What do You Want From Me? escrita por v_wendy, TheMoonWriter


Capítulo 19
Capítulo 18 - Heaven


Notas iniciais do capítulo

Eeei, pessoal.
Eu sei que eu demorei .-. andei muito ocupada essas últimas semanas, tive uns probleminhas também, mas o importante é que aqui estou eu e com mais um capítulo. =)
Bom, esse capítulo estou dedicando para uma pessoa diferente. Na verdade, são três. Não tenho palavras suficientes para descrever o quanto essas pessoas são importantes na minha vida, sabe? Porque mesmo se eu escrevesse um texto de duzentas linhas, eu jamais conseguiria expressar o quanto elas são importantes para mim. Mesmo.
Então esse capítulo vai para vocês: Marizinha, Pooinha e Miguelets.
Os melhores amigos que umas pessoas pode desejar ter, sério.
Bom, pessoal, aproveitem o capítulo.
Vejo vocês lá embaixo.



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Capítulo 18 – Heaven



Hermione abriu seus olhos vagarosamente, aproveitando a pequena confusão mental que o despertar provocava. Ela estava exausta, um trapo, só o pó. Ou talvez nem isso.

O cansaço da garota de altos cabelos castanhos se devia ao fato de que ela não havia dado ao seu cérebro nem um minuto sequer de descanso, ela passou a semana inteira tentando evitar pensar em alguma coisa relacionada a sua briga com Gina ou a memória do beijo com Tom Riddle que lhe dera forças suficientes para conseguir conjurar um patrono corpóreo.

Ela simplesmente não queria pensar em nenhuma coisa que fosse relacionada a tal fato, então, ela enfiou a cabeça nos livros e não deu um minuto de descanso para si. Passou a semana inteira fazendo trabalhos – alguns por sua conta – e lendo livros tanto da literatura bruxa quanto da trouxa.

A castanha suspirou devagar e impulsionou seu corpo a se levantar, entrou no banheiro e tomou um banho incrivelmente longo, aproveitando para relaxar o corpo e a mente. Ela recostou a cabeça na borda da banheira e ficou encarando o teto, a mente vagando exatamente para onde não devia.

Sua briga com Gina foi a primeira coisa indevida em sua mente, já fazia quase uma semana que as duas estavam naquela situação, falando apenas quando muito necessário. Isso chateava Hermione, mais que a tudo, mas ela sabia que a principal culpada em toda aquela história era ela e, então, tinha que arcar com as consequências de seus atos. Logo, os pensamentos de Hermione vaguearam para a primeira aula de D.C.A.T. que ela tivera... A castanha ainda estava inconformada com o fato de que uma memória relacionada a Tom Riddle havia dado força suficientes para produzir um patrono de tal porte.

E por que isso? Não faz o menor sentido! Se eu contasse para alguém ririam da minha cara, de tão descabido que isso é e soa!

A castanha jogou um pouco de água no rosto, tentando fazer com que os pensamentos voltassem a ter coerência e deixassem de ser tão inoportunos e indesejáveis. Quando saiu do banho, procurou uma roupa quente e confortável e vestiu, saindo rapidamente do dormitório.

Encontrou os amigos no Salão Comunal, sentou-se ao lado de Harry, que a cumprimentou com um sorriso.

– Mione! Anda sendo muito raro ver você... Quase não sai da biblioteca.

Ela deu um pequeno sorriso ao amigo.

– Estou muito atarefada, Harry, você sabe.

– Sei. Só acho que não existem tantas tarefas para que você praticamente tenha que viver na biblioteca... Se não frequentássemos certas aulas juntos nem sei se a veria.

Hermione sentiu-se um pouco culpada com a frase do amigo, mas fizera tudo aquilo pelo o que ela imaginava ser uma boa causa.

– Estou aqui agora, não estou? – ela perguntou.

– Está. – ele sorriu devagar – E então, vamos para Hogsmeade?

– Hogsmeade? – ela perguntou, surpresa.

– Hermione, por acaso você ouviu o que eu falei nas poucas vezes que trocamos algumas palavras? – não, essa era a resposta, mas ela não queria dizer isso – Bem, Mione, nem precisa responder. Você tem andado no mundo da lua, não é?

Ela assentiu.

– Estou cansada, Harry, mas gosto de estudar. Saber mais... Isso é tão gratificante para mim, descobrir novos assuntos, colocar coisas na cabeça... Isso me dá prazer.

