo. O semblante do amigo estava sorridente e ligeiramente abobado e uma cor cor-de-rosa clara começava a brotar nas bochechas pálidas de Gina.

Será que eles estariam começando a enxergar seus sentimentos? Hermione esperava que sim. Era um tanto inquietante para ela saber o quanto os dois se gostavam e não poder fazer nada a respeito... Eles tinham que descobrir que o sentimento era correspondido por eles mesmos e não por intromissão dela. Ela não deveria intervir nisso, porque não é para tudo na vida que um plano pode resolver.

Suspirou consigo mesma e terminou seu jantar. Involuntariamente, seu olhar vagueou até a mesa da Sonserina, onde achou um par de olhos cravados em si. Hermione pensou em desviar o olhar, mas Tom a encarava tão intensamente que ela simplesmente não conseguiu. Sustentou o olhar dele com firmeza e depois deixou seus lábios abrirem em um sorriso tímido.

Que diabos estou fazendo? Se perguntou, mas não parou de sorrir ou desviou o olhar. Logo, os lábios de Tom se abriam em um pequeno sorriso enviesado e característico dele. Seu coração retumbou fortemente e ela, então, desviou o olhar, sem perguntar o que fora aquilo... Ela já não tinha mais certeza se queria respostas.

Algum tempo depois, o jantar terminou e os alunos voltaram ao Salão Comunal. A castanha ficou ali por um tempo, mas não conseguia participar inteiramente de nenhuma conversa, estava arredia e seus pensamentos dançavam por seu plano e pelos olhos de Tom Riddle. Pediu desculpas aos amigos e disse que ia dormir, pois estava muito cansada.

É claro que não foi isso que fez. Entrou no quarto e pegou uma muda de roupas, uma saia plissada azul bebê, uma meia calça grossa branca, uma blusa branca e um suéter da mesma cor. Ela não iria dormir, então qual era a finalidade de colocar um pijama?

Entrou no banheiro e encheu a banheira, entrando nela. Procurou esvaziar a mente, como se estivesse praticando oclumência e teve resultado. Relaxou instantaneamente.

Quando saiu do banho, colocou a roupa que havia separado para si e entrou debaixo das cobertas quentes. Puxou um livro de sua mesa de cabeceira e começou a lê-lo.

A porta se abriu e Gina entrou no dormitório.

– Ei, Mione. Vejo que não conseguiu dormir.

– Nem tentei, Gin, pra falar a verdade.

– Pois devia. – retrucou a ruiva sentando ao pé da cama da amiga – A noite de hoje não vai ser exatamente fácil.

– Eu sei, por isso não conseguiria dormir...

Os olhos da ruiva miraram o título do livro que a castanha lia e ela ergueu as sobrancelhas.

– “Macbeth”? – perguntou – Não me lembro de você ter falado alguma vez desse livro.

Hermione riu.

– Nunca falei mesmo. Já tinha o lido quando eu era pequena, mas nunca me cativou inteiramente. Amo Shakespeare, já falei dele pra você, mas Macbeth é um tanto... Brutal.

– Do que fala?

– É uma tragédia de Shakespeare. Macbeth é um general do exército escocês e após uma batalha ele e um outro general, Banquo, são abordados por três bruxas que predizem o seguinte fato: Macbeth será rei da Escócia. Mas isso é algo um tanto impossível, já que o rei goza de plena saúde e tem herdeiros. Confuso, Macbeth procura a ajuda de sua esposa, Lady Macbeth, e ela o convence de que o único jeito de ele se tornar rei é assassinado o rei e colocando a culpa nos filhos. Primeiramente, Macbeth não quer fazê-lo, mas a mulher o manipula e ele aceita. Ele e o rei são primos e ele o convida para uma noite no castelo dele e então...

– Já entendi. – respondeu Gina – Mas não entendo porque está lendo esse livro... Busca pelo poder, ambição incontrolável e tudo o mais... Parece o tipo de livro que Tom Riddle gostaria de ler.

Hermione corou enquanto desviava o olhar do de Gina. Só estava lendo esse livro por causa do comentário de Tom quanto ao Morro dos Ventos Uivantes...

– É, pois é. – respondeu e depois deu de ombros – Meio que foi ele quem me indicou.

Gina ficou calada por um instante e Hermione a analisou nesse ínterim. Deveria ter ficado calada, mas prometera a amiga que não mais teriam segredos, então...

– Viu! – a ruiva disse soltando um riso depois – Eu não estava tão enganada assim! Bom, não vou atrapalhar sua leitura... Acho que vou tomar um banho.

A amiga se levantou e partiu em direção ao banheiro; os olhos de Hermione voltaram-se em direção ao livro, calmamente. Por mais que estivesse nervosa e apreensiva ler sempre seria um exercício relaxante para ela.

Sem que a castanha notasse, o tempo passou e o relógio tiquetaqueante anunciou que já chegava a hora dela ir. Fechou o livro e acabou por encontrar o olhar de Gina mirando-a... Estivera tão entretida na leitura que nem percebera que a amiga havia saído do banho.

– Hora de ir. – disse se levantando e calçando os sapatos em um gesto mecânico – Hora de ir impedir que Riddle cometa mais uma atrocidade. – disse, mais para si do que para a outra.

– Só tome cuidado para não acabar o beijando pelo meio do caminho! – disse a ruiva, fazendo a castanha a encarar, incrédula. A amiga riu ao ver a expressão dela – Só estou brincando, Mi! Calma!

Hermione revirou os olhos para Gina e lançou a mão em direção a mesa de cabeceira para pegar a varinha.

– Deseje-me sorte, Gin. – murmurou, antes de sair pela porta, que se fechou com um ruído oco.

Estava frio e escuro no corredor. Ela abraçou-se e começou a andar por este, rápida e silenciosamente, agradecida de que todos dormissem aquela hora.

Mal sabia a castanha que havia uma pessoa que não dormia, que se encontrava naquele mesmo corredor, ocultada pelas sombras, e que havia escutado cada palavra das duas amigas.

E não parecia nem um pouco feliz com o que tinha ouvido.


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Notas finais do capítulo

E então???
Não me matem por terminar o capítulo desse jeito, a curiosidade de vocês será saciada em breve, prometo!!
Me contem o que acharam, ok?
:*



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