– Eu sei, Mione, mas não vá exigir demais de si mesma. Lembre-se que tudo que é demais faz mal e isso vale até mesmo para os estudos. – ele abanou a cabeça – Bem, hoje tem visita a Hogsmeade... Charlus, Septimus, Minerva, Rony e Gina vamos ao Três Vassouras, tomar um pouco de cerveja amanteigada. – ele sorriu – Você vem com a gente, não vem?

Hermione queria lhe dizer que sim, que adoraria ir com eles e que tomar cerveja amanteigada era o que mais queria no momento, mas, em vez disso, ela balançou sua cabeça em uma clara negativa.

– Acho que não, Harry.

O moreno não conseguiu disfarçar seu desapontamento.

– Mas por quê? Vamos tomar cerveja amanteigada, Mione, você ama cerveja amanteigada!

– Eu tenho que finalizar um dever de Aritmancia que não consegui terminar ontem e pretendo terminar de ler Jane Eyre. – ela sorriu – Mas vão e divirtam-se.

Harry franziu o cenho.

– Você está se sobrecarregando muito, Mione.

Não era uma pergunta e Hermione notou isso. Ela suspirou.

– Harry! Eu estou bem! É sério. – ela deu um pequeno sorriso de lado – Não estou muito no clima de Hogsmeade.

Harry ergueu as sobrancelhas, mas não disse mais nada. Um a um, eles foram se levantando e seguindo para o Salão Principal. Minerva sentou-se ao lado da castanha na mesa da Grifinória e elas começaram uma conversa agradável que envolvia livros e autores do mais variados.

Hermione gostava de conversar com Minerva. A futura professora era a única que não ficava julgando-a por ela ter passado a semana inteira na biblioteca, lendo e estudando.

– Não acho que isso vá lhe prejudicar. – disse Minerva – Na verdade, lhe admiro muito, Hermione. Poucos têm toda essa sua empolgação para o estudo, para livros... Mas acho que Harry está certo, merece um pouco de descanso... Deveria vir a Hogsmeade conosco.

– Sim, mas não acho que estou muito à vontade para ir a Hogsmeade no momento.

Minerva sorriu.

– Acho que se Chas e Sep não tivessem insistido tanto eu ficaria com você, mas... – Minerva deu de ombros – Acho que Harf vai ficar fazendo companhia para você...

– Ele não vai? – perguntou a garota.

– Não sei... Ele não me respondeu nas vezes que eu perguntei. Harfang está muito distante. – comentou a futura professora, o rosto se contorcendo em uma careta séria.

Depois do café da manhã, Hermione acompanhou os amigos até a entrada de Hogwarts, onde se despediram.

– Tem certeza que não quer ir? – perguntou Rony.

– Tenho sim, Ron. Vou ficar por aqui, você sabe...

– Estudando. – ele completou com uma careta – Mione, você estuda demais! Você sabe que não precisa e continua com isso! – ele disse abanando a cabeça.

– Você e Harry se esquecem disso bem rápido quando me pedem para “corrigir” o trabalho de vocês. – apesar da frase rude, a garota tinha um sorriso brincalhão nos lábios – Divirtam-se, está bem?

– Está. – ele sussurrou baixo.

Rony se juntou aos outros e ela acenou enquanto dava as costas e voltava ao castelo. Ela percorreu os corredores silenciosos e vazios com os pensamentos vagando desenfreadamente, até que ouviu uma voz chamando-a pelo corredor.

– Hermione.

#*#*#

Deitada na cama, com a garrafa de firewhisky ao lado. Era assim que Jade Bulstrude estava naquele momento, os olhos estavam perdidos, encarando o dossel da cama.

– Jade! – ela ouviu a voz estridente de Amatha chamando-a – Jade, levante já daí!

A morena nem ao menos voltou o seu olhar para amiga. Continuou deitada em sua cama, aproveitando a depressão que ela mesma havia proporcionado para si. Havia um fio solto no dossel e isso deixou Jade incomodada, porque além de solto ele parecia brilhar.

– Jade? – a voz de Amatha soou mais próxima e preocupada – Jade?

– Olha, Amy! – o tom de da morena se igualava ao de uma criança – O fio brilha! Brilha, brilha, brilha! Brilha estrelinha! – a morena disse pateticamente e começou a rir. Não, rir, não. Ela estava gargalhando.

– Ah, Merlin! Jade! – Amatha exclamou – Você andou bebendo de novo? – a loira perguntou, retirando a força a garrafa da morena – O que eu faço com você?

Jade não ouviu uma palavra do que ela disse. Continuava olhando para o tal fio brilhante e ria, ria como uma criança ao ganhar seu primeiro brinquedo. Jade lembrou-se de quando havia ganhado sua varinha de pelúcia e parou de rir instantaneamente.

Aquela memória não era engraçada, porque Gunther estava nela. Exatamente como Gunther estava em sua vida e agora não estava mais, por culpa dela... E só dela!

As lágrimas começaram a percorrer o rosto da morena e ela começou a soluçar muito, muito alto, fazendo com que Amatha voltasse seu olhar pra ela novamente.

– Jay? Jay? – perguntou a loira com o rosto cada vez mais preocupado – Ah! Jade! O que foi que aconteceu com você?

– Gun...ther. – respondeu a morena entre fungos.

A expressão de Amatha se transformou em compreensiva na hora.

– Ah, Jay! Não fique assim! – ela disse consolando a amiga – Jade, você não pode ser fraca agora, entende? Sair se embebedando, entornado meia garrafa de firewhisky de uma só vez... Jay, isso não vai mudar nada! Você tem que ser forte. Forte!

Jade não parou de soluçar, nem por um minuto, mas entendeu a veracidade das palavras de Amatha. Ela não podia ser fraca, nem agir fracamente. A parte do seu cérebro que ainda permanecia lúcida sabia o que ela tinha fazer. Ela tinha que se levantar, tomar um banho e ir para Hogsmeade, até porque, seu irmão estava esperando-a no Cabeça de Javali para colocarem a conversa em dia.

E assim a morena fez. Tomou um rápido banho e colocou uma roupa qualquer que Amatha separou para ela.

– Beba. – disse Amatha lhe entregando um cálice cheio de uma substância amarela.

– O que é isso?

– Algo que aprendi a fazer para Abraxás, porque, como você, ele também tem uma quedinha por firewhisky. Vai ajudar Jade, vai te manter lúcida e vai evitar a ressaca.

A morena bebeu tudo em um só gole e se sentiu bem instantaneamente. Parecia que havia acabado de acordar de uma excelente noite de sono.

– Isso é bom mesmo. – comentou Jade.

A loira riu.

– Eu sei. Vamos?

– Vamos.

As duas saíram do dormitório, andando rapidamente pelos corredores vazios. Jade pensou que os alunos já tivessem saído para Hogsmeade, mas ela logo viu a massa de pessoas que se acumulava na saída da escola. Ela e Amatha juntaram-se a Abraxás.

Os olhos da morena percorreram febrilmente a massa de pessoas, procurando por uma em especial, mas ela não o achou. Uma tristeza imensurável se apoderou dela e, antes que seu cérebro tivesse a chance de processar a informação, Abraxás sussurrou:

– Ele não está aqui, Jade. Ogg lhe deu mais um dia em detenção porque, segundo o nosso querido guarda caças, ele não estava fazendo o trabalho direito.

Jade se limitou a fitar Abraxás, mas nada disse. Ela não queria demonstrar preocupação por Gunther não estar ali ou nada daquilo, afinal, se ele estivesse ali o que iria mudar? Ela havia mandando ele se afastar dela e assim ele tinha o feito. Seria até pior se ele estivesse, já que ela seria obrigada a observá-lo de longe, sem poder se aproximar.

O caminho até Hogsmeade foi rápido. Jade logo se despediu dos amigos e seguiu a passos largos e rijos até o Cabeça de Javali. Como sempre, Andrew estava sentado em uma mesa perto na janela. Assim que Jade viu o irmão, um sorriso involuntário se formou no canto de seu rosto.

– Andrew! – ela exclamou sentando-se na frente dele. O irmão voltou seus olhos incrivelmente azuis para ela, um pequeno sorriso surgiu no canto direito de seus lábios finos.

– Jade!

Eles eram irmãos, sim, e se amavam, logicamente, mas esse amor não externado de modo algum. Andrew virou a cabeça para o lado e mediu a irmã de cima embaixo.

– Você andou bebendo... – ele comentou como se fosse algo absolutamente normal e aceitável. Como se fosse algo engraçado.

– Sério? – perguntou a garota sarcástica – Por que a pergunta, Andrew? Está querendo me julgar?

– De modo nenhum. Só acho que deve beber com pouca frequência...

– É a primeira vez que bebo em mais de uma semana. – ela disse, bufando indignada – Você sabe que isso é quase uma vitória para mim. Falando nisso, você trouxe...?

Andrew assentiu antes da irmã terminar de falar. Ele entregou um pacote pastel para Jade e esta o colocou na bolsa em um ato reflexivo.

– Não sou careta, Jade, e você sabe disso, mas lembre-se que se embebedar não é a solução para seus problemas.

Jade ergueu a mão, chamando o barman. Ele se aproximou rapidamente e ela pediu uma água de gilly, depois, a morena cravou seus olhos no irmão.

– E quem foi que disse que eu estou com algum problema, Andrew?

O garoto soltou uma espécie de grunhido e riu com escárnio.

– Jade, a essa altura de sua vida deveria saber que eu te conheço melhor do que qualquer outra pessoa no mundo. Suas cartas estão muito... Cruas. Quase não vi nenhuma menção a Gunther... – o garoto comentou como se não fosse nada, mas a morena contraiu seu rosto em uma estranha careta, o que não passou despercebido pelo irmão – Gunther! – ele saboreou o nome – O que foi que houve com ele?

– Nada. – respondeu a morena, rápido demais.

– Sei. – ele respondeu, revirando os olhos – Vou fingir que sou um energúmeno e que acredito em você. – ele bufou, os olhos azuis ganhando uma coloração mais escura – O que tem Gunther, Jade?

A morena mordeu o lábio. Andrew era a única pessoa em quem ela confiava para contar, então, porque não fazer isso logo?

– Eu descobri... – ela começou, olhando para a mesa.

– O que?

Ela suspirou.

– Que eu gosto de Gunther.

Olhar arregalado, boca escancarada... Era isso que Jade esperava. Uma reação de surpresa por parte do irmão, mas ele simplesmente pisou e bateu palmas algumas vezes.

– Brilhante. Precisou de ajuda para chegar a tal conclusão?

– Engraçado, Andrew. – ela o fitou furiosamente – Por que não está surpreso?

– Porque sempre imaginei vocês dois juntos. – ele respondeu, dando de ombros – Gunther sempre foi louco por você e você sempre teve um abismo por ele, mesmo que preferisse se enganar dizendo que gostava do tal Riddle. – o garoto bebeu um pouco do conteúdo de seu cálice, que Jade não conseguiu identificar, mas presumiu ser algo bem mais forte que firewhisky – E então? Por que não estão de mãozinhas dadas naquele ridículo restaurante da Madame Puddifoot?

Jade abanou a cabeça, repelindo a ideia de algum dia entrar no estabelecimento absurdamente cor-de-rosa que Amatha tanto insistira para que elas fossem conhecer em seu quarto ano. Só de lembrar, Jade sentia ânsias de vômito.

– Eu jamais iria ao Madame Puddifoot e você sabe bem disso. – o barman apareceu novamente com a água de gilly e Jade bebeu metade da garrafinha em um só gole – E... Gunther está namorando.

Aquilo pareceu surpreender Andrew. Ele abriu a boca um pouco e fitou a irmã, com curiosidade.

– Bom, isso é novidade. – ele disse baixo – Quem é a felizarda?

– Callidora. Callidora Black. – disse a garota, o veneno impregnando sua voz.

– Callidora? A sobrinha de Celine? – perguntou Andrew, parecendo entender a gravidade da situação.

– Sim. A prima de Gunther. – ela comentou – Você sabe muito bem como terminam os relacionamentos entre primos, não sabe?

– Deve ser algo arranjado. Nunca vi nenhum dos dois se mostrar minimamente interessado no outro... – Andrew bebeu mais um gole do conteúdo de seu cálice – Entendi a razão do mau humor, Jade. O que pretende fazer sobre isso?

Jade franziu o cenho.

– Sobre o que?

– Ah, não venha se fazer de sonsa pro meu lado. Sei que essa sua cabeça maquiavélica deve estar tramando algum plano horrivelmente sórdido para acabar com esse namorico idiota. – ele sorriu de lado para a irmã – Diga-me! O que é?

A morena balançou a cabeça.

– Não, Andrew. Não dessa vez. – ela bebeu mais um pouco de sua água de gilly e passeou a mão por sobre a mesa – Gunther parece-me realmente feliz e... Eu não quero estragar isso.

Andrew pareceu sufocar com a bebida.

– Você, minha irmã, sendo altruísta? – ele ergueu a sobrancelha direita – O que deu em você?

Jade fechou os olhos, procurando buscar aquela reposta dentro de si. O que deu em mim? Andrew estava certo, Jade não era altruísta, ela jamais sacrificaria seus sentimentos pelos de outra pessoa, esse era o lema de sua vida, a base daquilo que acreditava... A morena abriu a boca para suspirar, mas o suspiro ficou sufocado pela enxurrada de palavras que seus lábios começaram a proferir sem o seu comando. Quando deu por si, já tinha contado toda a história para Andrew.

O irmão passou a mão pelos curtos cabelos de ouro e a fitou, inexpressivo.

– Estou com medo disso, Jade. – ele declarou por fim.

– Medo? – ela perguntou, surpresa – Mas... Por quê?

– Porque você não faz ideia de como você soou igual a nossa mãe agora. – ele balançou a cabeça – Toda essa coisa de “sacrifício pessoal em troca da felicidade daquele que ama”, isso era coisa dela, coisa que ela fez a sua vida inteira... Ela definhou vendo nosso pai amando outra mulher. Não quero que isso aconteça com você.

A morena abriu a boca. Não sabia o que dizer. Uma comparação com sua mãe era a última coisa que ela esperava, principalmente vindo de Andrew, que falava tão pouco em Elika.

– Não vai. Não pretendo definhar vendo Gunther com outra mulher, Andrew. Não sou esse tipo de garota, você sabe. – as palavras vazaram por seus lábios, mas ela não acreditava nelas. Apenas uma semana que Gunther estava com Callidora e Jade já havia ficado bêbada mais de três vezes.

– Espero que não. – comentou Andrew – Mas acho que você não deve ficar se sacrificando. Ou luta por ele ou esqueça-o de vez. – Jade assentiu, já sabendo que ficaria com a última opção. Ela ergueu a mão para o barman e pediu mais uma água de gilly - Você pretende escolher qual das opções?

A pergunta de Andrew a surpreendeu, mas ela não hesitou em responder.

– A última. – ela disse se sentindo menos Jade Bulstrude do que nunca – Não tenho pretensões de lutar pelo amor de Gunther, afinal, fui eu que o deixei ir. – ela disse vagarosamente.

– Não vou dar palpites em sua vida, faça o que quiser dela, Jade... Mas não se prejudique, não sofra por amor... – ele disse abadando a cabeça – Não há nada pior nessa vida do que sofrer por amor.

A imagem de Gunther beijando Callidora penetrou na mente a morena com uma força avassaladora. Ela sentiu um aperto em seu peito, um vazio... Como se toda a sua felicidade houvesse sido levada para longe. Um dementador não teria um efeito tão devastador em Jade quanto aquela memória.

– Eu sei. – respondeu ela – Acredite, Andrew, eu sei.

#*#*#

Hermione se virou na direção da voz que a chamava. Ela franziu o cenho quando percebeu que seu coração estava irritantemente aos pulos. O que diabos é isso? Pensou com o cenho franzido. Balançou a cabeça antes de se virar para quem a chamava.

Tom Riddle se aproximou da garota.

– Pensei que fosse a Hogsmeade... – ele disse e eles começaram a caminhar juntos pelo corredor. Ela deu de ombros.

– Não estou com muita vontade, Tom. – ela amaldiçoou seu coração por continuar a pular – E você?

– Hogsmeade é uma ótima vila. A única inteiramente bruxa em todo o Reino Unido, mas não acho que ela seja muito... Valorizada.

– Valorizada? – perguntou castanha sem entender o que aquilo significava – O que quer dizer com valorizada?

Riddle deu um longo suspiro e a castanha achou que tivesse feito uma pergunta impertinente, mas logo ele recomeçou a falar.

– Hogsmeade é um patrimônio para o mundo bruxo, Hermione. É muito mais do que uma vilinha com algumas lojinhas de doces e de artefatos mágicos com o objetivo de zombaria. A história que essa vila tem... É tão completa e quase ninguém sabe. Ninguém sabe que Hogsmeade tem uma biblioteca! Com um acervo maior do que de Hogwarts!

– Hogsmeade tem uma biblioteca? – ela perguntou.

– Sim. – ele respondeu.

Hermione nunca soube o que a levou a dizer aquilo, mas quando deu por si, as seguintes palavras tinham deixado sua boca:

– Tom, poderia levar-me lá?

Ela estava esperando uma negativa. Na verdade, ela estava esperando que seu cérebro mostrasse – com coesão – porque ela havia pedido aquilo a Tom Riddle.

Riddle deu-lhe um sorriso frio.

– Siga-me, Hermione.

Ela mal acreditou no que estava fazendo, quando ele virou bruscamente pela esquerda. Começaram a se direcionar para uma parte menos movimentada do castelo. Pararam em frente a um pequeno quadro de uma mulher de cabelos negros, chorando com uma criança do colo.

Riddle passou as mãos pelo quadro e sussurrou palavras desconhecidas a garota. Parecia...

– Latim? – ela perguntou.

O rapaz não a olhou na hora de responder.

– Você não é a única que conhece lugares secretos aos demais, Hermione.

O quadro se moveu para trás, revelando um escuro corredor. Hermione, instantaneamente, pegou a varinha no bolso e usou-a para iluminar seu caminho. Ela percebeu que Riddle estava logo atrás de si e continuou a andar.

O caminho era gigantesco, a castanha não fazia ideia do quanto já havia andado, só sabia que era muito. Suas pernas estavam pedindo por descanso, mas ela continuava a andar.

– Cansada? – Riddle perguntou.

– Não. – ela mentiu – E você?

– Faço muito esse caminho, Hermione. Já estou acostumado.

A castanha assentiu e continuou andando, procurando evitar sua sanidade, que queria forçá-la a pensar em uma razão lógica para o que estava fazendo. Ela estava sozinha, com Tom Riddle, indo para um lugar do qual ela nunca tinha ouvido falar.

O caminho começou a ficar íngreme e ela sentiu a mão de Tom rodeando seu braço.

– Tenha cuidado aqui. – ele disse – As pedra são muito grandes e você pode se machucar.

Ela assentiu e olhou mais atentamente para o caminho a sua frente. Suas mãos encontraram um pequeno nicho na rocha e ela olhou indagativamente para Tom, ele pronunciou algumas palavras em latim e o nicho aumentou, formando uma passagem mais que suficiente para eles passarem.

A neve cobria todo o chão, fazendo Hermione passar as mãos nos braços compulsivamente. Eu podia ter ao menos pegado um gorro.

– É por ali. – Tom disse, apontando uma parte da vila de Hogsmeade que Hermione jamais havia conhecido.

Eles seguiram rapidamente o caminho e entraram em uma pequena construção de pedras, que pareceu a Hermione muito antiga.

– Tom! – uma voz masculina chamou, com um sorriso no rosto – Que bom vê-lo, meu rapaz.

Quem falava era um velho senhor de cabelos ralos, mas tão brancos como a neve que caia do lado de fora.

– Jápeto. – Tom cumprimentou com sua natural voz monótona – Trouxe minha amiga para conhecer a biblioteca.

O velho homem sorriu.

– Que bom. Fiquem à vontade. – E dizendo isso, desapareceu atrás de uma estante.

Hermione estava apreensiva. Começou a percorrer o um pouco do espaço da biblioteca, passando a mão pelos livros, muitos pareciam ser mais antigos do que aquela biblioteca. Ela viu vários títulos desconhecidos, vários títulos que lhes despertavam seu interesse.

Ela sorriu, como uma criança. Não havia coisa que amasse mais do que ler.

– Sabia que iria gostar desse lugar. – comentou Tom.

Ela ergueu uma sobrancelha, pegando um livro qualquer.

– Sabia?

– Sim.

– Como?

– Bom, Hermione, esse lugar é... A sua cara.

Ela não esperava por esse tipo de resposta. Uma resposta que mostrasse certa intimidade da parte de Riddle, porque do jeito que ele havia falado, a castanha tinha tido a impressão de que... Eles estavam ficando cada vez mais próximos.

Isso é um absurdo. Ela pensou, irritada.

– Obrigada. Eu amo ler. A leitura é a única coisa que pode livrar o ser humano de sua estupidez natural, fazê-lo crescer, aprender e se desenvolver.

Riddle assentiu. Ele pegou um livro em um canto mais afastado da biblioteca e se sentou na única mesa que havia nesta. Hermione decidiu que iria ler o livro que tinha em mãos mesmo, se ela fosse parar para escolher, eles não iriam sair daquele lugar naquele dia.

Ela abriu na primeira página e começou a leitura. Era um livro interessante, sobre magia antiga, poções e feitiços que ela nunca havia ouvido alguém mencionar. Nem em suas pesquisas mais detalhadas.

Um nome em especial a chamou a atenção. Era um termo que parecia incrivelmente sombrio, apenas o nome a fazia arrepiar-se toda, mas ela continuou a ler.

“HORCRUX

Para aqueles que têm o menor conhecimento em mágica das trevas, sabem que Horcrux são objetos realmente cruéis. Esse não é um livro sobre a Arte das Trevas, mas sim um livro que aborda magias antigas e, apesar de ser considerada Arte das Trevas, Horcrux é uma magia realmente antiga.

Uma Horcrux é um objeto mágico no qual foi introduzido um fragmento da alma de um bruxo, e, portanto, impede a morte de seu dono, já que um pedaço de sua alma ainda está presa à Terra. Quando transferida para uma Horcrux, o pedaço de alma não pode ser transferido novamente para outro objeto. Se o objeto onde o fragmento de alma em questão está for destruído, ele será aniquilado também. Existem, no entanto, poucos objetos poderosos o suficiente para destruir uma Horcrux: por exemplo, o Veneno do Basilisco e o Fogo Maldito. Outra forma de destruir uma Horcrux é fazendo com que seu dono sinta remorsos, mas o processo seria tão doloroso que poderia matá-lo.”

Hermione terminou de ler aquele trecho sentindo-se enojada até a raiz dos cabelos. Pedaço de alma? E como uma pessoa conseguiria cortar um pedaço da própria alma e aprisionar em objeto? Ela pensou. Merlin! Eu realmente não quero saber.

– Você está bem? – Riddle perguntou, mirando de cima em baixo.

– Ótima, mas não gostei muito desse livro. Acho que vou procurar outro.

Ela recolocou o livro no lugar e procurou outro que parecesse interessante. Ela acabou com um livro sobre objetos mágicos na mão e, dessa vez, conseguiu ler o livro sem nenhum problema.

Mergulhada no universo do livro, Hermione mal viu o tempo passar. Só se deu conta de que já estavam ali há um bom tempo quando Tom se ergueu e disse:

– Temos que voltar agora. Está ficando tarde.

(n/a: link da música: http://letras.mus.br/bryan-adams/87/traducao.html)

Ela assentiu. Colocou esse livro no lugar e começou a caminhar para saída, enquanto esperava que Tom se despedisse de Jápeto. Quando ele voltou, começaram a andar lado a lado pela neve.

Oh! Pensando em nossos tempos de juventude

Só tinha eu e você

nós éramos jovens, selvagens e livres

Hermione adorava a neve. Ela adorava sair com seus pais em uma tarde de inverno e fazer anjinhos e bonecos de neve. Ela gostava de sentir o frio contra a sua pele e o gelo molhando suas roupas.

Agora nada pode te tirar de mim

Nós já estivemos naquela estrada antes

Mas agora já acabou,

E você continua voltando pra ter mais

O chão estava escorregadio e ela acabou perdendo o equilíbrio, mas, graças a Merlin, Tom a segurou.

– Obrigada. – ela sussurrou para ele.

Meu bem, você é tudo o que eu quero

Quando você está aqui deitada em meus braços

Eu acho isso difícil de acreditar,

Estamos no paraíso

E o amor é tudo o que eu preciso

E eu o achei aqui em seu coração

Não é tão difícil enxergar,

Estamos no paraíso

– Não há de que. Devia ser menos desastrada.

– Não sou desastrada! – ela rebateu, enquanto ele a soltava – Não muito, pelo menos.

Oh, uma vez na sua vida você acha alguém

Que irá fazer seu mundo virar

Te colocar pra cima quando você sentir pra baixo

Um pequeno sorriso dançou no canto dos lábios do rapaz. Eles recomeçaram a andar e logo já estavam na passagem secreta. Hermione procurava entender porque seu coração estava batendo descompassado, porque ela estava se sentindo extremamente feliz e estupidamente idiota.

É, nada pode mudar o que você significa pra mim

Oh, tem muitas coisas que eu poderia dizer

Mas só me abrace agora,

Porque o nosso amor irá iluminar o caminho

Devo estar com algum problema. Ou talvez com aquela tal sobrecarga de estresse. Não é possível que eu esteja me sentindo feliz. Feliz! Ah, Merlin! O que está acontecendo comigo?

Meu bem, você é tudo o que eu quero

Quando você está aqui deitada em meus braços

Eu acho isso difícil de acreditar,

Estamos no paraíso

E o amor é tudo o que eu preciso

E eu o achei aqui em seu coração

Não é tão difícil enxergar,

Estamos no paraíso

Ela não sabia responder, mas estava certa de que não queria saber a resposta. Estava com medo daquilo... De tudo aquilo.

Eu estive esperando por tanto tempo

Por alguma coisa que chegasse

Por um amor que viesse junto

Agora nossos sonhos estão se realizando

Através dos bons e dos maus momentos

É, eu estarei lá por você

Eles chegaram ao castelo e Hermione se sentiu obrigada a olhar para Tom. O rapaz tinha o olhar meio perdido, mas sua face estava inexpressiva. Ela ficou com medo de falar algo, mas não pode deixar de notar o quanto ele era bonito.

Meu bem, você é tudo o que eu quero

Quando você está aqui deitada em meus braços

Eu acho isso difícil de acreditar,

Estamos no paraíso

E o amor é tudo o que eu preciso

E eu o achei aqui em seu coração

Não é tão difícil enxergar,

Estamos no paraíso

– Eu... Vou indo. – ela disse, sem poder evitar corar – Obrigada por me levar a biblioteca.

– Não há de que. – ele respondeu e tirou uma mecha de cabelo rebelde de Hermione do rosto – Acho que teremos uma reunião em breve.

Paraíso...

Oh

Ela assentiu.

– Até mais, Tom. – ela virou as costas e começou a caminhar para longe.

Você é tudo o que quero.

Você é tudo o que preciso.

#*#*#

– O que você vai fazer agora? – a morena perguntou, fitando o irmão, enquanto eles caminhavam vagarosamente pelas ruas lotadas de bruxos.

– Tenho uma reunião.

– Com?

Andrew riu.

– Jade, minha irmã curiosa, quem foi que disse que isso é assunto seu?

A morena ficou irritada com a resposta que recebeu.

– Andrew! Não seja estúpido! Sabe tão bem que sou tão herdeira dos negócios Bulstrude quanto você!

O irmão olhou para ela, com um olhar de zombetearia.

– Jade, eu lhe admiro, e muito. Mas você não espera convencer nosso pai de conseguir um cargo na tão amada empresa dele?

– Claro que espero! – ela retrucou – Pra que acha que estou estudando?

– Se você fosse como essas garotinhas ordinárias de Hogwarts, diria que é para mostrar para seu futuro noivo de que você é inteligente e tem um diploma, mas...

– Andrew, não seja retrógrado! Você sabe que eu não sou como as outras garotas de Hogwarts. Minha prioridade não é o casamento e nem a de nosso pai é casar-me... Ele, aliás, nem começou a procurar um noivo para mim! E espero que não comece...

Andrew abanou a cabeça.

– Acalme-se, Jade! É apenas uma reunião de rotina, nada exponencialmente importante. – ele disse e a fitou por um longo minuto – Tenho que ir agora, antes que me atrase.

– Boa sorte na sua reunião ultrassecreta. – ela comentou mal humorada.

– Boa sorte com Gunther. – ele disse baixo, mas Jade o mandou um olhar tão feroz que ele acrescentou – Ou não. Cuide-se, minha irmã. – o rapaz pegou a varinha e desaparatou.

A irmã olhou para o lugar onde Andrew tinha sumido, suspirando ao pensar em toda a conversa que haviam tido naquele tinha. Ela tinha que esquecer Gunther, já aquilo era consequência de algo que ela mesma fizera.

Como as coisas haviam mudado desde aquele beijo naquela sala vazia. Como seus sentimentos haviam mudado e como parte dela se sentia diferente com tudo aquilo. Se, há um mês, alguém dissesse que ela não estaria morta de amores por Tom Riddle, mas sim por Gunther Avery, Jade jogaria a cruciatus na pessoa sem nem pensar duas vezes.

A morena suspirou, contrariada consigo mesma, e começou a andar meio sem rumo, em busca de Amatha e Abraxás. Mas ela viu algo que a deixou completamente intrigada e desconfiada.

Callidora Bulstrude e Harfang estavam andando sozinhos para um canto menos movimentado da vila.

Jade ergueu uma sobrancelha perfeitamente delineada, enquanto tentava processar o que diabos aquilo significava.

Callidora e o tal Longbottom são amigos? Desde quando? Para mim, tem alguma coisa ai, alguma coisa bem mal cheirosa. Ela sorriu com escárnio. E que eu pretendo descobrir agora mesmo.

Com esse pensamento, a garota os seguiu.



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Notas finais do capítulo

E aí, meus lindos?
O que acharam?
Espero vocês nos reviews :*